Bodies (canção de Sex Pistols)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

"Bodies" é uma canção da banda britânica Sex Pistols, do álbum Never Mind the Bollocks, Here's the Sex Pistols, de 1977. A canção aborda o aborto com letras descritas como "algumas das mais intransigentes e emocionantes que se possa imaginar".[1]

Letra[editar | editar código-fonte]

A canção é principalmente sobre uma fã chamado Pauline, que era (como a música afirma) de Birmingham.[2] Ela estava em uma instituição mental, onde aparentemente morava em uma casa na árvore em seu jardim.[3][4][2] Foi daí que surgiu a frase "O nome dela era Pauline, ela morava em uma árvore" ("Her name was Pauline, she lived in a tree"). A instituição também foi onde ela parece ter sido estuprada por um dos enfermeiros.[5] Quando foi libertada, viajou para Londres, onde se tornou fã de punk rock. Ela sofreu vários abortos. Segundo a lenda, certa vez ela apareceu na casa de John Lydon segurando um feto abortado em uma sacola plástica transparente.[6] Em uma entrevista de 1977, quando questionado sobre os bastidores da canção, Lydon também afirmou que ela foi presa após entrar em uma discoteca com o feto abortado.[7]

De acordo com a autobiografia de Lydon, ela contou a ele sobre engravidar e depois fazer abortos e descreveu-os em detalhes. Isso afetou Lydon o suficiente para escrever a canção. A maioria da banda também teve experiências com Pauline, mas falaram menos sobre isso.[3]

Gravação[editar | editar código-fonte]

"Bodies" é uma das duas canções de Never Mind the Bollocks que o baixista original dos Pistols, Glen Matlock, não coescreveu.[carece de fontes?] É também a única canção do álbum em que Sid Vicious realmente toca baixo, embora sua parte tenha sido mais tarde regravada por Steve Jones, depois que Matlock se recusou a fazê-lo.[8][9] Como todas as outras canções dos Sex Pistols, foi creditada a toda a banda, embora Vicious estivesse no hospital com hepatite quando ela foi composta.[9][10]

Recepção[editar | editar código-fonte]

Com suas repetidas menções de "eu não sou um animal", "mamãe" e um bebê morrendo, a canção foi interpretada como sendo anti-aborto,[4] com o crítico de música contemporânea Robert Christgau chamando-a de "efetivamente anti-aborto, anti-mulher e anti-sexo."[11][6] Em 2006, a revista National Review colocou a canção na 8ª posição da lista das "50 melhores músicas do rock conservador", devido à sua descrição negativa e inflexível do aborto.[12] O próprio Lydon, em uma entrevista de 2007 à Revista Spin, disse: "Não acho que haja uma música mais clara sobre a dor do aborto. A justaposição de todas essas coisas psíquicas diferentes em sua cabeça e toda a confusão, raiva, frustração que você precisa capturar com essas palavras."[8] Na série de documentários Classic Albums (2007) sobre o álbum Never Mind The Bollocks, Lydon disse ainda: "Essa canção foi odiada e abominada. Não é anti-aborto, não é pró-aborto. É: 'Pense nisso. Não seja insensível com relação a um ser humano, mas também não se limite a algo "moral". Porque é imoral trazer uma criança para este mundo e não dar a mínima para isso.'"[13]

Juntamente com "Belsen Was a Gas", é provavelmente a canção mais gráfica e controversa dos Sex Pistols, tanto em seu assunto quanto em seu estilo. Um artigo de 2017 do The Independent a descreveu como "uma representação sangrenta e borbulhante de um aborto repleto de uma saraivada de palavrões de Rotten".[14] Musicalmente, é também a canção mais rápida e pesada[15] dos Pistols — caracterizada por bateria barulhenta, distorções de guitarra e vocais gritados.[6]

Referências

  1. Ross, Graeme (10 de janeiro de 2018). «Sex Pistols playlist: 10 broadsides that shook the world». The Independent. Consultado em 17 de novembro de 2019 
  2. a b Simpson, Dave (15 de fevereiro de 2018). «John Lydon: 'I didn't want to be a comfortable, Mick Jagger-type naughty pop star'». The Guardian. Consultado em 17 de novembro de 2019 
  3. a b «Never Mind the Bollocks - Track by Track (Bodies)». www.sexpistolsofficial.com. Consultado em 17 de novembro de 2019 
  4. a b Grow, Kory (27 de outubro de 2017). «Sex Pistols Break Down 'Never Mind the Bollocks' Track by Track». Rolling Stone. Consultado em 17 de novembro de 2019 
  5. Perone, James E. (17 de outubro de 2012). The Album: A Guide to Pop Music's Most Provocative, Influential, and Important Creations. [S.l.]: Praeger Publishing. ASIN B00Y2VMZKQ 
  6. a b c Faraci, Devin (29 de março de 2013). «Smash Your Head On The Punk Rock: The Sex Pistols - Bodies». BirthMoviesDeath.com. Consultado em 17 de novembro de 2019 
  7. Tobler, John (12 de novembro de 1977), «Sex Pistols - Tobler Interview - 11/11/77», BBC Radio 1, consultado em 17 de novembro de 2019 
  8. a b Rabid, Jack (Outubro de 2007). «Tell us what you think, Johnny Rotten». Spin. p. 64. Consultado em 17 de novembro de 2019 
  9. a b Dyer, Jonathan (27 de outubro de 2017). «After 40 years, 'Never Mind the Bollocks'». Public Radio International. Consultado em 17 de novembro de 2019 
  10. Heylin, Clinton (1998). Never Mind the Bollocks, Here's the Sex Pistols. [S.l.]: Schirmer Books. pp. 92, 131. ISBN 978-0028647265 
  11. Christgau, Robert (1977). «Consumer Guide Review, Never Mind the Bollocks, Here's the Sex Pistols». Consultado em 17 de novembro de 2019 
  12. Miller, John (26 de maio de 2006). «Rockin' the Right - The 50 greatest conservative rock songs». Nation Review. Consultado em 17 de novembro de 2019. Cópia arquivada em 25 de agosto de 2010 
  13. Cox, Alex (Maio de 1986). Sid and Nancy (Filme) (em inglês). ASIN B00004ZBVO 
  14. Worley, Matthew (25 de outubro de 2017). «No future: 40 years since Sex Pistols stuck two fingers up at the British establishment». The Independent. Consultado em 17 de novembro de 2019 
  15. Total Guitar Magazine (24 de outubro de 2017). «The guitar stories behind Never Mind The Bollocks, by Steve Jones». Louder Sound. Consultado em 17 de novembro de 2019