Giro para-hipocampal

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Giro para-hipocampal

Cérebro humano visto de baixo. Giro para-hipocampal mostrado em azul.

Visão medial do hemisfério cerebral esquerdo (giro para-hipocampal em laranja).
Identificadores
Latim gyrus fusiformis

O Giro para-hipocampal (Syn. hippocampal gyrus)[1] é uma substância cinzenta do córtex cerebral, região do cérebro que envolve o hipocampo e faz parta do sistema límbico. Esta região desempenha um papel importante na codificação e recuperação de memória e tem sido envolvida em alguns casos de esclerose do hipocampo.[2] A assimetria foi observada em cérebros de pacientes com esquizofrenia.[3]

Estrutura[editar | editar código-fonte]

A parte anterior do giro inclui os córtices perirrinal e entorrinal.

O termo córtex para-hipocampal é usado para se referir a uma área que engloba o giro para-hipocampal posterior e a porção medial do giro fusiforme.

Função[editar | editar código-fonte]

Reconhecimento de cena[editar | editar código-fonte]

A área de lugar para-hipocampal (em inglês: parahippocampal place area, PPA) é uma sub-região do córtex para-hipocampal que fica medialmente no córtex temporal occipital inferior. A PPA desempenha um papel importante na codificação e reconhecimento de cenas ambientais.[4] Estudos através de imagens por ressonância magnéticas funcionais indicam que esta região do cérebro se torna altamente ativa quando seres humanos veem estímulos de cena topográfica, como imagens de paisagens, paisagens urbanas ou salas (ou seja, imagens de "lugares"). Além disso, de acordo com o trabalho de Pierre Mégevand em 2014, a estimulação da região através de eletrodos intracranianos produz consequências visuais topográficas intensas de lugares e situações.[5] A região foi descrita pela primeira vez por Russell Epstein e Nancy Kanwisher no MIT em 1998,[6] além de outros relatórios semelhantes de Geoffrey Aguirre e Alumit Ishai.[7][8][9]

Danos na área de lugar para-hipocampal (por exemplo, devido ao acidente vascular cerebral) geralmente leva a uma síndrome em que os pacientes não conseguem reconhecer as cenas visualmente, embora possam reconhecer os objetos individuais nas cenas (como pessoas, móveis, etc). Esta é muitas vezes considerada o complemento da área fusiforme da face (FFA), uma região cortical próxima que responde fortemente sempre que os rostos são vistos, por isso acredita ser importante para o reconhecimento do rosto.

Contexto social[editar | editar código-fonte]

Pesquisas adicionais sugeriram que o giro para-hipocampal direito em particular tem funções além da contextualização do plano de fundo visual. Testes realizados por um grupo baseado em Califórnia e liderado por Katherine P. Rankin indicam que o lóbulo também pode desempenhar um papel crucial na identificação do contexto social, incluindo elementos paralinguísticos da comunicação verbal, como o sarcasmo.[10]

Galeria[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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Referências

  1. Reuter P. (2005). Der Grobe Reuter Springer Universalworterbuch Medizin, Pharmakologie Und Zahnmedizin: Englisch-deutsch (Band 2). Birkhäuser: [s.n.] p. 648. ISBN 3-540-25102-2 
  2. Ferreira NF, de Oliveira V, Amaral L, Mendonça R, Lima SS (setembro de 2003). «Analysis of parahippocampal gyrus in 115 patients with hippocampal sclerosis». Arq Neuropsiquiatr. 61 (3B): 707–11. PMID 14595469. doi:10.1590/s0004-282x2003000500001 
  3. McDonald B, Highley JR, Walker MA, et al. (janeiro de 2000). «Anomalous asymmetry of fusiform and parahippocampal gyrus gray matter in schizophrenia: A postmortem study». Am J Psychiatry. 157 (1): 40–7. PMID 10618011 
  4. Mark F. Bear; Barry W. Connors; Michael A. Paradiso (2017). Neurociências: Desvendando o Sistema Nervoso 4.ª ed. [S.l.]: Artmed. p. 361. ISBN 9788582714324 
  5. Mégevand P, Groppe DM, Goldfinger MS, et al. (2014). «Seeing Scenes: Topographic Visual Hallucinations Evoked by Direct Electrical Stimulation of the Parahippocampal Place Area». Journal of Neuroscience. 34 (16): 5399–5405. doi:10.1523/jneurosci.5202-13.2014 
  6. «A cortical representation of the local visual environment». Nature. 392 (6676): 598–601. doi:10.1038/33402. Consultado em 3 de novembro de 2009 
  7. «Distributed representation of objects in the human ventral visual pathway — PNAS». Consultado em 3 de novembro de 2009. Cópia arquivada em 13 de janeiro de 2013 
  8. «The Parahippocampus Subserves Topographical Learning in Man -- Aguirre et al. 6 (6): 823 -- Cerebral Cortex». Consultado em 3 de novembro de 2009. Cópia arquivada em 13 de janeiro de 2013 
  9. Aguirre, Geoffrey K; Zarahn, E; D’Esposito, M (agosto de 1998). «An Area within Human Ventral Cortex Sensitive to "Building" Stimuli». Neuron (em inglês). 21 (2): 373–383. doi:10.1016/S0896-6273(00)80546-2 
  10. Hurley, Dan (3 de junho de 2008). «Katherine P. Rankin, a Neuropsychologist, Studies Sarcasm - NYTimes.com». The New York Times. Consultado em 3 de novembro de 2009. Cópia arquivada em 11 de janeiro de 2013