Saravaibe

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Saravaibe[1] é um neologismo criado pelo compositor brasileiro Edu Krieger a partir da junção de duas palavras, uma de língua portuguesa, “saravá”, e outra inglesa, “vibe”.

O termo “saravá" é utilizado nos rituais de origem africana, destacadamente o candomblé e a umbanda, como um mantra para atingir certos estados mentais ligados à espiritualidade (sendo desaconselhado o seu uso em situações não específicas).[2]Começou a ser popularizado no Brasil nos anos 1960 pelo compositor Vinícius de Moraes em seus shows e gravações (até então era considerado um termo chulo).[3]Seu significado remete a uma saudação no início e/ou fim de diálogo, e o dicionário Aurélio aponta que “saravá” é uma corruptela do português “salvar”.[4] Os adeptos da umbanda e candomblé, contudo, aludem à origem mística do termo (derivado do banto “Yaôava”), sendo que as suas sílabas, em separado, possuem significados distintos (“sa" – força, Senhor; “ra” – reinar, movimento; e “va” – natureza, energia).[5]

“Vibe”, por sua vez, traduzido do inglês, significa basicamente “vibração”,[6]sendo utilizada recentemente na gíria da língua portuguesa no Brasil para referir a estados de empatia e/ou sintonia entre pessoas e grupos. É também usado entre os jovens como sinônimo de “festa” ou “local agitado”. Outros sinônimos possíveis: “paz”, “harmonia”, “energias positivas”, “alto astral” etc.[carece de fontes?]

Além da aproximação sonora existente entre “saravá” e “vibe”, a expressão “saravaibe” (aportuguesando o “vibe” para “vaibe”) busca revelar ainda o sentido de “vibração sonora” que está presente em ambos os termos. “Saravaibe” também é a canção-tema de uma pesquisa desenvolvida há quatro anos por Edu Krieger,[7]cujo objetivo é aproximar a linguagem do funk carioca a outras expressões musicais advindas da cultura africana no Brasil e no mundo e ligá-las ao universo das harmonias, cadências e melodias da chamada MPB. A pesquisa foi citada por Caetano Veloso no texto de lançamento do disco Recanto, de canções do compositor interpretadas por Gal Costa, em 2011.[8]

Referências

  1. «LICHOTE, Leonardo. "Para além dos bailes, funk se reinventa e sofistica". In O Globo, Segundo Caderno, 13/12/2011=». Consultado em 20 de junho de 2013 
  2. BASTIDE, Roger et VERGER, Pierre Fatumbi. Olóòrisà: Escritos sobre a Religião dos Orixás. São Paulo: Ágora, 1981
  3. CASTELLO, José. O Poeta da Paixão. São Paulo: Companhia das Letras, 1994
  4. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986
  5. CARNEIRO, Edison. Religiões Negras: Notas de Etnografia Religiosa / Negros Bantos: Notas de Etnografia Religiosa e de Folclore. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1991
  6. MAYOR, Michael. Longman Dicionário. Rio de Janeiro: Pearson Longman, 2008
  7. «LICHOTE, Leonardo. "Para além dos bailes, funk se reinventa e sofistica". In O Globo, Segundo Caderno, 13/12/2011=». Consultado em 20 de junho de 2013 
  8. «VELOSO, Caetano. "Recanto". www.galcosta.com.br 14/12/2011=». Consultado em 20 de junho de 2013