Cuscuta: diferenças entre revisões

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'''''Cuscuta''''' <small>[[Carolus Linnaeus|L.]]</small> é um [[género (biologia)|género]] [[botânica|botânico]] pertencente à [[família (biologia)|família]] [[Convolvulaceae]]. Trata-se do único gênero nesta família que inclui espécies parasitas<ref name=":0">{{Citar periódico |url=https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/tax.12195 |título=Parasitic angiosperms: How often and how many? |data=2020-02 |acessodata=2023-03-10 |periódico=TAXON |número=1 |ultimo=Nickrent |primeiro=Daniel L. |paginas=5–27 |lingua=en |doi=10.1002/tax.12195 |issn=0040-0262}}</ref>. Possui diversos nomes comuns no Brasil, dentre os quais cipó-chumbo (nome que também é dado a espécies de ''[[Cassytha]]''), fios-de-ovos, cipó-dourado, aletria, espaguete, tinge-ovos e cuscuta<ref name=":1" />. Apesar de algumas espécies serem patógenas de plantações, a maioria não afeta atividades humanas<ref name=":0" />.
'''''Cuscuta''''' <small>[[Carolus Linnaeus|L.]]</small> é um [[género (biologia)|género]] [[botânica|botânico]] pertencente à [[família (biologia)|família]] [[Convolvulaceae]]. Trata-se do único gênero nesta família que inclui espécies parasitas<ref name=":0">{{Citar periódico |url=https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/tax.12195 |título=Parasitic angiosperms: How often and how many? |data=2020-02 |acessodata=2023-03-10 |periódico=TAXON |número=1 |ultimo=Nickrent |primeiro=Daniel L. |paginas=5–27 |lingua=en |doi=10.1002/tax.12195 |issn=0040-0262}}</ref>. Possui diversos nomes comuns no Brasil, dentre os quais cipó-chumbo (nome que também é dado a espécies de ''Cassytha''), fios-de-ovos, cipó-dourado, aletria, espaguete, tinge-ovos e cuscuta<ref name=":1" />. Apesar de algumas espécies serem patógenas de plantações, a maioria não afeta atividades humanas<ref name=":0" />.


== Morfologia ==
== Morfologia ==
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==== Parasitismo ====
==== Parasitismo ====
O hábito parasita se evidencia pela presença de múltiplos haustórios, podendo até mesmo ocorrer autoparasitismo. É comum que sejam holoparasitas, ou seja, ausentam capacidade de fazer fotossíntese e, assim, dependem completamente de suas hospedeiras para obtenção de recursos<ref name=":1">{{Citar web|url=https://floradobrasil.jbrj.gov.br/FB6978|titulo=Detalha Taxon Publico|acessodata=2023-03-10|website=floradobrasil.jbrj.gov.br}}</ref>. Isso é evidenciado por diversos estudos moleculares feitos neste gênero, que demonstraram a redução ou perda total de [[Plastídeo|plastídeos]] e genes relacionados à fotossíntese em algumas espécies<ref name=":0" />.
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==== Comparação com ''Cassytha'' ====
==== Comparação com ''Cassytha'' ====
Apesar de ser semelhante a ''[[Cassytha]]'' (gênero de trepadeiras parasitas em [[Lauraceae]], a família do louro), existem diferenças, sobretudo morfológicas, que permitem a distinção destes dois gêneros. A princípio, ''Cuscuta'' possui espécies holoparasitas, enquanto que ''Cassytha'' é estritamente hemiparasita. Apesar de ambas poderem ser glabras, ''Cassytha'' possui espécies com tricomas ao longo do caule, além das folhas escamiformes reduzidas deste gênero serem mais evidentes que aquelas em ''Cuscuta''. Quanto à anatomia, ''Cassytha'' é capaz de produzir xilema secundário, deste modo podendo ter um diâmetro maior que ''Cuscuta'', que ausenta crescimento secundário<ref>{{Citar periódico |url=http://www.scielo.br/j/rod/a/VbzRnhDdGVs97yZqbyX7wSq/?lang=en |título=Disentangling parasitic vines in the tropics: taxonomic notes for an accurate identification of Cuscuta (Convolvulaceae) and Cassytha (Lauraceae) |data=2021-12-03 |acessodata=2023-03-10 |periódico=Rodriguésia |ultimo=Silva |primeiro=Simone Soares da |ultimo2=Simão-Bianchini |primeiro2=Rosângela |paginas=e01062020 |lingua=en |doi=10.1590/2175-7860202172131 |issn=0370-6583 |ultimo3=Simões |primeiro3=Ana Rita Giraldes |ultimo4=Costea |primeiro4=Mihai}}</ref>. Por fim, a morfologia floral difere muito entre estes dois grupos, sendo um dos principais fatores que determina a posição destes gêneros em famílias tão filogeneticamente distantes. Além disso, estudos moleculares com ''Cuscuta'' fortalecem a posição do gênero na família Convovulaceae.
Apesar de ser semelhante a ''[[Cassytha]]'' (gênero de trepadeiras parasitas em [[Lauraceae]], a família do louro), existem diferenças, sobretudo morfológicas, que permitem a distinção destes dois gêneros. A princípio, ''Cuscuta'' possui espécies holoparasitas, enquanto que ''Cassytha'' é estritamente hemiparasita. Apesar de ambas poderem ser glabras, ''Cassytha'' possui espécies com tricomas ao longo do caule, além das folhas escamiformes reduzidas deste gênero serem mais evidentes que aquelas em ''Cuscuta''. Quanto à anatomia, ''Cassytha'' é capaz de produzir xilema secundário, deste modo podendo ter um diâmetro maior que ''Cuscuta'', que ausenta crescimento secundário<ref>{{Citar periódico |url=http://www.scielo.br/j/rod/a/VbzRnhDdGVs97yZqbyX7wSq/?lang=en |título=Disentangling parasitic vines in the tropics: taxonomic notes for an accurate identification of Cuscuta (Convolvulaceae) and Cassytha (Lauraceae) |data=2021-12-03 |acessodata=2023-03-10 |periódico=Rodriguésia |ultimo=Silva |primeiro=Simone Soares da |ultimo2=Simão-Bianchini |primeiro2=Rosângela |paginas=e01062020 |lingua=en |doi=10.1590/2175-7860202172131 |issn=0370-6583 |ultimo3=Simões |primeiro3=Ana Rita Giraldes |ultimo4=Costea |primeiro4=Mihai}}</ref>. Por fim, a morfologia floral difere muito entre estes dois grupos, sendo um dos principais fatores que determina a posição destes gêneros em famílias tão filogeneticamente distantes. Além disso, estudos moleculares com ''Cuscuta'' fortalecem a posição do gênero na família Convovulaceae.

==Medicina==
Sementes de ''C. chinensis'' Lam. são utilizadas na [[medicina tradicional chinesa]] para tratamento do fígado e rim<ref>{{Citar periódico |url=http://dx.doi.org/10.1016/j.fct.2008.01.021 |título=Nanoparticles formulation of Cuscuta chinensis prevents acetaminophen-induced hepatotoxicity in rats |data=2008-05 |acessodata=2023-03-11 |periódico=Food and Chemical Toxicology |número=5 |ultimo=Yen |primeiro=Feng-Lin |ultimo2=Wu |primeiro2=Tzu-Hui |paginas=1771–1777 |doi=10.1016/j.fct.2008.01.021 |issn=0278-6915 |ultimo3=Lin |primeiro3=Liang-Tzung |ultimo4=Cham |primeiro4=Thau-Ming |ultimo5=Lin |primeiro5=Chun-Ching}}</ref>, além de também serem utilizadas por populações da região do [[Himalaias|Himalaia]] para fins médicos<ref>{{Citar periódico |url=http://dx.doi.org/10.1186/s13002-016-0086-y |título=An ethnobotanical analysis of parasitic plants (Parijibi) in the Nepal Himalaya |data=2016-02-24 |acessodata=2023-03-11 |periódico=Journal of Ethnobiology and Ethnomedicine |número=1 |ultimo=O’Neill |primeiro=Alexander Robert |ultimo2=Rana |primeiro2=Santosh Kumar |doi=10.1186/s13002-016-0086-y |issn=1746-4269}}</ref>.


==Sinonímia==
==Sinonímia==

Revisão das 04h05min de 11 de março de 2023

Como ler uma infocaixa de taxonomiaCuscuta
Cuscuta europaea
Cuscuta europaea
Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Solanales
Família: Convolvulaceae
Género: Cuscuta
Espécies
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Este artigo é sobre um gênero na família Convolvulaceae. Não deve ser confundido com o gênero Cassytha, em Lauraceae, que apresenta morfologia semelhante.

Outros projetos Wikimedia também contêm material sobre este tema:
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Cuscuta epithimum

Cuscuta L. é um género botânico pertencente à família Convolvulaceae. Trata-se do único gênero nesta família que inclui espécies parasitas[1]. Possui diversos nomes comuns no Brasil, dentre os quais cipó-chumbo (nome que também é dado a espécies de Cassytha), fios-de-ovos, cipó-dourado, aletria, espaguete, tinge-ovos e cuscuta[2]. Apesar de algumas espécies serem patógenas de plantações, a maioria não afeta atividades humanas[1].

Morfologia

São trepadeiras com folhas escamiformes (no geral, reduzidas) ou ausentes, no geral possuindo cor amarelada. Possuem laticíferos, característica muito comum na família. Possuem inflorescências em cimeiras, com flores pentâmeras, mas raramente tetrâmeras. O fruto pode ter de 1 a 4 sementes, sendo indeiscente ou com deiscência circuncisa[2].

Parasitismo

O hábito parasita se evidencia pela presença de múltiplos haustórios, podendo até mesmo ocorrer autoparasitismo[3]. É comum que sejam holoparasitas, ou seja, ausentam capacidade de fazer fotossíntese e, assim, dependem completamente de suas hospedeiras para obtenção de recursos[2]. Isso é evidenciado por diversos estudos moleculares feitos neste gênero, que demonstraram a redução ou perda total de plastídeos e genes relacionados à fotossíntese em algumas espécies[1]. O desenvolvimento do haustório neste grupo aparenta ocorrer por estímulos mecânicos e presença de luz, não dependendo da presença de fatores químicos de suas hospedeiras[3].

Comparação com Cassytha

Apesar de ser semelhante a Cassytha (gênero de trepadeiras parasitas em Lauraceae, a família do louro), existem diferenças, sobretudo morfológicas, que permitem a distinção destes dois gêneros. A princípio, Cuscuta possui espécies holoparasitas, enquanto que Cassytha é estritamente hemiparasita. Apesar de ambas poderem ser glabras, Cassytha possui espécies com tricomas ao longo do caule, além das folhas escamiformes reduzidas deste gênero serem mais evidentes que aquelas em Cuscuta. Quanto à anatomia, Cassytha é capaz de produzir xilema secundário, deste modo podendo ter um diâmetro maior que Cuscuta, que ausenta crescimento secundário[4]. Por fim, a morfologia floral difere muito entre estes dois grupos, sendo um dos principais fatores que determina a posição destes gêneros em famílias tão filogeneticamente distantes. Além disso, estudos moleculares com Cuscuta fortalecem a posição do gênero na família Convovulaceae.

Medicina

Sementes de C. chinensis Lam. são utilizadas na medicina tradicional chinesa para tratamento do fígado e rim[5], além de também serem utilizadas por populações da região do Himalaia para fins médicos[6].

Sinonímia

Espécies

O gênero Cuscuta possui 171 espécies reconhecidas atualmente.[7]


Classificação do gênero

Sistema Classificação Referência
Linné Classe Tetrandria, ordem Digynia Species plantarum (1753)

Ligações externas

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  1. a b c Nickrent, Daniel L. (fevereiro de 2020). «Parasitic angiosperms: How often and how many?». TAXON (em inglês) (1): 5–27. ISSN 0040-0262. doi:10.1002/tax.12195. Consultado em 10 de março de 2023 
  2. a b c «Detalha Taxon Publico». floradobrasil.jbrj.gov.br. Consultado em 10 de março de 2023 
  3. a b Krasylenko, Yuliya; Těšitel, Jakub; Ceccantini, Gregorio; Oliveira‐da‐Silva, Mariana; Dvořák, Václav; Steele, Daniel; Sosnovsky, Yevhen; Piwowarczyk, Renata; Watson, David M. (janeiro de 2021). «Parasites on parasites: hyper‐, epi‐, and autoparasitism among flowering plants». American Journal of Botany (1): 8–21. ISSN 0002-9122. doi:10.1002/ajb2.1590. Consultado em 11 de março de 2023 
  4. Silva, Simone Soares da; Simão-Bianchini, Rosângela; Simões, Ana Rita Giraldes; Costea, Mihai (3 de dezembro de 2021). «Disentangling parasitic vines in the tropics: taxonomic notes for an accurate identification of Cuscuta (Convolvulaceae) and Cassytha (Lauraceae)». Rodriguésia (em inglês): e01062020. ISSN 0370-6583. doi:10.1590/2175-7860202172131. Consultado em 10 de março de 2023 
  5. Yen, Feng-Lin; Wu, Tzu-Hui; Lin, Liang-Tzung; Cham, Thau-Ming; Lin, Chun-Ching (maio de 2008). «Nanoparticles formulation of Cuscuta chinensis prevents acetaminophen-induced hepatotoxicity in rats». Food and Chemical Toxicology (5): 1771–1777. ISSN 0278-6915. doi:10.1016/j.fct.2008.01.021. Consultado em 11 de março de 2023 
  6. O’Neill, Alexander Robert; Rana, Santosh Kumar (24 de fevereiro de 2016). «An ethnobotanical analysis of parasitic plants (Parijibi) in the Nepal Himalaya». Journal of Ethnobiology and Ethnomedicine (1). ISSN 1746-4269. doi:10.1186/s13002-016-0086-y. Consultado em 11 de março de 2023 
  7. «Cuscuta» (em inglês). The Plant List. 2010. Consultado em 11 de agosto de 2019