Alexis de Tocqueville: diferenças entre revisões
Linha 22: | Linha 22: | ||
|assinatura = |
|assinatura = |
||
}} |
}} |
||
'''Alexis-Charles-Henri Clérel'''<ref>[http://oxforddictionaries.com/definition/english/Tocqueville,%2BAlexis%2Bde "Tocqueville, Alexis de"] ''[[Oxford English Dictionary|Oxford Dictionaries]]''</ref>, visconde de Tocqueville, dito '''Alexis de Tocqueville''' (pronúncia em [[língua francesa|francês]]: {{AFI|[alɛkˈsi dətɔkˈvil]}}) ([[29 de Julho]] de [[1805]] - [[16 de Abril]] de [[1859]]) foi um [[Ciência política|pensador político]], [[História|historiador]] e escritor [[França|francês]]. Tornou-se célebre por suas análises da [[Revolução Francesa]], cuja pertinência foi destacada por [[François |
'''Alexis-Charles-Henri Clérel'''<ref>[http://oxforddictionaries.com/definition/english/Tocqueville,%2BAlexis%2Bde "Tocqueville, Alexis de"] ''[[Oxford English Dictionary|Oxford Dictionaries]]''</ref>, visconde de Tocqueville, dito '''Alexis de Tocqueville''' (pronúncia em [[língua francesa|francês]]: {{AFI|[alɛkˈsi dətɔkˈvil]}}) ([[29 de Julho]] de [[1805]] - [[16 de Abril]] de [[1859]]) foi um [[Ciência política|pensador político]], [[História|historiador]] e escritor [[França|francês]]. Tornou-se célebre por suas análises da [[Revolução Francesa]], cuja pertinência foi destacada por [[François Bocetón]], da democracia americana e da evolução das democracias ocidentais em geral. [[Raymond Aron]] pôs em evidência sua contribuição à sociologia. |
||
== Biografia == |
== Biografia == |
Revisão das 14h38min de 10 de outubro de 2013
Alexis de Tocqueville Visconde de Tocqueville | |
---|---|
Alexis de Tocqueville, por Chassériau (1850). | |
Nome completo | Alexis-Charles-Henri Clérel de Tocqueville |
Nascimento | 29 de julho de 1805 Paris, França |
Morte | 16 de abril de 1859 (53 anos) Cannes, França |
Nacionalidade | Francesa |
Ocupação | Historiador, autor, sociólogo, jurista |
Movimento literário | Liberalismo |
Magnum opus | Da Democracia na América O Antigo Regime e a Revolução |
Escola/tradição | História |
Principais interesses | Filosofia política |
Ideias notáveis | Associação, Estado social |
Religião | Católico |
Alexis-Charles-Henri Clérel[1], visconde de Tocqueville, dito Alexis de Tocqueville (pronúncia em francês: [alɛkˈsi dətɔkˈvil]) (29 de Julho de 1805 - 16 de Abril de 1859) foi um pensador político, historiador e escritor francês. Tornou-se célebre por suas análises da Revolução Francesa, cuja pertinência foi destacada por François Bocetón, da democracia americana e da evolução das democracias ocidentais em geral. Raymond Aron pôs em evidência sua contribuição à sociologia.
Biografia
Alexis de Tocqueville pertenceu a uma grande família aristocrática normanda. Era bisneto de Chrétien Guillaume de Malesherbes e tinha ligações familiares com o visconde de Chateaubriand. Seus ancestrais participaram da batalha de Hastings em 1066, que concretizou a conquista de Guilherme, Duque da Normandia e o fim da dinastia de reis anglo-saxões na Inglaterra. Seus pais, Hervé Louis François Jean Bonaventure Clérel, conde de Tocqueville, soldado da guarda constitucional do rei Luís XVI e Louise Madeleine Le Peletier de Rosanbo, escaparam da guilhotina graças à queda de Robespierre no Ano II (1794). Destino diferente teve seu avô, o Marquês de Rosanbo, que foi executado.
As Memórias de Hervé de Tocqueville nos oferecem um quadro dos seus sentimentos sobre a revolução:
- Em 20 de outubro [de 1794], fomos todos postos em liberdade: havia dez meses, dia após dia, que estávamos presos. [.] Como o céu nos parecia sereno! como o ar nos parecia puro! como o horizonte era vasto! Mas também como era doloroso o pensamento que se instalava em meio à nossa felicidade e vinha obscurecê-la! Éramos nove quando entramos naquela casa da dor e saímos apenas quatro. Nossos pais, nossos amigos, haviam desaparecido e os cacos de duas famílias só tinham por chefe um jovem homem de vinte e dois anos que conhecia pouco o mundo e tinha apenas a experiência da infelicidade.[2]
Após exílio na Inglaterra, Hervé e Louise retornaram à França durante o Primeiro Império (1804-1815), quando Hervé se tornou pair de France[3] e préfet sob a Restauração.
Embora consagrado pela posteridade como homem de letras, sociólogo da democracia moderna e historiador do Antigo Regime, Alexis de Tocqueville sempre ambicionou ser um homem da política.[4] Após estudar direito em Paris, em 1827 ingressou na magistratura em busca de uma carreira provisória enquanto não se cumpria a exigência de idade mínima de quarenta anos para a candidatura à câmara dos deputados. A Constituição de 1830 reduziu essa exigência para trinta anos, o que permitiu que Tocqueville lançasse, em 1836, sua primeira candidatura, na qual foi derrotado. Em 1839, conseguiria a primeira de uma série de vitórias que o manteriam na câmara até o golpe de estado de 1851. Entre junho e outubro de 1849, assumiu a pasta dos negócios exteriores do ministério Odilon Barrot sob o governo de Luís Bonaparte na Segunda República.[5]
Em 1850, foi obrigado a licenciar-se da assembleia em função de uma crise de tuberculose pulmonar que o levaria lentamente até a morte nove anos mais tarde.[5] Participou intensamente da revisão da constituição republicana, mas, com o golpe de 2 de dezembro, após denunciar a farsa bonapartista na imprensa inglesa, afastou-se da cena política e recolheu-se aos estudos.[5]
Obras
As suas obras incluem: Du système pénitentiaire aux États-Unis et de son application en France (1833), De la démocratie (1840) e L'ancien régime et la révolution (1856). Foi um defensor da liberdade e da democracia.
A sua obra mais célebre, baseada nas suas viagens nos Estados Unidos, foi traduzida para o português com o nome de "A democracia na América" e é frequentemente usada em cursos de história americana do século XIX e de teoria política moderna.
Tocqueville foi enviado pelo governo francês em 1831 (ele solicitou apoio para sua viagem, mas ela foi paga por sua família) para estudar o sistema prisional americano. Chegou a Nova Iorque em maio daquele ano e passou nove meses em viagem pelos Estados Unidos, tomando notas não só acerca das prisões, mas sobre todos os aspectos da sociedade americana, incluindo a sua economia e o seu sistema político, então único no mundo.
Após o retorno à França, em fevereiro de 1832, submeteu o seu relatório penal e escreveu Da democracia na América. Esta obra foi impressa inúmeras vezes ainda no século XIX e acabou por tornar-se um clássico.
Tocqueville ficou conhecido também por ser a primeira pessoa a cunhar o termo social-democracia, ideologia política que se espalhou pela Europa.
O sociólogo francês do século XX Raymond Aron escreveu as seguintes linhas a propósito de Tocqueville, colocando-o numa posição não muito diferente da sua: demasiado liberal para o partido de onde ele provém, não muito entusiasta por ideias novas aos olhos dos republicanos, ele não foi adoptado nem pela direita nem pela esquerda, ele permanece suspeito a todos[6].
Bibliografia
Em português
- (em português) Democracia na América
Autores e personalidades relacionadas
François Pierre Guillaume Guizot, historiador e homem político francês. Foi professor de Tocqueville na Sorbonne e talvez o mais influente liberal francês à época.
François-René Auguste, visconde de Chateaubriand, escritor e homem político francês com quem Hervé de Tocqueville possuía estreitos laços de família. Em seu livro Voyage en Amérique (1827), que exerceu influência sobre Alexis, afirmou que a liberdade americana não era mais primitiva, filha dos costumes, mas uma liberdade filha das Luzes.[7]
- «Jean Guillaume, baron Hyde de Neuville», homem político francês com quem Hervé de Tocqueville mantinha estreitas relações, havia sido embaixador em Whashington.[7]
- «Jean Lefebvre de Cheverus», cardeal francês, arcebispo de Bordeaux e antigo bispo de Boston, ligado ao pai de Alexis.[7]
Jean-Jacques Rousseau, escritor, filósofo e músico suíço de expressão francesa. Foi um dos mais ilustres filósofos do século das luzes. Tocqueville teria sido influenciado por suas ideias em certo momento de sua produção. A análise de Mémoire sur le paupérisme revela o afastamento de Tocqueville em relação ao conceito de história da civilização de Guizot e denuncia a influência do Rousseau do Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens.[8]
Ségur. Proclamou em seu livro Mémoires (1826) que o mundo se dividiria entre a potência americana, ligada à liberdade e o despotismo russo.[7]
Hippolyte Adolphe Taine, filósofo e historiador francês. Os historiadores da revolução, até o início do século vinte, não imaginavam as teses de L'ancien régime et la révolution senão através de As origens da França contemporânea de Taine, que o havia lido atentamente.[9]
Referências
- ↑ "Tocqueville, Alexis de" Oxford Dictionaries
- ↑ Página sobre Alexis de Toqueville mantida pelo Ministério da Cultura e da Comunicação francês
- ↑ literalmente par da França. Era um posto da coroa, usado para distinguir os nobres mais importantes do reino. Tinham o privilégio de só poderem ser julgados pela Corte dos Pares e, em contrapartida, prestavam uma homenagem especial ao rei. Na época do Antigo Regime, perdeu seus privilégios, tornando-se um cargo honorífico.
- ↑ Marcelo JASMIN. Alexis de Tocqueville: a historiografia como ciência da política. 2ª ed. Belo Horizonte: Ed. UFMG; Rio de Janeiro: IUPERJ, 2005. p. 33; Françoise Mélonio, Tocqueville et les Français, Paris, Aubier Montaigne, 1993, 408 p.
- ↑ a b c Marcelo JASMIN. Alexis de Tocqueville: a historiografia como ciência da política. 2ª ed. Belo Horizonte: Ed. UFMG; Rio de Janeiro: IUPERJ, 2005. p. 34; Arnaud Coutant, Tocqueville et la constitution démocratique, Paris, Mare et Martin, 2008, 680 p.
- ↑ ARON, R. Les étapes de la pensée sociologique. Paris: Gallimard, 1967. p. 18
- ↑ a b c d André JARDIN. Préface. In: TOCQUEVILLE. De la Démocratie en Amérique 1. Paris: Gallimard, 2006. p. 10.
- ↑ Marcelo JASMIN. Alexis de Tocqueville: a historiografia como ciência da política. 2ª ed. Belo Horizonte: Ed. UFMG; Rio de Janeiro: IUPERJ, 2005. p. 143-144
- ↑ André JARDIN. Préface. In: TOCQUEVILLE. De la Démocratie en Amérique 1. Paris: Gallimard, 2006. p. 7.
Ligações externas
- «Ministério da Cultura e da Comunicação» (em francês)
- «Obras Completas de Alexis de Tocqueville. Paris: Michel-Lévy frères, 1864-1866.» (em francês)
- «Relatório sobre a escravidão nas colônias. 1839» (em francês)
- «Memória sobre o pauperismo. 1835» (em francês)
- «WikiSource» (em francês)
- «Base de dados genealógicos» (em francês)
- «De la Démocratie en Amérique, 4 vols.» (em francês)