Bem (filosofia): diferenças entre revisões
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[[Ficheiro:Bouguereau-Linnocence.jpg|right|thumb|300px|''L'Innocence'' ("[[Inocência]]") de [[Bouguereau]]. A criança e o cordeiro representam fragilidade e tranqüilidade, como visto em representações de [[arte|arte religiosa]]. A imagem de mãe e filho juntos possui tal conotação positiva que caracteres [[China|chineses]], é codificado como 好 ''hǎo'', significando "bom".]] |
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'''Bem''' (do [[latim]] ''bene'') é a [[qualidade]] que expressa [[Amor]], [[Irmandade]], [[Sabedoria]] e [[Existência]]. |
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== Conceituação de bem e mal == |
== Conceituação de bem e mal == |
Revisão das 17h35min de 12 de julho de 2010
Bem (do latim bene) é a qualidade que expressa Amor, Irmandade, Sabedoria e Existência.
Conceituação de bem e mal
Em religião, ética e filosofia, a frase bem e mal refere-se a avaliação de objetos, desejos e comportamentos através de um espectro dualístico, onde numa dada direção estão aqueles aspectos considerados moralmente positivos e na outra, os moralmente negativos. O bem é por vezes visto como algo que implica a reverência pela vida, continuidade, felicidade ou desenvolvimento humano, enquanto o mal é considerado o recipiente dos contrários. Por definição, bem e mal são absolutos porque qualquer enunciado moral afirma ser válido, independentemente de quem o faz, e independentemente de qualquer objeto ao qual o enunciado se refira. Por exemplo, "assassinato é moralmente errado" afirma ser um enunciado objetivo visto que não é um declaração sobre o sujeito que o declara. O enunciado também afirma ser absoluto porque implica que assassinato é mau em geral, por contraste com assassinato ser moralmente errado para que uma pessoa o cometa e não para outra.
Não há consenso se o bem ou o mal são intrínsecos à natureza humana. A natureza da bondade tem recebido muitos tratamentos; em um deles, o bem é baseado no amor natural, vínculos e afetos que se desenvolvem nos primeiros estágios do desenvolvimento pessoal; outro, afirma que a bondade é um produto do conhecimento da verdade. Existem diferentes pontos de vista sobre o porquê do surgimento do mal. Muitas religiões e tradições filosóficas concordam que o comportamento malévolo é em si mesmo uma aberração que resulta da condição humana imperfeita ("A Queda do Homem"). Por vezes, o mal é atribuído à existência do livre arbítrio e da agência humana. Alguns argumentam que o mal em si baseia-se finalmente na ignorância da verdade (isto é, valor humano, santidade, divindade). Alguns pensadores do Iluminismo alegaram o oposto, sugerindo que o mal é aprendido como conseqüência de uma estrutura social tirânica.
Teorias da bondade moral investigam quais tipos de coisas são boas e o que a palavra "bom" realmente significa no abstrato. Como um conceito filosófico, a bondade pode representar a esperança de que o amor natural seja contínuo, expansivo e abrangente. Num contexto religioso monoteísta, é desta esperança que deriva um importante conceito de Deus—como uma infinita projeção de amor, manifesta como bondade na vida das pessoas. Em outros contextos, o bem é visto como algo que produz as melhores conseqüências na vida das pessoas, especialmente em relação a seus estados de bem estar.
Origem do conceito
Embora todas as linguagens possuam uma palavra expressando bem no sentido de "ter a qualidade certa ou desejável" (ἀρετή) e mal no sentido de "indesejável", a noção de "bem e mal" num sentido moral ou religioso absoluto não é antigo, e surge das noções de purificação ritual e impureza. Os significados básicos de κακός e ἀγαθός são "ruim, covardemente" e "bom, bravo, capaz" e seus significados absolutos surgem somente por volta de 400 a.C., com a filosofia pré-socrática, Demócrito em particular.[1] A moralidade em seu sentido absoluto solifica-se nos diálogos de Platão, juntamente com a emergência do pensamento monoteísta (principalmente em Eutifro, o qual pondera o conceito de piedade, τὸ ὅσιον, como um absoluto moral). A idéia é posteriormente desenvolvida na Antiguidade tardia, no Neoplatonismo, Gnosticismo e pelos Pais da Igreja.
Este desenvolvimento do relativo ou habitual para o absoluto é também evidente nos termos ética e moralidade, ambos sendo derivados de termos para "costume regional" (em grego ήθος e em latim mores, respectivamente).
Campos descritivo, metaético e normativo
É possível tratar as teorias essenciais de valor pelo uso de uma abordagem filosófica e acadêmica. Ao analisar devidamente teorias de valor, as crenças cotidianas não são apenas cuidadosamente catalogadas e descritas, mas também analisadas e julgadas com rigor.
Existem pelo menos duas maneiras básicas de apresentar uma teoria de valor, baseada em dois tipos diferentes de perguntas que as pessoas fazem:
- O que as pessoas consideram bom, e o que desprezam?
- O que é realmente bom e o que é realmente mau?
As duas perguntas são sutilmente diferentes. Alguém poderia responder a primeira questão pesquisando o mundo através das ciências sociais, e examinando as preferências que as pessoas declaram. Todavia, alguém poderia responder a segunda pergunta pelo uso do raciocínio, introspecção, prescrição e generalização. O primeiro método de análise é denominado "descritivo", porque tenta descrever o que as pessoas realmente vêem como bem ou mal; enquanto o segundo é denominado "normativo", porque tenta ativamente proibir o mal e valorizar o bem. Estas abordagens descritiva e normativa podem ser complementares. Por exemplo, seguir o declínio da popularidade da escravidão através das culturas é trabalho da ética descritiva, enquanto informar que a escravidão deve ser evitada, é normativo.
A metaética é o estudo das questões fundamentais a respeito da natureza e origens do bom e do odioso, incluindo a investigação da natureza do bem e do mal, assim como o significado da linguagem avaliativa. A este respeito, a metaética não está necessariamente presa às investigações do que os outros vêem como bom, ou que declaram que é bom.
Ver também
Referências
- ↑ Charles H. Kahn. Democritus and the Origins of Moral Psychology. "The American Journal of Philology" (1985)
Ligações externas
- O Maniqueísmo: o Bem, o Mal e seus efeitos ontem e hoje por Raymundo de Lima em Revista Espaço Acadêmico. Visitado em 9 de novembro de 2007.
- Bem e mal por Sérgio Biagi Gregório em Centro Espírita Ismael. Visitado em 9 de novembro de 2007.
- O Bem, o Mal e o Terrorismo por Eric Rouleau em Le Monde Diplomatique Brasil. Visitado em 9 de novembro de 2007.