Memórias do Coronel Falcão

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Memórias do Coronel Falcão [1][2][3][4] é um romance publicado em Porto Alegre no ano de 1973, obra póstuma de Aureliano de Figueiredo Pinto [5]. A narrativa teria sido escrita entre os anos de 1936 e 1937 , marcada pelas características do Neorealismo [6] presente na Literatura Brasileira [7][8]. O romance [9] de Aureliano de Figueiredo Pinto é contemporâneo, por exemplo, da trilogia do gaúcho a pé de Cyro Martins que apresenta um gaúcho depauperado, desmitificado [10][11], se comparado ao mesmo modelo representado, por exemplo em O gaúcho, de José de Alencar, e Contos Gauchescos, de João Simões Lopes Neto.[12][13][14]

Com uma produção literária [15][16] que transita entre a poesia e a prosa [17][18][19], Aureliano de Figueiredo Pinto [20][21][22] destacou-se com a publicação de Memórias do Coronel Falcão [23] por abordar o universo interiorano, a política que se desenvolvia nas pequenas comunidades ao tempo do governo Borges de Medeiros [24], no início do século XX [25], oferecendo um painel revelador de seu tempo e espaço. A incursão político-partidária do coronel acabaria por dilapidar as suas posses, afastar-lhe os amigos, levando-o à decadência, à solidão [26].

Sobre a obra[editar | editar código-fonte]

O romance [27] traz a história de um fazendeiro – solteiro e sem filhos - convidado a concorrer a prefeito numa pequena cidade do interior, sucedendo-se, a partir daí, os fatos relacionados à campanha, às eleições e à administração municipal, entremeados por episódios da vida particular do protagonista. Para sua candidatura, o coronel e sua comitiva buscaram apoio direto do Presidente da Província de então, Borges de Medeiros, com quem ele avalia ter aprendido importantes noções sobre política, repetindo com relativa frequência os conselhos que ouvira dele. Reaparecem no romance os campos do interior gaúcho; as lides campeiras, as pequenas intrigas das cidades interioranas, os jogos de interesse da política local.[28] Pode-se afirmar que o coronel é digno representante de uma oligarquia rural que comandou as estâncias gaúchas durante muitos anos e o romance traz esses indícios, que aparecem, por exemplo, nos encontros entre os políticos que ocorrem na casa do protagonista ou na sua relação com uma mulher casada, as viagens que realizam ou ainda nas transações comerciais que efetua,[29] indicando que, aos poucos, essa classe social perde a primazia [30].

Referências

  1. ZOKNER, Cecilia. "Memórias do Coronel Falcão: as lides." Literatura do continente. [1] 26 de janeiro de 2019
  2. TORNQUIST, Helena. Aureliano de Figueiredo Pinto. Porto Alegre: IEL, 1989.
  3. APPEL, Carlos Jorge. "Memórias do Coronel Falcão". IN: PINTO, Aureliano de Figueiredo. Memórias do Coronel Falcão. Porto Alegre: Ed. Movimento, 1986.
  4. CESAR, Guilhermino. "Memórias do Coronel Falcão". IN: Notícia do Rio Grande: literatura. Organização e introdução: Tânia Franco Carvalhal. Porto Alegre : IEL, Editora da Universidade/UFRGS, 1994.
  5. OLIVEIRA, S. M. N.; COLACO, S. F.; GASTALDO, E. E.. A Presença de Elementos Autobiográficos do Autor Aureliano de Figueiredo Pinto na Obra Memórias do Coronel Falcão. 2003. Monografia (Aperfeiçoamento/Especialização em Especialização em Literatura) - Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, 2003.
  6. DACANAL, José Hildebrando (org.). O romance modernista: tradição literária e contexto histórico. Porto Alegre : Ed. da UFRGS, 1990".
  7. ARENDT, João Claudio; NEUMANN, Gerson Roberto (Orgs.). Regionalismus, Regionalismos: subsídios para um novo debate. Caxias do Sul: Educs, 2013.
  8. OLIVEN, Ruben George. A parte e o todo: a diversidade cultural no Brasil-Nação. Petrópolis: Vozes, 1992.
  9. FISCHER, Luís Augusto. Conversa urgente sobre uma velharia: uns palpites sobre a vigência do regionalismo. Revista Cultura e Pensamento. Brasília, n. 3, dezembro de 2007, pp. 127-139.
  10. POZENATO, José Clemente. O Regional e o Universal na Literatura Gaúcha. Porto Alegre: Editora Movimento, 1974.
  11. ZILBERMAN, R.; MOREIRA, M. E.; ASSIS, L. A. Pequeno dicionário da literatura do rio Grande do Sul. Porto Alegre: Novo Século, 1999.
  12. TORNQUIST, Helena H. Fava. "Presenças e deslocamentos: Lugares e quadros da memória cultural". Monografia. [2] 26 de janeiro de 2019.
  13. PÁGINA DO GAÚCHO. "Aureliano de Figueiredo Pinto". [3] 26 de janeiro de 2019.
  14. CHAVES, Flávio Loureiro. História e literatura. 2.ed. Porto Alegre: Ed.da UFRGS, 1991.
  15. OURIQUE, João Luis. "O ritmo da palavra: questões sobre oralidade." Revista Guavira. Disponível em http://marcacini.com.br/seer/index.php/guavira/article/view/134. 30 de janeiro de 2019.
  16. CLEMENTE, Elvo. "Aureliano de Figueiredo Pinto." IN: CLEMENTE, Elvo. Folhas do caminho. Porto Alegre: EdPUCRS, 2003.
  17. OURIQUE, João Luis Pereira. Poesia e História em Aureliano de Figueiredo Pinto' 2003, 106 f. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-graduação em Letras. Universidade Federal de Santa Maria, 2003.
  18. ABBOT, Milena de Oliveira: Payador, pampa e guitarra. 2015, 118 p. Dissertação (Mestrado em Letras). Programa de Pós-graduação em Letras. Universidade Federal de Pelotas, 2015. Disponível em https://wp.ufpel.edu.br/ppgl/files/2015/07/DISSERTA%C3%87%C3%83O-MILENA-DE-OLIVEIRA-ABOTT.pdf 30 de janeiro de 2019.
  19. MENDES, Paulo Ricardo Cunha. Metáfora e regionalismo (breve ensaio sobre a poesia de Aureliano de Figueiredo Pinto. Porto Alegre, 1997. Dissertação (Mestrado em Letras). Instituto de Letras. Univ. Federal do Rio Grande do Sul, 1997.
  20. MUHM. Museu da História da Medicina. Aureliano de Figueiredo Pinto. [4] 26 de janeiro de 2019.
  21. LITERATURA & HISTÓRIA (Grupo de Pesquisa Literatura e História do Programa de Pós-graduação em Letras da UFSM). Aureliano de Figueiredo Pinto. [5]' 26 de janeiro de 2019
  22. SANTOS, Pedro Brum. "Gaúchos de 30" Blog mantido pelo Prof. Dr. Pedro Brum Santos. Programa de Pós-graduação em Letras. UFSM. [6] 26 de janeiro de 2019.
  23. SCHLEE ,Aldyr Garcia. “Testemunhos de identidade”. SCHULER, Fernando Luis; BORDINI, Maria da Glória (org.). Cultura e identidade regional. Porto Alegre: EdPUCRS, 2004.
  24. FÉLIX, Loiva Otero. Coronelismo, borgismo e cooptação política. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1987.
  25. MAROBIN, Luiz. A Literatura no Rio Grande do Sul: aspectos temáticos e estéticos. Porto Alegre: Martins Livreiro, 1985.
  26. DACANAL, José Hildebrando. "Memórias do Coronel Falcão: a crise da oligarquia gaúcha". IN: MASINA, Lea et. all. A geração de 30 no Rio Grande do Sul: literatura e artes plásticas. Porto Alegre: EdUFRGS, 2000.
  27. VINICIUS FIGUEIRA. [7] 26 de janeiro de 2019]
  28. ZILBERMAN, Regina. "Literatura gaúcha": temas e figuras da ficção e poesia do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: L&PM, 1985.
  29. Luis Augusto Fischer. "O futuro nos aguarda". Revista FEE. Disponível em https://revistas.fee.tche.br/index.php/ensaios/article/viewFile/1650/2019[8] 26 de janeiro de 2019.
  30. PESAVENTO, Sandra Jatahy. História do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1984.