Caminho de Ferro do Amboim

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Caminho de Ferro do Amboim
Info/Ferrovia
Informações principais
Área de operação Angola
Tempo de operação 19231975
Operadora Empresa dos Caminhos de Ferro de Luanda-EP
Portos Atendidos Porto do Cuanza Sul
Especificações da ferrovia
Extensão 130 km (80,8 mi)
Bitola 600 mm

O Caminho de Ferro do Amboim é uma linha ferroviária inativa que atravessava uma pequena faixa do centro de Angola para ligar o litoral a regiões cafeicultoras e algodoeiras.[1]

Com 130 km de comprimento e uma bitola de 600 mm, enquanto estava ativa ligava o porto do Cuanza Sul (na cidade de Porto Amboim) à cidade de Gabela, todas localidades do Cuanza Sul.[1]

Sua operadora era a empresa privada "Companhia do Caminho de Ferro do Amboim" (CCFAm). Sua concessão atual está com a Empresa dos Caminhos de Ferro de Luanda (ECFL-EP).[2]

História[editar | editar código-fonte]

Material Circulante do Caminho de Ferro do Amboim, nas cercanias de 1925.

A construção da linha foi concessionada à Companhia do Caminho de Ferro do Amboim em 21 de outubro de 1921, devendo ligar inicialmente o porto do Cuanza Sul até Bimbe/Bailundo, com previsão de conexão com Huambo, formando um entrocamento com o Caminho de Ferro de Benguela.[1]

As obras iniciaram em 1923,[1] sendo abertos à exploração, neste mesmo ano, 44 quilômetros, com um rápido desenvolvimento dos trabalhos.[1] Já em 1925 completava 108 quilômetros construídos e em operação até Carlaongo.[1] As grandes dificuldades impostas pelo Planalto do Amboim[3] fizeram com que o trecho restante fosse construído lentamente entre 1931[4] e 3 de setembro de 1941, quando alcança os 130 quilômetros até Gabela.[5]

Em 1926, a CCFAm registrou transporte de 8.040 toneladas de mercadorias, constituídas sobretudo por café, coconote, azeite de palma, cocos e algodão, além de 2.161 passageiros das três classes.[1] Em 1953 os registros já apontavam 33396 toneladas de mercadorias e 5625 passageiros. Isto colocava o Caminho de Ferro do Amboim como o terceiro maior em valor de carga transportado, superando mesmo o Caminho de Ferro de Moçâmedes, quase três vezes maior. Neste mesmo ano, a Direcção Nacional dos Caminhos de Ferro de Angola propôs a extensão até Quibala, com ramal desta a Uaco Cungo.[6]

Fechamento e tentativa de reabertura[editar | editar código-fonte]

Em 1974, nos efeitos da Guerra de Independência de Angola, o Caminho de Ferro do Amboim foi fechado ao tráfego, visto que seu traçado tinha virado alvo de sabotagens e emboscadas.[7] A empresa administradora CCFAm declarou cedência ao Estado português, com a linha sendo assumida pela Companhia dos Caminhos de Ferro de Luanda (CCFL).[2] A própria CCFL foi expropriada pelo Estado angolano no ano seguinte, tornado-se ECFL.[2] A CCFAm (depois convertida em Empresa do Caminho de Ferro do Amboim) manteve os direitos pela exploração da linha até 2007, quando foi liquidada.[8]

O governo de Angola tentou retomar as operações da linha férrea nas décadas de 1970 e 1980, mas as batalhas da Guerra Civil Angolana no Planalto do Amboim minaram a possibilidade de obras de manutenção. A própria guerra destroçou a economia planáltica que sustentava a operação ferroviária, de maneira que o arrefecer dos conflitos, na década de 1990, não foi suficiente para o retorno do Caminho de Ferro do Amboim.[9]

Pós-guerra[editar | editar código-fonte]

Durante a década de 2010 diversas vezes o governo angolano demonstrou interesse de reconstruir a linha entre Porto Amboim e Gabela, com extensão para o leste, até Quibala e Mussende, além de um possível ramal entre Quibala, Uaco Cungo, Bailundo e Huambo.

Operações[editar | editar código-fonte]

Principais estações[editar | editar código-fonte]

As principais estações do Caminho de Ferro do Amboim são:[10]

Referências

  1. a b c d e f g Caminho de Ferro de Mossâmedes. Boletim da C.P. - Órgão da Instrução Profissional do Pessoal da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses. Nº 11. 2º Ano. Lisboa: Maio de 1930.
  2. a b c Alexopoulou, Kleoniki. An anatomy of colonial states and fiscal regimes in Portuguese Africa: Long-term transformations in Angola and Mozambique, 1850s-1970s. Wageningen: Universidade de Wageningen. 2018. pp. 154. ISBN: 978-94-6343-374-7
  3. Uma Visita de Estudo à Angola. Gazeta dos Caminhos de Ferro Portugueses. Nº 1570. Ano 66. Lisboa: 16 de maio de 1953. pp. 102-106.
  4. Os primeiros anos do comboio em Angola. Jornal de Angola. 7 de agosto de 2012.
  5. Correio Ambulante: Os Caminhos de Ferro de Angola (CFA). Marcofilia de Angola. [s./d.].
  6. Os Caminhos de Ferro de Angola e seu papel económico e social. Gazeta dos Caminhos de Ferro Portugueses. Nº 1600. Ano 67. Lisboa: 16 de agosto de 1954. pp. 226 e 227.
  7. W. Martin James III. A Political History of the Civil War in Angola, 1974-1990. Piscataway: Routledge. 30 de março de 2011. pp. 17. ISBN 9781412815062.
  8. Despacho conjunto n.º 757/07 (Ministério das Finanças, Ministério dos Transportes) - Nomeia a Comissão Liquidatária da Empresa do Caminho de Ferro do Amboim-U.E.E.. Diário da República n.º 149, Série I. 12 de dezembro de 2007. pp. 2336.
  9. Lopes, J. M. Caminho de Ferro do Amboim: breve ensaio histórico.Luanda: Editora do Autor. 2002.
  10. Angola Railways - Passenger Stations and Stops. Railway Station Lists. 1998.