Síndrome da resistência das vias aéreas superiores

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A síndrome da resistência das vias aéreas superiores (SRVAS) é um distúrbio do sono comum, causado pelo estreitamento das vias aéreas.[1][2] Os principais sintomas incluem fadiga excessiva e insônia crônica. A síndrome pode ser diagnosticadas por polissonografia e pode ser tratadas com mudanças de estilo de vida, dispositivos dentários ou terapia com CPAP.[3] O SRVAS é semelhante a certos tipos de apneias do sono.[4]

Sinais e sintomas[editar | editar código-fonte]

Os sintomas são semelhantes aos da apneia obstrutiva do sono. Os mais comuns são: fadiga, sonolência diurna, sono não reparador e despertares frequentes durante o sono.

O problema pode resultar dificuldades em adormecer e permanecer dormindo, através de interrupções frequentes do sono.[5] Ronco alto também serve como um possível indicador da síndrome, mas não é um sintoma necessário para o diagnóstico.[4]

Alguns pacientes apresentam hipotensão, que pode causar tontura, outros também são mais propensos a ter dores de cabeça e síndrome do intestino irritável.[5]

Fisiopatologia[editar | editar código-fonte]

A síndrome da resistência das vias aéreas superiores é causada quando a via aérea superior se estreita sem fechar. Consequentemente, o fluxo de ar é reduzido ou compensado através de um aumento nos esforços inspiratórios. Este aumento da atividade dos músculos inspiratórios leva à despertares durante o sono, que os pacientes podem ou não ter consciência.[1]

Um paciente típico de SRVAS não é obeso e possui uma face triangular e mandíbula desalinhada, o que pode resultar em uma quantidade menor de espaço atrás da base da língua.[4] Os pacientes podem apresentar outras anormalidades anatômicas que podem causar o problema, como desvio de septo, hipertrofia dos cornetos inferiores ou colapso da válvula nasal.[2][6] Afeta números iguais de homens e mulheres.[1] Não está claro se é meramente uma fase que ocorre entre roncos simples e apneias do sono, ou se a SRVAS é uma síndrome que descreve um desvio da fisiologia normal das vias aéreas superiores.[1]

As crianças com SRVAS podem apresentar sintomas devido a pequenas anomalias dos ossos faciais ou devido a amídalas ou adenoides aumentadas.[7]

Diagnóstico[editar | editar código-fonte]

Polissonografias podem ajudar a diagnosticar SRVAS. Pacientes que com a síndrome geralmente apresentam múltiplos despertares de EEG durante o estudo do sono e pouca ou nenhuma evidência poligráfica de apneia obstrutiva ou diminuição dos níveis de oxigênio. Os despertares da síndrome, ou despertares relacionados ao esforço respiratório, geralmente duram de uma a três respirações.[6] Estes despertares podem ser devidos ao ronco, mas os pacientes não precisam roncar para tê-la.[4] Padrões de polissonografia devem apresentar ausência de apneias ou hipopnéias para levar ao diagnóstico de SRVAS.[1] Mesmo com a polissonografia, o diagnóstico da SRVAS pode ser difícil por causa de meios insuficientes para medir mudanças no fluxo de ar.[1] Essa falta de sensibilidade na detecção pode levar a erros de diagnóstico, já que pequenas alterações indetectáveis no fluxo de ar ainda podem ser responsáveis pelos despertares.[1] Para diagnosticar definitivamente a SRVAS, deve haver um padrão demonstrado de pressões esofágicas negativas maiores, seguidas por uma mudança rápida para um nível mais positivo levando a despertares. Isto pode ser confirmado com polissonografia invasiva que usa um transdutor de balão esofágico e um pneumotacógrafo completo.[6]

Com base nos sintomas, os pacientes são comumente diagnosticados erroneamente com síndrome da fadiga crônica, fibromialgia ou distúrbios psiquiátricos, como TDAH ou depressão.[5]

Tratamento[editar | editar código-fonte]

Medicamentos[editar | editar código-fonte]

Esteroides nasais podem ser prescritos para aliviar alergias nasais e outras condições nasais obstrutivas que podem causar SRVAS.[8]

Cirurgia[editar | editar código-fonte]

Em caso de obstrução nasal, opções podem ser septoplastia e turbinectomia.[2] Apesar de serem métodos de tratamentos menos comum, opções cirúrgicas incluem uvulopalatofaringoplastia, suspensão do osso hióide e linguloplastia. Esses procedimentos aumentam as dimensões das vias aéreas e reduzem o colapso desta.[3] Também se deve verificar se há presença de hérnia hiatal, que pode causar em uma pressão anormal no esôfago, que por consequência pode estreitar as vias aéreas durante o sono.[3] Redução do tecido palatal por radiofrequência também tem sido eficiente no tratamento de SRVAS.[9]

Tratamento em crianças[editar | editar código-fonte]

O tratamento primário para crianças é a remoção de amígdalas aumentadas e adenoides por meio de amigdalectomia e adenoidectomia. O tratamento ortodôntico focado na expansão pode ser recomendado para aumentar o espaço da língua e o CPAP também pode ser necessário para crianças com SRVAS.[7][8]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d e f g Shneerson, John M., ed. (2005). Sleep Medicine (Second ed.). New York: Blackwell Publishing. pp. 229-237.
  2. a b c de Oliveira, Pedro Wey Barbosa; Gregorio, Luciano Lobato; Silva, Rogério Santos; Bittencourt, Lia Rita Azevedo; Tufik, Sergio; Gregório, Luis Carlos (julho de 2016). «Orofacial-cervical alterations in individuals with upper airway resistance syndrome». Brazilian Journal of Otorhinolaryngology. 82 (4): 377–384. doi:10.1016/j.bjorl.2015.05.015 
  3. a b c de Godoy, Luciana B.M.; Palombini, Luciana O.; Guilleminault, Christian; Poyares, Dalva; Tufik, Sergio; Togeiro, Sonia M. (2015). "Treatment of upper airway resistance syndrome in adults: Where do we stand?". Sleep Science: 42–48 – via Elsevier.
  4. a b c d Cuelbras, Antonio (1996). Clinical Handbook of Sleep Disorders. New York: Butterworth-Heinemann. pp. 207.
  5. a b c Kushida, Clete A., ed. (2009). Handbook of Sleep Disorders (Second ed.). New York: Inform Healthcare. pp. 339–347.
  6. a b c Garcha, Puneet S.; Aboussouan, Loutfi S.; Minai, Omar (January 2013). "Sleep-Disordered Breathing". Cleveland Clinic Disease Management. Retrieved 15 March 2017.
  7. a b Guilleminault, Christian and Khramtsov, Andrei. (December 2001). “Upper airway resistance syndrome in children”. Seminars in Pediatric Neurology: 207-215 - via Elsevier.
  8. a b "Upper Airway Resistance Syndrome (UARS)". Stanford Medicine. Retrieved February 28, 2017.
  9. Exar EN, Collop NA (Apr 1999). "The upper airway resistance syndrome". Chest. 115 (4): 1127–39. doi:10.1378/chest.115.4.1127.