Cerâmica saramenha

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Cerâmica saramenha é um tipo de cerâmica de origem portuguesa produzido em algumas cidades brasileiras do estado de Minas Gerais[1].

Histórico[editar | editar código-fonte]

A origem aceita da Cerâmica Saramenha é de que sua produção teria começado no século XIX em um lugar conhecido como Chácara Saramenha, da qual herdou o nome, localizada a 3 Km de Ouro Preto[2].

Também há uma versão de que a técnica de vitrificação teria sido trazida de Portugal por padre Viegas e incorporada à cerâmica primitiva já produzida no Brasil[3]

De aspecto e grosseiro, já teria sido narrada dessa forma pelo viajante francês Auguste de Saint-Hilaire. Cerca de um século depois a cerâmica começaria a ser valorizada por colecionadores de arte[2].

Escavações foram realizadas em Ouro Preto, onde foram encontradas várias peças como castiçais, bilhas, canecas, paliteiros, saleiros, candeias e urinóis. A pesquisadora do Museu Nacional de Cerâmica, Antoniette Fay, revelou em ações investigativas do IPHAN que há semelhança de estilo com uma louça antiga da região francesa de Bouvais[2].

A partir da última década de 70, ganhou valorização internacional após exemplares serem levados à Exposição Internacional de Bruxelas[2].

Características e usos[editar | editar código-fonte]

A técnica de produção da cerâmica saramenha utiliza um barro escuro[4].O aspecto vidrado da cerâmica é obtido por meio de um verniz especial feito a partir de pigmentos metálicos. Seu emprego ocorre antes da peça ir ao forno pela segunda vez[5]. O verniz seria um óxido de ferro, mas também há o emprego conjunto de pedra moída[4].

Pela análise de inventários relativos ao século XIX em Ouro Preto, há indícios de que o uso de exemplares fosse mais empregado nas cozinhas e com menos frequência em salas de jantar na composição de aparelhos de louças para refeições[6], mas atualmente seu uso não tem destinação específica.

Locais de produção[editar | editar código-fonte]

Nas últimas décadas, sua produção era encontrada nas cidades de Ouro Preto, Sabará, Santa Luzia, Mariana, Caeté, Barão de Cocais e Santa Bárbara, mas a produção tem ficado restrita a alguns locais[2]. A produção em Ouro Branco, na Casa do Artesão Mestre Bitinho, formada por cerca de 18 artesãos, é uma considerada a única unidade restantes a desenvolver a técnica[7]. O nome do espaço foi dado a um artesão falecido em 1998 que tentou deixar a técnica do ofício a outros artesãos[8].

O escasseamento teria sido gerado pela concorrência com cerâmicas de origem inglesa[6].

Referências

  1. Moraes, Silvia. (23 de novembro de 2000). Peça rara - Técnica resgatada. Jornal Folha de S.Paulo, Caderno Equilíbrio, acesso em 5 de maio de 2010
  2. a b c d e Macedo, Edelma. Projeto Experimental Arte e Artesanato - A cerâmica Saramenha. EBA-UFMG/BDMG Cultural, acesso em 5 de maio de 2010
  3. Jornal Estado de Minas. (11 de maio de 2000). Oficinas resgatam artesanato, Caderno Turismo
  4. a b Guia Caminho Real. Guia Ouro Preto e arredores. São Paulo: BEI Comunicação, 2006, p.33
  5. Agência Minas. (4 de junho de 2008). Polícia Militar leva arte ao Terminal Rodoviário de BH, acesso em 5 de maio de 2010
  6. a b Sena, Tatiana da Costa. O consumo de louças estrangeiras e produção de louça vidrada em Vila Rica (1808-1822). Monografia de bacharelado. ICHS-UFOP, Mariana, 2007
  7. Diário da Tarde/Estrada Real. (26 de janeiro de 2007). Passeio pela história e belas paisagens, acesso em 5 de maio de 2010
  8. Jornal Estado de Minas. (31 de março de 2003). Resgate. Caderno Gerais