Wang Zhi (pirata)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Wang Zhi
Nascimento Desconhecido
Distrito de Huizhou
Morte 22 de janeiro de 1560
Cidadania Dinastia Ming
Ocupação pirata, Wakō

Wang Zhi (chinês: 王直 or 汪直), nome artístico Wufeng (五峰), foi um lorde pirata chinês, do século 16 dc, um dos mais destacados piratas wokou, durante o reino do Imperador Jiajing. Originalmente um mercador de sal, tornou-se contrabandista durante as proibições marítimas da Dinastia Ming, que baniram todos os negócios privados ultramarinos. Ascendeu à liderança de um sindicato de piratas que se estendia desde Este ao Mar do Sul Chinês, do Japão à Tailândia. Através do contrabando, foi um dos responsáveis por espalhar armas de fogo pelo leste asiático e por levar os primeiros portugueses / europeus ao Japão, em 1543. Foi também responsável por grandes saques nas costas da China, crimes pelos quais foi executado enquanto tentava negociar.

Infância[editar | editar código-fonte]

Wang Zhi era nativo do Condado de She, em Huizhou (actual Huangshan). Seguindo as tradições familiares, começou como mercador de sal. Apesar do negócio do sal, faliu e viajou para Guangdong. Associou-se com Xu Weixue e Ye Zongman em 1540. Tornou-se contrabandista alcança um fortuna considerável devido às restrições e proibições existentes na época para os negócios ultramarinos. Conhece os portugueses que se expandem para leste, depois da tomada de Malaca em 1511.

Introdução de armas portuguesas no Japão[editar | editar código-fonte]

Em 23 de Setembro de 1543, Wang Zhi acompanhou um grupo de portugueses num navio até Tanegashima, uma ilha japonesa no sudeste de Kyushu, numa viagem que marcou talvez a primeira vez que europeus desembarcaram no Japão. As armas de fogo foram demonstradas ao lorde dailha Tanegashima Tokitaka. As armas foram rapidamente copiadas por todo o Japão, usadas nas guerras internas japonesas, durante o Período Sengoku. Como as armas usavam pólvora era necessário muito sal e outras matéria primas, algo que Wang Zhi sabia bem fornecer, tornando-se rico. Tornou-se um aliado de Matsura Takanobu. Os portugueses arranjaram entretanto a sua base em Nagasaki.

O Sindicato de Shuangyu[editar | editar código-fonte]

Mapa dos ataques wokou no tempo de Wang Zhi

Em 1544, Wang Zhi aliou-se aos Irmão Xu, criando o sindicato de piratas de Shuangyu, tornando-se líder e uma lenda, com o nome de Capitão Wufeng. Shuangyu tornou-se também a base de contrabando entre Japão e a China. O sindicato cresceu, assimilando outros rivais e contratando mercenário japoneses para proteger as rotas de contrabando de outros concorrentes e da marinha chinesa. Em 1548 uma frota chinesa de Ming, liderada pelo veterano Zhu Wan atacou e destruiu por completo Shuangyu, incluindo o porto de mar. Wang Zhi escapou por pouco, mas os irmãos Xu fugiram, ficando apenas Wang Zhi no comando.

Nova base em Liegang[editar | editar código-fonte]

Wang Zhi consegue reconstruir o seu poder entre os piratas da zona em Liegang, na ilha de Jintang. Com Mao Haifeng arranjou barcos com canhões portugueses e em 1551 liderou um ataque ao rival Chen Sipan, recuperando o controle total de todos os piratas. Wang Zhi entregou Chen Sipan ao governo Ming, mas a recompensa foi mal recebida por Wang Zhi, que enfurecido decidiu saquear a costa chinesa. Uma frota imensa de Ming, liderada por Yu Dayou, desmantela a base de Liegang, obrigado Wang Zhi a fugir para o Japão.

Rei de Hui: O Lorde Pirata wokou[editar | editar código-fonte]

Wang Zhi restabelece-se nas ilhas Goto, em Hirado, onde tem apoio dos locais, auto-proclamando-se rei de Hui. Junta imensos desesperados de todas as partes do Japão com o contingente chinês, criando novamente levas de ataques piratas, conhecidas como wokou, por uma região imensa, saqueando cidades e vilas, algumas fortificadas, ameaçando a capital secundária Ming Nanjing. O imperador Ming decretou a captura ou morte de Wang Zhi.

Negociações com o governo Ming e morte[editar | editar código-fonte]

Em Julho de 1555, Hu Zongxian, um nativo de Huizhou, tal como Wang Zhi, foi nomeado para lidar com o problema dos piratas. Abrindo canais de negociação, incluindo a possibilidade de comércio privado, libertando a família de Wang Zhi como prova de boa fé, tentando contactar os japoneses para ajudar a resolver a questão. Depois de vários eventos confusos e contraditórios, Wang Zhi arriscar negociar com as autoridades chinesas directamente. Depois de vários meses, acaba por ser sentenciado à morte, sendo decapitado em 22 de Janeiro de 1560. Mao Haifeng continuou com os ataques de piratas até 1567.

Referências

  • Cai, Jiude (1558). «Wo bian shi lue» 倭變事略 [A Summary Account of the Wo Troubles]. Chinese Text Project 
  • Chin, James K. (2010). «Merchants, Smugglers, and Pirates: Multinational Clandestine Trade on the South China Coast, 1520–50». In: Antony, Robert J. Elusive pirates, pervasive smugglers violence and clandestine trade in the Greater China Seas. Hong Kong: Hong Kong University Press. pp. 43–57. ISBN 9789888028115 
  • Chonlaworn, Piyada (2017). «Rebel with a Cause: Chinese Merchant-Pirates in Southeast Asia in the 16th Century». In: Sim, Y. H. Teddy. The maritime defence of China : Ming general Qi Jiguang and beyond. Singapore: Springer. pp. 187–99. ISBN 9789811041631. OCLC 993432961 
  • Clulow, Adam (2012). «The Pirate and the Warlord». Journal of Early Modern History. 16 (6): 523–542. doi:10.1163/15700658-12342339 
  • Elisonas, Jurgis (1991). «6 – The inseparable trinity: Japan's relations with China and Korea». In: Hall, John Whitney. The Cambridge History of Japan. 4: Early Modern Japan. Cambridge Eng. New York: Cambridge University Press. ISBN 9780521223553 
  • Geiss, James (1988). «8 - The Chia-ching reign, 1522–1566». In: Mote, Frederick W.; Twitchett, Denis. The Cambridge History of China. 7. Cambridge Eng. New York: Cambridge University Press. pp. 440–510. ISBN 9780521243322 
  • Goodrich, L. Carrington; Fang, Chaoying, eds. (1976). Dictionary of Ming Biography, 1368–1644. [S.l.]: Columbia University Press. ISBN 0-231-03801-1 
  • Higgins, Roland L. (1980). «Pirates in Gowns and Caps: Gentry Law-breaking in the Mid-Ming». Maney Publishing. Ming Studies. 1980 (1): 30–37. doi:10.1179/014703780788764965 
  • Ho, Dahpon David (2011). Sealords live in vain : Fujian and the making of a maritime frontier in seventeenth-century China (Ph.D.). UC San Diego. Consultado em 28 de janeiro de 2014 
  • Hucker, Charles O. (1974). «Hu Tsung-hsien's Campaign Against Hsu Hai». In: Kierman, Frank A. Jr.; Fairbank, John K. Chinese Ways in Warfare. Cambridge: Harvard University Press. pp. 273–311. ISBN 0674125754 
  • Igawa, Kenji (2010). «At the Crossroads: Limahon and Wakō in Sixteenth-Century Philippines». In: Antony, Robert J. Elusive pirates, pervasive smugglers violence and clandestine trade in the Greater China Seas. Hong Kong: Hong Kong University Press. pp. 73–84. ISBN 9789888028115 
  • Lidin, Olof (2002). Tanegashima : the arrival of Europe in Japan. Copenhagen London: NIAS Press Routledge. ISBN 8791114128 
  • Lim, Ivy Maria (2010). Lineage Society on the Southeastern Coast of China. [S.l.]: Cambria Press. ASIN B005VWYPUI 
  • Lim, Ivy Maria (2017). «Qi Jiguang and Hu Zongxian's Anti-wokou Campaign». In: Sim, Y. H. Teddy. The maritime defence of China : Ming general Qi Jiguang and beyond. Singapore: Springer. pp. 23–41. ISBN 9789811041631. OCLC 993432961 
  • Miyake, Toru (2012). «Wakō to Ōchoku» 倭寇と王直 [Wako and Wang Zhi] (PDF). Osaka: Research Institute of St.Andrew's University (em japonês). 37 (3): 173–96 
  • Petrucci, Maria Grazia (2010). «Pirates, Gunpowder, and Christianity in Late Sixteenth-Century Japan». In: Antony, Robert J. Elusive pirates, pervasive smugglers violence and clandestine trade in the Greater China Seas. Hong Kong: Hong Kong University Press. pp. 59–71. ISBN 9789888028115 
  • Ptak, Roderich (1998). «Sino-Japanese Maritime Trade, circa 1550: Merchants, Ports and Networks». China and the Asian seas : trade, travel and visions of the other (1400–1750). Aldershot: Variorum. pp. 281–331 (VII). ISBN 0860787753 
  • So, Kwan-wai (1975). Japanese piracy in Ming China during the 16th century. East Lansing: Michigan State University Press. ISBN 0870131796 
  • Sun, Laichen (2013). «Salpetre Trade and Warfare in Early Modern Asia». In: Reid, Anthony. Offshore Asia : maritime interactions in Eastern Asia before steamships. Singapore: ISEAS. ISBN 9789814311779 
  • Ueda, Makoto (2016). 「徽王」考―王直が描いた政治構想 [Huiwang, The King of Hui: The Political Initiatives of Wang Zhi]. In: Koshimura, Isao. 16, 17-seiki no kaishō, kaizoku : Adoriakai no Usukoku to Higashi Shinakai no Wakō 16・17世紀の海商・海賊 : アドリア海のウスコクと東シナ海の倭寇 [Marine merchants & pirates during the 16th and 17th centuries : Uskok of the Adriatic Sea and Wako of the East China Sea] (em japonês) 1st ed. Tōkyō: Sairyusha. pp. 95–116 (right to left). ISBN 9784779121463. OCLC 946289831  Abridged English translation at pp. 79–92 (left to right).
  • Wills, John E. Jr. (1979). «Maritime China from Wang Chih to Shih Lang: Themes in Peripheral History». In: Spence, Jonathan; Wills, John E. Jr. From Ming to Ch'ing : conquest, region, and continuity in seventeenth-century China. New Haven, London: Yale University Press. pp. 201–238. ISBN 0300026722