Casarão da Banda Phoenix

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Casarão da Banda Phoenix
Casarão da Banda Phoenix
Tipo escola de música, museu
Inauguração 1911 (113 anos)
Geografia
Coordenadas 15° 51' 6.3" S 48° 57' 36" O
Mapa
Localização Pirenópolis - Brasil

A Sede da Banda Phoenix, também conhecida por Casarão da Banda Phoenix ou simplesmente Banda, é um edifício particular, museu e escola de música, um importante marco histórico, cultural e turístico construído a partir de 1911, como Mercado Municipal, sofrendo transformações em sua estrutura física e uso uso até se transformar em 2018 na sede da Banda Phoenix e do Coro e Orquestra Nossa Senhora do Rosário, os dois atuais grupos musicais mais importantes de Pirenópolis e da região, com origem em 23 de julho de 1893, no aniversário de seu fundador, o Coronel Joaquim Propício de Pina.[1][2][3][4]

Típica construção inspirada na arquitetura colonial brasileira, com telhado de duas águas e fachada simples, apresenta características goianas, ao empregar materiais locais como madeira, de espécies nativas do cerrado, como o cedro e a aroeira, barro, utilizado na construção das paredes e rebocos, sendo moldado em tijolos, adobe e taipa, além da pedra, utilizada no piso, proveniente das pedreiras próximas à cidade. As paredes foram caiadas, pintadas com cores claras de branco e amarelo na reforma de 2021 por ser as da Banda Phoenix.

Este local é o depositário do mais importante e antigo arquivo musical de Goiás, contendo obras de compositores locais e de outros, com partituras do século XIX até a atualidade. Este acervo musical pertencente ao Coral Nossa Senhora do Rosário e a Banda Phoenix, destaca a participação dos compositores locais e dos gostos populares de cada período, abrangendo diversos gêneros musicais.[5][6]

A sede localiza-se dentro da área tombada do perímetro do Centro Histórico de Pirenópolis, local que remonta ao período colonial brasileiro, com suas ruas de pedra e casarões centenários que testemunharam os diferentes períodos da história do país. O tombamento pelo IPHAN em 1990 visou proteger e conservar esse patrimônio, garantindo que as gerações futuras possam apreciar e aprender com as raízes culturais e históricas ali presentes, como o casarão, a Banda Phoenix e o Coro e Orquestra do Rosário, pois são elos tangíveis com o passado, e proporcionam uma compreensão mais profunda de como a comunidade pirenopolina se desenvolveu artisticamente ao longo do tempo. Essa ligação é essencial para a construção da identidade de uma sociedade e para a promoção do respeito à diversidade cultural.[7]

Histórico[editar | editar código-fonte]

Vista do antigo mercado de Pirenópolis, atual sede da Banda Phoenix por Pérsio Forzani, 1989.

Construído com elementos típicos da arquitetura colonial goiana, utilizando materiais locais como madeira, barro e pedra, que eram abundantes na região em 1914, o edifício foi erguido no antigo Largo do Teatro São Manoel. Esse terreno já abrigara o primeiro teatro da cidade, construído em 1860 pelo comendador Manoel Barbo de Siqueira e posteriormente demolido em 1890. A construção do prédio teve lugar durante a administração de José Ribeiro Forzani, também conhecido como Zeco Totó, que foi o intendente municipal entre 1911 e 1914 e destinou o espaço para abrigar o Mercado Municipal. [2][1]

A madeira utilizada na construção é proveniente de espécies nativas do cerrado, como o cedro e a aroeira, escolhidas devido à sua resistência e durabilidade, e foram cuidadosamente empregadas sob a direção do carpinteiro Manuel Antonio de Peixoto. O barro também desempenhou um papel fundamental na construção, sendo utilizado na edificação das paredes e rebocos, moldado em tijolos ou adobe. Para conferir maior solidez à estrutura, o barro era misturado com palha ou capim seco. As paredes foram posteriormente caiadas e pintadas com cores claras, como o branco e o amarelo, durante a reforma de 2021, para preservar as tradições da Banda Phoenix. A pedra, embora em menor quantidade, também foi utilizada no prédio, principalmente como piso, e foi extraída das pedreiras próximas à cidade.

Após o encerramento das atividades do Mercado Municipal, o edifício teve diversos outros usos, servindo como local de ensaio da Banda Phoenix na década de 1970 e, posteriormente, abrigando várias secretarias, incluindo a de promoção social, que instalou no local o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) no início dos anos 2000, programa que cessou na década seguinte. Abandonado mais uma vez, o edifício foi doado à Banda Phoenix em 2016, tornando-se a sede permanente da corporação. Sua restauração e o novo uso preservaram suas características originais, transformando-o em um importante patrimônio histórico e cultural, tanto material quanto imaterial, para o município. O prédio é uma verdadeira obra de arte que combina elementos da arquitetura portuguesa com influências indígenas e africanas, representando um testemunho da riqueza cultural de Goiás, à semelhança de outras construções da cidade no período colonial e pós-colonial.

Em 1990, o Conjunto Arquitetônico, Urbanístico, Paisagístico e Histórico de Pirenópolis foi tombado pela União, com inscrições nº 105, no Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico (10/01/1990) e nº 530, no Livro do Tombo Histórico (10/01/1990), e dentro deste conjunto tombado, localiza-se o velho casarão da Banda Phoenix.[8]

Banda Phhoenix e Coral do Rosário[editar | editar código-fonte]

Banda Phoenix em apresentação no canto da primavera em 2023
Coro e Orquestra do Rosário em apresentação na tradicional Semana Santa

A Banda de Música Phoenix do Mestre Propício é um conjunto musical brasileiro. Juntamente com o Coro e Orquestra Nossa Senhora do Rosário suas atividades tiveram início em 23 de julho de 1893, no aniversário de seu fundador, o Coronel Joaquim Propício de Pina. Desde então, a banda tem desempenhado um papel significativo na cena musical da região, em parceria com o Coro e Orquestra Nossa Senhora do Rosário.

A Banda é uma entidade de direito privado, sem fins lucrativos, e possui o status de utilidade pública, conforme reconhecido pela Lei estadual nº 6.634, de 28 de junho de 1967, bem como pela Lei Municipal nº 12/71 de 03 de setembro de 1971. Além disso, a Banda faz parte da rede de Pontos de Cultura e está envolvida com o Conselho Municipal de Política Cultural.[9][10][11][12][13][14]

Os membros da Banda e do Coral são, em sua maioria, voluntários e músicos amadores dedicados. A Banda é ativa em uma variedade de eventos, incluindo celebrações cívicas, sociais, políticas, religiosas e tradicionais da cidade, como as cavalhadas, alvoradas, retretas, entre outros. Além disso, a Banda realiza apresentações em municípios vizinhos. Em contraste, o Coral se concentra principalmente em apresentações de natureza sacra. Tanto a Banda quanto o Coro desempenham um papel fundamental na celebração da Festa do Divino, que recebeu o reconhecimento como Patrimônio Cultural Imaterial pelo IPHAN em 2010.[5][15]

Em resumo, a Banda Phoenix e Coral do Rosário são instituições culturais que desempenha um papel vital na preservação das tradições culturais locais e na promoção da música e da cultura em sua comunidade e além. Sua longa história e dedicação à música e à cultura fazem delas uma parte inseparável da identidade cultural de Pirenópolis e de Goiás como um todo.[16]

Sede da Banda[editar | editar código-fonte]

Casarão sede da Banda Phoenix
Casarão sede da Banda Phoenix
Ensaio Geral na secular sede
Ensaio Geral na secular sede

Desde o momento de sua criação até o falecimento de Propício, a Banda Phoenix e o Coro e Orquestra do Rosário encontraram abrigo na residência do maestro, situada na Rua Nova, número 15. Após o passamento de Propício, essa tradição de ter a banda em moradias de maestros persistiu até cerca de 1970, quando a banda se transferiu para uma sala no antigo mercado municipal. Mais adiante, a banda mudou-se para o casarão localizado no número 29 da Rua Nova, no mesmo edifício que havia abrigado o antigo Museu da Família Pompeu, de propriedade do então presidente da banda, Pompeu Christovam de Pina. Após o falecimento de Pompeu em 2014, a banda enfrentou um período de incerteza quanto ao local de ensaio, levando-a a se realocar em um espaço gentilmente cedido pela prefeitura, próximo ao atual Colégio da Polícia Militar Comendador Crhistovam de Oliveira. Foi somente através da Lei Ordinária Nº 785/2015, datada de 17 de dezembro de 2015, que a banda finalmente conquistou sua sede própria. O espaço escolhido foi o antigo prédio do Mercado Municipal, construído em 1914 pelo intendente José Ribeiro Forzani, situado na Avenida Neco Mendonça, 02, no Centro Histórico de Pirenópolis. Este edifício passou por uma reforma em 2018 promovida pelo município, possibilitando que a Banda Phoenix ocupasse o espaço de maneira permanente.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b CURADO, João Guilherme da Trindade; LÔBO, Tereza Caroline; LÔBO, Aline Santana (2021). Pirenópolis: paisagens sonoras. [S.l.]: KELPS). Consultado em 6 de setembro de 2022 
  2. a b PINA, Maria Lúcia Mascarenhas Roriz e (2010). Concerto dos sapos: um patrimônio musical goiano (PDF). [S.l.]: UCG, Dissertação de Mestrado Profissionalizante em Gestão do Patrimônio Cultural, 2005). Consultado em 28 de julho de 2020 
  3. «Escola Phoenix de Pirenópolis retorna atividades de formação musical». Jornal A Redação. 24 de abril de 2022. Consultado em 2 de setembro de 2022 
  4. Adriana, Carla (2 de maio de 2022). «Banda Phoenix anuncia retorno das aulas para formação de novos músicos, após dois anos de paralização». Portal Pirenópolis online. Consultado em 2 de setembro de 2022 
  5. a b LÔBO, Aline Santana; CURADO, João Guilherme; SANTOS, Marcos Vinícius Ribeiro dos; LÔBO, Tereza Caroline (2018). Paisagens sonoras e visuais na Procissão das Dores em Pirenópolis, Goiás. (PDF). [S.l.]: UFG, Anais do VIII Simpósio Internacional de Musicologia - UFG, 2018). Consultado em 19 de dezembro de 2020 
  6. CURADO, João Guilherme da Trindade; SANTOS, Marcos Vinícius Ribeiro dos; PEREIRA, Nikolli Assunção (2020). Coral Nossa Senhora do Rosário, Pirenópolis, Goiás : Breves apontamentos históricos (PDF). [S.l.]: UFG, Caderno de Resumos do X Simpósio Internacional de Musicologia - UFG, 2020). Consultado em 19 de dezembro de 2020 
  7. IPHAN, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (11 de janeiro de 2022). «Conjunto urbano de Pirenópolis completa 32 anos de tombamento». IPHAN. Consultado em 17 de outubro de 2023 
  8. IPHAN, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (5 de janeiro de 2023). «Conjunto arquitetônico de Pirenópolis completa 33 anos de tombamento». IPHAN. Consultado em 17 de outubro de 2023 
  9. «LEI Nº 6.634, DE 28 DE JUNHO DE 1967». Casa Civil. 28 de junho de 1967. Consultado em 2 de setembro de 2022 
  10. «LEI Nº 20.189, DE 04 DE JULHO DE 2018». Casa Civil. 4 de julho de 2018. Consultado em 2 de setembro de 2022 
  11. CURADO, João Guilherme da Trindade; LOBÔ, Tereza Caroline (2021). A Festa do Divino de Pirenópolis/Goiás: relações corpovestimenta-cidade. [S.l.]: Revista Latitude, v. 15, n.2, pp. 70-93, jul./dez., 2021, ISSN: 2179-5428). Consultado em 2 de setembro de 2022 
  12. «Escola Phoenix de Pirenópolis retorna atividades de formação musical». Jornal A Redação. 24 de abril de 2022. Consultado em 2 de setembro de 2022 
  13. Adriana, Carla (2 de maio de 2022). «Banda Phoenix anuncia retorno das aulas para formação de novos músicos, após dois anos de paralização». Portal Pirenópolis online. Consultado em 2 de setembro de 2022 
  14. Pirenópolis, Prefeitura (20 de dezembro de 2021). «Portaria 002/2021». Portal do cidadão. Consultado em 9 de setembro de 2022 
  15. «Festival guardiões da arte em Pirenópolis: descubra os destaques da programação incrível que vai agitara cidade». Guia Curta Mais. 18 de maio de 2023. Consultado em 26 de junho de 2023 
  16. VEIGA, Felipe Berocan (2018). Os Gostos do Divino: Análise do Código Alimentar da Festa do Espírito Santo em Pirenópolis, Goiás. (PDF). [S.l.]: UFF, Revista Candelária). Consultado em 6 de setembro de 2022 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • CAVALCANTE; Silvio. Barro, Madeira e Pedra: Patrimônios de Pirenópolis. IPHAN, 2019. 352. p.: il.
  • DUARTE, Fernando Lacerda Simões. O feminino e a música católica: entre práticas e representações. In: História e Cultura. Franca/SP. v.7, n 1, p. 50-74. 2018.* JAYME, Jarbas. Esboço Histórico de Pirenópolis. Goiânia, Editora UFG, 1971. Vols. I e II.
  • IPHAN, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Dossiê da Festa do Divino Espírito Santo, Pirenópolis, GO. Brasília: 2017. 159p.
  • JAYME, Jarbas. JAYME, José Sizenando. Casas de Deus, casas dos mortos. Goiânia: Ed. UCG, 2002.
  • MENDONÇA, Belkiss Spencière Carneiro de. A música em Goiás. 2. ed. Goiânia: Ed. UFG, 1981. 385p.
  • NASCIMENTO, Melkia Samantha Lôbo. Banda Phôenix: arte, música e turismo. Trabalho de Conclusão de Curso. Tecnologia em Gestão de Turismo UEG/Pirenópolis, 2015. 40p.
  • PINA FILHO, Braz de. A Música em Goiás. Revista Cultura, a. 4, n.16, p. 32-37, 1975.
  • UNES, Wolney; CAVALCANTE, Silvio Fênix. Restauro da Igreja Matriz de Pirenópolis. Goiânia: ICBC, 2008. 240. p.: il.