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Camelo: diferenças entre revisões

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Os '''camelos''' (''Camelus'') constituem um [[género (biologia)|género]] de [[ungulado]]s [[artiodáctilo]]s (com um par de dedos de apoio em cada pata) que contém duas [[espécie]]s: o [[dromedário]] (''Camelus dromedarius''), de uma [[corcova]] e o [[camelo-bactriano]] (''Camelus bactrianus''), de dois sacos. Ambos são nativos de áreas secas e desérticas da [[Ásia]] e [[Norte da África]].
Os '''camelos''' (''Camelus'') constituem um [[género (biologia)|género]] de [[ungulado]]s [[artiodáctilo]]s (com um par de dedos de apoio em cada pata) que contém duas [[espécie]]s: o [[dromedário]] (''Camelus dromedarius''), de uma [[corcova]] e o [[camelo-bactriano]] (''Camelus bactrianus''), de dois sacos. Ambos são nativos de áreas secas e desérticas da [[Ásia]] e [[Norte da África]]. Ambas as espécies são domesticadas, que fornecem leite e carne, e são animais de tração. Os humanos têm [[Domesticação|domesticado]]s camelos há milhares de anos.


O nome camelo vem do [[Língua grega|grego]] ''kamelos'' a partir do [[hebraico]] ''gamal'', "camelo".<ref>Oxford English Dictionary, 2nd edition, entry ''camel (noun)''</ref> Espécies extintas do gênero foram o ''Camelus hesternus'', ''Camelus gigas'' e ''Camelus sivalensis''.
O nome camelo vem do [[Língua grega|grego]] ''kamelos'' a partir do [[hebraico]] ou [[fenício]] ''gāmāl'', "camelo", possivelmente a partir de uma raiz que significa suportar ou carregar (relacionado com o [[árabe]] ''jamala'').<ref>Oxford English Dictionary, 2nd edition, entry ''camel (noun)''</ref> Espécies extintas do gênero foram o ''Camelus hesternus'', ''Camelus gigas'' e ''Camelus sivalensis''.


O termo ''camelo'' é usado para descrever qualquer uma das seis espécies da [[família]] [[Camelidae]]: os dois camelos verdadeiros e os quatro camelídeos [[América do Sul|sul-americanos]]: a [[lhama]], a [[alpaca]], o [[guanaco]] e a [[vicunha]].
Junto a família dos camelídeos, temos quatro animais [[América do Sul|sul-americanos]]: a [[lhama]], a [[alpaca]], o [[guanaco]] e a [[vicunha]].


As evidências fósseis indicam que os ancestrais dos camelos modernos evoluíram na [[América do Norte]] durante o período [[Paleogeno]], os [[Camelops]], e depois se espalhou para vários lugares da Ásia e Norte da África. Povos antigos da [[Somália]], os [[Punt]]s, domesticaram primeiros camelos muito antes de 2000 a.C.
Os humanos têm [[Domesticação|domesticado]] camelos há milhares de anos. Tanto o dromedário como o camelo-bactriano são usados para obtenção de leite, carne e como animais de carga - o dromedário no norte da [[África]] e [[Oriente Médio]] e o camelo-bactriano na [[Ásia Central]].


Mesmo existindo cerca de 13 milhões de dromedários hoje em dia, eles estão extintos como animais selvagens. Há, porém, uma população selvagem considerável de cerca de 32 000 que vivem nos desertos da [[Austrália]] central, descendentes de indivíduos que escaparam no século XIX.
Mesmo existindo cerca de 13 milhões de dromedários hoje em dia, eles estão extintos como animais selvagens. Há, porém, uma população selvagem considerável de cerca de 32 000 que vivem nos desertos da [[Austrália]] central, descendentes de indivíduos que escaparam no século XIX.

== Descrição ==
A expectativa média de vida de um camelo é de 40 a 50 anos. Um camelo adulto plenamente crescido alcança os 1,85 m até o ombro e 2,15 m de comprimento. A corcova mede cerca de 75 cm. Camelos pode alcançar até os 65 km/h.


São instrumentos de travessia no deserto pois não necessitam ficar bebendo água a todo momento e constituem o transporte mais rápido pois os camelos são animais preparados para o deserto. Ambos são animais [[herbívoro]]s. Chama-se cáfila a uma caravana de camelos. Quando se sentem ameaçados por outros indivíduos, geralmente cospem no sujeito em questão, em situações extremas podem morder.<ref name=edu/>
São instrumentos de travessia no deserto pois não necessitam ficar bebendo água a todo momento e constituem o transporte mais rápido pois os camelos são animais preparados para o deserto. Ambos são animais [[herbívoro]]s. Chama-se cáfila a uma caravana de camelos. Quando se sentem ameaçados por outros indivíduos, geralmente cospem no sujeito em questão, em situações extremas podem morder.<ref name=edu/>


== Distribuição ==
==Adaptação==
[[Ficheiro:Camelus ferus distribution.svg|250px|thumb|População selvagem em [[deserto de Gobi|Gobi]].]]
Os 14 milhões de dromedários hoje vivas são animais domesticados (a maioria vivendo no [[Chifre da África]], no [[Sahel]], [[Magrebe]], [[Oriente Médio]] e [[Sul da Ásia]]). Nesta região tem a maior concentração de camelos do mundo, onde os dromedários constituem uma parte importante da vida nômade local.

Já os camelos bactrianos são menos, cerca de 1,4 milhões deles, principalmente domésticos. Pensa-se que existem cerca de 1.000 camelos selvagens bactrianos no [[deserto de Gobi]], na [[China]] e na [[Mongólia]].

Há uma substancial população feral de camelos dromedários estimados em até 1 milhão nas regiões centrais da [[Austrália]], descendentes de indivíduos introduzidos como um meio de transporte no [[século XIX]] e início do [[século XX]]. Essa população está crescendo em cerca de 8% ao ano. O governo do Sul da Austrália decidiu recentemente abater os animais usando atirador aérea, em parte porque os camelos usam muito dos limitados recursos necessários para os criadores de ovinos.

Uma pequena população introduzida de camelos, dromedários e bactrianos, sobreviveu no sudoeste dos Estados Unidos até a segunda metade do século XX. Estes animais, importados da [[Turquia]], fizeram parte do experimento do ''U.S. Camel Corps'' e usados ​​como animais de tração em minas e fugiram ou foram libertados depois que o projeto foi encerrado. Vinte e três camelos bactrianos foram levados para o [[Canadá]] durante a [[Febre do ouro]] de Cariboo.

No [[Região Nordeste do Brasil|Nordeste brasileiro]], o animal resistente à escassez de água e comida poderia ser boa pedida para tração e carga, então o imperador [[D. Pedro II]] decidiu apostar na experiência da Comissão do Ceará, organizada pelo [[Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro]], e trazer camelos para o Brasil. Em julho de [[1859]], desembarcaram no Brasil 14 camelos vindos da [[Argélia]]. Porém, o pequeno rebanho padeceu com a falta de criadores especializados. A longa gestação das fêmeas, que dura cerca de um ano, ultrapassava os prazos pretendidos para a formação de criações maiores, que acabaram cessando. Aos animais que conseguiram se aclimatar, foi reservado o inusitado papel de atração turística.<ref>[http://www.almanaquebrasil.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=5714:comissao-das-borboletas-leva-camelos-para-o-ceara&catid=14:ciencia&Itemid=133 Almanaque Brasil]</ref>

== Adaptações Eco-comportamentais ==
[[Ficheiro:Desert road camel-other.jpg|250px|thumb|Camelo no deserto]]
[[Ficheiro:Pushkar watering hole.jpg|250px|thumb|Camelos bebendo água.]]
[[Ficheiro:Camel Skeleton - Richard Owen - On the Anatomy of Vertebrates (1866).jpg|250px|thumb|Ilustração do esqueleto do camelo.]]
Os camelos não armazenam água em suas corcovas como comumente se acredita. As corcovas são realmente um reservatório de [[tecido adiposo]]. Concentrando-se a gordura corporal em suas corcovas minimizam o calor do efeito estufa isolando todo o resto do seu corpo, que é uma das adaptações para viver em climas quentes. Quando este tecido é metabolizado, ele age como uma fonte de energia, e produz mais de 1 g de água para cada 1 g de gordura convertido por reação com o oxigênio do ar. Este processo de metabolização de gordura gera uma perda líquida de água através da respiração para o oxigênio necessário para converter a gordura.

Os [[rim|rins]] e [[intestino]]s do camelo são muito eficientes na retenção de água. Sua [[urina]] sai em forma de um espesso xarope e suas fezes são tão secas que podem ser utilizadas para fazer [[fogo]].<ref>{{cite web | title=Dromedary camel | url=http://www.bbc.co.uk/nature/life/Dromedary | accessdate=2010-02-02 | publisher=BBC}}</ref> A água é acumulada em sua corrente sanguínea, onde seus glóbulos vermelhos podem aumentar em até duzentos e cinquenta por cento seu volume para acumulá-la. Outras adaptações à vida no [[deserto]] incluem: uma pelagem esparsa e suave que permite refrigeração, variando do branco-sujo ao bege-claro ou castanho-escuro; suas patas, que têm base larga, com uma área que impede que se enterrem na areia; além de longos cílios que protegem os olhos do animal durante tempestades de areia.

A sua capacidade para resistir a longos períodos sem água é devido a uma série de adaptações fisiológicas. Suas células vermelhas do sangue têm um formato oval, ao contrário dos outros mamíferos, que são circulares. Isso facilita o seu fluxo em um estado de desidratação. Estas células são também mais estáveis, a fim de suportar a variação [[Osmose|osmótica]] elevada sem ruptura quando se bebe grandes quantidades de água. Esses glóbulos ovais vermelhas não são encontrados em qualquer outro mamífero, mas estão presentes em répteis, aves e peixes.

Os camelos podem tomar cerca de 200 litros de [[água]] de uma só vez. Na alimentação dão preferência a plantas ricas em sais e suculentas, quanto à reprodução, a gestação dura por pouco mais de um ano, dando origem a uma única cria.<ref name=edu>[http://www.mundoeducacao.com.br/biologia/camelo.htm ARAGUAIA, Mariana. Camelo (Gênero Camelus), Mundo Educação.]</ref>
Os camelos podem tomar cerca de 200 litros de [[água]] de uma só vez. Na alimentação dão preferência a plantas ricas em sais e suculentas, quanto à reprodução, a gestação dura por pouco mais de um ano, dando origem a uma única cria.<ref name=edu>[http://www.mundoeducacao.com.br/biologia/camelo.htm ARAGUAIA, Mariana. Camelo (Gênero Camelus), Mundo Educação.]</ref>

Camelos são capazes de resistir a variações no consumo de temperatura do corpo e da água que matariam maioria dos outros animais. Suas faixas de temperatura de 34°C à noite e até 41°C durante o dia, e só acima desse limite será que eles começam a suar. A gama de temperatura parte superior do corpo não é frequentemente atingida durante o dia em mais leves condições climáticas, e, portanto, o camelo não pode suar durante todo o dia. A evaporação do seu suor ocorre ao nível da pele, não na superfície do seu revestimento, sendo assim muito eficiente para o arrefecimento do corpo em comparação com a quantidade de água perdida através da transpiração.


Os camelos têm bossas onde guardam substâncias nutritivas em forma de tecido adiposo, como no deserto não há água, estas bolsas armazenam a água para os camelos não desidratarem.<ref name=edu/> Além disso a concentração de gordura no topo do corpo, em vez de distribuida, faz com que se evite a retenção de calor.<ref>{{cite web|last=Rice |first=Jocelyn |url=http://discovermagazine.com/2009/jan/05-20-things-you-didnt-know-about-fat |title=20 Things You Didn't Know About... Fat &#124; Obesity |publisher=DISCOVER Magazine |date=2009-01-05 |accessdate=2009-03-07}}</ref>
Os camelos têm bossas onde guardam substâncias nutritivas em forma de tecido adiposo, como no deserto não há água, estas bolsas armazenam a água para os camelos não desidratarem.<ref name=edu/> Além disso a concentração de gordura no topo do corpo, em vez de distribuida, faz com que se evite a retenção de calor.<ref>{{cite web|last=Rice |first=Jocelyn |url=http://discovermagazine.com/2009/jan/05-20-things-you-didnt-know-about-fat |title=20 Things You Didn't Know About... Fat &#124; Obesity |publisher=DISCOVER Magazine |date=2009-01-05 |accessdate=2009-03-07}}</ref>


Uma característica de suas narinas é que uma grande quantidade de vapor d'água em suas exalações está preso e voltou para seus fluidos corporais, reduzindo assim a quantidade de água perdida através da respiração.
Os [[rim|rins]] e [[intestino]]s do camelo são muito eficientes na retenção de água. Sua [[urina]] sai em forma de um espesso xarope e suas fezes são tão secas que podem ser utilizadas para fazer [[fogo]].<ref>{{cite web | title=Dromedary camel | url=http://www.bbc.co.uk/nature/life/Dromedary | accessdate=2010-02-02 | publisher=BBC}}</ref> A água é acumulada em sua corrente sanguínea, onde seus glóbulos vermelhos podem aumentar em até duzentos e cinquenta por cento seu volume para acumulá-la. Outras adaptações à vida no [[deserto]] incluem: uma pelagem esparsa e suave que permite refrigeração, variando do branco-sujo ao bege-claro ou castanho-escuro; suas patas, que têm base larga, com uma área que impede que se enterrem na areia; além de longos cílios que protegem os olhos do animal durante tempestades de areia.

Eles podem suportar pelo menos 20-25% de perda de peso devido à transpiração (a maioria dos mamíferos só pode suportar cerca de 15% de desidratação antes do resultado de insuficiência cardíaca de distúrbio circulatório). Sangue de camelo permanece hidratado, mesmo que os fluidos corporais são perdidos, até que este limite de 25% é alcançado.


==Camelo-bactriano==
==Camelo-bactriano==
[[Ficheiro:2011 Trampeltier 1528.JPG|250px|thumb|[[Camelo-bactriano]].]]
{{AP|Camelo-bactriano}}
{{AP|Camelo-bactriano}}
O [[camelo-bactriano]] mede cerca de 3 metros de comprimento, com mais uns 50 centimetros de cauda; sua altura, no garrote, raramente vai além de 2 metros; pesa entre 450 e 690 kilos.<ref name=saude>[http://www.saudeanimal.com.br/camelo.htm Lúcia Helena Salvetti De Cicco, Os Camelos Bactrianos.]</ref> Possui cerca de 1,4 milhões de indivíduos, a maioria domesticado. Há cerca de 1000 camelos selvagens no [[Deserto de Gobi]] e pequenos grupos no [[Irã]], [[Afeganistão]], [[Turquia]] e [[Rússia]]. O camelo bactriano é bem mais dócil e calmo que o dromedário, sem oferecer resistência, deixa-se apanhar e arrear, abaixar-se sem protestar e pára sozinho se a carga que leva no dorso ameaça cair.<ref name=saude/> Por outro lado até uma lebre basta para apavorá-lo a ponto de fugir, no que é imitado por seus companheiros.<ref name=saude/>
O [[camelo-bactriano]] mede cerca de 3 metros de comprimento, com mais uns 50 centimetros de cauda; sua altura, no garrote, raramente vai além de 2 metros; pesa entre 450 e 690 kilos.<ref name=saude>[http://www.saudeanimal.com.br/camelo.htm Lúcia Helena Salvetti De Cicco, Os Camelos Bactrianos.]</ref> Possui cerca de 1,4 milhões de indivíduos, a maioria domesticado. Há cerca de 1000 camelos selvagens no [[Deserto de Gobi]] e pequenos grupos no [[Irã]], [[Afeganistão]], [[Turquia]] e [[Rússia]]. O camelo bactriano é bem mais dócil e calmo que o dromedário, sem oferecer resistência, deixa-se apanhar e arrear, abaixar-se sem protestar e pára sozinho se a carga que leva no dorso ameaça cair.<ref name=saude/> Por outro lado até uma lebre basta para apavorá-lo a ponto de fugir, no que é imitado por seus companheiros.<ref name=saude/>
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==Dromedário==
==Dromedário==
[[Ficheiro:07. Camel Profile, near Silverton, NSW, 07.07.2007.jpg|250px|thumb|[[Dromedário]].]]
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Distingue-se do [[camelo bactriano]], nativo da [[Ásia|Ásia Central]], pela presença de apenas uma bossa, contra duas do último, sendo nativo da região nordeste da [[África]] e da parte ocidental da Ásia. A partir da metade do [[século XIX]] vários exemplares foram introduzidos em outros países, como [[Estados Unidos]], [[Espanha]]<ref name=fbz/> e [[Austrália]]<ref name=saude2/>. É um animal muito resistenta tanto à temperaturas, quanto a distâncias percorridas, pode trotar durante 16 horas a fio, percorrendo assim, até 140 Km por dia.<ref name=saude2>[http://www.saudeanimal.com.br/dromedario.htm DE CICCO, Lúcia Helena Salvetti. Os Dromedários. Saúde Animal.]</ref> Se bem preparado, suporta muito bem a fadiga e pode manter essa cadência durante 3 ou 4 dias consecutivos percorrendo assim, mais de 500 km.<ref name=saude2/>
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Revisão das 23h00min de 24 de fevereiro de 2012

 Nota: Para outros significados, veja Camelo (desambiguação).
Como ler uma infocaixa de taxonomiaCamelo
Dromedário (Camelus dromedarius) e Camelo-bactriano (Camelus bactrianus) respectivamente.
Dromedário (Camelus dromedarius) e Camelo-bactriano (Camelus bactrianus) respectivamente.
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Artiodactyla
Subordem: Tylopoda
Família: Camelidae
Género: Camelus
Linnaeus, 1758
Distribuição geográfica
Ficheiro:Afro-asiatic camelid Range.png
Espécies
Camelus bactrianus (L., 1758)

Camelus dromedarius (L., 1758)
Camelus gigas
Camelus hesternus
Camelus moreli
Camelus sivalensis

Os camelos (Camelus) constituem um género de ungulados artiodáctilos (com um par de dedos de apoio em cada pata) que contém duas espécies: o dromedário (Camelus dromedarius), de uma corcova e o camelo-bactriano (Camelus bactrianus), de dois sacos. Ambos são nativos de áreas secas e desérticas da Ásia e Norte da África. Ambas as espécies são domesticadas, que fornecem leite e carne, e são animais de tração. Os humanos têm domesticados camelos há milhares de anos.

O nome camelo vem do grego kamelos a partir do hebraico ou fenício gāmāl, "camelo", possivelmente a partir de uma raiz que significa suportar ou carregar (relacionado com o árabe jamala).[1] Espécies extintas do gênero foram o Camelus hesternus, Camelus gigas e Camelus sivalensis.

Junto a família dos camelídeos, temos quatro animais sul-americanos: a lhama, a alpaca, o guanaco e a vicunha.

As evidências fósseis indicam que os ancestrais dos camelos modernos evoluíram na América do Norte durante o período Paleogeno, os Camelops, e depois se espalhou para vários lugares da Ásia e Norte da África. Povos antigos da Somália, os Punts, domesticaram primeiros camelos muito antes de 2000 a.C.

Mesmo existindo cerca de 13 milhões de dromedários hoje em dia, eles estão extintos como animais selvagens. Há, porém, uma população selvagem considerável de cerca de 32 000 que vivem nos desertos da Austrália central, descendentes de indivíduos que escaparam no século XIX.

Descrição

A expectativa média de vida de um camelo é de 40 a 50 anos. Um camelo adulto plenamente crescido alcança os 1,85 m até o ombro e 2,15 m de comprimento. A corcova mede cerca de 75 cm. Camelos pode alcançar até os 65 km/h.

São instrumentos de travessia no deserto pois não necessitam ficar bebendo água a todo momento e constituem o transporte mais rápido pois os camelos são animais preparados para o deserto. Ambos são animais herbívoros. Chama-se cáfila a uma caravana de camelos. Quando se sentem ameaçados por outros indivíduos, geralmente cospem no sujeito em questão, em situações extremas podem morder.[2]

Distribuição

População selvagem em Gobi.

Os 14 milhões de dromedários hoje vivas são animais domesticados (a maioria vivendo no Chifre da África, no Sahel, Magrebe, Oriente Médio e Sul da Ásia). Nesta região tem a maior concentração de camelos do mundo, onde os dromedários constituem uma parte importante da vida nômade local.

Já os camelos bactrianos são menos, cerca de 1,4 milhões deles, principalmente domésticos. Pensa-se que existem cerca de 1.000 camelos selvagens bactrianos no deserto de Gobi, na China e na Mongólia.

Há uma substancial população feral de camelos dromedários estimados em até 1 milhão nas regiões centrais da Austrália, descendentes de indivíduos introduzidos como um meio de transporte no século XIX e início do século XX. Essa população está crescendo em cerca de 8% ao ano. O governo do Sul da Austrália decidiu recentemente abater os animais usando atirador aérea, em parte porque os camelos usam muito dos limitados recursos necessários para os criadores de ovinos.

Uma pequena população introduzida de camelos, dromedários e bactrianos, sobreviveu no sudoeste dos Estados Unidos até a segunda metade do século XX. Estes animais, importados da Turquia, fizeram parte do experimento do U.S. Camel Corps e usados ​​como animais de tração em minas e fugiram ou foram libertados depois que o projeto foi encerrado. Vinte e três camelos bactrianos foram levados para o Canadá durante a Febre do ouro de Cariboo.

No Nordeste brasileiro, o animal resistente à escassez de água e comida poderia ser boa pedida para tração e carga, então o imperador D. Pedro II decidiu apostar na experiência da Comissão do Ceará, organizada pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, e trazer camelos para o Brasil. Em julho de 1859, desembarcaram no Brasil 14 camelos vindos da Argélia. Porém, o pequeno rebanho padeceu com a falta de criadores especializados. A longa gestação das fêmeas, que dura cerca de um ano, ultrapassava os prazos pretendidos para a formação de criações maiores, que acabaram cessando. Aos animais que conseguiram se aclimatar, foi reservado o inusitado papel de atração turística.[3]

Adaptações Eco-comportamentais

Camelo no deserto
Camelos bebendo água.
Ilustração do esqueleto do camelo.

Os camelos não armazenam água em suas corcovas como comumente se acredita. As corcovas são realmente um reservatório de tecido adiposo. Concentrando-se a gordura corporal em suas corcovas minimizam o calor do efeito estufa isolando todo o resto do seu corpo, que é uma das adaptações para viver em climas quentes. Quando este tecido é metabolizado, ele age como uma fonte de energia, e produz mais de 1 g de água para cada 1 g de gordura convertido por reação com o oxigênio do ar. Este processo de metabolização de gordura gera uma perda líquida de água através da respiração para o oxigênio necessário para converter a gordura.

Os rins e intestinos do camelo são muito eficientes na retenção de água. Sua urina sai em forma de um espesso xarope e suas fezes são tão secas que podem ser utilizadas para fazer fogo.[4] A água é acumulada em sua corrente sanguínea, onde seus glóbulos vermelhos podem aumentar em até duzentos e cinquenta por cento seu volume para acumulá-la. Outras adaptações à vida no deserto incluem: uma pelagem esparsa e suave que permite refrigeração, variando do branco-sujo ao bege-claro ou castanho-escuro; suas patas, que têm base larga, com uma área que impede que se enterrem na areia; além de longos cílios que protegem os olhos do animal durante tempestades de areia.

A sua capacidade para resistir a longos períodos sem água é devido a uma série de adaptações fisiológicas. Suas células vermelhas do sangue têm um formato oval, ao contrário dos outros mamíferos, que são circulares. Isso facilita o seu fluxo em um estado de desidratação. Estas células são também mais estáveis, a fim de suportar a variação osmótica elevada sem ruptura quando se bebe grandes quantidades de água. Esses glóbulos ovais vermelhas não são encontrados em qualquer outro mamífero, mas estão presentes em répteis, aves e peixes.

Os camelos podem tomar cerca de 200 litros de água de uma só vez. Na alimentação dão preferência a plantas ricas em sais e suculentas, quanto à reprodução, a gestação dura por pouco mais de um ano, dando origem a uma única cria.[2]

Camelos são capazes de resistir a variações no consumo de temperatura do corpo e da água que matariam maioria dos outros animais. Suas faixas de temperatura de 34°C à noite e até 41°C durante o dia, e só acima desse limite será que eles começam a suar. A gama de temperatura parte superior do corpo não é frequentemente atingida durante o dia em mais leves condições climáticas, e, portanto, o camelo não pode suar durante todo o dia. A evaporação do seu suor ocorre ao nível da pele, não na superfície do seu revestimento, sendo assim muito eficiente para o arrefecimento do corpo em comparação com a quantidade de água perdida através da transpiração.

Os camelos têm bossas onde guardam substâncias nutritivas em forma de tecido adiposo, como no deserto não há água, estas bolsas armazenam a água para os camelos não desidratarem.[2] Além disso a concentração de gordura no topo do corpo, em vez de distribuida, faz com que se evite a retenção de calor.[5]

Uma característica de suas narinas é que uma grande quantidade de vapor d'água em suas exalações está preso e voltou para seus fluidos corporais, reduzindo assim a quantidade de água perdida através da respiração.

Eles podem suportar pelo menos 20-25% de perda de peso devido à transpiração (a maioria dos mamíferos só pode suportar cerca de 15% de desidratação antes do resultado de insuficiência cardíaca de distúrbio circulatório). Sangue de camelo permanece hidratado, mesmo que os fluidos corporais são perdidos, até que este limite de 25% é alcançado.

Camelo-bactriano

Camelo-bactriano.
Ver artigo principal: Camelo-bactriano

O camelo-bactriano mede cerca de 3 metros de comprimento, com mais uns 50 centimetros de cauda; sua altura, no garrote, raramente vai além de 2 metros; pesa entre 450 e 690 kilos.[6] Possui cerca de 1,4 milhões de indivíduos, a maioria domesticado. Há cerca de 1000 camelos selvagens no Deserto de Gobi e pequenos grupos no Irã, Afeganistão, Turquia e Rússia. O camelo bactriano é bem mais dócil e calmo que o dromedário, sem oferecer resistência, deixa-se apanhar e arrear, abaixar-se sem protestar e pára sozinho se a carga que leva no dorso ameaça cair.[6] Por outro lado até uma lebre basta para apavorá-lo a ponto de fugir, no que é imitado por seus companheiros.[6]

Possui cerca de 1,4 milhões de indivíduos, a maioria domesticado. Há cerca de 1000 camelos selvagens no Deserto de Gobi e pequenos grupos no Irã, Afeganistão, Turquia e Rússia.

Dromedário

Dromedário.
Ver artigo principal: Dromedário

Distingue-se do camelo bactriano, nativo da Ásia Central, pela presença de apenas uma bossa, contra duas do último, sendo nativo da região nordeste da África e da parte ocidental da Ásia. A partir da metade do século XIX vários exemplares foram introduzidos em outros países, como Estados Unidos, Espanha[7] e Austrália[8]. É um animal muito resistenta tanto à temperaturas, quanto a distâncias percorridas, pode trotar durante 16 horas a fio, percorrendo assim, até 140 Km por dia.[8] Se bem preparado, suporta muito bem a fadiga e pode manter essa cadência durante 3 ou 4 dias consecutivos percorrendo assim, mais de 500 km.[8]

Chega a atingir 2,3 metros de altura e pesar entre 300 e 690 quilos e consegue beber até 57 litros de água de uma só vez. [7] Possui uma musculatura nas narinas que possibilita seu fechamento, protegendo-o das tempestades de areia do deserto e uma boca estreita com uma fissura no lábio superior.[7] Chega a viver cerca de 50 anos.[7]

Pode sobreviver durante semanas com o consumo de ervas duras e secas do deserto, e, em caso de necessidade, contenta-se com uma cesta velha, uma esteira de palha de palmeira, ou com o telhado de palha de uma casa nativa.[8]

Fernando II de Médici levou em 1622, alguns dromedários para a Toscana, tentativa que foi seguida de outras, de modo que a criação de domedários foi praticada por vários séculos em terras de San Rossore, perto de Pisa.[8] No Brasil alguns dromedários foram importados em 2000 para servirem de atração turística na Praia de Genipabu, tendo desde então se reproduzido em cativeiro e alcançado um número de vinte.[9]

Principais diferenças

Além do número de corcovas e a localização geográfica, existem outras diferenças relevantes entre o camelo e dromedário:

  • Os camelos possuem patas mais curtas 3, enquanto os dromedários têm pernas mais longas.[10]
  • O dromedário apresenta o corpo coberto por uma pelagem curta, o camelo tem pêlos longos e vistosos, principalmente nas coxas, na garupa e na cabeça, durante o inverno, essa pelagem pode chegar ao chão.[10]
  • Atualmente não existem mais dromedários selvagens, ou foram domesticados, ou são silvestrados (retornaram ao ambiente natural após a domesticação). Já os camelos, apesar de ameaçados de extinção, ainda podem ser encontrados em estado selvagem no deserto de Gobi. [11]

Referências

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