José da Natividade

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Frei José da Natividade (Lisboa, bat. 29 de abril de 1709 — Lisboa?, depois de 1759?) foi um religioso dominicano, pregador, historiador, escritor e hagiógrafo português.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Nascido em Lisboa, filho de Manuel Ribeiro da Fonseca e Eugênia da Natividade e Melo, foi batizado na Igreja de São Nicolau em 29 de abril de 1709. Tomou o hábito no Convento de Nossa Senhora da Piedade em Azeitão em 10 de novembro de 1727.[1][2] Foi comissário dos Terceiros e pregador geral da Ordem na Província de Portugal.[3][4] Sua data de morte não é conhecida, mas diz Inocêncio Francisco da Silva que aparentemente em 1759 ainda vivia.[3]

Obra[editar | editar código-fonte]

Publicou em 1744 um comentário moralizante sobre a Escada mystica de Jacob, do frei Manuel Guilherme,[1] em 1747 a Memoria historica da milagrosa imagem do Senhor dos Passos, venerada no Real Convento de São Domingos de Lisboa, que inclui um relato sobre a história da Irmandade dos Passos,[3] e em 1752 o panegírico nupcial Fasto de hymeneo ou Historia panegirica dos desposorios dos fidelissimos reis de Portugal D. José I, e D. Maria Anna Victoria de Bourbon,[5] uma referência para a reconstrução histórica do suntuoso casamento entre os monarcas,[6] onde o autor, segundo Jaime Cortesão, "não se poupou a esforços para descobrir e publicar na íntegra os documentos oficiais relativos à jornada, os quais inclui, a cada passo, no texto. Precioso repositório de nomes e miuçalha de informes e fatos, úteis para o estudo da época".[7] Na opinião de Inocêncio da Silva, "posto que estas obras não se recomendem pela linguagem e estilo, nem por isso deixam de ser prestáveis, em razão das notícias e particularidades que fornecem, com respeito às matérias de que tratam".[3]

É lembrado também como o editor e continuador do Agiologio dominico das vidas dos santos, beatos, martyres da Ordem dos Pregadores, iniciado pelos freis Manuel de Lima e Manuel Guilherme. Frei José atualizou as informações e acrescentou mais quatro volumes, publicados entre entre 1743 e 1761. A sua edição se tornou a canônica, sendo citado por Fernanda Guedes de Campos entre "os autores dominicanos com presença expressiva em bibliotecas de antigos conventos".[8] Uma edição fac-silimar foi publicada pela Universidade do Porto em 2002, sob a responsabilidade de Jorge Cardoso.[9]

Referências

  1. a b Machado, Diogo Barbosa. Bibliotheca lusitana. Fonseca, 1747, p. 881
  2. Lobo, Francisco Alexandre. "Memoria historica e critica á cerca de Fr. Luiz de Soiza e das suas obras". In: Historia e Memorias da Academia Real das Sciencias de Lisboa', Tomo VIII, Parte I; Typ. da Academia, 1823, p. 6
  3. a b c d Silva, Innocencio Francisco da. Diccionario bibliográphico portuguez. Imprensa Nacional, 1861, p. 81
  4. Monteiro, João Pereira Franco. As donatarias d'Alemquer: historia das rainhas de Portugal e da sua casa e estado. Gomes, 1893, p. 136
  5. Milheiro, Maria Manuela de Campos. Braga: A cidade e a festa no século XVIII. Universidade do Minho, 2003, p. ix
  6. Tedim, José Manuel. "Triunfo da festa barroca na corte de D. João V: a troca das princesas". In: Ávila, C. (dir.). Barroco 19: Comemorativa dos 35 anos da sua fundação. Centro de Pesquisas do Barroco Mineiro, 2005, pp. 121-135
  7. Cortesão, Jaime. Alexandre de Gusmão & O tratado de Madrid, Parte I, Tomo I. Instituto Rio Branco, 1956, p. 326
  8. Campos, Fernanda Maria Guedes de. "Escritos de dominicanos em bibliotecas portuguesas". In: Gouveia, António Camões; Nunes, José; Fontes, Paulo F. de Oliveira (coords,). Os Dominicanos em Portugal (1216-2016). Universidade Católica Portuguesa, 2018, pp. 90-91
  9. Silva, Andréia Cristina Lopes Frazão da (coord.). Hagiografia e História, Volume 2: Banco de Dados dos Santos Ibéricos (séculos XI ao XIII). Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2012, p. 196