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Cidade inteligente: diferenças entre revisões

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Grandes empresas de tecnologia (como a IBM e a Siemens, que criaram departamentos de pesquisa na área), instituições de ensino (como o MIT e seu centro de investigações e protótipos para cidades inteligentes) e governos apostam no conceito.<ref>http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,ERT338454-17773,00.html</ref>
Grandes empresas de tecnologia (como a IBM e a Siemens, que criaram departamentos de pesquisa na área), instituições de ensino (como o MIT e seu centro de investigações e protótipos para cidades inteligentes) e governos apostam no conceito.<ref>http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,ERT338454-17773,00.html</ref>


Na figura 1 é apresentada, de uma forma simplificada, a classificação das cidades. Tem-se o nível inicial, mais abaixo, indicado pela elipse 1, com a classificação Digital City e segue se expandindo até a elipse 4 Ubiquitous City. Na terceira classificação, indicada pela elipse 3, é apresentada a classificação Smart City. O nível de tecnologia envolvida é representada pela seta na diagonal.

<figura 1 aguarda aceita da moderação Wiki>

A classificação das cidades com relação ao nível de tecnologia adotada <ref>{{Citar periódico|ultimo=Leem|primeiro=Choon Seong|ultimo2=Kim|primeiro2=Byoung Gun|data=2013-10-01|titulo=Taxonomy of ubiquitous computing service for city development|jornal=Personal and Ubiquitous Computing|volume=17|numero=7|paginas=1475–1483|issn=1617-4909|doi=10.1007/s00779-012-0583-5|url=https://link.springer.com/article/10.1007/s00779-012-0583-5|idioma=en}}</ref> recebe quatro nomenclaturas. Tais nomenclaturas levam em consideração tanto o nível de tecnologia adotada quanto a abrangência da mesma na cidade. A seguir as quatro nomenclaturas são detalhadas.

A primeira classificação é Digital City (<ref>{{Citar livro|url=https://www.worldcat.org/oclc/63789695|título=Digital cities : technologies, experiences, and future perspectives|ultimo=Toru.|primeiro=Ishida,|ultimo2=1969-|primeiro2=Isbister, Katherine,|ultimo3=(1999)|primeiro3=Kyoto Meeting on Digital Cities|data=2000|editora=Springer|isbn=9783540464228|oclc=63789695}}</ref>; <ref>{{Citar periódico|ultimo=Lee|primeiro=Jung Hoon|ultimo2=Hancock|primeiro2=Marguerite Gong|ultimo3=Hu|primeiro3=Mei-Chih|data=2014-11-01|titulo=Towards an effective framework for building smart cities: Lessons from Seoul and San Francisco|jornal=Technological Forecasting and Social Change|volume=89|paginas=80–99|doi=10.1016/j.techfore.2013.08.033|url=http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0040162513002187}}</ref>; <ref>{{Citar periódico|ultimo=Yovanof|primeiro=Gregory S.|ultimo2=Hazapis|primeiro2=George N.|data=2009-05-01|titulo=An Architectural Framework and Enabling Wireless Technologies for Digital Cities &amp; Intelligent Urban Environments|jornal=Wireless Personal Communications|volume=49|numero=3|paginas=445–463|issn=0929-6212|doi=10.1007/s11277-009-9693-4|url=https://link.springer.com/article/10.1007/s11277-009-9693-4|idioma=en}}</ref>) (ou ainda digital community, information city ou e-city), refere-se a uma comunidade conectada que combina infraestrutura de comunicações de banda larga, uma infraestrutura flexível de computação orientada a serviços com base em padrões abertos e serviços inovadores que atendam às necessidades dos governos e seus funcionários, cidadãos e empresas. O uso de padrões abertos é considerado como uma questão importante

para interoperabilidade (<ref name=":0">{{Citar periódico|ultimo=Petrolo|primeiro=Riccardo|ultimo2=Loscrí|primeiro2=Valeria|ultimo3=Mitton|primeiro3=Nathalie|data=2014|titulo=Towards a Smart City Based on Cloud of Things|jornal=Proceedings of the 2014 ACM International Workshop on Wireless and Mobile Technologies for Smart Cities|paginas=61–66|editora=ACM|local=New York, NY, USA|doi=10.1145/2633661.2633667|url=http://doi.acm.org/10.1145/2633661.2633667}}</ref>) entre os diversos sistemas de informação e computação, uma vez que os dados de uma pessoa ou serviço podem ser utilizados

em áreas diversas, sem a necessidade de novas informações no sistema.

A segunda classificação é Intelligent City (<ref name=":1" />), nesta, as cidades são definidas como territórios que trazem sistemas de inovação e ICTs dentro da mesma localidade, que

combina a criatividade de indivíduos talentosos que compõem a população da cidade, instituições que melhoram a aprendizagem e espaços de inovação, geralmente virtuais, que facilitam a gestão do conhecimento. A combinação de criatividade das pessoas envolve a estratégia de inteligência coletiva, onde as tendências são identificadas e padronizadas, utilizando as experiências das pessoas de forma a colaborar coletivamente.

A terceira classificação é Smart City ou Cidade Inteligente (<ref>{{Citar periódico|ultimo=Hollands|primeiro=Robert G.|data=2008-12-01|titulo=Will the real smart city please stand up?|jornal=City|volume=12|numero=3|paginas=303–320|issn=1360-4813|doi=10.1080/13604810802479126|url=http://dx.doi.org/10.1080/13604810802479126}}</ref>; <ref name=":0" />; <ref>{{citar web|url=https://www.forrester.com/report/Helping+CIOs+Understand+Smart+City+Initiatives/-/E-RES55590|titulo=Helping CIOs Understand "Smart City" Initiatives|data=February 11, 2010|acessodata=June 19, 2017|publicado=Forrester|ultimo=Washburn, Sindhu, Balaouras, Dines, Hayes, Nelson|primeiro=Doug, Usman Stephanie, Rachel , Nick, Lauren}}</ref>), neste paradigma o uso de ICTs visa tornar os componentes de infraestrutura e serviços essenciais de uma cidade mais inteligente, interligado e eficiente. Este conceito já foi implementado em algumas cidades (<ref>{{Citar periódico|ultimo=Anthopoulos|primeiro=L.|ultimo2=Fitsilis|primeiro2=P.|data=July 2010|titulo=From Digital to Ubiquitous Cities: Defining a Common Architecture for Urban Development|jornal=2010 Sixth International Conference on Intelligent Environments|paginas=301–306|doi=10.1109/ie.2010.61|url=http://ieeexplore.ieee.org/document/5673950/}}</ref>), tais como Brisbane, Malta, Dubai e Kochi. Um dos principais objetivos destas cidades é melhorar a qualidade de vida das pessoas, de acordo com diferentes pontos de vista, como por exemplo, o nível de acesso às informações, consulta aos recursos relevantes disponíveis, bem como o estado atual de tais recursos.

A quarta classificação é Ubiquitous City (<ref>{{Citar periódico|ultimo=Jang|primeiro=Myungjun|ultimo2=Suh|primeiro2=Soon-Tak|data=2010-03-23|titulo=U-City: New Trends of Urban Planning in Korea Based on Pervasive and Ubiquitous Geotechnology and Geoinformation|jornal=Computational Science and Its Applications – ICCSA 2010|paginas=262–270|editora=Springer, Berlin, Heidelberg|doi=10.1007/978-3-642-12156-2_20|url=https://link.springer.com/chapter/10.1007/978-3-642-12156-2_20|idioma=en}}</ref>), neste cenário a cidade está totalmente equipada com redes através das quais as autoridades da cidade podem

monitorar o que está acontecendo na cidade, como por exemplo o monitoramento do trânsito, a prevenção da criminalidade e prevenção de incêndio. O usuário pode acessar qualquer serviço da rede independentemente do lugar que se encontre, embora a sua posição seja relevante. Além de sistemas distintos compartilharem as mesmas informações, o número de dispositivos é significativamente maior do que nas outras classificações. Esta classificação provoca opiniões distintas entre especialistas e usuários, com relação a seu uso. Alguns são completamente a favor, outros defendem a ideia que estes sistemas invadem a privacidade dos usuários além de tornarem vulneráveis sistemas relativamente restritos.


==Conceitos==
==Conceitos==
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# Uma CI também pode ser definida como um [[ambiente inteligente]], que embute tecnologias da informação e da comunicação (TIC) que criam ambientes interativos, que trazem a comunicação para o mundo físico. A partir desta perspectiva, uma cidade inteligente (ou em termos mais gerais um espaço inteligente) se refere a um ambiente físico no qual as tecnologias de comunicação e de informação, além de sistemas de sensores, desaparecem à medida que se tornam embutidos nos objetos físicos e nos ambientes nos quais vivemos, viajamos e trabalhamos (Steventon e Wright, 2006).<ref>Steventon, A., and Wright, S. (eds), (2006) ''Intelligent spaces: The application of pervasive ICT'', London, Springer.</ref>
# Uma CI também pode ser definida como um [[ambiente inteligente]], que embute tecnologias da informação e da comunicação (TIC) que criam ambientes interativos, que trazem a comunicação para o mundo físico. A partir desta perspectiva, uma cidade inteligente (ou em termos mais gerais um espaço inteligente) se refere a um ambiente físico no qual as tecnologias de comunicação e de informação, além de sistemas de sensores, desaparecem à medida que se tornam embutidos nos objetos físicos e nos ambientes nos quais vivemos, viajamos e trabalhamos (Steventon e Wright, 2006).<ref>Steventon, A., and Wright, S. (eds), (2006) ''Intelligent spaces: The application of pervasive ICT'', London, Springer.</ref>
# Uma cidade inteligente também é definida como um território que traz sistemas inovativos e TIC dentro da mesma localidade. O [[Intelligent Community Forum | Forum de comunidades inteligentes]] (2006) <ref>Intelligent Community Forum, (2006) [http://www.intelligentcommunity.org/displaycommon.cfm?an=1&subarticlenbr=18 ''What is an Intelligent Community''].</ref> desenvolveu uma lista de indicadores que criam um quadro conceitual para a compreensão de como as comunidades e regiões podem ganhar vantagem competitivas na economia de hoje, que pode ser chamada de Economia da Banda Larga. Para se ter uma cidade inteligente (CI) é necessário combinar: (1) oferta ampla de [[banda larga]] para empresas, prédios governamentais e residências; (2) educação, treinamento e força de trabalho eficazes para oferecer [[trabalhador do conhecimento | trabalho do conhecimento]]; (3) políticas e programas que promovam a [[democracia digital]], reduzindo a [[exclusão digital]], para garantir que todos setores da sociedade e seus cidadãos se beneficiem da revolução da banda larga; (4) [[inovação]] nos setores público e privado e iniciativas para criar agrupamentos econômicos e capital de risco para apoiar o desenvolvimento de novos negócios; e (5) [[marketing]] do desenvolvimento econômico efetivo que alavanque a comunidade digital, para que ela atraia empregados e investidores talentosos.
# Uma cidade inteligente também é definida como um território que traz sistemas inovativos e TIC dentro da mesma localidade. O [[Intelligent Community Forum | Forum de comunidades inteligentes]] (2006) <ref>Intelligent Community Forum, (2006) [http://www.intelligentcommunity.org/displaycommon.cfm?an=1&subarticlenbr=18 ''What is an Intelligent Community''].</ref> desenvolveu uma lista de indicadores que criam um quadro conceitual para a compreensão de como as comunidades e regiões podem ganhar vantagem competitivas na economia de hoje, que pode ser chamada de Economia da Banda Larga. Para se ter uma cidade inteligente (CI) é necessário combinar: (1) oferta ampla de [[banda larga]] para empresas, prédios governamentais e residências; (2) educação, treinamento e força de trabalho eficazes para oferecer [[trabalhador do conhecimento | trabalho do conhecimento]]; (3) políticas e programas que promovam a [[democracia digital]], reduzindo a [[exclusão digital]], para garantir que todos setores da sociedade e seus cidadãos se beneficiem da revolução da banda larga; (4) [[inovação]] nos setores público e privado e iniciativas para criar agrupamentos econômicos e capital de risco para apoiar o desenvolvimento de novos negócios; e (5) [[marketing]] do desenvolvimento econômico efetivo que alavanque a comunidade digital, para que ela atraia empregados e investidores talentosos.
# Na mesma linha, cidades (ou comunidades, [[cluster industrial| clusters]], ou regiões) inteligentes são aqueles territórios caracterizados pela alta capacidade de aprendizado e inovação, que já é embutida na criatividade de sua população, suas instituições de geração de conhecimento, e sua infra-estrututura digital para comunicação e [[gestão do conhecimento]]. A característica distintiva de uma cidade inteligente é o grande desempenho no campo da inovação, pois a inovação e a solução de novos problemas são recursos distintivos da inteligência (Komninos 2002<ref>Komninos, N. (2002) ''Intelligent Cities: Innovation, knowledge systems and digital spaces'', London and New York, Routledge.</ref> and 2006<ref>Komninos, N. (2006) [http://scitation.aip.org/getabs/servlet/GetabsServlet?prog=normal&id=IEECPS0020060CP5180v1-13000001&idtype=cvips&gifs=yes ''The Architecture of Intelligent Cities''], Conference Proceedings Intelligent Environments 06, Institution of Engineering and Technology, pp. 53-61.</ref>).
# Na mesma linha, cidades (ou comunidades, [[cluster industrial| clusters]], ou regiões) inteligentes são aqueles territórios caracterizados pela alta capacidade de aprendizado e inovação, que já é embutida na criatividade de sua população, suas instituições de geração de conhecimento, e sua infra-estrututura digital para comunicação e [[gestão do conhecimento]]. A característica distintiva de uma cidade inteligente é o grande desempenho no campo da inovação, pois a inovação e a solução de novos problemas são recursos distintivos da inteligência (Komninos 2002<ref>Komninos, N. (2002) ''Intelligent Cities: Innovation, knowledge systems and digital spaces'', London and New York, Routledge.</ref> and 2006<ref name=":1">Komninos, N. (2006) [http://scitation.aip.org/getabs/servlet/GetabsServlet?prog=normal&id=IEECPS0020060CP5180v1-13000001&idtype=cvips&gifs=yes ''The Architecture of Intelligent Cities''], Conference Proceedings Intelligent Environments 06, Institution of Engineering and Technology, pp. 53-61.</ref>).
# Por vezes, o conceito de cidades inteligentes se cruza com outros, como os de [http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/futuro-das-cidades/cidade-inteligente-ou-resiliente-entenda-os-conceitos-2fqvb8qprdto4jocfzy2ryap3 cidades resilientes] e [http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/o-que-e-uma-cidade-conectada-3v94i19acoig3wp496hi79t58 cidades conectadas]. Mas a alternância nas ideias defendidas por esses conceitos não significa necessariamente uma frivolidade intelectual, mas sim um entendimento da cidade num determinado momento.
# Por vezes, o conceito de cidades inteligentes se cruza com outros, como os de [http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/futuro-das-cidades/cidade-inteligente-ou-resiliente-entenda-os-conceitos-2fqvb8qprdto4jocfzy2ryap3 cidades resilientes] e [http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/o-que-e-uma-cidade-conectada-3v94i19acoig3wp496hi79t58 cidades conectadas]. Mas a alternância nas ideias defendidas por esses conceitos não significa necessariamente uma frivolidade intelectual, mas sim um entendimento da cidade num determinado momento.



Revisão das 12h11min de 19 de junho de 2017

Introdução

Cidades inteligentes (CI) são projetos nos quais um determinado espaço urbano é palco de experiências de uso intensivo de tecnologias de comunicação e informação sensíveis ao contexto (IoT), de gestão urbana e ação social dirigidos por dados (Data-Driven Urbanism). Esses projetos agregam, portanto, três áreas principais: Internet das Coisas (objetos com capacidades infocomunicacionais avançadas), Big Data (processamento e análise de grandes quantidades de informação) e Governança Algorítmica (gestão e planejamento com base em ações construídas por algoritmos aplicados à vida urbana). O objetivo maior é criar condições de sustentabilidade, melhoria das condições de existência das populações e fomentar a criação de uma economia criativa pela gestão baseada em análise de dados.

As cidades nunca estiveram tão populosas. Há 200 anos apenas Londres, Tóquio e Pequim tinham mais de um milhão de habitantes. Hoje são 442 metrópoles que bateram os sete dígitos. Mais de metade da população mundial já vive em centros urbanos e, segundo estimativas da ONU, até 2030, esse percentual deve subir para 70%. Com tanta gente aglomerada, surgem problemas — de trânsito, poluição, falta de moradia e acesso à saúde —, mas também inovações — e elas estão cada vez mais hi-tech.

“Soluções tecnológicas para cidades estão sendo criadas em todos os cantos do mundo, desde por pequenas empresas e indivíduos a multinacionais e governos”, afirma Anthony Townsend, diretor de pesquisa do Instituto para o Futuro, em Palo Alto, Vale do Silício.

O conceito de smart cities, ou cidades inteligentes, se define pelo uso da tecnologia para melhorar a infraestrutura urbana e tornar os centros urbanos mais eficientes e melhores de se viver. A ideia ganhou força nos últimos cinco anos e foi impulsionada pela construção do zero de cidades inteligentes como Songdo, na Coreia do Sul, e Masdar, em Dubai.

Grandes empresas de tecnologia (como a IBM e a Siemens, que criaram departamentos de pesquisa na área), instituições de ensino (como o MIT e seu centro de investigações e protótipos para cidades inteligentes) e governos apostam no conceito.[1]

Na figura 1 é apresentada, de uma forma simplificada, a classificação das cidades. Tem-se o nível inicial, mais abaixo, indicado pela elipse 1, com a classificação Digital City e segue se expandindo até a elipse 4 Ubiquitous City. Na terceira classificação, indicada pela elipse 3, é apresentada a classificação Smart City. O nível de tecnologia envolvida é representada pela seta na diagonal.

<figura 1 aguarda aceita da moderação Wiki>

A classificação das cidades com relação ao nível de tecnologia adotada [2] recebe quatro nomenclaturas. Tais nomenclaturas levam em consideração tanto o nível de tecnologia adotada quanto a abrangência da mesma na cidade. A seguir as quatro nomenclaturas são detalhadas.

A primeira classificação é Digital City ([3]; [4]; [5]) (ou ainda digital community, information city ou e-city), refere-se a uma comunidade conectada que combina infraestrutura de comunicações de banda larga, uma infraestrutura flexível de computação orientada a serviços com base em padrões abertos e serviços inovadores que atendam às necessidades dos governos e seus funcionários, cidadãos e empresas. O uso de padrões abertos é considerado como uma questão importante

para interoperabilidade ([6]) entre os diversos sistemas de informação e computação, uma vez que os dados de uma pessoa ou serviço podem ser utilizados

em áreas diversas, sem a necessidade de novas informações no sistema.

A segunda classificação é Intelligent City ([7]), nesta, as cidades são definidas como territórios que trazem sistemas de inovação e ICTs dentro da mesma localidade, que

combina a criatividade de indivíduos talentosos que compõem a população da cidade, instituições que melhoram a aprendizagem e espaços de inovação, geralmente virtuais, que facilitam a gestão do conhecimento. A combinação de criatividade das pessoas envolve a estratégia de inteligência coletiva, onde as tendências são identificadas e padronizadas, utilizando as experiências das pessoas de forma a colaborar coletivamente.

A terceira classificação é Smart City ou Cidade Inteligente ([8]; [6]; [9]), neste paradigma o uso de ICTs visa tornar os componentes de infraestrutura e serviços essenciais de uma cidade mais inteligente, interligado e eficiente. Este conceito já foi implementado em algumas cidades ([10]), tais como Brisbane, Malta, Dubai e Kochi. Um dos principais objetivos destas cidades é melhorar a qualidade de vida das pessoas, de acordo com diferentes pontos de vista, como por exemplo, o nível de acesso às informações, consulta aos recursos relevantes disponíveis, bem como o estado atual de tais recursos.

A quarta classificação é Ubiquitous City ([11]), neste cenário a cidade está totalmente equipada com redes através das quais as autoridades da cidade podem

monitorar o que está acontecendo na cidade, como por exemplo o monitoramento do trânsito, a prevenção da criminalidade e prevenção de incêndio. O usuário pode acessar qualquer serviço da rede independentemente do lugar que se encontre, embora a sua posição seja relevante. Além de sistemas distintos compartilharem as mesmas informações, o número de dispositivos é significativamente maior do que nas outras classificações. Esta classificação provoca opiniões distintas entre especialistas e usuários, com relação a seu uso. Alguns são completamente a favor, outros defendem a ideia que estes sistemas invadem a privacidade dos usuários além de tornarem vulneráveis sistemas relativamente restritos.

Conceitos

Podem ser encontradas na literatura pelo menos cinco descrições do que seja uma cidade inteligente:

  1. uma CI muitas vezes é definida como uma reconstrução virtual de uma cidade, ou como uma cidade virtual (Droege, 1997). [12]. O termo já foi usado como um equivalente de cidade digital, cidade da informação, 'cidade conectada', telecidade, cidade baseada no conhecimento, comunidade eletrônica, espaço comunitário eletrônico etc., cobrindo uma ampla gama de aplicações eletrônicas e digitais, relacionadas ao espaço digital de cidades e comunidades (MIMOS).
  2. Um outro significado foi dado pela World Foundation for Smart Communities (ou "Fundação Mundial de Comunidades Inteligentes"), que associa cidades digitais ao crescimento inteligente, um tipo de desenvolvimento baseado nas tecnologias da informação e comunicação. "Uma Comunidade Inteligente é uma comunidade que fez um esforço consciente para usar a tecnologia da informação para transformar a vida e o trabalho dentro de seu território de forma significativa e fundamental, em vez de seguir uma forma incremental" (California Institute for Smart Communities, 2001). [13]
  3. Uma CI também pode ser definida como um ambiente inteligente, que embute tecnologias da informação e da comunicação (TIC) que criam ambientes interativos, que trazem a comunicação para o mundo físico. A partir desta perspectiva, uma cidade inteligente (ou em termos mais gerais um espaço inteligente) se refere a um ambiente físico no qual as tecnologias de comunicação e de informação, além de sistemas de sensores, desaparecem à medida que se tornam embutidos nos objetos físicos e nos ambientes nos quais vivemos, viajamos e trabalhamos (Steventon e Wright, 2006).[14]
  4. Uma cidade inteligente também é definida como um território que traz sistemas inovativos e TIC dentro da mesma localidade. O Forum de comunidades inteligentes (2006) [15] desenvolveu uma lista de indicadores que criam um quadro conceitual para a compreensão de como as comunidades e regiões podem ganhar vantagem competitivas na economia de hoje, que pode ser chamada de Economia da Banda Larga. Para se ter uma cidade inteligente (CI) é necessário combinar: (1) oferta ampla de banda larga para empresas, prédios governamentais e residências; (2) educação, treinamento e força de trabalho eficazes para oferecer trabalho do conhecimento; (3) políticas e programas que promovam a democracia digital, reduzindo a exclusão digital, para garantir que todos setores da sociedade e seus cidadãos se beneficiem da revolução da banda larga; (4) inovação nos setores público e privado e iniciativas para criar agrupamentos econômicos e capital de risco para apoiar o desenvolvimento de novos negócios; e (5) marketing do desenvolvimento econômico efetivo que alavanque a comunidade digital, para que ela atraia empregados e investidores talentosos.
  5. Na mesma linha, cidades (ou comunidades, clusters, ou regiões) inteligentes são aqueles territórios caracterizados pela alta capacidade de aprendizado e inovação, que já é embutida na criatividade de sua população, suas instituições de geração de conhecimento, e sua infra-estrututura digital para comunicação e gestão do conhecimento. A característica distintiva de uma cidade inteligente é o grande desempenho no campo da inovação, pois a inovação e a solução de novos problemas são recursos distintivos da inteligência (Komninos 2002[16] and 2006[7]).
  6. Por vezes, o conceito de cidades inteligentes se cruza com outros, como os de cidades resilientes e cidades conectadas. Mas a alternância nas ideias defendidas por esses conceitos não significa necessariamente uma frivolidade intelectual, mas sim um entendimento da cidade num determinado momento.

As três dimensões das cidades inteligentes

As cidades inteligentes evoluem na direção de uma forte integração de todas dimensões da inteligência: humana, coletiva e artificial, disponíveis em uma cidade. Elas são construídas como aglomerados multi-dimensionais, combinando as três principais dimensões (Komninos 2006, 17-18; Komninos 2008, 122-123).

A primeira dimensão está ligada às pessoas da cidade: a inteligência, inventividade e criatividade dos indivíduos que vivem e trabalham na cidade. Esta perspectiva foi descrita por Richard Florida (2002)[17] como ‘cidade criativa’, que agrega os valores e desejos da ‘nova classe criativa’, constituída pelo talento e conhecimento de cientistas, artistas, empresários, capitalistas de risco, além de outras pessoas criativas, que têm enorme impacto na determinação de como é organizado o espaço de trabalho e, portanto, se as companhias vão prosperar, e se a cidade vai se desenvolver ou não.

A segunda dimensão tem a ver com a inteligência coletiva da população de uma cidade: 'a capacidade de comunidades humanas cooperarem intelectualmente na criação, na inovação e na invenção'; 'o aprendizado e o processo criativo coletivos realizado através de trocas de conhecimento e de criatividade intelectual'; 'a capacidade de um grupo se organizar para decidir a respeito de seu próprio futuro e controlar as formas de atingi-lo em contextos complexos' (Atlee 2004).[18] Esta dimensão é baseada nas instituições da cidade que permitem a cooperação no conhecimento e na inovação.

A terceira dimensão é relacionada com a inteligência artificial embutida no ambiente físico da cidade, e disponível para sua população: a infra-estrutura de comunicação, os espaços digitais e as ferramentas públicas para a solução de problemas disponíveis para a população da cidade.

Assim, o conceito de "cidade inteligente" integra todas as três dimensões mencionadas de uma aglomeração: seus espaços físicos, a institucionais e digitais. Consequentemente, o termo "cidade inteligente" descreve um território com

  1. atividades bem desenvolvidas relacionadas a conhecimento, ou grupos de tais atividades;
  2. rotinas embutidas de cooperação social, permitindo o que o conhecimento e o know-how sejam adquiridos e adaptados;
  3. um conjunto desenvolvido de infra-estrutura de comunicação, espaços digitais e ferramentas de conhecimento e inovação; e
  4. uma habilidade comprovada de inovar, gerenciar e resolver problemas que apareçam pela primeira vez, uma vez que a capacidade de inovar e gerenciar a incerteza são os fatores críticos para se medir inteligência.


Cenário brasileiro

O Brasil está no meio do caminho no processo de construir cidades inovadoras e, no mínimo, mais agradáveis de se viver. É o que revela o novo ranking Connected Smart Cities, da consultoria Urban Systems,que avaliou cerca de 700 municípios para apontar os 50 mais desenvolvidos nesse sentido. O Ranking tem como objetivo identificar fatores relevantes para o crescimento sustentável dos municípios e apontar as cidades brasileiras com maior potencial de desenvolvimento. [19]

O Rio de Janeiro (RJ) conquistou a primeira colocação com 29,9 pontos, de um total de 63, classificando-se como a cidade brasileira mais inteligente e conectada. Além disso, a cidade faturou a primeira posição nas categorias Tecnologia e Inovação e Economia.

“O desenvolvimento urbano na cidade do Rio de Janeiro é uma realidade que salta aos olhos, com grandes projetos e investimentos focados no princípio do espaço público útil, democrático, acolhedor e seguro. Partindo dessa premissa, avançamos no conceito de cidade integrada, valorizando bairros que antes se encontravam fora do eixo mais turístico do Rio e, principalmente, conectando-os a outras regiões e aos próprios cariocas. Além de chancelar nossas decisões e mostrar que estamos no caminho certo, o Ranking é um estímulo à busca de novas soluções e aprimoramento das existentes”, ressalta o secretário de Coordenação de Governo da Prefeitura do Rio de Janeiro, Pedro Paulo Teixeira.

São Paulo (SP) - Com população de aproximadamente 12 milhões de habitantes, a segunda colocada no Ranking Geral foi a cidade de São Paulo (SP), com 29,36 pontos. A metrópole também liderou no segmento de Mobilidade, que considerou aspectos como transporte urbano (indicadores de transporte coletivo, idade da frota e meios de transporte público de massa), acessibilidade (rampas de acesso para cadeirantes e ciclovias) e conectividade (do município a outros, nos modelos intermunicipal rodoviário e aéreo).

Segundo o ex prefeito da capital paulista, Fernando Haddad, o conceito de cidade está em gradual transformação para os moradores. “Para avançar nessa questão foi preciso reconhecer que São Paulo sofreu, ao longo das décadas, uma privatização de seus espaços, que gerou um impacto muito negativo na vida urbana. A cidade, que deveria ser um lugar de encontro, passou a ser um espaço de isolamento. Nesse sentido, a aprovação do novo Plano Diretor Estratégico, em 2014, foi fundamental para iniciar um processo de transformação mais profunda. Ele orienta o desenvolvimento da cidade nos próximos 15 anos e prevê a revisão da Lei de Zoneamento”, explica Haddad.

Belo Horizonte (BH) - Reconhecida como uma cidade que possui parte de seus sistemas integrados, a capital de Minas Gerais, Belo Horizonte, faturou a terceira colocação no ranking geral. Somando pontuação de 28,91, a capital mineira classificou-se como a melhor opção no segmento de Meio Ambiente. O prefeito do município, Marcio Lacerda, acredita que, nos últimos anos, Belo Horizonte tem sido protagonista de ações e políticas públicas que contemplam áreas estratégicas para um crescimento sustentável e para melhorias significativas da qualidade de vida. “São investimentos em áreas como a saúde, mobilidade, educação, meio ambiente, tecnologia e urbanismo. E tudo o que tem sido feito tem como base o Planejamento Estratégico BH 2030, elaborado em 2009 e que vem sendo permanentemente aperfeiçoado. Trata-se de um conjunto de seis grandes objetivos estratégicos que a cidade está perseguindo em direção ao futuro desejado por todos os seus moradores”, pontua.

Ainda no Ranking Geral de Cidades Inteligentes e Conectadas, a melhor colocada na faixa populacional de 100 a 500 mil habitantes foi São Caetano do Sul (SP), que também alcançou o primeiro lugar no segmento Segurança. Na categoria com até 100 mil habitantes, Nova Lima (MG) foi a campeã. [20]

Em Portugal

As Cidades Inteligentes são uma prioridade nas políticas da União Europeia e de Portugal, nomeadamente na estratégia de reindustrialização, na Agenda Digital e nas estratégias nacionais e regionais de inovação para uma especialização inteligente. Em Portugal, foi criada em 2013 a Rede “Smart Cities Portugal”, que tem como objectivos:

  1. Promover o desenvolvimento e produção de soluções urbanas inovadoras, de forma integrada, com vista à estruturação da oferta e sua valorização nos mercados internacionais
  2. Potenciar a participação das empresas e cidades portuguesas no mercado das cidades inteligentes
  3. Afirmar a imagem de Portugal como espaço de concepção, produção e experimentação de produtos e serviços para cidades inteligentes.[21]

Referências

  1. http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,ERT338454-17773,00.html
  2. Leem, Choon Seong; Kim, Byoung Gun (1 de outubro de 2013). «Taxonomy of ubiquitous computing service for city development». Personal and Ubiquitous Computing (em inglês). 17 (7): 1475–1483. ISSN 1617-4909. doi:10.1007/s00779-012-0583-5 
  3. Toru., Ishida,; 1969-, Isbister, Katherine,; (1999), Kyoto Meeting on Digital Cities (2000). Digital cities : technologies, experiences, and future perspectives. [S.l.]: Springer. ISBN 9783540464228. OCLC 63789695 
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Ver também