Tiopês

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O tiopês é um socioleto nascido na década de 2000 nas comunidades de internet brasileiras que foi grandemente utilizado pelos adolescentes no meio online. É caracterizado pelo excesso de erros ortográficos, ausência de sinais de pontuação e erros de digitação propositais. Socioletos deste tipo não são exclusividade da língua portuguesa, havendo versões semelhantes no inglês, russo, filipino e outros idiomas.[1]

Origens[editar | editar código-fonte]

A etimologia do tiopês remete a "tiop", que é como a palavra "tipo" era comumente escrita neste socioleto. Acredita-se que o tiopês tenha surgido a partir de dois outros socioletos, o mistês e o alechat. O mistês foi criado em 2001 por blogueiros brasileiros que costumavam promover salas de bate-papo global (mIRC), onde o grande volume de mensagens escritas freneticamente produzia grande quantidade de erros ortográficos, que acabaram por virar moda nestes ambientes. Já o alechat nasceu numa comunidade de Orkut depois que o usuário Ale Crescini se popularizou pela grande quantidade de erros de digitação e de escrita. Outra linguagem que deve ter influenciado sua ascensão era a utilizada nas tirinhas Cersibon, que usavam uma variação do socioleto garble.[2]

Popularização[editar | editar código-fonte]

Rapidamente, o novo estilo de se comunicar na internet popularizou e, com isso, algumas pessoas passaram a se apropriar do socioleto e exagerá-lo, escrevendo textos praticamente incompreensíveis, o que desagradou alguns de seus "adeptos". Misto Eleazar, blogueiro popular que deu o nome ao mistês e que foi um dos fundadores do tiopês, tachou esta variação exacerbada como "lixo nuclear".[3]

Características[editar | editar código-fonte]

Uma frase em tiopês surge de pesadas transformações da norma culta da língua portuguesa. São transformações comuns:[2]

  • Omissão de acentos e hifens.
  • Trocar de lugar a última e a penúltima letra de alguma palavra: "fermento" vira "fermenot";
  • Substituir letras ou duplas de letras por outras que representam ou podem representar o mesmo fonema: "você" vira "vose", ou "jeito" vira "geito";
  • Substituir letras por outras que representam fonemas distintos: "amigo" é frequentemente escrito como "amico";
  • Reescrever palavras para que se pareçam com sua pronúncia, embora quase totalmente distintas da grafia padrão: "completam" vira "completao", "meu Deus" vira "meldels", "tchau" vira "tshal";
  • Suprimir vogais quando são precedidas por consoante que, soletrada, termina com a mesma vogal que a sucede na palavra: "parente" vira "parent", "capacete" vira "kpacete";
  • Omitir letras que não alteram a pronúncia da palavra: "quero" vira "qero", "alguém" vira "algem";
  • Substituir letras por algarismos, quando a pronúncia do número pode ser encaixada na palavra: "vocês" vira 6, "cacete" vira "k7".

Referências

  1. Cicarelli, Catarina (5 de dezembro de 2016). «Vose já olvil falr niço?: Calma, a frase acima não está escrita em português, mas sim em tiopês, um "idioma" surgido na internet». Veja. Consultado em 3 de outubro de 2021 
  2. a b Horta, Natália Botelho. “progeot finau como fas///”: a geração de sentido em socioletos da internet (Monografia). Brasília: Universidade de Brasília. 89 páginas. Consultado em 2 de outubro de 2021 
  3. «Arqueologia do tiopês». Blog Teletube. 10 de outubro de 2008. Consultado em 2 de outubro de 2021