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'''Oralismo''' é um método de ensino para [[surdez|surdos]], defendido principalmente por [[Alexander Graham Bell]] (1874-1922) no qual se defende que a maneira mais eficaz de ensinar o surdo é através da [[linguagem|língua oral]], ou [[fala]]da. Surdos que foram educados através deste método de ensino são considerados [[surdos oralizados]].
'''Oralismo''' é um método de ensino para [[Surdez|surdos]], defendido principalmente por [[Alexander Graham Bell]] (1874-1922), sendo a maneira mais eficaz de ensinar o [[Surdez|surdo]] é através da [[Linguagem|língua oral]] ou [[Fala|falada]]. [[Surdez|Surdos]] que foram educados através deste método de ensino são considerados [[surdos oralizados]].


== História ==
== História ==
O fundador do oralismo é Heinicke, que criou a metodologia que ficou conhecida como o "método alemão", e para ele, o pensamento só era possível através da [[língua oral]]. O ensino pela [[língua de sinais]] significava ir contra ao avanço dos alunos. Este método ganhou força no [[Congresso de Milão|Congresso Internacional de Educadores de Surdos]], realizado em Milão nos dias de 9 a 12 de setembro de 1880, que foi preparado por uma maioria oralista com o propósito de dar força de [[lei]] às suas proposições no que dizia respeito à [[Perda auditiva|surdez]] e à educação de surdos, nele houve uma votação para proibição da língua de sinais como método de educação de surdos.


A única oposição feita ao oralismo foi apresentada por Gallaudet, que discordava dos argumentos apresentados, reportando-se aos sucessos obtidos por seus alunos. O descontentamento com o oralismo, que começou a ser observado no início do [[século XX]] quando os surdos não conseguiam se oralizar e passaram a serem denominados de [[Deficiência auditiva|deficientes]], e as pesquisas sobre línguas de sinais deram origem a novas propostas em relação à educação da pessoa surda, e nos anos 70 ocorreu a chamada Comunicação Total.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Lacerda|primeiro=Cristina B. F. de|data=1998-09|titulo=Um pouco da história das diferentes abordagens na educação dos surdos|url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0101-32621998000300007&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt|jornal=Cadernos CEDES|lingua=pt|volume=19|numero=46|paginas=68–80|doi=10.1590/S0101-32621998000300007|issn=0101-3262}}</ref>
Este método ganhou força quando no [[Congresso de Milão|Congresso Internacional de Educadores de Surdos]], realizado em Milão nos dias de 9 a 12 de setembro de 1880 houve uma votação para proibição da língua de sinais como método de educação de surdos, ressaltando que no Congresso houve a presença de 1 (um) surdo somente, e [[Edward Gallaudet]] tentou argumentar a importância em se manter o método combinado, oralidade e língua de sinais, mas não foi suficiente, e a oficialização do Oralismo tornou-se o único método aceito mundialmente para educação de surdos a partir desta data.
O insucesso desta fase começou a ser observado no início do século XX, quando surdos não conseguiam oralizar-se e passaram a ser denominados de deficientes, surgindo uma nova fase, que foi derrubada no Congresso Mundial de Surdos em Paris, no ano de 1971, e surgiu a fala da Comunicação Total.


No decorrer do século XX, o oralismo foi reafirmado a partir do aperfeiçoamento progressivo das tecnologias auditivas corretivas, julgando que a estimulação auditiva possibilitaria ao surdo/deficiente auditivo se comunicar por meio da terapia da fala. Vários artefatos auditivos vêm sendo desenvolvidos, como o [[implante coclear]], que tem sido considerado pela comunidade técnico-profissional como terapia curativa da surdez.


A [[filosofia]] oralista defende a integração do surdo à sociedade por meio do treino da fala, da [[leitura labial]] (oralização) e do treino auditivo, acreditando que o surdo só pode aprender, se desenvolver intelectual e linguisticamente, através da língua oral.<ref name=":0">{{Citar periódico|ultimo=Nóbrega|primeiro=Juliana Donato|ultimo2=Andrade|primeiro2=Andréa Batista de|ultimo3=Pontes|primeiro3=Ricardo José Soares|ultimo4=Bosi|primeiro4=Maria Lúcia Magalhães|ultimo5=Machado|primeiro5=Márcia Maria Tavares|data=2012-03|titulo=Identidade surda e intervenções em saúde na perspectiva de uma comunidade usuária de língua de sinais|url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1413-81232012000300013&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt|jornal=Ciência &amp; Saúde Coletiva|lingua=pt|volume=17|numero=3|paginas=671–679|doi=10.1590/S1413-81232012000300013|issn=1413-8123}}</ref>


== Artefatos auditivos ==
A [[política pública]] para os surdos no [[Brasil]] intitulada Política Nacional de Atenção à Saúde Auditiva, se baseia na perspectiva biomédica de inclusão do surdo na sociedade ouvinte, através da disponibilização de aparelhos auditivos dentre outras práticas de oralização.<ref name=":0" />

Usuários de implante coclear ou de aparelhos auditivos fazem a opção pela filosofia oralista em sua educação, portanto são deficientes auditivos oralizados e não usam a língua de sinais como meio de comunicação. Os deficientes auditivos oralizados tendem a ter uma vida social mais restrita que a das pessoas surdas que participam da cultura surda e usam a língua de sinais, pois são rejeitados pelas pessoas ouvintes por causa da sua deficiência.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Chaveiro|primeiro=Neuma|ultimo2=Duarte|primeiro2=Soraya Bianca Reis|ultimo3=Freitas|primeiro3=Adriana Ribeiro de|ultimo4=Barbosa|primeiro4=Maria Alves|ultimo5=Porto|primeiro5=Celmo Celeno|ultimo6=Fleck|primeiro6=Marcelo Pio de Almeida|ultimo7=Chaveiro|primeiro7=Neuma|ultimo8=Duarte|primeiro8=Soraya Bianca Reis|ultimo9=Freitas|primeiro9=Adriana Ribeiro de|data=00/2014|titulo=Qualidade de vida dos surdos que se comunicam pela língua de sinais: revisão integrativa|url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1414-32832014000100101&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt|jornal=Interface - Comunicação, Saúde, Educação|lingua=pt|volume=18|numero=48|paginas=101–114|doi=10.1590/1807-57622014.0510|issn=1414-3283}}</ref>

== Referências ==
<references />
{{Surdos}}
{{Surdos}}



Revisão das 03h21min de 17 de março de 2020

Oralismo é um método de ensino para surdos, defendido principalmente por Alexander Graham Bell (1874-1922), sendo a maneira mais eficaz de ensinar o surdo é através da língua oral ou falada. Surdos que foram educados através deste método de ensino são considerados surdos oralizados.

História

O fundador do oralismo é Heinicke, que criou a metodologia que ficou conhecida como o "método alemão", e para ele, o pensamento só era possível através da língua oral. O ensino pela língua de sinais significava ir contra ao avanço dos alunos. Este método ganhou força no Congresso Internacional de Educadores de Surdos, realizado em Milão nos dias de 9 a 12 de setembro de 1880, que foi preparado por uma maioria oralista com o propósito de dar força de lei às suas proposições no que dizia respeito à surdez e à educação de surdos, nele houve uma votação para proibição da língua de sinais como método de educação de surdos.

A única oposição feita ao oralismo foi apresentada por Gallaudet, que discordava dos argumentos apresentados, reportando-se aos sucessos obtidos por seus alunos. O descontentamento com o oralismo, que começou a ser observado no início do século XX quando os surdos não conseguiam se oralizar e passaram a serem denominados de deficientes, e as pesquisas sobre línguas de sinais deram origem a novas propostas em relação à educação da pessoa surda, e nos anos 70 ocorreu a chamada Comunicação Total.[1]

No decorrer do século XX, o oralismo foi reafirmado a partir do aperfeiçoamento progressivo das tecnologias auditivas corretivas, julgando que a estimulação auditiva possibilitaria ao surdo/deficiente auditivo se comunicar por meio da terapia da fala. Vários artefatos auditivos vêm sendo desenvolvidos, como o implante coclear, que tem sido considerado pela comunidade técnico-profissional como terapia curativa da surdez.

A filosofia oralista defende a integração do surdo à sociedade por meio do treino da fala, da leitura labial (oralização) e do treino auditivo, acreditando que o surdo só pode aprender, se desenvolver intelectual e linguisticamente, através da língua oral.[2]

Artefatos auditivos

A política pública para os surdos no Brasil intitulada Política Nacional de Atenção à Saúde Auditiva, se baseia na perspectiva biomédica de inclusão do surdo na sociedade ouvinte, através da disponibilização de aparelhos auditivos dentre outras práticas de oralização.[2]

Usuários de implante coclear ou de aparelhos auditivos fazem a opção pela filosofia oralista em sua educação, portanto são deficientes auditivos oralizados e não usam a língua de sinais como meio de comunicação. Os deficientes auditivos oralizados tendem a ter uma vida social mais restrita que a das pessoas surdas que participam da cultura surda e usam a língua de sinais, pois são rejeitados pelas pessoas ouvintes por causa da sua deficiência.[3]

Referências

  1. Lacerda, Cristina B. F. de (setembro de 1998). «Um pouco da história das diferentes abordagens na educação dos surdos». Cadernos CEDES. 19 (46): 68–80. ISSN 0101-3262. doi:10.1590/S0101-32621998000300007 
  2. a b Nóbrega, Juliana Donato; Andrade, Andréa Batista de; Pontes, Ricardo José Soares; Bosi, Maria Lúcia Magalhães; Machado, Márcia Maria Tavares (março de 2012). «Identidade surda e intervenções em saúde na perspectiva de uma comunidade usuária de língua de sinais». Ciência & Saúde Coletiva. 17 (3): 671–679. ISSN 1413-8123. doi:10.1590/S1413-81232012000300013 
  3. Chaveiro, Neuma; Duarte, Soraya Bianca Reis; Freitas, Adriana Ribeiro de; Barbosa, Maria Alves; Porto, Celmo Celeno; Fleck, Marcelo Pio de Almeida; Chaveiro, Neuma; Duarte, Soraya Bianca Reis; Freitas, Adriana Ribeiro de (00/2014). «Qualidade de vida dos surdos que se comunicam pela língua de sinais: revisão integrativa». Interface - Comunicação, Saúde, Educação. 18 (48): 101–114. ISSN 1414-3283. doi:10.1590/1807-57622014.0510  Verifique data em: |data= (ajuda)
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