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Em análise sintática, adjunto adverbial é um termo ou termos acessórios de uma oração que adicionam uma circunstância a um verbo, ou intensificam a ideia expressa por um verbo, adjetivo ou advérbio.[1] Como termo acessório, costuma vir ao final da oração, sendo comumente introduzido por preposição. Do ponto de vista morfológico, todo adjunto adverbial tem valor adverbial,[2] sendo por isso invariável.
Exemplos[editar | editar código-fonte]
O adjunto adverbial irá exprimir alguma circunstância acerca do fato expresso pelo verbo, ou intensificar seu sentido, ou o sentido de um advérbio ou adjetivo.[2]
- Meninas numa tarde brincavam de roda na praça.[3]
- "Numa tarde", "de roda" e "na praça" expressam a circunstância do verbo brincar; respectivamente, de tempo ("numa tarde"), de modo ("de roda") e de lugar ("na praça").
- Eles riram muito.[1]
- "Muito" intensifica o verbo rir.
- Este é um automóvel bastante estragado.[1]
- "Bastante" intensifica o adjetivo estragado.
- O time jogou muito mal.[4]
- "Mal" expressa a circunstância do verbo jogar; já "muito" intensifica o advérbio mal.
O adjunto adverbial também pode se referir a uma oração inteira:
- Felizmente ele chegou.
- Nos dizeres de Evanildo Bechara, "O advérbio felizmente não se refere particularmente nem a ele nem a chegou, mas à declaração total. Chama-se então advérbio de oração".[5]
A função de adjunto adverbial será sempre desempenhada por um advérbio, locução adverbial ou uma oração.[6][7]
- Visito-o diariamente.[8]
- Advérbio desempenhando a função de adjunto adverbial.
- Partiremos de madrugada.[8]
- Locução adverbial desempenhando a função de adjunto adverbial.
- Quando acordou, já Lisa ali estava.[7]
- Oração de valor adverbial desempenhando a função de adjunto adverbial.
Principais circunstâncias expressas pelos adjuntos adverbiais[editar | editar código-fonte]
Tipo de circunstância | Exemplos | Tipo de circunstância | Exemplos |
---|---|---|---|
Assunto | Falavam de gramática.[9]
O professor dissertava sobre Geografia.[10] Especializou-se em grego.[9] |
Causa | Consumia-se de tédio.[9]
Com o calor, o poço secou.[11] Desistiu do concurso, por moléstia.[12] |
Companhia | O capitão com seus soldados desbaratou o inimigo.[13]
Sairei contigo.[9] Fui ao cinema com sua prima.[4] |
Concessão | Apesar do mau tempo, o avião levantou voo.[14] |
Condição | Sem esforço, não progredirás.[9]
Sem minha autorização, você não irá.[4] |
Conformidade | Pagar dízimos, segundo o costume.[9]
Deus criou o homem à sua imagem e semelhança.[12] |
Dúvida | Talvez aprenda a lição.[10]
Acaso meu pai entenderia mesmo de poemas?[15] |
Fim | Preparou-se para o passeio.[10]
Vive para o estudo.[9] O sino tocava à missa.[12] |
Instrumento | Abriu a porta com a chave.[10]
Preferia pintar a óleo.[9] |
Intensidade | Escreve muito bem.[16]
Dormi pouco.[9] |
Lugar | Vou à cidade.[16]
Saiu de casa.[16] Voltaremos pelo túnel.[9] |
Modo | Fala bem.
Saiu às pressas.[16] Vagarosamente ela foi recolhendo o fio.[17] |
Tempo | Amanhã viajarão.[16]
A Custódia esteve cinco anos na clausura.[17] Já não quero sair.[16] |
Afirmação | Sim, eles virão.[16]
Sem dúvida nenhuma irei.[18] |
Negação | Não responderam às perguntas feitas.[16] | Conformidade | Fez a casa conforme a planta.[16] |
Em determinadas orações não é possível definir com precisão a circunstância expressa por um adjunto adverbial. Pasquale Cipro Neto e Ulisses Infante dão o seguinte exemplo:
- Entreguei-me calorosamente àquela causa.
Segundo os autores, no caso acima "é difícil precisar se calorosamente é um adjunto adverbial de modo ou intensidade; na verdade, parece ser uma forma de expressar ao mesmo tempo as duas circunstâncias". Concluem afirmando que o contexto da oração deve ser levado em conta na correta identificação da circunstância.[4]
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- Almeida, Napoleão Mendes de (2009). Gramática metódica da língua portuguesa 46ª ed. São Paulo: Saraiva. ISBN 978-85-02-05430-1
- Bechara, Evanildo (2014). Lições de Português pela análise sintática 19ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira
- Bechara, Evanildo (2019). Moderna Gramática Portuguesa 39ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira
- Cegalla, Domingos Paschoal (2008). Novíssima gramática da língua portuguesa. São Paulo: Companhia Editora Nacional.
- Cipro Neto, Pasquale; Infante, Ulisses (2008). Gramática da Língua Portuguesa 3ª ed. São Paulo: Scipione.
- Cunha, Celso; Cintra, Lindley (2017). Nova gramática do português contemporâneo 7ª ed. Rio de Janeiro: Lexikon.
- Kury, Adriano da Gama (2006). Novas lições de análise sintática 9ª ed. São Paulo: Ática.
- Lima, Rocha (2011). Gramática normativa da língua portuguesa 49ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio.
Referências[editar | editar código-fonte]
- ↑ a b c Kury 2006, p. 55
- ↑ a b Cunha & Cintra 2017, p. 165
- ↑ Cegalla 2008, p. 364
- ↑ a b c d Cipro Neto & Ulisses 2008, p. 390
- ↑ Bechara 2014, p. 167
- ↑ Cipro Neto & Ulisses 2008, p. 389
- ↑ a b Cunha & Cintra 2017, p. 165-166
- ↑ a b Lima 2011, p. 318
- ↑ a b c d e f g h i j Kury 2006, p. 56
- ↑ a b c d Bechara 2014, p. 143
- ↑ Cipro Neto & Ulisses 2008, p. 391
- ↑ a b c Lima 2011, p. 319
- ↑ Bechara 2019, p. 600
- ↑ Lima 2011, p. 319
- ↑ Cunha & Cintra 2017, p. 167
- ↑ a b c d e f g h i Bechara 2014, p. 144
- ↑ a b Cunha & Cintra 2017, p. 169
- ↑ Almeida 2009, p. 434