Usuária:Sarah Pereira Marcelino/Isabeldossantos
Porto do Dande | |
---|---|
Localização | |
País | Angola |
Localização | Dande |
Detalhes | |
Proprietário | Governo angolano |
Tipo de porto | Marítimo |
O Porto do Dande é um projeto de construção de um porto marítimo no município do Dande, na província de Bengo, na Angola.
Concessão[editar | editar código-fonte]
Em setembro de 2017, o Governo de Angola noticiou a construção do novo Porto da Barra do Dande, em virtude do esgotamento da capacidade do maior porto do país, o Porto de Luanda. O Decreto Presidencial 207/2017, assinado pelo então presidente da República, José Eduardo dos Santos, definiu uma área total de 197,2 quilômetros quadrados e um perímetro de 76,4 quilômetros para a instalação do novo porto da capital, a fim de possibilitar a movimentação de 3,2 milhões de toneladas de carga por ano e aumentar o tráfego do transporte marítimo na região.[1] Na época, o Governo afirmou que o Porto de Luanda estava altamente congestionado, com um tempo médio de espera superior a dez dias e que, por isso, a construção, exploração e manutenção do Porto da Barra do Dande seria um empreendimento prioritário, de interesse nacional e público, além de que a obra seria executada inteiramente com financiamento privado.[1] O decreto também previu a concessão do futuro porto à Atlantic Ventures, Sociedade de Desenvolvimento e Gestão Portuária e uma das empresas de Isabel dos Santos, por um período de 30 anos, incluindo a tarefa de licenciamento, concepção, financiamento, projeto, desenvolvimento técnico e sua construção, em parceria com o Porto de Luanda.[2][1]
Já em janeiro de 2018, o atual presidente da República, João Lourenço, revogou a concessão da obra que envolvia 1,5 milhões de dólares de investidores angolanos e estrangeiros, afirmando que o desenvolvimento e a implementação do Porto da Barra do Dande deveria ser atribuído por meio de concurso público.[3] Em julho do mesmo ano, a Atlantic Ventures emitiu um comunicado contestando a decisão, e argumentou que a lei aplicável ao projeto seria a de Concessões Portuárias e não a Lei de Contratos Públicos, ao contrário do que afirmava o atual governo. Com a decisão supostamente infundada de revogar a concessão, a empresa afirmou também que a decisão implicaria no pagamento de indenizações previstas pela lei do país e pelo Direito Internacional, acarretando em custos adicionais ao Estado e, portanto, ao contribuinte.[4] A empresa ainda destacou que a concessão cumpriu todos os requisitos legais aos quais estava obrigada, possuindo base legítima e legal, e salientou que o valor do investimento não é pago pelo Estado e que, tratando-se de uma concessão, a amortização do custo da obra do Porto da Barra do Dande seria paga com a rentabilidade da operação portuária ao longo do tempo, não contribuindo para o agravamento da dívida pública de Angola.[4] Além disso, a Atlantic Ventures ressaltou que o modelo de concessão do Porto do Dande é o mais recomendado pelo Banco Mundial, já que permite aos Estados beneficiar grandes investimentos privados para a construção de infraestruturas necessárias sem recurso à dinheiro público, e que aceleram o desenvolvimento econômico do país.[4] Por fim, a Atlantic Ventures afirmou que a decisão implica na perda de credibilidade de Angola nos mercados internacionais e assumiu, com a construção do novo porto e áreas adjacentes, o compromisso da criação de 5.000 novos empregos nos próximos anos, além de mostrar-se disponível à negociação, a fim de retomar a implementação do projeto.[4][3]
Em resposta à Atlantic Ventures, o governo angolano divulgou uma nota afirmando que a renegociação não é uma possibilidade. Em seus esclarecimentos, o Governo contrapôs o posicionamento da empresa em questões como: 1) as recomendações do Banco Mundial em relação ao projeto; 2) a credibilidade de Angola no mercado internacional; 3) dúvidas sobre o custeio do empreendimento; e 4) a responsabilidade da empresa executora do projeto em relação às responsabilidades contratuais. Nesse sentido, para o Governo de Angola a nota da Atlantic Ventures foi interpretada como trazendo afirmações “abusivas e grosseiras” em relação ao Estado, sobre as quais alguns veículos de imprensa associaram ao nome de Isabel dos Santos.[5] Já em 2020, Isabel dos Santos foi oficialmente acusada de fraude e lavagem de dinheiro pelo Ministério Público de Angola, com relação ao período em que foi presidente da estatal de petróleo, Sonangol.[6][7] Em defesa, Isabel declarou prontidão e coerência nos esclarecimentos sobre qualquer acusação, enquanto que alguns portais de notícias impulsionaram o discurso de perseguição política por parte do atual presidente de Angola, João Lourenço, contra a empresária.[7] Ante a imprecisão dos acontecimentos, as autoridades do governo angolano iniciaram um projeto de planejamento multissetorial com o objetivo de colocar em prática a construção do futuro Porto da Barra do Dande e seus arredores, tendo em vista o controle de queda das receitas de petróleo. Dessa forma, orçado em 600 milhões de dólares, o complexo estratégico de gás, combustíveis e lubrificantes, que será gerenciado pela Sonangol, está sendo coordenado pelo Ministro de Estado para Coordenação Econômica, Manuel José Nunes Júnior, responsável pelos termos do acordo e contrato de concessão, e que recebe a assistência de outros ministérios e instituições.[8]
Referências
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- Ango Notícias (2020). «Emirados Árabes Unidos investem no futuro terminal de petróleos da Barra do Dande». Consultado em 22 de julho de 2020. Cópia arquivada em 22 de julho de 2020
- Chambassuco, Martins (2017). «Garantia de 1,5 mil milhões para novo Porto do Dande». Consultado em 22 de julho de 2020. Cópia arquivada em 22 de julho de 2020
- Estado de Minas Internacional (2020). «Isabel dos Santos é acusada de fraude e lavagem de dinheiro em Angola». Consultado em 22 de julho de 2020. Cópia arquivada em 22 de julho de 2020
- Folha 8 (2020). «Isabel "perde" projecto que foi apoiado por Lourenço». Consultado em 22 de julho de 2020. Cópia arquivada em 22 de julho de 2020
- Notícias R7 (2020). «Ministério Público de Angola acusa Isabel dos Santos de corrupção». Consultado em 22 de julho de 2020. Cópia arquivada em 22 de julho de 2020
- Portugal Digital (2018). «Governo angolano diz que é irreversível revogação de concessão portuária». Consultado em 22 de julho de 2020. Cópia arquivada em 22 de julho de 2020
- Vox Nova Angola 1 (2018). «Comunicado, Atlantic Ventures: Concessão do porto da Barra do Dande». Consultado em 22 de julho de 2020. Cópia arquivada em 22 de julho de 2020
- Vox Nova Angola 2 (2018). «Isabel dos Santos quer indemnização do Governo angolano por perda de negócio». Consultado em 22 de julho de 2020. Cópia arquivada em 22 de julho de 2020
Categoria:Portos de Angola Categoria:Municípios da província do Bengo