Troca pulsada H/D

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Definição[editar | editar código-fonte]

A troca pulsada H/D é uma técnica criada por Walter Englander e Robert Baldwin, que tem por objetivo a determinação do curso temporal de resíduos individuais durante o dobramento de uma determinada proteína. Consiste na detecção da substituição de átomos acídicos de hidrogênio (como o das aminas e grupamentos hidroxila) por átomos de deutério (isótopo de 1H, também chamado de hidrogênio pesado ou 2H). Como o hidrogênio e o deutério possuem espectros de ressonância magnética e massas atômicas diferentes, a incorporação de deutério pode ser facilmente detectada utilizando-se estas propriedades. [1][2]

Detecção por ressonância magnética[editar | editar código-fonte]

Primeiramente, a proteína nativa é desnaturada com uma solução de cloreto de guanidina ou ureia em D2O (água deuterada, com deutério no lugar do hidrogênio). Os hidrogênios mais lábeis e acídicos (como os de aminas e os das cadeias laterais, mais expostos e em contato com o solvente) são substituídos por átomos de deutério. O dobramento é então iniciado em um aparelho de stopped flow, diluindo-se a solução desnaturante em H2O e reduzindo-se o pH de forma a interromper a troca de hidrogênio. Em seguida, o pH é aumentado (“pulso marcado”) para reiniciar a troca de hidrogênio. Com isso, os átomos de deutério do peptídeo que não formaram ligação de hidrogênio estão, portanto, livres para fazer a troca com o 1H, enquanto os que já formaram ligações, permanecem deuterados. A troca é novamente interrompida com a redução do pH e o dobramento é concluído. Com isso, através de ressonância magnética é possível identificar a taxa de incorporação de deutério e, portanto, a dinâmica e o tempo de dobramento de determinados resíduos individuais de uma proteína. [1][2][3]

Detecção por espectrometria de massa[editar | editar código-fonte]

O tempo de dobramento de uma proteína também pode ser avaliado através de espectrometria de massas, onde a proteína é desnaturada e posteriormente fragmentada geralmente com pepsina. Os fragmentos são então separados por HPLC e seu grau de deuteração é avaliado por espectrometria de massas. Ao contrário da detecção por ressonância magnética, a espectrometria não detecta informação estrutural sobre os resíduos individuais, mas pode determinar, através do grau de deuteração, subpopulações de fragmentos que assumiram diferentes tipos de dobramento.[1][2][3]

Referências

  1. a b c Voet, D., Voet, J.G. Bioquímica. 4º Edição. Porto Alegre: Artmed, 2013. 1482p.
  2. a b c Lehninger Principles of Biochemistry (4th Ed.) Nelson, D., and Cox, M.; W.H. Freeman and Company, New York, 2005, ISBN 0-7167-4339-6
  3. a b National High Magnetic Field Laboratory. https://nationalmaglab.org/