Feitoria de Andaluzia

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A Feitoria de Andaluzia foi criada pelo Reino de Portugal, segundo David Lopes depois do cerco de Arzila de 1508, tornando-se necessária ao abastecimento das praças marroquinas. Havia por vezes dois feitores, tendo residências diferentes na costa atlântica da Andaluzia em Málaga, Cádis ou no Porto de Santa Maria, "cada um tendo uma zona de acção bem determinada, que não impede contudo a sua ingerência na esfera de acção do outro". Nos anos onde só há um feitor, existem auxiliares de feitores, "espanhóis e vizinhos das terras".

A partir dos livros de contas pode-se se dar a sucessão dos diferentes feitores, a partir de 1509 até Luís Ribeiro. Depois dispomos de cartas de nomeação, e de cartas enviados, por ou para os feitores. As cartas de nomeação são por vezes muito distantes da ocupação efectiva do posto, que às vezes nem acaba por se realizar :

Os documentos de que se dispõe para a época de Francisco Botelho, são as cartas de nomeação dos reis, mas "as datas de emanação das cartas régias não coincidem com o início da ocupação do cargo.(...) No entanto, a lista elaborada é válida no que respeita ao sistema de precedências", e o feitor nomeado esperava a sua vez para ir ocupar o cargo, o que podia durar alguns anos, e acontecia "que um funcionário usurpasse o lugar do outro : foi o que aconteceu a Gonçalo Guedes que disso se queixa ao rei. Acusa Francisco Botelho de se lhe haver antecedido.[1]"

Gonçalo Guedes é nomeado feitor por carta de 21 de Outubro de 1533, mas em 8 de Janeiro de 1544[2], escreve ao rei, que desde que recebeu a mercê desse ofício, ainda não o pode ocupar, porque o rei tal não lhe ordenou, e lamenta-se que Francisco Botelho lhe tenha usurpado o cargo. Com efeito Francisco Botelho é nomeado por carta de 17 de Julho de 1540, depois de Gonçalo Guedes, mas também de Bartolomeu Diogo e Diogo da Costa (nomeado por carta de 27 de Agosto de 1538), este ocupando o seu cargo antes de 29 de Setembro de 1547, data de uma sua carta que envia ao rei, falando "de certo empréstimo de trigo que Francisco Botelho fizera, no ano anterior, a cidade de Málaga."

Por aí nota-se que Francisco Botelho ocupou esse cargo até (pelo menos) princípios de 1546. Por outro lado, segundo a "História de Portugal e do Português no estrangeiro" de Arnold van Wickeren [3], Em Maio de 1541 esse mesmo feitor enviou tropas, munições e alimentos para Safim.

Notas

  1. Feitores e escrivães na Andaluzia durante o reinado de D. João III de Manuel Henrique Côrte-Real. In revista Do Tempo e da História, dirigida pela Professora Virgínia Rau. Volume I - 1965. pp. 135-159
  2. em Feitores e escrivães na Andaluzia durante o reinado de D. João III está escrita a data de 1534, mas supomos por erro do tipógrafo, já que por cartas de feitores ao rei constata-se que nesse ano era outro feitor que ocupava o cargo, e Manuel Henrique Côrte-Real escreve mais tarde que "Francisco Botelho ocupara o seu cargo, muito pouco tempo após ter sido nomeado"... em 1540 p. 147-148
  3. Geschiedenis van Portugal en de Portugezen overzee Deel 8. Arnold van Wickeren. Hoofdstuk 3 : Portugal in de problemen in Marokko. 3.1 Handhaving van de status-quo.

Fontes[editar | editar código-fonte]

  • Feitores e escrivães na Andaluzia durante o reinado de D. João III de Manuel Henrique Côrte-Real. In Revista Do Tempo e da História, dirigida pela Professora Virgínia Rau.

Ver também[editar | editar código-fonte]