Relógios públicos de Nichile

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Relógios públicos de Nichile
Relógios públicos de Nichile
Relógio da Praça Almeida Prado
Estilo dominante eclético
Arquiteto Octávio de Nichile
Construção 1935
Estado de conservação 7 demolidos e 1 conservado
Património nacional
Classificação CONPRESP
Geografia
País Brasil
Cidade São Paulo
Coordenadas 23° 32' 45" S 46° 38' 04" O

Os relógios públicos de Nichile foram um conjunto de relógios instalados na década de 1930 nas cidades brasileiras de São Paulo, Santos e Guarujá, no Estado de São Paulo.

Ao todo, foram instalados oito relógios localizados em logradouros distintos. Deles, restou apenas o exemplar da Praça Antônio Prado, no centro da cidade de São Paulo, que foi tombado pelo seu valor histórico no ano de 1992.[1]

História[editar | editar código-fonte]

Demanda pela hora certa[editar | editar código-fonte]

No início do século XX, a instalação de relógios em vias públicas tinha o objetivo de fornecer a hora com precisão aos pedestres. Ainda assim, havia carência desses equipamentos, bem como diversos atrasos, que demandavam manutenção constante e atrapalhavam a população.

Os relógios públicos eram instalados em frontões de igrejas (quando públicos) ou em fachadas de estabelecimento comerciais (quando particulares) - a exemplo do conhecido relógio da Casa Hanau, antiga joalheria paulistana que teve seu equipamento instalado em 1909[2].

Os relógios de Nichile foram uma iniciativa particular desenvolvida pelo então publicitário Octávio de Nichile, que pretendia suprir esta demanda, juntamente com a ideia de vender os espaços para propaganda presentes na própria estrutura dos postes que sustentavam os relógios, uma ideia inovadora na época.[1] Os relógios foram patenteados em 1930.[3]

Segundo o antigo jornal A Gazeta, os relógios eram:

"...formados por uma escadaria de legítimo granito contornando a base de cimento armado em forma de pyramide-truncada e toda revestida de azulejos artísticos. Da base eleva-se uma imponente coluna de ferro fundido em estilo jônico. Ao alto da coluna existe um quadrilátero fechado por vidro fosco pintado à fogo..."[4]

Nas caixas de vidro fosco eram inseridos anúncios e lâmpadas elétricas, que também contribuíam para iluminação pública.[3]

Eram construídos pela empresa Relógios Michelini.

Os relógios começaram a ser implantados em 1930, sendo o último em 1935. Alguns substituíam relógios da própria prefeitura.

Desmonte do relógio de Santos[editar | editar código-fonte]

O relógio de Santos foi instalado em 1936 na praia do Gonzaga, em frente ao Atlântico Hotel, em local já reconhecidamente turístico na ocasião. A inauguração foi realizada com a presença do prefeito e da banda musical do Corpo de Bombeiros, sendo no mesmo dia e local inaugurada a Fonte Luminosa da cidade.[5]

O relógio de Nichile, entretanto, não apresentou bom funcionamento e foi desinstalado após apenas dois anos, em torno de 1940[6].

Segundo o relojoeiro responsável por sua manutenção, o suiço Louis Krahenbuhl em entrevista para o jornal Cidade de Santos relata que não havia cobertura dos mostradores, e a água das chuvas empoçava na coluna e nas caixas de vidro. Com o calor, a água evaporava dentro das caixas, impedindo o funcionamento do relógio. Foram instaladas lâmpadas dentro da coluna para estimular a evaporação da água, mas o pagamento da luz ficou a cargo da empresa de Octávio de Nichile e a luz foi cortada. Como os problemas permaneceram, optou-se pelo desmonte do relógio.[6]

Preservação como patrimônio histórico[editar | editar código-fonte]

O único exemplar existente está situado na Praça Antônio Prado. Foi inaugurado em 5 de abril de 1935[7] e, desde a morte de Octávio de Nichile no ano de 1986, sua manutenção ficou sob os cuidados de seus filhos.[8]

Localização[editar | editar código-fonte]

Dos oito relógios instalados, apenas um deles encontra-se preservado. O quadro seguinte indica as principais informações dos relógios de Nichile.
Localização Cidade Inauguração Desmonte Conservação Referências
Largo do Arouche São Paulo 1930 1933 Demolido [9][10]
Estação do Norte (atual Estação Brás) São Paulo 1930 1933 Demolido [9][10]
Praça Ramos de Azevedo São Paulo 23 de dezembro de 1933 Desconhecido Demolido [9][11]
Praça da Sé São Paulo 24 de janeiro de 1935 Desconhecido Demolido [12]
Praça Antonio Prado (antigo Largo do Rosário) São Paulo 5 de abril de 1935 - Preservado
Relógio do Gonzaga Santos 9 de julho de 1936 1940 Demolido [5][13]
Relógio de Pitangueiras Guarujá posterior a 1935 Desconhecido Demolido [13][14]

Referências

  1. a b Folha: Relógio de 75 anos no centro é liberado da Lei Cidade Limpa para sobreviver
  2. «Noticias diversas». O Estado de S. Paulo. 4 páginas. 1 de junho de 1909 
  3. a b «Com a nova illuminação, teremos novos relógios». Hemeroteca Digital Brasileira. A Gazeta (n.07414): p.3. 5 de outubro de 1930. Consultado em 21 de dezembro de 2023 
  4. «Os novos relogios públicos». Hemeroteca Digital Brasileira. A Gazeta (n.07465): p.2. 30 de dezembro de 1930. Consultado em 21 de dezembro de 2023 
  5. a b «Relogio publico "De Michele"». Hemeroteca Digital Brasileira. Correio Paulistano (n.24636): p.9. 10 de julho de 1936. Consultado em 21 de dezembro de 2023 
  6. a b Mateus, Nilson Tuna (5 de novembro de 1969). «Os relogios públicos estão desaparecendo». Hemeroteca Digital Brasileira. Cidade de Santos (n.815): p.7. Consultado em 21 de dezembro de 2023 
  7. Novo Milênio: Famosos relógios públicos da cidade
  8. Revista Veja: Conheça um dos relógios públicos mais antigos da capital
  9. a b c «Vão ser installados novos relogios publicos nas praças da Sé, Ramos de Azevedo e S. Bento». 1a Folha da Noite. 1 páginas. 23 de agosto de 1933 
  10. a b «Novo typo de relogios publicos». O Estado de S. Paulo. 6 páginas. 5 de outubro de 1930 
  11. «Os relogios publicos "De Nichile"». Folha da Manhã. 22 de dezembro de 1933 
  12. «Inaugura-se hoje o 5.o relógio Nichile». Hemeroteca Digital Brasileira. Correio de São Paulo (n.810): p.3. 24 de janeiro de 1935. Consultado em 21 de dezembro de 2023 
  13. a b Viviane Pereira (9 de agosto de 2011). «Resgatado mais um pedaço da história de Santos». Santos. A Tribuna: 16-18. Consultado em 7 de setembro de 2013. Arquivado do original em 15 de outubro de 2013 
  14. «Um antigo relógio público em Pitangueiras». Novo Milênio. Consultado em 7 de setembro de 2013 

Ver também[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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