Usuário(a):BlitzkriegBoop/Julieta Ferrão
Julieta Bárbara Ferrão (Lisboa, 4 Dezembro de 1899 - 27 de Julho de 1974) foi uma historiadora de arte e escritora portuguesa, a primeira directora do Museu Rafael Bordalo Pinheiro e a primeira conservadora dos Museus Municipais de Câmara Municipal de Lisboa.
Biografia[editar | editar código-fonte]
Nasce na freguesia de São Nicolau, e é sobrinha por afinidade e afilhada do poeta e coleccionador de arte de Rafael Bordalo Pinheiro, Artur Ernesto Santa Cruz Magalhães (era sobrinha da segunda mulher de Cruz Magalhães, Maria Ludovina Pinheiro).[1]
Estuda violino e escultura com Raul Xavier, e desde cedo se integra no mundo das artes e tem contacto com artistas. A partir de 1918 é cronista da Gazeta do Porto, e escreve também ao longo da vida para várias publicações, dentre as quais A Capital, O Século, A Ilustração Portuguesa, Modas e Bordados, Diário de Notícias, Feira da Ladra, Brasil Feminino, Portvcale, Prisma, Gaceta Literaria (publicada em Madrid), Os nossos Filhos, Jornal da Mocidade Feminina e Revista Municipal. Colabora também com publicações internacionais, como a Museum, e a Musées et Monuments. É também nesse ano que se torna sócia da Sociedade Nacional de Belas Artes, proposta pela pintora Fanny Munró.
Pertenceu a várias associações e grémios femininos, dentre os quais a Cruzada das Mulheres Portuguesas, e a Associação Feminina Portuguesa para a Paz, e teve desta forma contacto com figuras de relevo do movimento feminista, como Ana de Castro Osório, Alice Moderno, Maria Lamas e Elina Guimarães
Pensa-se que a médica Branca Rumina terá sido sua companheira de vida
Museu Rafael Bordalo Pinheiro[editar | editar código-fonte]
Com apenas 17 anos assume responsabilidades na fundação do Museu Rafael Bordalo Pinheiro, em parceria com Cruz Magalhães e negoceia peças de arte.[2] Em 1920 torna-se secretária do museu e do Grupo de Amigos Defensores do Museu.[2]
Foi curadora-chefe dos Museus Municipais de Lisboa e primeira diretora do Museu Rafael Bordalo Pinheiro desde a sua conversão a museu público, em 1924 até à sua reforma, em 1969.[2][3] A ela se devem numerosos trabalhos sobre a vida e obra de Rafael Bordalo Pinheiro, incluindo a Monografia do Museu Rafael Bordalo Pinheiro, publicada em 1922. Em 1927 assume o cargo de directora-consevadora do Museu.[2]
É a primeira mulher a desempenhar o cargo de 1a Conservadora dos Museus Municipais de Lisboa, no seguimento de uma reorganização dos Serviços culturais levado a cabo pela Câmara Municipal em 1942, e em 1046 torna'se também Chefe da Secção de Bibliotecas e Arquivo Histórico.[4]
Em 1964 recebe a medalha de ouro por 40 anos de serviço à Câmara Municipal de Lisboa.[2]
Em 1969 reforma-se e é depois convidada a integrar a Comissão Consultiva Municipal de Toponímia, o que faz a partir do dia 21 de outubro de 1970 e até 22 de fevereiro de 1974, sendo a primeira mulher a ocupar uma posição nesta comissão.[4][5]
Pertenceu à Sociedade Nacional de Belas Artes, à Cruzada das Mulheres Portuguesas, à Associação Feminina Portuguesa para a Paz e ao Grupo Amigos de Lisboa.
Desde 1978 que existe uma rua com o seu nome na freguesia das Avenidas Novas, em Lisboa.[5]
Obras publicadas[editar | editar código-fonte]
- 1922: Monografia do Museu Rafael Bordalo Pinheiro
- 1924: Rafael Bordalo Pinheiro e a Crítica
- 1927: Guia do Museu Rafael Bordalo Pinheiro
- 1933: Rafael Bordalo e a Faiança das Caldas
- 1952: Lisboa, Lisbon, Lisbonne
- 1955: A Conquista de Lisboa por Um Caldense
- 1956: Vieira Lusitano
- 1956: Nova Colecção de Arte Portuguesa
- 1962: Há 70 anos
Referências
- ↑ LEANDRO, Sandra (Maio 2014). «Desenhar Julieta Ferrão (1899-1974): a primeira directora de um Museu em Portugal». Universidade Nova de Lisboa; Colibri. Faces de Eva: estudos sobre a mulher (31): 41-60. ISSN 0874-6885
- ↑ a b c d e Paiva, Ana Sofia (15 de outubro de 2019). «Julieta Bárbara Ferrão, uma marca dos museus de Lisboa». FCSH+Lisboa. Consultado em 20 de fevereiro de 2021
- ↑ Teixeira, Margarida da Palma Graça (4 de abril de 2016). «Génese do Museu Rafael Bordalo Pinheiro (1913-1924) : Cruz Magalhães, o coleccionador Bordaliano : um museu na Primeira República». Consultado em 20 de fevereiro de 2021
- ↑ a b «Julieta Ferrão (1899-1974)». Museu Bordalo Pinheiro. Consultado em 11 de abril de 2023
- ↑ a b «Rua Julieta Ferrão». Toponímia de Lisboa. 12 de fevereiro de 2019. Consultado em 11 de abril de 2023
- Arsénio Sampaio de Andrade: Dicionário histórico e biográfico de artistas e técnicos portugueses: Séc. XIV - XX. - Lisboa, 1959
- Instituto Português do Livro e das Bibliotecas (ed. ): Dicionário Cronológico de Autores Portugueses. - Mem Martins : Publicações Europa-América, 1985-1994
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