Manossolfa

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Manossolfa (s.f.)[1][2] é a forma gestual das mãos de indicar as funções melódicas[3] e/ou alturas por relação intervalar entre as notas[4] (geralmente relacionada aos intervalos da escala maior e menor) das notas entoadas por um cantor ou um grupo de cantores. Através desse meio, não é necessário o uso de material escrito para comunicar a altura dos sons que devem ser executados.

Origem[editar | editar código-fonte]

Mão guidoniana

Os primeiros indícios de manossolfa são atribuídos ao monge italiano Guido de Arezzo que, no século XI criou o recurso pedagógico chamado “mão guidoniana” e o sistema de solmização como formas de determinar as alturas ou os graus da escala, facilitando, assim, a memórização.[5] No sistema guidoniano, as indicações das notas a serem entoadas se davam ao apontar pontos específicos de uma das mãos. Assim, cada falange ou parte específica da mão representava o nome da nota que deveria ser entoada.

No século XIX, Sarah Glover desenvolveu o sistema que seria conhecido como manossolfa inglesa, que, mais tarde seria aperfeiçoado por John Spencer Curwen e adaptado na Hungria por Zoltán Kodály.[6]

Alguns educadores musicais e suas propostas pedagógicas de manossolfa[editar | editar código-fonte]

Zoltán Kodály (1882-1967)[editar | editar código-fonte]

A proposta de Kodaly era utilizar, entre outros recursos, a manossolfa e o tonic sol-fa ou dó móvel caracterizado pelo solfejo relativo das notas das escalas pentatônicas e as palavras (ou sílabas) rítmicas.[7] Os sinais manuais empregados na pedagogia Kodály são similares aos utilizados por Sarah Glover e John Curwen, com exceção dos sinais usados para designar o Fá e o Lá. No caso do Fá, um dos dedos aponta para baixo, sendo que, na versão de Glover e Curwen, eles utilizam o dedo indicador e na versão de Kodály é utilizado o polegar. Já os sinais empregados para representar a nota lá, demonstram pequena diferença, que pode ser vista nas imagens abaixo.

Manosolfa de Curwen

No sistema Kodaly, existe movimento do antebraço e do braço para cima, conforme as notas vão caminhando para a região mais aguda e para baixo, conforme vão para uma região mais grave. Dessa forma, não só o formato da mão é significativo, mas também a posição dela no espaço.

Heitor Villa-lobos (1887 - 1959)[editar | editar código-fonte]

O sistema de manosolfa de Villa-Lobos utiliza de formatos de mão diferentes do sistema de Glover, Curwen e Kodaly, como indicam as figuras. Na pedagogia de Villa-Lobos, diferentemente de Kodály, todas as notas são indicadas mantendo as mãos na altura dos ombros.[8] A diferença entre as mesmas notas em diferentes oitavas é dada pelo movimento de rotação do pulso, mantendo o formato da mão designado para cada nota. As alterações (sustenidos e bemóis) são representadas inclinando a mão pra dentro nos bemóis e pra fora no sustenidos.[8]


Manosolfa de Villa-Lobos

Referências

  1. http://www.aulete.com.br/manossolfa
  2. http://www.dicionarioweb.com.br/manossolfa/
  3. ÁVILA, Marli Batista. A obra pedagógica de Heitor Villa-Lobos: Uma leitura atual de sua contribuição para a educação musical no Brasil. 2010. 381p. Programa de pós-graduação em Artes – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.
  4. SILVA, Carlos Fagner da Costa e. O aprendizado do solfejo pelo método Kodály. 2013. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Licenciatura em Música). Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, 2013. Disponível em: http://www.domain.adm.br/dem/licenciatura/monografia/carlossilva.pdf
  5. GOLDEMBERG, Ricardo. Métodos de leitura cantada: dó fixo versus dó móvel. Revista da ABEM, n. 5 , 2000, p. 7-12.
  6. SÁNDOR, F. (Org.). Educación musical en Hungria. Budapeste: Corvina Kiadó , 1981.
  7. SALES, José W. X. et al. A utilização do manosolfa como forma de introdução à percepção harmônica. In: IV Encontro Universitário da UFC no Cariri, 2012. Disponível em: https://conferencias.ufca.edu.br/index.php/encontros-universitarios/eu-2012/paper/view/1023/953
  8. a b ARRUDA, Yolanda de Quadros. Elementos de canto orfeônico 36. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1960.