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Carlos Hoenen

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Carlos Hoenen
Carlos Hoenen
Cidadania Alemanha
Ocupação fotógrafo

Carlos Hoenen foi um fotógrafo alemão do século XIX, ativo na cidade de São Paulo entre 1875 e 1885, à frente do estúdio “Photographia Allemã”, localizado na Rua do Carmo. Seu estúdio realizava retratos, ampliações, fotopinturas, e comercializava álbuns e material fotográfico. Hoenen também dava aulas em seu estúdio a fotógrafos profissionais e aspirantes.

A primeira notícia de Carlos Hoenen é de 19 de maio de 1875, quando chegou no Rio de Janeiro embarcado no paquete “Ceará”, vindo dos “portos do Norte” do Brasil. Vinham no mesmo navio Isidor Flach, que viria a ser seu sócio, acompanhado de um homem escravizado não identificado. No Rio de Janeiro firmou contrato com Flach para “um estabelecimento de photographia” com capital de oito contos de réis; o contrato foi arquivado no Tribunal do Comércio do Rio de Janeiro e a sociedade denominada “Carlos Hoenen e Companhia”.[1][2][3][4]

Do Rio, partiu para o porto de Santos em 31 de maio de 1875 no vapor “Conde D’Eu”, acompanhado de Isidor, que manteria a sociedade com Hoenen até 1879. Em 1.o de setembro do mesmo ano Hoenen inaugura a “Photographia Allemã”, localizada na Rua do Carmo, 74 (atual Roberto Simonsen), no centro de São Paulo. O estúdio esteve sob a administração de Carlos Hoenen até 1885, quando vendeu o estúdio e passou o ponto a Rodolpho Neuhaus, seu ajudante no estúdio.[5][6][7][8][9]

Foi casado com Maria Ermelinda Schritzmeyer, com quem teve dois filhos: Paulo Hoenen, falecido de meningite com um ano, em 1884, e Carlos Hoenen.[10][11]

Anúncio do "Photographia Allemã" publicado no Correio Paulistano em 1877.

Photographia Allemã

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A “Photographia Allemã” oferecia uma gama de serviços, realizando ampliações, fotopinturas, e “retratos de tamanho natural, em busto, grupos de todo o tamanho, vistas campestres, cartões, etc.”, utilizando “systemas os mais aperfeiçoados da Europa”, acondicionados em uma diversidade de invólucros, conforme constava nos anúncios, que ofereciam aos clientes um “lindo e variado sortimento de álbuns com capa de veludo marchetado de madrepérola, couro da Rússia com gravuras sobre vidro, e muitos outros gostos”; as chapas fotográficas tiradas no estúdio eram também armazenadas para reproduções futuras.[6][12][13]

A variedade de processos técnicos e de acabamentos oferecidos indica para o historiador Boris Kossoy uma tentativa da valorização da fotografia enquanto objeto de arte. Reforça essa percepção a prática dos estúdios fotográficos do século XIX de expor seus trabalhos nas vitrines de outros estabelecimentos comerciais, como fez Carlos Hoenen ao expor as fotografias de seu estúdio na Livraria Garraux.[14][15]

Retrato de Francisca de Paula Campos, realizado por Carlos Hoenen (anverso e verso).

Em 1877 foi contratado para o estúdio o pintor austríaco Ferdinand Piereck, responsável pela policromia das fotopinturas, a óleo e aquarela. Piereck provavelmente foi o responsável pela execução de uma pintura sobre ampliação fotográfica feita em 1878 para o teto do Grande Hotel da Rua São Bento, de propriedade de Frederico Glette e Vítor Nothmann.[16][17][18]

Em 1883, Carlos Hoenen retornou de uma viagem de estudos à Europa, quando passa a anunciar o processo fotográfico de chapas secas, chamados na época de “emulsion gelatine ou chapas instantâneas”, uma importante inovação do período, tendo reduzido o tempo de exposição, permitindo “...obter um retrato perfeito da mais irrequieta criança, de pessoas nervosas, etc.”.[19][20]

A “Photographia Allemã” também teve grande importância para a difusão da fotografia na Província de São Paulo, comercializando materiais e equipamentos fotográficos, e oferecendo aulas aos profissionais e aspirantes a fotógrafos do interior paulista.[21]

Alberto Henschel

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A existência do “Photographia Allemã” em São Paulo impediu o fotógrafo Alberto Henschel de abrir um estúdio com esse mesmo nome em São Paulo, como já havia feito em Recife, Salvador e Rio de Janeiro. Assim, Henschel deu a seu estúdio paulistano, aberto em 1882, o nome de “Photographia Imperial”.[21]

Referências

  1. «Movimento do Porto - Saídas no dia 19 (Portos do Norte)». O Globo. 20 de maio de 1875. Consultado em 5 de maio de 2020 
  2. «Movimento do Porto - Saídas no dia 19 (Portos do Norte)». Jornal do Comércio. 20 de maio de 1875. Consultado em 5 de maio de 2020 
  3. «Passageiros - Saídos para o Sul no vapor brasileiro Ceará». Diário de Pernambuco. 14 de maio de 1875. Consultado em 5 de maio de 2020 
  4. «Registro Diário - Contratos Comerciais». O Globo. 1 de junho de 1875. Consultado em 5 de maio de 2020 
  5. «Movimento do Porto - Saídas no dia 31 (Santos)». O Globo. 31 de maio de 1875. Consultado em 5 de maio de 2020 
  6. a b «Anúncio - Photographia Allemã». Diário de São Paulo. 3 de setembro de 1875. Consultado em 5 de maio de 2020 
  7. FLACH, Isidor (11 de março de 1879). «Aviso». Correio Paulistano. Consultado em 5 de maio de 2020 
  8. HOENEN, Carlos (5 de março de 1885). «Anúncio - Photographia Allemã (À Venda)». Correio Paulistano. Consultado em 5 de maio de 2020 
  9. HOENEN, Carlos; NEUHAUS, Rodolpho (9 de abril de 1885). «Anúncios - Photographia Allemã (Venda e Sucessão)». Correio Paulistano. Consultado em 5 de maio de 2020 
  10. «Obituário». Correio Paulistano. 9 de julho de 1884. Consultado em 5 de maio de 2020 
  11. «Carlos Hoenen - Genealogia». My Herytage. Consultado em 5 de maio de 2020 
  12. «Anúncio - Photographia Allemã». Diário de São Paulo. 18 de julho de 1878. Consultado em 5 de maio de 2020 
  13. «Anúncio - Photographia Allemã». Correio Paulistano. 13 de abril de 1876. Consultado em 5 de maio de 2020 
  14. FABRIS, Annateresa (2008). Fotografia: usos e funções no século XIX. São Paulo: EDUSP. p. 64. 304 páginas. ISBN 8531400236 
  15. «Gazetilha - Exposição na Casa Garraux». Diário de São Paulo. 21 de dezembro de 1875. Consultado em 5 de maio de 2020 
  16. «Anúncio - Photographia Allemã». Diário de São Paulo. 17 de novembro de 1877. Consultado em 5 de maio de 2020 
  17. «Anúncio - Photographia Allemã». Diário de São Paulo. 1 de maio de 1878. Consultado em 5 de maio de 2020 
  18. CAMPOS, Eudes (1 de maio de 2009). «O antigo Beco da Lapa e o Grande Hotel». Informativo do Arquivo Histórico Municipal de São Paulo. Consultado em 5 de maio de 2020 
  19. «Anúncio - Photographia Allemã». Correio Paulistano. 7 de novembro de 1882. Consultado em 5 de maio de 2020 
  20. FERREZ, Gilberto (1946). «A fotografia no Brasil e um de seus mais dedicados servidores: Marc Ferrez (1843-1923)». Revista do IPHAN. Consultado em 5 de maio de 2020 
  21. a b «Carlos Hoenen». Enciclopédia Itaú Cultural. 1 de março de 2017. Consultado em 5 de maio de 2020 


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