Emílio Aquiles Monteverde

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Aquiles Monteverde, em gravura publicada em 1881

Emílio Aquiles Monteverde (Lisboa, 9 de Junho de 1803 — Lisboa, 17 de Janeiro de 1881). Diplomata, escritor e pedagogo; fidalgo cavaleiro da Casa Real, conselheiro da Rainha D. Maria II, de D. Pedro V e D. Luís I; major graduado do batalhão dos empregados públicos de Lisboa. [1] [2]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Emílio Aquiles Monteverde nasceu em Lisboa, em 9 de Junho de 1803. Iniciou os seus estudos em Lisboa, tendo concluído a sua educação literária em Bordéus. Em 21 de Abril de 1821, com apenas 17 anos, foi nomeado adido à Legação portuguesa de Madrid, onde serviu perto de dois anos. [3] Cerca de um ano depois, foi integrado no quadro da Secretaria dos Negócios Estrangeiros (Alvará de 19 de Junho de 1822). Foi nomeado, em 30 de Agosto de 1852, secretário-geral dessa Secretaria de Estado acumulando essas funções com as de director da sua direcção política (decreto de 21 de Dezembro de 1869). [4]

Escolhido para várias e complexas missões diplomáticas, integrou diversas comissões, destacando-se a que, em 1846, por incumbência do ministro dos negócios estrangeiros Conde de Castro visava a liquidação da quantia que Espanha devia a Portugal pelas despesas da guerra sustentada pelo nosso governo com a divisão auxiliar que combatera em Espanha, ao lado do exército liberal daquele país, na guerra contra os carlistas (Convenção entre Espanha e Portugal, de 24.09.1835). Do sucesso desta comissão resultou a entrada nos cofres do tesouro nacional de uma significativa quantia superior a mil e dois contos de réis (mais de dois milhões de cruzados). Como recompensa destes altos serviços, foi-lhe concedido pela Rainha Dona Maria II, o título de seu conselheiro, participando, mais tarde, com igual estatuto nos Conselhos de D. Pedro V e de D. Luís I (decreto de 18 de Fevereiro de 1850). [5] [6]

Combateu nos acontecimentos de 1836 (Belenzada) e de 1847 (Patuleia), pelas forças leais à Rainha D. Maria II, tendo sido condecorado por distinção com a ordem da Torre e Espada. [7]

Dedicou grande parte da sua vida à instrução e educação da mocidade, especialmente aos jovens que frequentavam as escolas primárias. Foram várias as obras que escreveu, merecendo especial destaque, pela ampla divulgação e relevo, em Portugal e estrangeiro, o seu Manual Enciclopédico; Colecção de frases e diálogos úteis aos portugueses, franceses e ingleses, ou exercícios para a conversação, com sucessivas edições, desde 1829 até 1952. A importância desta obra mereceu, em 1866, o seguinte comentário do delegado da cidade de Paris para a inspecção das escolas primárias, Nathalis Bondot, em carta dirigida a Emílio Monteverde: «A sua obra que eu mostrei a muitos dos meus colegas, pareceu a todos felizmente concebida e dever servir de modelo para um livro destinado às mesmas escolas em França». [8][9] Também Alexandre Herculano lhe escreveu dizendo: «Incitamo-lo também a prosseguir em obras desta espécie, as quais não somente lhe serão profícuas, mas, além disso, gloriosas». [10]. O Manual Enciclopédico e o Método Facílimo de Leitura, outra das suas obras, foram por muitas décadas do século XIX os livros elementares das escolas primárias em Portugal, numa conturbada época com uma elevadíssima taxa de analfabetismo e um enorme atraso no campo da educação. [11] [12]

Morreu, em Lisboa, a 17 de Janeiro de 1881.


Honras e Condecorações[editar | editar código-fonte]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Ao longo da sua vida, foi autor das seguintes obras, algumas assinadas só com as iniciais E.A.M., com várias edições.[14] [16] : • Manual Enciclopédico; Colecção de frases e diálogos úteis aos portugueses, franceses e ingleses, ou exercícios para a conversação,Lisboa, 1829 (1ª ed.). • Gramática da língua francesa, ou método para se aprender com mais facilidade a falar e escrever o idioma francês, por meio do português, Lisboa, 1827(1ª ed.). • Gramática francesa, teórica e prática, ou método inteiramente novo em Portugal para se aprender com muita brevidade e perfeição a falar e escrever o idioma francês po meio do português, Lisboa, 1831 (1ª ed.). • Colecção de anedotas moderníssimas e engraçadas e de factos históricos; seguidos de máximas, sentenças e pensamentos morais, extraídas dos melhores autores, Lisboa, 1833 (1ª ed.), com estampas. • Elementos da gramática portuguesa, desenvolvidos com a maior clareza possível para uso das aulas, Lisboa, 1833 (1ª ed.) . • O Recreio, jornal das famílias, Lisboa, 1835-1842, 8 tomos, com estampas.[17]Resumo da História de Portugal para uso das crianças que frequentam as escolas, Lisboa, 1837 (1ª ed.). • Método facílimo para aprender a ler, tanto a letra redonda como a manuscrita, no mais curto espaço de tempo possível, Lisboa, 1836(1ª ed.) . • Manual enciclopédico para uso das escolas de instrução primária, Lisboa, 1837 (1ª ed.). • Mimo à infância ou Manual da História Sagrada para uso dos que frequentam as aulas, tanto em Portugal como no Brasil; ornado com cem lindas estampas, (fez a 2ª edição, em 1865). • Descrição das Armas das Famílias de Portugal e da sua descendência. [18]Passatempo divertido ou colecção de anedotas instrutivas e engraçadas, seguidas de máximas, sentenças e pensamentos morais, Lisboa, 1830 (1ª ed.). • Alfabeto Enciclopédico…, trad. do francês, Lisboa, 1833 (1ª ed.), com estampas.


Notícias publicadas por ocasião da sua morte[editar | editar código-fonte]

A revista ilustrada O Ocidente, no dia 1 de Fevereiro de 1881, a escassos dias da sua morte, publicou um extenso artigo biográfico, assinado pelo Visconde de Benalcanfor, ilustrado com um retrato do Conselheiro Emílio Aquiles Monteverde .[19]


Família[editar | editar código-fonte]

O Conselheiro Emílio Aquiles Monteverde, era filho de Francisco Nicolau Monteverde, natural de Génova, e de sua mulher, D. Felizarda Joaquina dos Reis. Casou, a 22 de Junho de 1825, com D. Carlota Maria Brandão e Sousa, irmã de Jerónimo de Almeida Brandão e Sousa (1º Barão da Folgosa); filha de Francisco d’Almeida Brandão e Sousa, Monteiro-Mór de Mortágua, e de sua mulher D. Maria Teresa Brandão. Do seu casamento, nasceram quatro filhos: D. Emília Carlota; Carlos Emílio; Alfredo Emílio Monteverde que casou com D. Carlota Emília Abecasis; e Emílio Aquiles Monteverde. [20]

Toponímia[editar | editar código-fonte]

O seu nome foi dado a uma das ruas de Lisboa – “Rua Aquiles Monteverde” -, junto ao viaduto sob a rua Pascoal de Melo, que dá acesso ao Bairro da Estefânia, em Lisboa. [21]

Referências

  1. Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, vol. XVII, p. 771, Editorial Enciclopédia, Limitada, Lisboa/Rio de Janeiro
  2. PINTO, Albano da Silveira; BAENA, Visconde de Sanches de – Resenha das Famílias Grandes e Titulares de Portugal. Lisboa: Empreza Editora de Francisco Arthur da Silva, 1883, tomo I, p. 588 (Folgosa), http://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_obrasraras/or77051/scans/page0634.jpg .
  3. ‘’O Ocidente’’, Revista Illustrada de Portugal e do Estrangeiro, vol. IV, nº 76, 1 de Fevereiro de 1881, p. 27 e ss, http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/OBRAS/Ocidente/1881/N76/N76_master/N76.pdf .
  4. ’’O Ocidente’’, ibidem.
  5. ‘’O Ocidente’’, ibidem.
  6. Grande Enciclopédia, ibidem; ‘’O Ocidente’’, p. 27 e 28, ibidem.
  7. ‘’O Ocidente’’, p. 28, ibidem.
  8. Grande Enciclopédia, p. 771, ibidem.
  9. O Ocidente, p. 29, ibidem.
  10. ‘’Panorama, 2 de Dezembro de 1837; ‘’O Ocidente’’, p.29, ibidem.
  11. CORREIA, Sandra Catarina de Lima Cruz, ‘’O manual enciclopédico de Aquiles Monteverde’’, Universidade de Aveiro - https://ria.ua.pt/handle/10773/16562
  12. PINTO, Albano da Silveira; BAENA, Visconde de Sanches de – Resenha das Famílias Grandes e Titulares de Portugal, p. 588, ibidem.
  13. ‘’O Ocidente’’, p. 28 e 29, ibidem.
  14. a b c Resenha das Famílias Grandes e Titulares de Portugal, p. 588, ibidem.
  15. a b Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, vol. XVII, p. 771-772, ibidem.
  16. Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, vol. XVII, p. 771.
  17. https://books.google.pt/books/content?id=flooAQAAMAAJ&hl=pt-PT&pg=PP5&img=1&zoom=3&sig=ACfU3U2SlwvZLEv2uNk1kr7yFyCxsAbRFQ&w=1025 .
  18. «BNP Master». permalinkbnd.bnportugal.gov.pt 
  19. http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/OBRAS/Ocidente/1881/N76/N76_master/N76.pdf
  20. Resenha das Famílias Grandes e Titulares de Portugal, p. 588, ibidem - http://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_obrasraras/or77051/scans/page0634.jpg.
  21. “Rua Aquiles Monteverde, até 1916, “Rua do Conselheiro Monteverde, antes Travessa Cruz do Tabuado – fotografia de Fernando Martinez Pozal (1944), in AML; cm.lispoa.pt - https://2.bp.blogspot.com/-CGS_isZL8Ws/WoPqYOzE_oI/AAAAAAAAJCU/TymwZKTt6FobCkFXAXZIuw3KFOjPmO_PACLcBGAs/s1600/Rua%2BAquiles%2BMonteverde.jpg