Caso Mantell

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O Caso Mantell diz respeito à queda e morte do capitão Thomas Francis Mantell Jr., de 25 anos, piloto da Kentucky Air National Guard, em 7 de janeiro de 1948, enquanto perseguia um OVNI.[1]

O caso[editar | editar código-fonte]

Na manhã de 7 de janeiro de 1948, comandados pelo capitão Thomas F. Mantell, quatro aviões de combate tipo F-51D Mustang regressavam de um voo de exercício na Base Aérea de Godman, em Fort Knox, Estados Unidos. Nesse momento, o controlador de rádio da torre notificou-os que um objeto não identificado havia sido avistado no céu, entre as nuvens. Acelerando, os caças saíram em perseguição ao OVNI. Um dos caças, com menos combustível, recebeu autorização para pousar. Pouco depois, dois outros aviões tiveram de abortar a missão e também regressar à base, por motivos não especificados, de modo que Mantell permaneceu solitário em perseguição ao OVNI.[2] Eram 15h15 quando Mantell transmitiu pela última vez. Uma hora depois, acharam o avião despedaçado, e o corpo do piloto decapitado. O relógio de Mantell estava parado às 15h18.[3]

A explicação do planeta Vênus[editar | editar código-fonte]

O Caso Mantell foi rapidamente investigado pelo Projeto Sinal, grupo de pesquisa da Força Aérea dos Estados Unidos recém-criado para estudar casos de óvnis. Apesar da equipe do Projeto Sinal nunca haver chegado a uma conclusão, outros investigadores da Força Aérea sugeriram que Mantell havia observado o planeta Vênus. Se fosse o caso, Mantell, acreditando erradamente que poderia se aproximar do objeto, para dar uma olhada melhor, haveria morrido por falta de oxigênio em altitude elevada.

Entretanto, esta conclusão foi logo descartada, porque embora Vênus estivesse na mesma posição do óvni, astrônomos trabalhando para o Projeto Sinal estabeleceram que o planeta estaria quase invisível para observadores àquela hora do dia. De acordo com Edward James Ruppelt, capitão aviador da Força Aérea dos Estados Unidos, que dirigiu o Projeto Rancor e o Projeto Livro Azul, investigativos de casos de óvnis:

"A razão por que Vênus tinha sido aventada consistia em que o planeta, na ocasião, se encontrava quase no mesmo lugar do céu em que o UFO. Consultando suas notas, o Dr. Hynek disse-me que, às 15h, se localizava a sul-sudoeste de Godman e 33 graus acima do horizonte sul. Nessa mesma hora, os ocupantes da torre calculavam que o UFO estivesse a sudoeste de Godman e a uma elevação aproximada de 45 graus. Concedendo uma certa margem de erro humano quanto à estimativa da direção e dos ângulos, a aproximação era grande. Concordei. Contudo, havia uma grande falha na teoria. Vênus não estava na ocasião com brilho suficiente para ser visto. O Dr. Hynek havia feito o cômputo da iluminação nesse dia e verificou que o planeta era apenas mais brilhante seis vezes que o céu que o rodeava. A seguir explicou-me o que isso significava. Seis vezes pode parecer muito, mas não é. Quando alguém procura um ponto luminoso no céu, apenas seis vezes mais brilhante que o rodeia, é quase impossível encontrá-lo até mesmo em dia claro. O Dr. Hynek afirmou não ter pensado que o UFO era o planeta Vênus. Mais tarde verifiquei que, embora o dia do acidente tivesse sido relativamente claro e livre de nuvens, havia grande quantidade de bruma. Perguntei ao Dr. Hynek se poderia oferecer alguma outra solução. Repetiu-me as teorias do balão, de reflexo na cúpula da cabina do avião e do parélio, mas recusou-se a tecer comentários, pois, como disse, era um astrofísico e cuidava apenas de comentar as observações sob esse aspecto."[4]

A explicação do balão Skyhook[editar | editar código-fonte]

Aventou-se a hipótese do óvni ser um balão Skyhook, que continha alumínio e tinha cerca de 30 m de diâmetro, o que é consistente com a descrição de Mantell de um largo objeto metálico. Uma vez que os balões Skyhook eram secretos naquele tempo, supôs-se que nem Mantell nem os outros observadores na torre de tráfego aéreo estariam aptos a identificar o óvni como tal. No entanto, isso jamais ficou provado, pois não foram encontrados registros de lançamentos de balões na ocasião. De acordo com Ruppelt:

"Em algum lugar nos arquivos da Força Aérea ou da Marinha, haverá registros que demonstrarão ou não se um balão foi solto da Base Aérea de Clinton County, Ohio, em 7 de janeiro de 1948. Jamais pude encontrar tais registros. Pessoas que trabalharam nos primitivos tempos dos balões Skyhooks lembram-se de ter operado em Clinton Country em 1947, mas recusaram-se afirmar que houve algum balão solto em 7 de janeiro [de 1948]. 'Talvez', diziam."[5]

Além disso, conquanto os balões Skyhook pudessem por vezes ter aplicações secretas, já haviam recebido larga publicidade àquele tempo. Um balão Skyhook estampou a capa da revista Popular Science de maio de 1948.

A causa da queda de Mantell permanece inconclusiva.

Referências

  1. fenomenum.com.br
  2. SAGAN, Carl. O Mundo Assombrado Pelos Demônios: A Ciência Vista Como Uma Vela No Escuro. Tradução de Rosaura Eichemberg. São Paulo: Editora Schwarcz, 2003.
  3. «e.indice.uol.com.br». e.indice.uol.com.br. Consultado em 8 de janeiro de 2021 
  4. RUPPELT, Edward J. Discos voadores: relatório sobre os objetos aéreos não identificados. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1959, p. 59-60.
  5. RUPPELT, Edward J. Discos voadores: relatório sobre os objetos aéreos não identificados. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1959, p. 64.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]