Mulheres no Iêmen

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Uma médica iemenita examinando uma criança.

As mulheres no Iêmen, historicamente, tiveram muito menos poder na sociedade do que os homens. Embora o governo do Iêmen tem feito esforços visando melhorar os direitos das mulheres no Iêmen (incluindo a formação da Estratégia de Desenvolvimento das Mulheres e uma Estratégia de Desenvolvimento da Saúde da Mulher), muitas normas culturais e religiosas, juntamente com a má aplicação desta legislação do governo iemenita, têm impedido as mulheres iemenitas de terem direitos igualitários com os homens.

Mulheres iemenitas não possuem muitos dos direitos económicos, sociais ou culturais. Enquanto o sufrágio foi adquirido em 1967 e a proteção constitucional e legal foi estendida para as mulheres entre 1990 e 1994, elas continuam a lutar pelo exercício dos seus direitos políticos e civis completos. Historicamente, as mulheres têm desempenhado papéis importantes na sociedade iemenita. Algumas mulheres do período pré-islâmico e início da ascensão do Islamismo tinham alto status na elite da sociedade iemenita. A Rainha de Sabá, por exemplo, é vista por muitos como uma "fonte de orgulho para a nação iemenita". Além disso, a rainha Arwa é conhecida por sua atenção à infra-estrutura, que fez a região experimentar um tempo de prosperidade sob seu reinado. As mulheres modernas no Iêmen, no entanto, estão sujeitas a uma sociedade que reflete as tradições em grande parte agrárias, tribais e patriarcais. Isto, combinado com problemas econômicos e de analfabetismo, levou as mulheres a ser continuadamente privadas de seus direitos sociais.[1] [2]

Acesso à justiça[editar | editar código-fonte]

Embora o artigo 40 e 41 da Constituição da unificação do Iêmen prevê que todos os cidadãos são considerados iguais perante a lei e que "Todos os cidadãos têm o direito de participar na vida política, económica, social e cultural do país", a discriminação de gênero é prevalente no Iêmen.[3]

A adição do artigo 31 da Constituição, que estabelece que "as mulheres são as irmãs de homens ... elas têm direitos e deveres, que são garantidos e cedidos pela Sharia e estipulados por lei", aparentemente, anulou a igualdade prorrogada pela constituição devido à sua utilização como base para leis discriminatórias. Isto é devido à leitura específica da Sharia, o que restringe os direitos das mulheres. Hoje em dia, muitas mulheres ativistas iemenitas acreditam que a Sharia pode ser interpretada para incluir mais mulheres na vida social, política, econômica e cultural do país.[4][3]

Muitas das políticas discriminatórias restringem os direitos familiares de mulheres. Mulheres no Iêmen não pode se casar com um não-iemenita sem a aprovação de sua família e do Estado. Além disso, sob a Lei da Nacionalidade de 1990, as mulheres iemenitas casadas com homens estrangeiros não podem passar sua cidadania para seus filhos, a menos que a mulher se divorcie, que o marido tenha deficiência mental ou que ele venha a morrer, caso em que as crianças podem obter a cidadania quando atingem os 19 anos de idade. Os filhos dos homens iemenitas casados com mulheres estrangeiras, por outro lado, garantem a cidadania iemenita. Além disso, o divórcio e até mesmo o testemunho de mulheres não tem poder igual ao dos homens iemenitas. Iemenitas têm o direito de se divorciar de suas esposas, a qualquer momento, sem justificação. Uma mulher, por outro lado, deve passar por um processo de litígio em que se justifica a sua razão para anular o contrato de casamento. Perante o tribunal, a mulher é considerada apenas metade de uma pessoa, e é preciso "o testemunho de duas mulheres" para igualar "o testemunho de um homem." Além disso, as mulheres são proibidas de depor em casos de adultério, calúnia, roubo ou sodomia, conforme o artigo 45 da Lei de Evidência de 1992.[1]

Direitos políticos[editar | editar código-fonte]

As mulheres estão grosseiramente sub-representadas na política do Iêmen. No entanto, enquanto a liberdade de expressão é um direito iemenita concedido nos termos do artigo 42 da Constituição, a fim de também dar cumprimento ao artigo 103 da Imprensa e da Lei das Publicações, a censura é generalizada, com ações de censura se baseando na lei que proíbe a "crítica pessoal direta do chefe de Estado e a publicação de material que pode levar a discordância entre o povo iemenita". Tal artigo torna difícil qualquer progresso a ser feito no sentido do desenvolvimento e da igualdade na sociedade iemenita. Mulheres iemenitas participam nas eleições parlamentares, tanto como eleitoras, bem como candidatas. No entanto entre 1993 e 2003, o número de mulheres no parlamento caiu de 11 a 1.[1]

Direitos fundamentais e sociais[editar | editar código-fonte]

Saúde e direitos reprodutivos são questões importantes para as mulheres iemenitas. Nenhuma legislação protege sua liberdade de tomar suas próprias decisões com relação a essas questões e, portanto, as mulheres são controladas por sua família ou, se forem casadas, por seus maridos. Além disso, o Iêmen é um país onde a mutilação genital feminina continua a ser um problema social, mesmo depois de ter sido proibido pelo Ministério da Saúde Pública. Além disso, muitas mulheres são forçadas a se casar em uma idade jovem, o que é tornado possível por políticas de Estado. A maioria das meninas iemenitas são casadas antes de atingir a puberdade. A proposta de lei definindo uma idade mínima para o casamento de 17 anos para as mulheres foi contestada por iemenitas conservadores, incluindo mulheres.[5][6][7]

Referências

  1. a b c Basha, Amal. Yemen. In Women’s Rights in the Middle East and North Africa: Citizenship and Justice, edited by Sameena Nazir and Leigh Tomppert. Oxford: Freedom House, 2005.
  2. «Consideration of reports submitted by States parties under article 18 of the Convention on the Elimination of All Forms of Discrimination against Women» (pdf). United Nations High Commissioner for Refugees. 13 de março de 2007. Consultado em 27 de janeiro de 2013 
  3. a b Constitution of the Republic of Yemen, 1994. http://www.al-bab.com/yemen/gov/con94.htm Arquivado em 28 de fevereiro de 2008, no Wayback Machine., June 23, 2007.
  4. Antelava, Natalia. "Yemen protests: Women take centre stage." BBC. http://www.bbc.co.uk/news/world-middle-east-13140438, April 21, 2011.
  5. Broadwin, Liz (16 de abril de 2010). «The Syrian Women Observatory Stands in solidarity with "Illham al Assi", a Victim of Child Rape Condoned Under the Guise of Marriage». Syrian Women Observatory. Consultado em 13 de junho de 2010. Arquivado do original em 20 de junho de 2010 
  6. al Qadhi, Mohammed (9 de abril de 2010). «Dead Yemeni bride, 13, 'a victim of childhood abuse'». The National 
  7. «Yemeni child bride dies of bleeding after intercourse». AFP. 8 de abril de 2010. Consultado em 13 de junho de 2010 

Ver também[editar | editar código-fonte]