Relações entre Libéria e Líbia

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Relações entre Libéria e Líbia
Bandeira da Libéria   Bandeira da Líbia
Mapa indicando localização da Libéria e da Líbia.
Mapa indicando localização da Libéria e da Líbia.
  Líbia

As relações entre Libéria e Líbia referem-se às relações atuais e históricas entre a Libéria e a Líbia. A história dessas relações é, em grande parte, fundamentada no desejo do líder líbio Muammar Gaddafi de se associar com o país da África Ocidental e seu apoio ao ex-presidente liberiano Charles McArthur Ghankay Taylor e seu grupo rebelde contra Samuel Doe. Ambos os países mantêm uma embaixada em suas respectivas capitais.

História[editar | editar código-fonte]

Dias após o golpe de Estado na Libéria em 1980 que depôs o governo de William R. Tolbert Jr., o governo líbio sob Muammar Gaddafi reconheceu o governo do líder golpista Samuel Doe, o primeiro país africano a fazê-lo. Doe também recebeu um convite de Gaddafi para visitar a capital líbia, Trípoli, gerando preocupação para os Estados Unidos.[1] No entanto, esta cordialidade diplomática pelo regime líbio foi recebida com ceticismo e desconfiança por Doe, que supôs que Gaddafi estava tentando trazer a Libéria a esfera de influência da Líbia como parte de suas ambições pan-africana.[2] O secretário de Estado adjunto dos Estados Unidos, Richard Moose, teria voado para a Libéria em um jato fretado com $10 milhões em dinheiro depois do golpe para exortar Doe a não se voltar para a Líbia por assistência financeira. A embaixada da Líbia em Monróvia foi fechada e seus diplomatas expulsos.[3]

Em uma entrevista de 1983, Doe declarou: "Gaddafi é um homem que, eu acho, gostaria de liderar todo o continente africano, o que é impossível de fazer", acrescentando que Gaddafi estava desestabilizando o continente ao patrocinar atividades terroristas, "o governo de Gaddafi paga terroristas para transportar explosivos para outros países africanos e, claro, nós, na Libéria, estamos conscientes da ameaça de Gaddafi e estamos muito cautelosos sobre isso". Depois que uma guerra estourou entre Líbia e Chade, Doe enviou uma equipe de oficiais militares a Israel para obter informações sobre a Líbia.[2][4]

Motivado pelo desejo de conter a Nigéria e uma aversão a Doe, Gaddafi começou a financiar grupos de oposição na Libéria, entre eles a Frente Patriótica Nacional da Libéria de Charles McArthur Ghankay Taylor, um grupo cujos membros receberam treinamento em armas na Líbia.[5][6]

Era Taylor[editar | editar código-fonte]

Depois que Charles McArthur Ghankay Taylor chegou ao poder na Libéria após a conclusão da Primeira Guerra Civil da Libéria, as relações diplomáticas com a Líbia foram restauradas. O tenente de Taylor, Moses Blah, que treinou com Taylor na Líbia antes da guerra civil, foi nomeado para ser o embaixador do país na Líbia.[7] Samuel Dokie, ex-aliado de Taylor, que também treinou na Líbia, chamou Taylor de "substituto de Gaddafi", e rotulou sua eleição como "a maior vitória de Gaddafi na África".[8]

Era moderna[editar | editar código-fonte]

Com a eclosão da Guerra Civil Líbia de 2011, Gaddafi voltou-se para os mercenários da África subsaariana para complementar as suas forças. Muitos desses mercenários eram liberianos que já haviam lutado com Charles McArthur Ghankay Taylor.[9] A Libéria mais uma vez rompeu relações com a Líbia em abril de 2011. Após as eleições líbias de 7 de julho de 2012, a Libéria reatou as relações com Trípoli em 16 de julho.[10] Em 2017, um protesto foi realizado fora da embaixada da Líbia em Monróvia, exigindo um melhor tratamento dos migrantes africanos apreendidos na Líbia, acusando o país de torturar e matar os liberianos.[11]

Referências

  1. Jesse N. Mongrue (5 de agosto de 2011). Liberia: America's Footprint in Africa: Making the Cultural, Social, and Political Connections. [S.l.]: iUniverse. pp. 79–. ISBN 978-1-4620-2165-9 
  2. a b Shipler, David K. (25 de agosto de 1983). «LIBERIAN ATTACKS LIBYAN AMBITION». NYTimes.com 
  3. Jesse N. Mongrue (5 de agosto de 2011). Liberia: America's Footprint in Africa: Making the Cultural, Social, and Political Connections. [S.l.]: iUniverse. p. 80. ISBN 978-1-4620-2165-9 
  4. Shipler, David K. (23 de agosto de 1983). «LIBERIAN VISITS ISRAEL AMID CONCERN OVER LIBYA». NYTimes.com 
  5. M. Cherif Bassiouni (13 de dezembro de 2013). Libya: From Repression to Revolution: A Record of Armed Conflict and International Law Violations, 2011-2013. [S.l.]: Martinus Nijhoff Publishers. pp. 110–. ISBN 978-90-04-25735-1 
  6. K. Ainley; R. Friedman; C. Mahony (16 de fevereiro de 2016). Evaluating Transitional Justice: Accountability and Peacebuilding in Post-Conflict Sierra Leone. [S.l.]: Springer. pp. 29–. ISBN 978-1-137-46822-2 
  7. Liberia. [S.l.]: New Africa Press. pp. 314–. GGKEY:48KHQXGN8WR 
  8. «The United States, Libya and the Liberian Civil War». Alicia Patterson Foundation. 7 de fevereiro de 2018 
  9. Editorial, Reuters (24 de fevereiro de 2011). «Analysis: Is Libya's Gaddafi turning to foreign mercenaries?». U.S. 
  10. Richard A. Lobban Jr.; Chris H. Dalton (17 de Abril de 2014). Libya: History and Revolution. [S.l.]: ABC-CLIO. pp. 70–. ISBN 978-1-4408-2885-0 
  11. Kanneh, Jackson F.; Contributor, FPA. «Liberians Call on Libyan Ambassador to Help Repatriate Liberians From Libya». FrontPageAfricaonline.com