Ascendino Theodoro Nogueira

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Ascendino Theodoro Nogueira
Nascimento 9 de outubro de 1913
Santa Rita do Passa Quatro
Morte 4 de outubro de 2002
São Paulo
Cidadania Brasil
Ocupação compositor

Ascendino Theodoro Nogueira, também conhecido como A. Theodoro Nogueira ou Teodoro Nogueira (Santa Rita do Passa Quatro, 9 de outubro de 1913São Paulo, 4 de outubro de 2002) foi um compositor, brasileiro. Suas pesquisas e composições para viola brasileira inseriram o instrumento no meio da música clássica brasileira, sendo o primeiro compositor a escrever peças em notação musical moderna (partitura) para o instrumento.[1] Foi também o primeiro compositor brasileiro a escrever uma missa cantada inteiramente em português.[2][3]

Vida e obra[editar | editar código-fonte]

Ascendino Theodoro Nogueira nasceu no dia 9 de outubro de 1913, na Fazenda Santa Cecília, no município de Santa Rita do Passa Quatro, no interior de São Paulo, filho de José Theodoro Nogueira e Vitalina Marques Figueiredo.[4]

Inciou seus estudos musicais aos 7 anos de idade, tendo aulas de violino com João Belon, regente da banda de Santa Rita de Passa Quatro.[2]

Por motivos econômicos, sua família se mudou para Araraquara, onde Theodoro Nogueira teve aulas de solfejo e violino com José Tescari.[4][2] Em seguida, teve aulas de violino com Torquato Amore. Apresentava-se na cidade como violinista em recitais públicos.[2]

Sua trajetória inicial em composição foi totalmente autodidata.[4] A primeira apresentação pública de peças de sua autoria se deu em dezembro de 1939, em Araraquara, com obras para coro e orquestra.[2]

Indicado por Sousa Lima, que regera obras de sua autoria, prosseguiu seus estudos de composição com Camargo Guarnieri, que o influenciou para o estudo do folclore musical.[2][5] Foi também aluno regular do Instituto Musical de São Paulo, onde diplomou-se.[2]

Também por indicação de Sousa Lima, começou a trabalhar na Rádio Gazeta (onde aposentou-se).[4]

Foi crítico musical dos periódicos A Gazeta e Folha da Tarde, de São Paulo.[2]

Durante sua carreira recebeu diversos prêmios, como o prêmio APCA de melhor compositor de música sinfônica em 1970. Em 1953, seu Quarteto de Cordas nº 1 foi premiado no Concurso Internacional de Liège.[2]

Foi membro da Sociedade Brasileira de Música Contemporânea[2] e da Academia Santarritense de Letras.[4]

Estilo composicional[editar | editar código-fonte]

Por influencia de Camargo Guarnieri, Theodoro Nogueira desenvolveu suas obras a partir de uma inspiração nacionalista, muito ligada ao folclore rural paulista. Seu processo composicional partia da fala e da palavra, da qual extraía as qualidades musicais. O compositor via uma relação íntima no modo de falar do caipira com a viola caipira, o que inspirou suas obras e estudos a partir do instrumento.[5]

Foi o primeiro compositor a incorporar a viola caipira à música de concerto, com obras solo, transcrições (destaca-se a transcrição de obras de J. S. Bach) e, principalmente, seu Concertino para viola brasileira e orquestra de câmara, de 1962.[6]

Obras[editar | editar código-fonte]

  • Ipês em flor, 1939, para canto e piano
  • Simplicidade, 1941, para violino e piano
  • Valsa choro nº 4, 1943, para piano
  • Quarteto de cordas nº 2, 1951
  • Concertino para canto e piano, 1958
  • Improvisos (1 a 12), 1958-1959, para violão
  • Concertino para viola brasileira e orquestra de câmara, 1962
  • Competições atléticas, 1963
  • Cenas infantis, 1965, para piano
  • Boneca esquecida, 1966, para canto e piano
  • Trova, 1969, para canto e piano
  • Concertino para flauta, 1971
  • Sertaneja nº 7, 1972, para clarinete
  • A música da fala (Sinfonia nº 5), 1981, para orquestra
  • Seis valsas populares, 1983, para violino e piano

Referências

  1. Corrêa, Roberto Nunes (6 de maio de 2014). «Viola caipira: das práticas populares à escritura da arte». Consultado em 20 de janeiro de 2024 
  2. a b c d e f g h i j NOGUEIRA Teodoro. Enciclopédia da Música Brasileira: Popular, Erudita e Folclórica. 3ª ed. rev. atual. São Paulo: Art Editora; Publifolha, 2000. p. 574-575.
  3. BACCARIN, Biaggio. Viola Brasileira ou Viola Caipira. 2008. In: VIOLA DE ARAME, Composições Brasileiras. CD, 2013. In: CORRêA, Roberto Nunes. Viola caipira: das práticas populares à escritura da arte. 2014. Tese (Doutorado em Musicologia) - Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014. doi:10.11606/T.27.2014.tde-22092015-112350. Acesso em: 2024-01-19.
  4. a b c d e Valverde, Marcelo. «Ascendino Theodoro Nogueira». www.acasale.com.br. Consultado em 20 de janeiro de 2024 
  5. a b MARIZ, Vasco (maio de 2003). «Recordando Teodoro Nogueira: Obituário» (PDF). Academia Brasileira de Música. Brasiliana: Revista Quadrimestral da Academia Brasileira de Música (14): 30. Consultado em 20 de janeiro de 2024 
  6. Corrêa, Roberto Nunes (6 de maio de 2014). «Viola caipira: das práticas populares à escritura da arte». Consultado em 20 de janeiro de 2024