Cinema Quarteto

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

O Cinema Quarteto era um edifício situado na Rua Flores do Lima, nº16, em Lisboa, Portugal. Desenhado pelo arquiteto Nuno San-Payo e idealizado pelo escritor e cineasta Pedro Bandeira Freire, abriu portas ao público em 21 de novembro de 1975, tornando-se na primeira sala de cinema multiplex em Portugal.[1] Encerrou em 16 de novembro 2007.

História[editar | editar código-fonte]

Com o intuito de albergar filmes do cinema alternativo, o Cinema Quarteto, que era constituído por quatro pequenas salas de cinema, com lotação de 716 lugares, distribuídos por dois andares (cave e piso térreo), abriu portas em 21 de novembro de 1975, com a exibição dos filmes "Um Filme Doce" (Sweet Movie, 1974) de Dusan Makavejev, "E Deram-lhe uma Espingarda" (Johnny Got His Gun, 1971) de Dalton Trumbo, "Amor em Tons Eróticos" (Älskande Par, 1964) de Mai Zetterling e "São Miguel Tinha um Galo" (San Michele Aveva Un Gallo, 1972) dos irmãos Vittorio e Paolo Taviani.[2]

Distinguindo-se pela sua seleção de filmes, o seu público era essencialmente composto por universitários e cinéfilos que também frequentavam os cineclubes da capital portuguesa ou ainda os ciclos de cinema da Fundação Calouste Gulbenkian e da Cinemateca Portuguesa, sendo no seu espaço realizadas mostras de cinema soviético e francês, semanas de realizadores,[3] maratonas de filmes pela noite dentro ou ainda peças de teatro, como "A Verdadeira História de Jack, o Estripador", encenada por Carlos Avillez, com Ana Zanatti e Zita Duarte no elenco principal, que no dia de estreia contou com a presença de Isabelle Huppert na plateia.[4]

Foi ainda o local de estreia de vários filmes portugueses, como "Uma Tragédia Portuguesa" (1979) de Luís Filipe Rocha, "Kilas, o Mau da Fita" (1981) de José Fonseca e Costa,[5] "Um Filme no Feminino" (1983) de Monique Rutler e "Adeus Princesa" (1991) de Jorge Paixão da Costa.[6]

Necessitando de grandes obras, o cinema começou a entrar em declínio nos anos 90, sendo explorado pela distribuidora Castello Lopes e posteriormente, em 2006, pela Associação Cine-Cultural da Amadora. Após uma vistoria da Inspeção Geral das Actividades Culturais, o cinema encerrou portas a 16 de novembro de 2007 por não apresentar condições de segurança em caso de incêndio.

Em 2013, o edifício foi comprado pela Igreja Plenitude de Cristo, que no entanto nunca utilizou o espaço. Após anos em estado devoluto, foi convertido num espaço de coworking para startups em 2019.[7][8]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Antanho), J. E. Fraga Aurélio (lisboa De (30 de janeiro de 2016). «Lisboa de Antigamente: Cinema Quarteto». Lisboa de Antigamente. Consultado em 2 de julho de 2023 
  2. Graça, André Rui (2021). Portuguese Cinema (1960-2010): Consumption, Circulation and Commerce (em inglês). [S.l.]: Boydell & Brewer 
  3. Jerry Lewis: Cinema Quarteto, Lisboa, 11 a 23 julho 1981. [S.l.]: Cinemateca Portuguesa. 1981 
  4. «Restos de Colecção: "Quarteto" - Quatro Salas Quatro Filmes». Restos de Colecção. 28 de março de 2018. Consultado em 2 de julho de 2023 
  5. Vilela, Joana;Fernandes (10 de outubro de 2016). Lisboa, anos 80. [S.l.]: Leya 
  6. Silva, Manuel Costa e (1996). Do animatógrafo lusitano ao cinema português. [S.l.]: Caminho 
  7. «Antigo cinema Quarteto renasce na capital como edifício de escritórios partilhados — idealista/news». Idealista. 10 de julho de 2019. Consultado em 2 de julho de 2023 
  8. Empreendedor (24 de junho de 2019). «Antigo Cinema Quarteto é o novo cowork de Lisboa». Revista do Empreendedor. Consultado em 2 de julho de 2023