Ataque militar

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O ataque (também chamado de assalto) é uma operação ofensiva destinada a conquistar um objectivo claramente definido e que deve ser cuidadosamente idealizada, planeada, preparada, executada e continuada, com o máximo de controle possível e o máximo de análise das contingências e circunstâncias variáveis. A coordenação exigida entre os meios de manobra (infantaria e cavalaria), apoio de fogos (artilharia), apoio aéreo e apoio de combate (engenharia e comunicações) leva a que se refere muitas vezes essa operação como ataque coordenado.

Formas de manobra empregues no ataque[editar | editar código-fonte]

O ataque pode ser orientado sobre a frente e/ou sobre o flanco do inimigo, bem como a sua retaguarda. Para atingir o seu objectivo, podem-se utilizar cinco formas de manobra no ataque:

  • A penetração;
  • O ataque frontal;
  • O envolvimento;
  • O movimento torneante (ou desbordamento) e
  • A infiltração.

Essas formas de manobra aplicam-se a todos os escalões de comando, mas, normalmente, o ataque frontal só é empregue quando estão em presença forças de grande dimensão e que ocupam extensas frentes. Na maior parte das operações ofensivas, a força atacante recorre a uma combinação das formas de manobra.

Esquema das fases em que se emprega a modalidade de manobra penetração num ataque coordenado.

A penetração é a forma de manobra ofensiva que visa romper uma posição defensiva inimiga para atingir um objectivo na retaguarda desta. É criada uma brecha no dispositivo defensivo inimigo que perde, assim, a sua continuidade. Em primeiro lugar, é necessário criar uma rotura na posição defensiva inimiga. Em segundo lugar, é necessário alargar e manter a brecha criada naquela posição. Por fim, é necessário conquistar ou destruir o objectivo e mantê-lo por forma a desarticular a continuidade da defesa.

O ataque frontal é a forma de manobra ofensiva em que se ataca o inimigo ao longo de toda a frente. É utilizado perante uma força inimiga francamente mais fraca, quando a situação não está bem esclarecida, quando há necessidade de reagir de imediato à acção inimiga ou para fixar e distrair uma força inimiga com a finalidade de apoiar outra forma de manobra a ser executada por outra força. Durante um ataque frontal, o comandante procurará criar ou tirar partido de condições que lhe permitam efectuar a penetração ou envolvimento da posição inimiga. Essa forma de manobra ofensiva é frequentemente empregue na exploração do sucesso e na perseguição. Também é frequentemente utilizada pelas forças que executam um envolvimento, um movimento torneante, um ataque secundário, um contra-ataque ou um reconhecimento em força. A menos que se disponha de um potencial de combate esmagador ao longo de toda a frente, o ataque frontal raramente é decisivo, e, por isso, são preferíveis outras formas de manobra.

Esquema de uma ofensiva lançada por um Corpo de Exército em que uma das divisões executa o movimento de envolvimento.

O envolvimento é uma forma de manobra ofensiva em que o ataque principal evita as forças principais inimigas atacando um flanco descoberto ou passando sobre aquelas forças com meios aéreos (envolvimento vertical), tendo em vista conquistar um objectivo situado na retaguarda inimiga e que, uma vez na posse do atacante, corte ao inimigo os seus eixos de retirada e facilite a destruição das suas forças. O ataque principal é conjugado com um ou mais ataques secundários; estes têm a finalidade de fixar e distrair o inimigo, reduzir as possibilidades de o inimigo reagir contra o ataque principal por obrigá-lo a combater simultâneamente em duas ou mais direcções ou iludi-lo quanto à localização ou mesmo existência de um ataque principal. Essa forma de manobra, não considerando o emprego de meios aéreos, exige que o inimigo apresente um flanco que possa ser abordado e ultrapassado sem necessidade de um empenhamento importante. O seu êxito depende fundamentalmente do grau de surpresa conseguido e da eficácia dos ataques secundários em fixar e distrair o inimigo.

O duplo envolvimento é uma variante do envolvimento e é executado por duas forças envolventes e por uma força que executa um ataque secundário. Para esse tipo de manobra, é necessário dispor de mobilidade e um potencial de combate superior, além de precisão na coordenação e ritmo de execução. A não ser assim, a força que executa o duplo envolvimento corre o risco de ser batida por partes.

Esquema de uma ofensiva lançada por uma Divisão em que duas das suas brigadas executam o movimento torneante.

O cerco é uma variante do envolvimento que proporciona a melhor possibilidade de fixar e distrair o inimigo nas suas posições e de aprisioná-lo ou destruí-lo. É uma manobra de difícil execução porque exige uma grande superioridade numérica e uma mobilidade muito além do normal. A surpresa é essencial para a concretização dessa manobra.


No movimento torneante, também conhecido como desbordamento, a força que executa o ataque principal contorna ou passa sobre (utilização de meios aéreos) a força principal do inimigo a fim de conquistar um objectivo vital situado profundamente na sua retaguarda e, assim, forçá-lo a abandonar as posições que ocupa ou a desviar forças importantes para enfrentar a ameaça criada pelo movimento torneante. O ataque principal é conjugado com ataques secundários que são destinados a fixar e distrair o inimigo e evitar que este possa dificultar a acção da força torneante. Enquanto o envolvimento visa a destruição do inimigo nas posições que ocupa, o movimento torneante não é dirigido contra a posição defensiva principal inimiga. Pelo contrário, ele evita atacar os flancos ou a retaguarda dessa posição e procura conquistar áreas vitais profundamente na retaguarda inimiga. Dessa forma, tanto impede a sua retirada como a possibilidade de receber reforços.


Ataque principal e ataque secundário[editar | editar código-fonte]

Nem sempre é possível dispor do potencial de combate tão forte quanto o desejável. Além disso, é um desperdício empregar um excesso de forças indiscriminadamente. O potencial de combate disponível deve ser distribuído por forma a obter superioridade onde se prevê obter o resultado decisivo e que tenha maiores probabilidades de sucesso.

O ataque principal é dirigido contra o objectivo decisivo e, para a sua execução, é atribuído o potencial de combate que permita criar uma superioridade decisiva sobre o inimigo. Isso implica, frequentemente, reduzir o potencial de combate nos restantes pontos da zona de acção, o que se traduz numa atribuição dos meios mínimos, se bem que adequados, para a realização do(s) ataque(s) secundário(s). Estes devem contribuir para o sucesso do ataque principal.

Por vezes, não há razões para definir um ataque principal e secundário e recorre-se a um ataque equilibrado, em que todas as forças têm um potencial de combate equivalente. Pressupõe-se que a todas as forças atacantes são atribuídas missões de igual importância ou que qualquer dos eixos de ataque oferecem iguais oportunidades de sucesso.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Estado-Maior do Exército, Regulamento de Campanha - Operações, volume 1, Portugal, 1971.