Abraham Brueghel

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Natureza-morta com frutas (1675-1680), pintura de Abraham Brueghel. Acervo do Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro.

Abraham Brueghel (ou Bruegel) (Antuérpia, 1631 - Nápoles, 1697) foi um pintor flamengo que trabalhou na Itália durante a maior parte de sua vida. Especializou-se na pintura de flores e de naturezas-mortas.[1]

Vida e obra[editar | editar código-fonte]

Segundo e mais dotado dentre os cinco filhos de Jan Brueghel, o Jovem, e de Anna Maria Janssens, continuadores da dinastia dos Brueghel, Abraham teve as primeiras lições de pintura com o pai. Em sua aprendizagem, sofreu também influências de artistas como Frans Snyders e Jan Fyt - responsáveis por uma bem sucedida síntese entre elementos do caravaggismo e suntuosidade rubensiana. Aos 15 anos vendeu sua primeira tela e aos 23 tornou-se mestre na guilda de pintores de Antuérpia. Aos 26 anos, partiu para Roma.[2]

Documentos de época parecem confirmar as tradicionais descrições de seu temperamento boêmio, típica dos artistas transalpinos ativos na Roma seiscentista. Sabe-se, por exemplo, que em 1661 o pintor foi ferido na cabeça em uma rixa com Francesco Chiavetti. Em 1662, Abraham partiu de Roma, talvez para Messina. Em 1664, retornou à cidade, onde travou amizade com os franceses Nicolas Poussin e Claude Lorrain. Já em contato com Antonio Ruffo, príncipe de Messina, tornou-se, em Roma, seu agente e conselheiro de sua coleção. Entre 1667 e 1668, trabalhou em Messina. Retornando posteriormente a Roma, estabeleceu vínculos profundos no ambiente artístico da cidade, chegando a realizar trabalhos em parceria no gênero de retratos com flores, em voga no período.[2]

Buquê de flores (1670). Coleção particular, Roma.

Em 1666, casou-se com Angela Buratti, possivelmente filha do escultor Francesco Baratta, o Velho, discípulo de Bernini. Ao lado de Baciccia, executou o retrato de Maria Mancini, em 1668, mesmo ano em que a retratada é obrigada a abandonar Roma em consequência de suas aventuras amorosas. Dois anos depois, Abraham ingressou na Academia de São Lucas, onde obteve o prestigioso título de Virtuoso al Pantheon. Morando em Via di Ripetta, foi vizinho de Giovanni Paolo Castelli, também pintor de naturezas-mortas.[2]

Em 1675, mudou-se para Nápoles, onde viverá até sua morte. Sua atividade napolitana lhe granjearia ainda maior reputação e contribuiria para influenciar decisivamente a pintura italiana de naturezas-mortas. Já em 1695, Andrea Petrucci referiu-se a ele como o maior pintor do gênero, ao lado de Ruoppolo, Giuseppe Recco e Luca Giordano. A amizade de Abraham com as famílias Ruoppolo e Recco lhe incentivaram a superar as reminiscências flamengas em sua produção o que, não obstante, jamais ocorreu. Ao contrário: Abraham influenciou a pintura de natureza-morta napolitana a superar certas idiossincrasias regionais e a integrar-se de forma mais plena ao barroco internacional.[1][2]

Abraham Brueghel foi o pintor estrangeiro mais bem sucedido na Itália do século XVII. O apreço por suas obras lhe permitiu angariar uma imensa fortuna que seu filho, Gaspard, pintor medíocre, logo dissiparia.[2]

Veja também[editar | editar código-fonte]

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Referências

  1. a b Instituto de História da Arte do MASP, 1997, pp. 30.
  2. a b c d e Marques, Luiz, 1997, v. II, pp. 74.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Instituto de História da Arte do MASP (1997). Boletim do Instituto de História da Arte do MASP. Arte italiana em coleções brasileiras (1250-1950). São Paulo: Lemos Editorial & Gráficos Ltda. 30 páginas 
  • Marques, Luiz (org.) (1996). Corpus da Arte Italiana em Coleções Brasileiras. A arte italiana no Museu Nacional de Belas Artes. II. São Paulo: Berlendis & Vertecchia. pp. 74–76. ISBN 85-7229-006-0