Castelo da Boa Esperança

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Castelo da Boa Esperança
Castle of the Good Hope
Castelo da Boa Esperança
Tipo Fortificação
Engenheiro Pieter Dombaer
Início da construção 1666
Fim da construção 1679
Proprietário inicial Companhia Holandesa das Índias Orientais
Função inicial Fortaleza
Proprietário atual Força de Defesa Nacional
Função atual Sede do Comando da Província Ocidental e museu
Website
Geografia
País África do Sul
Cidade Cidade do Cabo
Coordenadas 33° 55' 33.28" S 18° 25' 39.83" E
Castelo da Boa Esperança está localizado em: África do Sul
Castelo da Boa Esperança
Geolocalização no mapa: África do Sul
Mapa
Localização em mapa dinâmico

O Castelo da Boa Esperança (em inglêsː Castle of the Good Hope) é um forte construído entre os anos de 1666 e 1679, que está localizado na Cidade do Cabo, na África do Sul. É um Patrimônio Nacional e, atualmente, é a sede do Comando da Província Ocidental e abriga o Museu Militar e o Museu Iziko, que possui em seu acervo a Coleção William Fehr.[1][2]

História[editar | editar código-fonte]

Em 1652, o comandante Jan van Riebeeck constrói um pequeno forte, de barro e madeira, para servir de posto avançado do Cabo da Boa Esperança para a Companhia Holandesa das Índias Orientais. Este forte foi construído em Table Valley, perto da praia e a leste do rio Fresh.[1][2]

No ano de 1664, os Países Baixos e Inglaterra ameaçaram iniciar uma guerra marítima entre eles, então, em 1666, a Companhia Holandesa das Índias Orientais iniciou a construção do castelo, substituindo o pequeno forte, para fornecer uma maior proteção ao assentamento. O novo forte foi construído aproximadamente a 223 metros a leste do antigo forte. Em 1667, com o fim da guerra, as obras foram interrompidas, com apenas dois bastiões prontos. Em 1672, deu-se início a um novo conflito entre os dois países, e as obras do forte foram retomadas. No ano de 1674, o antigo forte é desativado e a nova fortificação é ocupada, mesmo com as obras em andamento. E em 26 de abril de 1679, as obras são finalizadas.[1][2][3]

Em 1695, o castelo passa a ser a sede do governo holandês e a Companhia Holandesa das Índias Orientais constrói a residência oficial do governador e um salão do conselho.[2]

Em 1795, o castelo passa a servir de quartel-general militar e sede do governo britânico. Em 1811, gradativamente a sede do governo britânico foi sendo transferida e só permanecendo os serviços militares no castelo.[2][4]

Entre os anos de 1899 e 1902, durante a Segunda Guerra dos Bôeres, as celas e câmaras de torturam do castelo foram usadas pelos britânicos.[5]

Em meados do século XIX, as autoridades britânicas tentam demolir o castelo por diversas vezes, mas cidadãos africâner impediram. Em um dos acontecimentos, a ferrovia da cidade precisava ser ampliada, e para a passagem da ferrovia, Cecil Rhodes queria demolir os bastiões Katzenellenbogen e Buuren, e a bateria Imhoff completa. Marie Koopmans-de Wet, uma mulher proeminente com raízes holandesas, impediu que acontecesse. E somente a bateria Imhoff foi demolida para a passagem da via ferroviária.[4]

No ano de 1907, o castelo passa a pertencer à Força de Defesa da União, a qual pertence até os dias de hoje. Em 17 de abril de 1936, o castelo recebe o título de Patrimônio Provincial, sob o número de gazeta 2346. E em 14 de outubro de 2016, é substituído para Patrimônio Nacional, sob o número de gazeta 40346.[2]

Arquitetura[editar | editar código-fonte]

Maquete do Castelo da Boa Esperança

O castelo foi construído conforme os princípios do antigo sistema de defesa dos Países Baixos do início do século XVII, com paredes inclinadas e mais largas na base, para desviar o impacto de balas de canhão, e em planta pentagonal, para possibilitar atacar os invasores pelos flancos. As obras foram chefiadas pelo engenheiro Peter Dombaer, tendo como carpinteiro Adriaan van Braeckel e mestre de obras Douwe Gerbrandtz Steyn. Escravos eram usados para obter materiais de construção, como pedra, cal queimada de conchas e madeira, e a construção era feita por soldados.[2][4]

O material usado na construção do castelo veio de diversas regiões. As pedras vieram de uma pedreira de Signal Hill (atual Waterkant); as conchas, usadas na argamassa de cal, vieram das praias de Robben Island, e posteriormente de Baía de Saldanha, devido ao esgotamento do material no primeiro local; e os tijolos vieram da Holanda.[4]

As fundações do forte foram construídas sobre um leito rochoso, com 3 metros de largura e de 3 a 6 metros de profundidade. Foi construído um fosso de 25 metros ao redor do forte. A planta possui formato pentagonal com bastiões em cada canto, denominados Leerdam, Buren, Katzenellenbogen, Nassau e Orange. As paredes que ligam os bastiões possuem 150 metros de comprimento e a lateral de cada bastião possui ângulo reto com a parede adjacente. Havia um depósito de pólvora sob cada bastião. O bastião Buren, ao norte, abrigava os aposentos de alguns dos oficiais e homens. No topo do bastião, foram montados canhões de 12, 18 e 24 pounder. O bastião Katzenellenbogen, ao leste, possuía o mastro da bandeira, abaixo dela estava o "buraco negro" e outras celas. O bastião Nassau, a sudeste, abrigava um grupamento de armazéns e escritórios. O bastião Orange, ao sul, abrigava os alojamentos dos guardas do arsenal; e os aposentos e oficinas dos armeiros. Entre os bastiões Nassau e Katzenellenbogen havia um porto sally com portas de ferro.[1][2]

A antiga entrada do castelo situava-se entre os bastiões Buren e Katzenellenbogen, posteriormente foi transferida para entre os bastiões Buren e Leerdam. Na entrada há um frontão com o brasão de armas dos Países Baixos, e nas arquitraves os brasões de Amsterdão, Roterdão, Delft, Zelândia, Hoorn e Enkhuizen. Acima da entrada, foi construído um campanário com tijolos klompies e instalado um sino, que foi fundido em Amesterdão no ano de 1697.[2]

Foi construída uma muralha Kat cruzando o pátio, desde o bastão Katzenellenbogen até a parede entre os bastiões Leerdam e Orange. A muralha foi construída com 12 metros de altura e um portão conectando os pátios, e acima do portão há um relógio de sol.[2]

Posteriormente, à direita do portão da muralha Kat foi construída a residência do govenador e o salão do conselho, tendo Thibault como arquiteto e Anreith como escultor. E à esquerda do portão, foi construída a residência do Secunde sobre as adegas de grãos.[2]

Lendas[editar | editar código-fonte]

Há algumas histórias de aparições fantasmagóricas no castelo. A aparição mais proeminente é da Lady Anne Barnard, esposa do Secretário Colonial britânico e moradora do castelo nos anos de 1800. Dizem que em algumas noites, seu espírito ilumina o salão de baile com música e alegria, e rapidamente o ambiente escurece novamente, só deixando um cheiro de perfume no ar. Há relatos de outras aparições, como a Senhora de Cinza, que foi vista pelo menos três vezes, até o ano de 1947; e a aparição de quatro acusados de liderar um motim na época da construção do castelo. É relatado que os espíritos dos quatro líderes são vistos ao redor do bastião Leerdam. Também há relatos de aparições, pelos corredores do castelo, do espírito do ex-governador Pieter Gijsbert (1727 a 1729), que condenou uma pessoa à morte, e essa pessoa o amaldiçoou; e na mesma tarde o governador morreu.[4]

Turismo[editar | editar código-fonte]

O castelo está aberto ao público todos os dias, com entrada paga. É um dos principais pontos turísticos da cidade. As visitas podem ser guiadas ou feitas por conta própria. No local há uma cafeteria com mesas ao ar livre e uma loja de souvenires.[3][4][6]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d «The Castle of Good Hope, oldest surviving colonial building in South Africa, is completed.». South African History Online. Consultado em 5 de dezembro de 2022 
  2. a b c d e f g h i j k «9/2/018/0056 - The Castle of Good Hope, Cape Town». South African Heritage Resources Agency (SAHRA). 22 de junho de 2012. Consultado em 5 de dezembro de 2022 
  3. a b «The Castle of Good Hope». Iziko Museums (em inglês). Consultado em 5 de dezembro de 2022 
  4. a b c d e f Zwarteveen, Benjo Christian. (30 de junho de 2016). Research Part II The Castle as an exampleː The Castle of Good Hope. Explorelab. Laboratory of the Faculty of Architecture, TU Delft
  5. «The ghosts of The Castle of Good Hope». MatieMedia (em inglês). 2 de dezembro de 2020. Consultado em 5 de dezembro de 2022 
  6. Frei, Marie (18 de julho de 2014). «Castle of Good Hope». AFAR Media (em inglês). Consultado em 5 de dezembro de 2022