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*[http://www.revistapesquisa.fapesp.br/?art=1570&bd=1&pg=1&lg= O pioneiro da aeronáutica]
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Revisão das 19h08min de 5 de outubro de 2007

Júlio César Ribeiro de Sousa[1] (Acará, 13 de junho de 1843Belém, 14 de outubro de 1887) foi um inventor brasileiro reconhecido como pioneiro no desenvolvimento da dirigibilidade aérea.

Professor, autor de uma gramática premiada, jornalista, funcionário público, diretor de Biblioteca Pública e secretário de Estado.

Era tido como o príncipe dos poetas paraenses. Porém, foi como homem de ciência que deixou sua marca na história.

Os primeiros passos

De família pobre estudou no seminário do Carmo em Belém.

Dirigível Nº1 de Santos Dumont. Este formato aerodinâmico foi originalmente idealizado por Júlio César Ribeiro de Sousa.

Júlio César Ribeiro de Sousa ingressou Escola Militar da Praia Vermelha, na cidade do Rio de Janeiro com dezenove anos de idade. Conseguiu estudar graças a ajuda do governo da província do Pará. Com o início da Guerra do Paraguai, desliga-se da Escola Militar, alista-se no Batalhão dos Voluntários da Pátria e luta na guerra.

Terminada a guerra, em 1870, retorna ao Pará e dedica-se ao jornalismo, poesia e ao estudo da física como autodidata.

Em 1875, depois de observar o vôo de pássaros amazônicos, passa a dedicar-se ao estudo das ciências aéronauticas.

Descobriu em 1880 que o formato simétrico dos balões fabricados na época era a causa de sua falta de dirigibilidade. Defendia a idéia que os balões deveriam ter formato assimétrico como as aves largo na frente e mais estreito na parte posterior.

Pede auxílio do governo do Pará, o qual é negado. Assim, parte para o Rio de Janeiro onde em fevereiro de 1881 consegue ajuda do senador Cândido Mendes e do Barão de Tefé este último conhecido e respeitado na comunidade científica brasileira. O senador pede que o barão auxilie o inventor paraense. O Barão de Tefé analisa os estudos de Júlio César Ribeiro de Sousa, fica entusiasmado e pesquisa por um mês material europeu sobre aeronáutica.

Desta forma consegue apoio do Instituto Politécnico do Rio de Janeiro então a maior instituição científica da América Latina. Com o apoio do Instituto e do governo imperial, consegue uma verba (20 contos de réis) da província do Pará.

Vitórias e fracassos

Com estes recursos, parte para a França e na Casa Lachambre em Paris encomenda a construção de seu primeiro balão batizado Vitória nome de sua esposa. Antes do início de sua construção comparece a Sociedade Francesa de Navegação Aérea expõe suas idéias e providencia a patente de seu invento: o balão dissimétrico. Patenteou seu invento nos seguintes países: França, Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra, Rússia, Portugal, Bélgica, Áustria e Brasil.

Em 8 de novembro de 1881 em Paris é realizado seu primeiro vôo. O capitão Charles Renard teria assistido este acontecimento e dito: "como eu lamento que o inventor não seja um francês!". No dia 12 voaria novamente mas, sem recursos, retorna ao Brasil no dia 20 do mesmo mês.

Desejava fazer uma demonstração de vôo no Pará em Dezembro mas, novamente, sem contar com recursos suficientes e materiais adequados esta tentativa fracassa.

Em janeiro de 1882, no Rio de Janeiro novamente não obtém sucesso em outra tentativa de voar com o seu balão.

Graças ao Barão de Tefé e ao Instituto Politécnico, consegue do parlamento a liberação de 40 contos de réis. Retorna a Paris e encomenda a construção de seu segundo balão o Santa Maria de Belém.

Em 12 de julho de 1884, na praça da Sé em Belém uma nova tentativa de ascenção fracassa. A fim de produzir o hidrogênio necesssário para inflar o balão, ele conta com a ajuda de pessoas esforçadas mas, infelizmente, inexperientes. Os materiais e equipamentos são manipulados de forma incorreta o que acaba por danificar e impossibilitar a experiência.

A 9 de agosto de 1884, os capitães franceses Charles Renard e Arthur Krebs realizam o primeira navegação em circuito fechado a bordo de um balão dirigível.

Polêmica

Júlio César revoltou-se por considerar que os franceses roubaram o seu trabalho. O balão onde tal façanha foi alcançada (o La France) era semelhante àquele idealizado por ele. Os capitães franceses teriam conhecido o sistema de navegação aérea desenvolvido por ele quando de sua primeira estadia na França.

Determinado a defender seus direitos, desafiou-os para um debate na Universidade de Sorbonne, o que eles negaram-se a fazer.

Fez então o Protesto Universal publicado em jornais da França, Portugal e Brasil. Nele, o inventor reinvidica para si a primazia na invenção do sistema de navegação aérea que Charles Renard e Arthur Krebs utilizaram em seu balão.

Esforçou-se em vão para ser reconhecido como o primeiro a desenvolver a dirigibilidade.

Trecho do livro "Julio Cezar Ribeiro de Souza - Memórias Sobre a Navegação Aérea" de Luís Carlos Bassalo Crispino:

"Os Srs. Renard e Krebs não dizem uma única palavra sobre o meu sistema, do qual afetam não ter tido o menor conhecimento, - eles que nunca escreveram antes de mim, nada de semelhante às minhas teorias (...)".
"Minha patente francesa está anulada, como quase todas as outras; meu sistema pode hoje ser ensaiado e explorado por quem o queira (...) Eu me sentiria felicíssimo em ver minha invenção tornar-se útil à humanidade, com a condição, contudo, que se reconheça que o inventor sou eu".

Constrangido o governo francês não permitiu novos vôos do La France.

O último balão

Apesar destas decepções, em 1886 conseguiu da assembléia do Pará a quantia de 20 contos de réis. Munido destes recursos retorna à França e constrói seu último balão: o Cruzeiro que aparentemente voou com sucesso.

Doença e morte

Júlio César morreu em 14 de outubro de 1887. A causa de sua morte foi o beribéri. Faleceu em completa pobreza. Seu enterro foi pago pela província do Pará.

Contribuições à ciência

A grande contribuição de Júlio César Ribeiro de Sousa para a ciência foi o desenvolvimento das bases da dirigibilidade aérea e da aerodinâmica.

Franceses e alemães, tomando como base as suas descobertas, deram continuidade ao desenvolvimento dos dirigíveis.

Até que, em 19 de outubro de 1901, na França o brasileiro Alberto Santos Dumont contornou a Torre Eiffel em Paris a bordo de seu dirigível n.º 6 dominando finalmente a dirigibilidade no ar.

Homenagens

Uma importante avenida da cidade de Belém recebeu o nome de Avenida Júlio César Ribeiro de Sousa.


Referências

  1. O nome do inventor, à época de seu nascimento, era grafado Julio Cezar Ribeiro de Souza. Segundo as normas ortográficas vigentes (Formulário Ortográfico, capítulo XI, parágrafo 39), o nome deve ser grafado Júlio César Ribeiro de Sousa
  • Teffé, Barão de' - Brasil, berço da ciência aeronáutica.
  • Julio Cezar Ribeiro de Souza - Memórias Sobre a Navegação Aérea de Luís Carlos Bassalo Crispino

Ligações externas