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<big> <b>VOCÊ É GAY!</b> </big>
'''Você''' é um [[pronome de tratamento]] da [[língua portuguesa]] cujo uso [[verbo|verbal]] se dá na segunda pessoa, substituindo o [[pronome]] "tu", porém, conjugado como a terceira pessoa (ele). Sua origem [[etimologia|etimológica]] encontra-se na expressão de tratamento de deferência "''vossa mercê''", que evoluiu sucessivamente a "''vossemecê''", "''vosmecê''" e você. Entretanto seu uso é mais constante no [[Brasil]] - onde seu uso é oficial na [[língua portuguesa]] - que em [[Portugal]]. "Vossa mercê" (''mercê'' significa ''graça'', ''concessão'') era um tratamento dado a pessoas às quais não era possível se dirigir pelo pronome tu.
'''Você''' é um [[pronome de tratamento]] da [[língua portuguesa]] cujo uso [[verbo|verbal]] se dá na segunda pessoa, substituindo o [[pronome]] "tu", porém, conjugado como a terceira pessoa (ele). Sua origem [[etimologia|etimológica]] encontra-se na expressão de tratamento de deferência "''vossa mercê''", que evoluiu sucessivamente a "''vossemecê''", "''vosmecê''" e você. Entretanto seu uso é mais constante no [[Brasil]] - onde seu uso é oficial na [[língua portuguesa]] - que em [[Portugal]]. "Vossa mercê" (''mercê'' significa ''graça'', ''concessão'') era um tratamento dado a pessoas às quais não era possível se dirigir pelo pronome tu.



Revisão das 17h31min de 2 de outubro de 2008

 Nota: Se procura a canção de Roberto Carlos re-gravada por Marina Elali, veja Você (canção).

VOCÊ É GAY! Você é um pronome de tratamento da língua portuguesa cujo uso verbal se dá na segunda pessoa, substituindo o pronome "tu", porém, conjugado como a terceira pessoa (ele). Sua origem etimológica encontra-se na expressão de tratamento de deferência "vossa mercê", que evoluiu sucessivamente a "vossemecê", "vosmecê" e você. Entretanto seu uso é mais constante no Brasil - onde seu uso é oficial na língua portuguesa - que em Portugal. "Vossa mercê" (mercê significa graça, concessão) era um tratamento dado a pessoas às quais não era possível se dirigir pelo pronome tu.

No espanhol a palavra equivalente é usted e no catalão vosté.

História

você é palavra derivada do intitulamento vossa mercê, usado desde remotos tempos na língua, e que com o correr dos séculos se foi transformando, até chegar no atual você, passando pelas formas intermédias abreviadas por sucessiva contracção de vossemecê e vomecê.

Inicialmente, mercê era o elevado tratamento dado na terceira pessoa aos reis de Portugal, durante a dinastia de Borgonha, e inícios da dinastia de Avis que se lhe seguiu. No século XV, quando os soberanos portugueses adotaram o chamamento de alteza (vossa alteza, e sua alteza) foi o título de mercê começado a ser dado às principais figuras do Reino, nas principais casas fora da Família Real, generalizando-se a dado passo como forma de tratamento adotada pelos fidalgos entre si. Este processo é lento e gradual, mantendo-se alternativamente o tratamento antigo por vós em certos setores mais elevados da sociedade portuguesa, paralelamente ao de vossa mercê. O tu já então era reservado apenas às classes burguesas, e populares, utilizado na nobreza apenas quando existisse grande grau de intimidade, geralmente intimidade familiar, e de superiores para inferiores (pais para filhos, avós para netos, fidalgos para criados e populares). Os inferiores em dignidade (sobrinhos para tios, criados para patrões etc.) respondiam ao tu com que eram tratados na terceira pessoa, ou por vós, ou pelo tratamento correspondente à dignidade reconhecida à pessoa mais importante durante o diálogo.

Com a sucessiva barroquização dos tratamentos régios na Europa, não podendo hierarquicamente os monarcas portugueses serem oficialmente designados por formas de chamamento já abandonadas por outros soberanos, viram-se obrigados a acompanhar o movimento geral.

Assim, à medida que os soberanos portugueses foram sucessivamente reservando para si os chamamentos superiores de majestade (vossa majestade, sua majestade), e de majestade fidelíssima (vossa majestade fidelíssima, e sua majestade fidelíssima), verificou-se uma inflação dos mesmos nos degraus seguinte da pirâmide social da nobreza.

O tratamento de "vossa excelência" surgiu no século XVI, já depois de D. Sebastião ter tomado título de "majestade" para os reis de Portugal, título esse adquirido por privilégio garantido oficialmente e com exclusividade apenas aos Duques de Bragança, por D. Filipe I, como forma de lhes atenuar a tomada ilegítima da Coroa Portuguesa pelos Habsburgo, Coroa a que tinham melhor direito que os reis Filipes - mas que depois se foi generalizando devagar a outros duques portugueses, e finalmente a todos os grandes do Reino, e a todos os fidalgos portugueses - sendo a restante nobreza chamada de Senhoria (Vossa Senhoria, Sua Senhoria).

No século XIX, sendo os ministros de Estado portugueses e brasileiros, os grandes, os bispos, os conselheiros, e a fidalguia lusófona em geral tratados pelo título que lhes era reservado de excelência (vossa excelência, sua excelência), o alargado e diminuido tratamento de vossa mercê, contraído no seu uso coloquial em vossemecê, e vomecê, já estava tão generalizado na Lusofonia que Camilo Castelo Branco ironiza a respeito, escrevendo risonhamente que o seu merceeiro se ofendera por ele longanimamente o ter tratado por você... segundo Camilo, o lojista quereria ser tratado por Senhoria (vossa senhoria, sua senhoria), que era o tratamento intermédio então ainda reservado a toda a nobreza distinta em geral, sem foros de fidalguia principal, ou seja, aos escalões médios e inferiores da nobreza, antes da mesma passar a chamar-se excelentíssima (excelentíssimo senhor), abandonando o título de senhoria (vossa senhoria, ilustríssimo senhor) aos burgueses e ao povo.

Com a implantação de regimes republicanos, mantém-se oficialmente em Portugal e no Brasil o tratamento oficialmente obrigado de excelência para os chefes de Estado, primeiros-ministros, ministros e algumas outras altas dignidades eclesiásticas e civis, sendo os restantes tratamentos usados cada vez menos, em meras formas de cortesia facultativa e cada vez mais em desuso.

Entretanto, o simples tratamento de vós, que se mantém em outras línguas latinas, como o francês e o espanhol, quase desapareceu do uso coloquial da língua portuguesa, exceto na prática litúrgica.


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