Jacob Snider

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Jacob Snider (01 de janeiro de 1811 Montgomery, Geórgia, Estados Unidos25 de outubro de 1866 (55 anos) Londres, Inglaterra), foi um engenheiro mecânico, armeiro e inventor americano que inventou e patenteou um método de converter os fuzis por antecarga existentes em fuzis por retrocarga, notadamente o Snider–Enfield introdizido pelo Exército Britânico.[1]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Quando Snider era o arquivista de uma escola para cegos na Filadélfia, ele imprimiu um livro em relevo em novembro de 1833. Este é o primeiro livro conhecido em Braille nos Estados Unidos. Como o processo de impressão era complexo, ele imprimiu apenas 40 peças. Ele ganhava a vida como comerciante de vinho na Filadélfia.[2]

Em março de 1859, Snider foi para a Inglaterra como representante de vendas do rifle "Montgomery Storm" (abreviadamente chamado de "Mont Storm Rifle"). O "Mont Storm Rifle" era um rifle por retrocarga, mas precisava de uma espoleta de percussão separada. Snider apresentou o rifle ao "War Office", que, após várias discussões, fez elogios à arma, mas não tomou nenhuma decisão. Já em 1859, Snider foi a Paris para apresentar o "Mont Storm". Lá ele foi apoiado pelo prícipe Napoléon Lucien Murat. O imperador francês Napoleão III mandou o armeiro Gastinne Renette examinar o rifle; os testes realizados não foram satisfatórios. Mesmo que Snider não tenha conseguido fechar um acordo com a França, a viagem deu-lhe novas ideias. Por exemplo, ele teve a oportunidade de inspecionar a carabina de retrocarga "Mousqueton des Cent Gardes".[3]

Culatra do Snider–Enfield,
a principal invenção de Snider.

Em agosto de 1860, Snider apresentou seu próprio projeto, que era fundamentalmente diferente do rifle "Mont Storm", ao "Ordnance Select Committee" Britânico; o comitê ficou positivamente impressionado.[4] Não está claro quanto trabalho intelectual de Snider e quanto de Françoise Eugène Schneider, um armeiro de Estrasburgo, foi dedicado a este projeto.[5][6][7] Schneider registrou uma patente correspondente na França em 4 de outubro de 1860.[8][9] De qualquer forma, Snider e Schneider se conheciam bem. Quando Snider estava em Paris em 1861, ele conseguiu um contrato para Schneider com a "George H. Daw", um fabricante de munições de Londres. Schneider vendeu os direitos de uso de suas patentes na Inglaterra para a Daw.[10] As patentes incluíam cartuchos de fogo central[11] e, o mais tarde polêmico, "rifle de retrocarga". Schneider veio para a Inglaterra e trabalhou para Daw. Em 1862, Snider e Schneider entraram com um pedido de patente conjunta para um aperfeiçoamento em rifles de carregamento por culatra. A Daw não aprovou a patente porque, em sua opinião, ela tinha direito à patente. Snider pagou a Schneider £ 100.[10]

Snider tinha poucos recursos financeiros e vivia de maneira muito frugal, o que não era bom para sua saúde debilitada. Além das armas, Snider tinha outros projetos. Ele enviou parte do dinheiro que ganhou para casa.[3] O interesse de Snider não se limitou apenas aos rifles; Em 1861, ele apresentou uma patente para armas.[12][3]

Em 1864, houve um novo ímpeto na possibilidade de uso do rifle de Snider; o "War Office" anunciou um prêmio de £ 5.000 pela conversão de fuzis de antecarga Enfield em fuzis de retrocarga. Snider' participou com seu projeto,[4] ele também registrou várias patentes para armas de carregamento por culatra naquele ano (Nr. 869 em 7 de Abril, Nr. 2741 em 5 de Novembro e Nr. 2912 em 22 de Novembro).[13] O rifle foi avaliado positivamente; Em fevereiro de 1865, descobriu-se durante os testes de tiro que a munição era de má qualidade e as especificações exigidas, de precisão e limites de falha não foram atendidas. O "Ordnance Select Committee" decidiu testar o rifle novamente quando munição melhor estivesse disponível. O comitê acabou escolhendo o "Mont Storm Rifle" como o vencedor, mas decidiu contra ele por causa da munição cara com a espoleta de percussão separada. Snider teve uma segunda chance, mas era impossível para ele produzir munição melhor com seus próprios recursos.[4] A munição deveria vir da Daw, mas as desavenças acabaram com essa cooperação e Snider abordou o fabricante de munições Eley Brothers. Em novembro de 1865, a Daw agiu com sucesso contra os cartuchos produzidos pela Eley Brothers por violações de patentes. A Eley Brothers foi forçada a assinar uma cooperação com Edward Mounier Boxer.[11] O "Ordnance Select Committee" repetiu os testes usando o cartucho .577 Snider desenvolvido por Boxer. Em 23 de maio de 1866, o comitê recomendou a introdução do rifle Snider, e o Exército Britânico aprovou em 5 de julho. Snider ficou horrorizado ao descobrir que não estava sendo devidamente compensado. Sua patente não teve efeito legal contra a Monarquia britânica como Comandante-em-Chefe das Forças Armadas. Do prêmio em dinheiro de £ 5.000, apenas £ 1.000 foram aprovados com base no fato de que o rifle ainda podia ser um fracasso. Snider teve que usar todo esse dinheiro para pagar as dívidas acumuladas. Em setembro de 1866, o War Office rompeu relações comerciais com Snider. Debilitado pela doença, Snider foi incapaz de se defender adequadamente.[4]

Em 9 de julho, Snider teve seu primeiro derrame, em 25 de outubro, o segundo, de cujas consequências morreu. Snider foi enterrado no cemitério Kensal Green.[3] Ele deixou esposa e vários filhos. Seu filho, John Vaughan Snider, também era um inventor, e ele entrou com uma ação legal contra o governo britânico tendo como causa, a justa compensação de seu pai.[1]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b Jacob Snider. «Jacob Snider papers 1840-1873». New York Public Library. Consultado em 9 de abril de 2021 
  2. Wolf, Edwin; Korey, Marie E. (1981). Quarter of a Millennium: The Library Company of Philadelphia, 1731-1981: A Selection of Books, Manuscripts, Maps, Prints, Drawings, & Paintings (em inglês). [S.l.]: The Library Company of Phil. p. 155. 355 páginas. ISBN 978-0-91407-681-0. Consultado em 9 de abril de 2021 
  3. a b c d Braddon, M. E. (1867). «Jacob Snider, Inventor (by J. Scoffern)». Belgravia: A London Magazine (em inglês). 1. [S.l.]: Willmer & Rogers (publicado em Fevereiro de 1867). p. 179. 504 páginas. Consultado em 9 de abril de 2021 
  4. a b c d Thomas Heptinstall (Setembro de 2016). «From Snider–Enfield, to Martini–Henry, to the Magazine Lee–Metford: An Historical and Technical Overview of the Development of British Military Rifles from 1866 to 1895» (PDF). University of Huddersfield. pp. 16–31. Consultado em 9 de abril de 2021 
  5. Nicol, W. (1869). «On Military Breech-Loading Small Arms (by Vivian Dering Majendie)». Notices of the Proceedings at the Meetings of the Members of the Royal Institution, with Abstracts of the Discourses (em inglês). 5. [S.l.]: Royal Institution of Great Britain. p. 69. 616 páginas. Consultado em 9 de abril de 2021 
  6. Clode, Charles Mathew (1869). The Military Forces of the Crown: Their Administration and Government (em inglês). 2. [S.l.]: J. Murray. p. 534. 804 páginas. Consultado em 9 de abril de 2021 
  7. Townsend, George H. (1867). The Manual of Dates a Dictionary of Reference to All the Most Important Events in the History of Mankind to be Found in Authentic Records (em inglês). [S.l.]: F. Warne & Company. p. 912. 1116 páginas. Consultado em 9 de abril de 2021 
  8. Hawes, W. (1867). «Small Arms, etc. (by Charles Hibbs)». Reports of Artisans Selected by a Committee Appointed by the Council of the Society of Arts to Visit the Paris Universal Exhibition, 1867 (em inglês). [S.l.]: Society for the Encouragement of Arts, Manufactures and Commerce. p. 89. 476 páginas. Consultado em 9 de abril de 2021 
  9. Great Britain, Commissioners of Patents (1861). The Commissioners of Patents’ Journal (em inglês). [S.l.]: By Authority. p. 218. 1681 páginas. Consultado em 9 de abril de 2021 
  10. a b Braddon, M. E. (1872). «Breech loaders and their inventors (by Cadwallader Waddy)». Belgravia: A London Magazine (em inglês). 1. [S.l.]: Willmer & Rogers (publicado em Fevereiro de 1872). pp. 339–342. 544 páginas. Consultado em 9 de abril de 2021 
  11. a b Rosenberger, Manfred R.; Hanné, Katrin (1993). Vom Pulverhorn zum Raketengeschoss: die Geschichte der Handfeuerwaffen-Munition (em alemão). [S.l.]: Motorbuch-Verlag. pp. 108–111, 141–142. 241 páginas. ISBN 978-3-61301-541-8. Consultado em 9 de abril de 2021 
  12. Newton, William (1861). The London journal of arts and sciences (and repertory of patent inventions). Newton's London journal of arts and sciences (em inglês). 14. [S.l.]: William Newton. p. 182. 376 +figuras páginas. ISBN 978-1-86197-876-9. Consultado em 9 de abril de 2021 
  13. Great Britain, Patent Office (1866). Subject-matter Index of Patents Applied for and Patents Granted (em inglês). [S.l.]: Commissioners of Patents' Sale Department. pp. 65, 144, 147. 446 páginas. Consultado em 9 de abril de 2021 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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