Epicauta

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: Se procura para outros significados de «burrinho», veja Burro.
Como ler uma infocaixa de taxonomiaEpicauta
burrinho, cantárida
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Arthropoda
Classe: Insecta
Ordem: Coleoptera
Subordem: Polyphaga
Infraordem: Cucujiformia
Superfamília: Tenebrionoidea
Família: Meloidae
Género: Epicauta
Dejean, 1834[1]
Espécies
Ver texto.
Cerca de 360.
Epicauta hirticornis.
Epicauta atomaria.

Epicauta, identificado por Dejean em 1834, é um género de coleópteros da família Meloidae (meloídeos) que inclui as espécies conhecidas pelo nome comum de burrinho, caga-fogo, caga-pimenta, cantárida, papa-pimenta, pimenta, potó, potó-grande, potó-pimenta e vaquinha. As espécies pertencentes a este género caracterizam-se por corpo afilado, em geral comparativamente grande, e por quando atacadas expelirem um líquido vesicante amarelo, rico em cantaridina, que em contacto com a pele humana causa irritação cutânea com formação de bolhas. A forma adulta alimenta-se de folhagem de plantas, com preferência pelas solanáceas, podendo causar grande destruição, enquanto as larvas se alimentam de ovos de outros insectos. O género tem distribuição natural sub-cosmopolita,[2] ausente apenas da Austrália,[3] sendo comum no Brasil, onde é uma praga agrícola em plantações de batata, tomateiro e outras solanáceas.

Descrição[editar | editar código-fonte]

Os escaravelhos adultos do género Epicauta apresentam 1,5-2,5 cm de comprimento, com corpos alongados e comparativamente macios. A cabeça é larga e vertical. A secção do corpo entre a cabeça e as asas, o prototórax, é nitidamente mais estreito do que as asas, e, geralmente, é um pouco mais estreito do que a cabeça, criando um "pescoço" no insecto. Os élitros são macios e flexíveis. As pernas são relativamente longas e finas.

O género foi descrito cientificamente em 1834 pelo entomólogo Pierre François Marie Auguste Dejean. O género tem distribuição natural quase cosmopolita, com espécies nativas em todos os continentes, com excepção da Austrália. O género é particularmente diverso no sudoeste da América do Norte, em especial no norte do Arizona.[3] Poucas espécies ocorrem no Árctico, com nenhuma a norte da parte sul do Northwest Territory do Canadá.[3]

Os adultos alimentam-se de plantas, atacando a folhagem e os rebentos juvenis. As larvas são predadoras dos ovos de gafanhotos e outros insectos.[3] Os adultos podem causar sérios danos às plantas de que se alimentam, e muitas espécies de Epicauta são consideradas como pragas agrícolas com relevante impacte económico em várias regiões, podendo mesmo em algumas ocasiões causar a perda total da cultura.[4]

Como ocorre com outros grupos da família Meloidae, estes escaravelhos produzem cantaridina, um terpenóide tóxico capaz de matar grandes mamíferos, com destaque para os cavalos, se estes ingerirem grande quantidade de escaravelhos ao pastarem.[5] O líquido amarelo que segregam como defesa, rico em cantaridina, é fortemente vesicante, produzindo bolhas na pele humana por contacto directo.

O género Epicauta, com cerca de 360 espécies validamente descritas (2011),[6] é um dos maiores taxa de cantáridas.

Espécies[editar | editar código-fonte]

Na Europa ocorrem três espécies, Epicauta flabellicornis, Epicauta rufidorsum e Epicauta erythrocephala.[2] Na Argentina apresentam particular importância as espécies Epicauta atomaria e Epicauta adspersa.

Entre as cerca de 360 espécies descritas para o género Epicauta contam-se as seguintes no Brasil:

  • Epicauta atomaria: besouros de élitros cinzentos com pontos negros, registado nas regiões oriental e central do país como praga de diversas plantas cultivadas da família das solanáceas. Também chamados de burrinho-das-solanáceas, vaquinha-azul-da-batatinha, vaquinha-da-batatinha.
  • Epicauta excavata: besouros de élitros escuros com listras longitudinais amareladas, registrado no Sudeste e Sul do Brasil, como praga, esp. do tomateiro, fumo, batatinha e pimentão. Também chamados de burrinho-zebrado.
  • Epicauta adspersa: besouros registados no Sul do Brasil, como praga da batatinha, batata-doce, fumo, pimentão, beringela e beterraba. Sua secreção cáustica contém 25% de cantaridina. Também chamados de burrinho-da-batatinha e cantárida-do-brasil.

Relação de espécies[editar | editar código-fonte]

Notas

  1. Meloidae in Synopsis of the Described Coleoptera of the World June 6, 2010
  2. a b Bologna, M. A. 1991. Fauna d'Italia. Coleoptera, Meloidae. Ed. Calderini, Bologna, 541 pp. ISBN 88-7019-523-6
  3. a b c d Kerr, J. T. and L. Packer. (1999). The environmental basis of North American species richness patterns among Epicauta (Coleoptera: Meloidae). Biodiversity & Conservation 8(5), 617-28.
  4. Ghoneim, K. (2013). Agronomic and biodiversity impacts of the blister beetles (Coleoptera: Meloidae) in the world: A review. International Journal of Agricultural Science Research 2(2), 21-36.
  5. DiFonzo, C. Cantharidin content and lethal dose of common Michigan blister beetles. Field Crops Entomology, Michigan State University. 2009.
  6. Campos-Soldini, M. P. and S. A. Roig-Juñent. (2011). Redefinition of the vittata species group of Epicauta Dejean (1834) (Coleoptera: Meloidae) and taxonomic revision of the species from southern South America. Zootaxa 2824, 21-43.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Galeria[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Wikispecies
Wikispecies
O Wikispecies tem informações sobre: Epicauta
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Epicauta