Charles Benedict Davenport
Charles Benedict Davenport (Stamford, Connecticut, 1 de junho de 1866 – 18 de fevereiro de 1944) foi um eugenista americano, fundador do Eugenic Record Office, ou ERO, que operou até 31 de Dezembro de 1939, onde estabeleceu métodos estatísticos biológicos e sua aplicação no estudo de problemas hereditários.[1] Defendeu que o comportamento, e não somente as características físicas, era hereditário e no livro Heredity in Relation to Eugenics de 1911, advogou a proibição de casamentos interraciais, para além de defender a diminuição da imigração nos Estados Unidos da América, por considerar que eram inferiores.[1]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Bacharelou-se na Universidade de Harvard em 1889 e Ph.D em zoologia, no ano de 1892, tornando-se instrutor. Publicou, baseado no matemático inglês Karl Pearson Statistical Methods With Special Reference to Biological Variation, em 1899.[1]
Pioneiro na introdução de medidas quantitativas na taxonomia. Davenport tinha enorme admiração pela abordagem biométrica à evolução preconizada por Francis Galton e Karl Pearson, tendo feito parte do corpo editorial da revista científica de Pearson, Biometrika. No entanto, com a "redescoberta" das leis da hereditariedade de Gregor Mendel, Davenport converteu-se e tornou-se um grande defensor das ideias de Mendel sobre genética.
Davenport foi director do laboratório Cold Spring Harbor Laboratory em 1910, onde fundou o Eugenics Record Office, que operou até 31 de Dezembro de 1939. Aí iniciou a sua investigação no campo da hereditariedade humana, e grande parte do seu esforço passou a dedicar-se à promoção do eugenismo.[2] O seu livro de 1911, Heredity in Relation to Eugenics ("A relação da hereditariedade com o eugenismo"), foi uma obra importante nesta área e foi usado como texto escolar durante muitos anos. No ano seguinte à sua publicação, Davenport foi eleito para a Academia Nacional das Ciências dos Estados Unidos.
Davenport e um seu assistente tentaram desenvolver uma abordagem quantitativa compreensiva à miscigenação, ou, nas suas próprias palavras, "cruzamento de raças" nos humanos. O resultado foi publicado em 1929 no livro Race Crossing in Jamaica ("Cruzamento racial na Jamaica"), que pretendia fornecer provas estatísticas sobre a degradação biológica e cultural resultante do cruzamento das populações brancas e negras. Actualmente este trabalho é catalogado como racismo científico, e foi fortemente criticado no seu tempo por tentar chegar a conclusões que eram fracamente suportadas (ou mesmo contrariadas) pelos dados objectivos apresentados.
Davenport manteve ligações com instituições e publicações da Alemanha Nazi antes e durante a Segunda Guerra Mundial. Estas ligações foram documentadas por Stefan Kühl. Por exemplo, Davenport foi editor de duas influentes revistas alemãs, ambas fundadas em 1935, e contribui para o Festschrift de Otto Reche em 1939, que se tornou um importante defensor do plano nazi para "remover" as populoações consideradas inferiores, da Alemanha de Leste.[3]
Obras selecionadas
[editar | editar código-fonte]- Observations on Budding in Paludicella and Some Other Bryozoa (1891)
- On Urnatella Gracilis (1893)
- Experimental Morphology (1897-99)
- Statistical Methods, with Special References to Biological Variation (1899; segunda edição, 1904)
- Introduction to Zoölogy, with Gertrude Crotty Davenport (1900)
- Inheritance in Poultry, Carnegie Institution Publication, No, 52 (Washington, 1906)
- Inheritance of Characteristics in Domestic Fowl, Carnegie Institution Publication, No. 121 (Washington, 1909)
- Heredity in Relation to Eugenics (1911)
- Heredity of Skin-Color in Negro-White Crosses, Carnegie Institution Publication, No. 188 (1913)
- Race Crossing in Jamaica (1929)
Referências
- ↑ a b c biografia de Davenport no DEC da Universidade Federal de Campina Grande
- ↑ [1] Davenport, Charles, "Research in Eugenics", volume=54, n.º1400, 28 de Outubro de 1921, Science Magazine (revista), pgs=391-397
- ↑ Kuhl, S. "The Nazi Connection; Eugenics, American Racism, and German National Socialism" (Oxford/ New York, O.U.P., 1994.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Edwin Black, War Against the Weak: Eugenics and America’s Campaign to Create a Master Race, (New York / London: Four Walls Eight Windows, 2003);
- Elof Axel Carlson, "Times of triumph, Times of Doubt, science and the battle for the public trust", (Cold Spring Harbor; Cold Spring Harbor Press, 2006) ISBN 0-87969-805-5