Concheiros de Muge
Concheiros de Muge
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| Tipo | sítio arqueológico, concheiro, património cultural |
| Geografia | |
| Coordenadas | |
| Localização | Muge - Portugal |
| Patrimônio | Monumento Nacional |
O sítio arqueológico dos Concheiros de Muge, localizado na freguesia de Muge, concelho de Salvaterra de Magos, foi identificado em 1863 pelo geólogo Carlos Ribeiro. Trata-se do maior complexo mesolítico conhecido na Europa, constituído por extensos depósitos de conchas e restos faunísticos – os chamados concheiros – que formam autênticas «colinas artificiais». Estes locais foram ocupados sazonalmente por comunidades de caçadores-recoletores que praticavam a caça, a pesca e, de forma intensiva, a recolha de moluscos, deixando um importante registo arqueológico de ossadas humanas, utensílios líticos e restos de fauna.[1][2]
Os Concheiros de Muge estão classificados como Monumento Nacional desde 2011.[1]
Em 2025, foi inaugurado na Casa do Povo de Muge o Centro de Interpretação dos Concheiros de Muge, espaço museológico dedicado à divulgação e valorização deste património. O centro apresenta uma exposição permanente com materiais arqueológicos, um corte real de um concheiro, um esqueleto humano, cronologias das escavações e conteúdos interativos para o público.[3][4]
Descrição
[editar | editar código]Concheiros são sítios caracterizados por neles existirem grandes acumulações de conchas, as conchas são restos de alimentos e assim também se encontram nos concheiros restos de outros animais, como ossos e restos esqueléticos de peixes. Os concheiros são conhecidos desde o século XIX por Pereira da Costa e Carlos Ribeiro, os quais escavaram na ribeira de Muge. Os Concheiros de Muge são dos sítios mais conhecidos da arqueologia pré-histórica. Também se encontraram concheiros no norte da Europa. Nestes concheiros eram normalmente realizados tanto tarefas do quotidiano como rituais ligados à morte, pois eram concheiros de grandes dimensões construídos com lixo de gerações e gerações que ali habitaram e os mortos também eram enterrados nos concheiros.[carece de fontes]
Concheiro da Moita do Sebastião
[editar | editar código]Concheiro da Moita do Sebastião, é um concheiro de 50 por 50 metros, 2500 m² (equivalente a meio campo de futebol), foi escavado por Jean Roche (francês) e o concheiro permitiu compreender um planeamento familiar. No centro do concheiro apareceram 60 buracos de poste, constituem testemunhos de uma estrutura latente, a organização dos buracos permitiu compreender que ali tinha sido construída uma estrutura semicircular com toros e talvez com barro para abrigar da chuva e do vento. A cabana tem a zona de entrada voltada para sul, protegendo as pessoas dos ventos de norte e de noroeste.[carece de fontes]
Testemunhos de outra cabana construída a posteriori de forma quadrangular e que também ocupa o centro do conjunto de estruturas. No lado sul foram encontradas estruturas de combustão com 3 metros de diâmetro e constituída com calhaus, as suas dimensões permitem pensar que serviam para fumar e secar o peixe ou carne com vista à conservação dos alimentos a longo tempo.[carece de fontes]
Encontraram-se fossas ou silos abertos no solo onde se conservariam os alimentos em meio anaeróbico. Sepultamentos ritualizados de homens e hulheres em idade adulta ocupam o lado nascente do habitat, junto à cabana, os mortos eram inumados em posição fetal com os braços dobrados sobre o peito, com as pernas contraídas, com a cabeça orientada para norte, com a face voltada para nascente e pés orientados para sul, quererá isto dizer que acreditavam no renascimento ou na vida pós morte. A necrópole dos adultos encontra-se a nascente da área ocupada. O número de peças encontradas foi bastante raro, e incluiu conchas perfuradas que poderiam ser de braceletes nas pernas ou pulseiras, as quais foram encontradas junto ao corpo, e amuletos, nalguns casos foram encontrados pontas trapezoidais. Conhecem-se rituais de ocre de pessoas que foram polvilhadas com ocre, também foram encontradas pedras debaixo da cabeça do morto para que a cabeça ficasse mais levantada. Alguns crânios mostram sinais de terem sido escalpelizados (do escalpe ter sido retirado). Nenhuma das peças tem aparente função votiva.[carece de fontes]
Necrópole das crianças, a mortalidade infantil era elevada, não havia estatuto diferençável entre os adultos, mas havia entre os adultos e as crianças, a necrópole das crianças encontra-se na área produtiva do acampamento para propiciar as funções económicas, estes sepultamentos tinham valor simbólico e as crianças tinham valor de fertilidade e assim eram enterradas na zona de produção. Este planeamento mostra um simbolismo subtil que só a escavação em extensão mostra. A cabana era feita de paus e revestida de colmo, tinha uma estrutura circular, mostra no interior algumas divisões que têm a ver com espaços onde existiriam leitos (camas), haveria uma zona de armazenamento e cozinhava-se no exterior e no interior poderiam habitar oito ou dez pessoas.[carece de fontes]
Ver também
[editar | editar código]- Estações arqueológicas
- Estação arqueológica de Cabranosa, no Algarve
- Estação arqueológica da Foz dos Ouriços, no Alentejo
- Loma
- Monte de Teso dos Bichos
Referências
- ↑ a b Ficha na base de dados SIPA
- ↑ Localização no OpenStreetMap
- ↑ «Centro de Interpretação dos Concheiros de Muge valoriza o património arqueológico do concelho». O Mirante. 12 de Setembro de 2025. Consultado em 14 de Setembro de 2025
- ↑ Agência Lusa (2 de Setembro de 2025). «Salvaterra de Magos inaugura Centro de Interpretação dos Concheiros de Muge a 13 de setembro». Mais Ribatejo. Consultado em 14 de Setembro de 2025
