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Termogravimetria[editar | editar código-fonte]

Típico aparelho de TGA
Típico aparelho de TGA

Termogravimetria ou análise termogravimétrica (TGA - do inglês Thermogravimetric analysis) é uma técnica destrutiva no ramo de análises témicas, na qual se monitora a variação da massa de uma amostra em função da temperatura ou do tempo em um ambiente de temperatura e atmosfera controladas. Seu princípio de funcionamento é simples: analisar a perda ou a agregação de massa à amostra em temperaturas variadas.[1] Em geral os métodos térmicos encontram ampla aplicação tanto no controle de qualidade quanto na pesquisa de produtos industiais (a exemplo de polímeros, fármacos, argilas, minerais e ligas metálicas.[2]

Introdução[editar | editar código-fonte]

Um aparelho de TGA apresenta como peças principais: uma balança de precisão, cadinhos feitos de material inerte, forno, termopares e um sistema de passagem de gás (comumente chamado de purga). A amostra em questão é inserida em um cadinho e levada ao forno em um suporte ligado à balança. A temperatura é programada para variar no tempo segundo critérios prédefinidos, enquanto a balança fornece os dados da massa da amostra em função do tempo. O sistema de controle atmosférico é de grande importância, pois os gases presentes no momento da análise podem ou não reagir com a amostra, tendo efeitos diretos nas variações de massa. Veja o exemplo abaixo da decomposição de CaCO3 em atmosfera inerte:

CaCO3(s) + calor → CaO(s) + CO2(g)

Nessa reação um dos produtos é liberado na forma gasosa. Durante a análise termogravimétrica, mais desse produto é gerado com o aumento da temperatura e retirado do ambiente com o sistema de passagem de gás, sem deixa a reação atingir equilíbrio químico. Desse modo essa etapa, será registrada como uma perda de massa no gráfico de massa por temperatura, característico das medidas de TG[3]. A temperatura nesse ponto é chamada temperatura de eliminação.

Os resultados finais de TGA são mostrados na forma de um gráfico cuja abscissa é referente à temperatura(T) e a ordenada, massa(M), sendo muitas vezes difícil estimar o ponto no qual houve a temperatura de eliminação, tendo em vista que a perda de massa não é sempre abrupta, mas sim suave em muitos casos. Uma prática saída encontrada é a sobreposição da curva de DTG (do inglês derivative thermogravimetry) no mesmo gráfico, que representa a derivada da primeira curva, ou seja, dM/dT por T, sendo considerada a temperatura de eliminação o pico (mínimo para perda de massa e máximo para agregação de massa) desse gráfico. Desse modo, por exemplo, a seguintes reações endotérmicas serão marcadas por três mínimos na curva de DTG[3]:

Ca(COO)2·H2O → Ca(COO)2 + H2O
Ca(COO)2 → CaCO3 + CO
CaCO3 → CaO + CO2

A perda de massa da primeira reação é divido à vaporização da água à medida em que ela é produzida, pois essas etapas ocorrem a centenas de graus Celsius. Na segunda e terceira reação CO e CO2 são gasosos e saem naturalmente da amostra.

Aplicações[editar | editar código-fonte]

Em nanotecnologia[editar | editar código-fonte]

Essa técnica também é bastante usada para caracterização de materias nanoestruturados, como filmes finos, micelas, cerâmicos porosos e principalmente em nanopartículas e materiais de carbono como fulereno, grafeno e nanotubos de carbono. Em atmosfera inerte pode-se identificar defeitos estruturais, ligantes e grau de funcionalização, enquanto em atmosfera oxidante pode-se avaliar a disperção de diâmetro e número de paredes em nanotubos multiwall e massa residual de catalisadores.

Nanotubos[editar | editar código-fonte]

Dentre muitos possíveis usos da técnica em nanotubos, podemos citar: a análise da estabilidade térmica de nanotubos de carbono funcionalizados, na qual os grupos funcionais representam a primeira perda significativa de massa na região entre 200-400ºC, seguida da perda do esqueleto de carbono do nanotubo na região de 400-600°C, tendo a temperaturas maiores apenas a presença de possíveis metais usados na catálise[4]; outra tendência para no ramo de nanotubos é a funcionalização com polímeros ligados covalentemente ao esqueleto de carbono, podendo-se atribuir-lhe a quantificação de massa de polímero ligada covalentemente, uma vez que as cadeias poliméricas serão eliminadas a uma temperatura que depende da força da ligação ao esqueleto, que por sua vez a técnica também vai confirmar tal tipo de ligação[5]; ainda no campo de resistência témica, técnicas termogravimétricas podem ser utilizadas em compósitos biodegradáveis para checar a interação entre o material estudado e diversos agentes inorgânicos, uma vez que a liberação desses ligantes está diretamente relacionada com a sua temperatura de eliminação ou mesmo de transição vítrea. Nesse último caso, é comum o uso conjunto de DSC para verificar as etapas de transição de fases[6].

Nanopartículas[editar | editar código-fonte]

A análise termica de nanopartículas vem se tornando mais comum à medida em que a manipulação de sua superfície se expande e novas idéias para seu aproveitamento são difundidas. A síntese das nanopartículas e seu recobrimento com outros materiais, tal como seu uso em catálise representa grande parte dos artigos científicos relacionados a este material. Nesse sentido, os métodos térmicos desempenham um papel significativo na sua caracterização, sendo possível, além das medidas clássicas de temperaturas de eliminação, verificar a reatividade da superfície com a atmosfera escolhida. Nesse caso, pode-se escolher vários gases como atmosfera e verificar o ganho de massa quando a atmosfera for reativa à nanopartícula ou à espécie química adsorvida[7]. Ainda no ramo da catálise, é possível identificar o tipo de ligação entre a nanopartícula e as moléculas em questão, portanto diferenciar entre moléculas adsorvidas fisica ou quimicamente de acordo com o pico de perda de massa, que depende da força de ligação[8].

Outros materiais nanoestruturados[editar | editar código-fonte]

Em outros sistemas como superfícies nanoestruturadas, pode-se obter informação sobre o grau de hidratação do material, tal como a sua resistência térmica à desidratação, que ocorre primariamente com as moléculas de água adsorvidas e, em seguinte, com a possível desidratação química do material[9]. Nos estudos de filmes finos, sua estabilidade térmica está ligada à formação de vários intermediários antes da última etapa de eliminação. Nesses casos o cálculo teórico de diferença de entalpia e entropia da formação dos intermediários em paralelo com os resultados mostrados pelo TGA representam importante informação a cerca da cinética e dos mecanismos da reação, pois pode-se observar claramente a mudança de massa em cada etapa.[10]

Referências

  1. Perkinelmer , "Thermogravimetric Analysis (TGA): A Beginer's Guide",perkinelmer.com - TGABeginnersGuide.pdf visitado em 25/02/2013
  2. SKOOG, Douglas A.; HOLLER, F. James; NIEMAN, Timothy A. (2002). Princípios de Análise Instrumental. [S.l.]: Bookman. ISBN 85-7307-976-2 
  3. a b Haines, P. J. (1992). Principles of Thermal Analysis And Calorimetry. Cambridge,UK: Lynx Edicions. ISBN 0-85404-610-0 
  4. Yi Lin, Apparao M. Rao, Bindu Sadanadan, Edward A. Kenik, and Ya-Ping Sun (2002). «Functionalizing Multiple-Walled Carbon Nanotubes with Aminopolymers». J. Phys. Chem. B. 106: 1294-1298. doi:10.1021/jp013501v 
  5. HUANG,H. -M.; LIU, I C.; CHANG, C. -Y.; TSAI, H. C.; HSU, C. -H.; TSIANG, R. C. -C. (2004). «Preparing a Polystyrene-Functionalized Multiple-Walled Carbon Nanotubes via Covalently Linking Acyl Chloride Functionalities with Living Polystyryllithium». Wiley InterScience (www.interscience.wiley.com). doi:10.1002/pola.20424 
  6. C.-S. Wu, H.-T. Liao (2004). «Study on the preparation and characterization of biodegradable polylactide/multi-walled carbon nanotubes nanocomposites». ScienceDirect (www.interscience.wiley.com). doi:10.1016/j.polymer.2007.06.004 
  7. P. Roonasi, A. Holmgren (2009). «A Fourier transform infrared (FTIR) and thermogravimetric analysis (TGA) study of oleate adsorbed on magnetite nano-particle surface». Applied Surface Science. 255: 5891–5895. doi:10.1016/j.apsusc.2009.01.031 
  8. M. Rudolph; et al. (2012). «A TGA–FTIR perspective of fatty acid adsorbed on magnetitenanoparticles–Decomposition steps and magnetite reduction». Colloids and Surfaces A: Physicochem. Eng. Aspects. 397: 16– 23. doi:10.1016/j.colsurfa.2012.01.020 
  9. Davood Habibi, Ali Reza Faraji, M. Arshadi, J.L.G. (2013). «Characterization and catalytic activity of a novel Fe nano-catalyst as efficient heterogeneous catalyst for selective oxidation of ethylbenzene, cyclohexene, and benzylalcohol». Journal of Molecular Catalysis A: Chemical. doi:10.1016/j.molcata.2013.02.014 
  10. S.M.S. Haggag; et al. (2011). «Synthesis, characterization and optical–electrical properties of the thin film deposited nano-Co(II)-8-hydroxy-5-nitrosoquinolate complex via the layer-by-layer chemical deposition technique». Polyhedron. doi:10.1016/j.poly.2011.03.022