Apu (Deus)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Apu Mamaysi munay ( Mama Simona)

Na antiga religião e mitologia do Peru, Equador e Bolívia, apu é o termo usado para descrever os espíritos tutelares que se manifestam nas montanhas(urqus)[1][2]e, por vezes, em rochas solitárias, consideradas sagradas pelos inca- tipicamente com características antropomórficas- e que protegem a população local[3][4][5][6][7][8]. Apu também é o nome dado aos locais sagrados encontrados nessas montanhas.[9] Os Apus são espíritos comumente tutelares masculinos[10] em contraposição às mamarit'i.[9][11][7]

Na cosmovisão andina algumas características geográficas do espaço eram consideradas sagradas e sua manutenção dependia de rituais.[12]

Entre os poderes atribuídos aos apus estão o de se comunicar com os humanos [6][7]e o de fazer estátuas se moverem. Os apus também podem se irritar com a conduta humana e trazer desastres[5][6].

Significados[editar | editar código-fonte]

A palavra apu tem vários significados possíveis, dependendo do contexto.

A Montanha Ausangate é considerada um Llaqta Apu

'Apu' significa "Senhor" em Quechua. A religião Inca usa o termo 'apu' em referência a uma montanha considerada sagrada, vista como uma manifestação de uma divindade[3][8][13]; o corpo e a energia da montanha forma juntos o wasi ("casa" ou "templo")[14].

  • Ayllu Apu – protetor de uma comunidade, um ayllu (such as Apu Manuel Pinta, Apu Pukin e Apu Pinkol)[14][7]
  • Llaqta Apu – protetor de uma região (Apu Mama Simona, Saksaywaman e Wanakauri)[14][6][7]
  • Suyu Apu – protetor de um país ( Apu Salkantay e Apu Ausangate)[14][7]

Além das montanhas, existem outros seres que são considerados apu - os chamados Tekse Apu. Na tradição Andina, Pachamama (Mãe Cósmica), Wiraqocha (Deus ou pai cósmico), Taita Inti (Pai Sol), Taita Waira (Pai Vento), Mama Unu (Água Mãe), Mama Killa (Mãe Lua) e Mama Ch'aska (Estrelas-mãe) podem ser vistas em todo o mundo, razão pela qual são conhecidas como Tekse Apu, que significa " Apu Global ". O termo apu também é aplicado a personagens religiosos não andino como Jesus[11] e Maria.[14]

Apu[editar | editar código-fonte]

Vista de Ollantaytambo

Os doze apu sagrados de Cusco são: Ausangate, Salkantay[5], Mama Simona, Pillku Urqu, Manuel Pinta, Wanakawri, Pachatusan, Pikchu, Saksaywaman, Viraqochan, Pukin, e Sinqa.

Outros apu na Bolívia e no Peru são: Akamari, Antikuna, Chachani, Kimsa Chata, Illampu, Senhora de Illimani, Machu Picchu, Pitusiray, Putucusi, Qullqipunku, Sinaqara, Tunupa, Willka Wiqi (Wakay Willka), Wamanrasu, Huayna Picchu e Yanantin.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Cartwright, Mark. «Religion Inca». Encyclopédie de l'Histoire du Monde (em francês). Consultado em 18 de julho de 2023 
  2. Ancient civilizations : the illustrated guide to belief, mythology and art. Internet Archive. [S.l.]: London : D. Baird. 2005 
  3. a b Mizhki Runa. Crítica De La Razón Andina (em Spanish). [S.l.: s.n.] 
  4. Mizhki Runa (2008). Estermann Josef Si El Sur Fuera El Norte. [S.l.: s.n.] 
  5. a b c Williams, J. E. (James Eugene) (2005). The Andean codex : adventures and initiations among the Peruvian shamans. Internet Archive. [S.l.]: Charlottesville, VA : Hampton Roads Pub. Co. 
  6. a b c d 359948755 Lanata Ladrones De Sombra. [S.l.: s.n.] 
  7. a b c d e f Wilcox, Joan Parisi (2001). Keepers of the ancient knowledge. Internet Archive. [S.l.]: London : Vega 
  8. a b 33 Earth Giants (em English). [S.l.: s.n.] 
  9. a b Sarmiento Tupayupanqui, Nicanor (2016). Un arco iris de voces teológicas : la trilogía andina desde la experiencia quechua y aymara. Internet Archive. [S.l.]: Chochabamba : Instituto Latinoamericano de Misionología FTSP : Itinerarios Editorial 
  10. motivator8 (17 de outubro de 2022). Handbook Of Inca Mythology By Paul Steele. [S.l.: s.n.] p. 24 
  11. a b Josef Estermann (agosto de 1998). Filosofía andina. Estudio intercultural de la sabiduría autóctona andina. [S.l.: s.n.] 
  12. Carlos Enrique Guzmán. Ciudades Incas Llactas Apus y Formas (Guzmán 2012) (em Spanish). [S.l.: s.n.] 
  13. Castro, Victoria; Aldunate, Carlos (2003). «Sacred Mountains in the Highlands of the South-Central Andes». Mountain Research and Development (1): 73–79. ISSN 0276-4741. Consultado em 18 de julho de 2023 
  14. a b c d e «Inka World | Glossary - Apu». inka-world.com (em inglês). 23 de abril de 2019. Consultado em 18 de julho de 2023