Vasco Francisco de Melo Parente de Alves Pereira

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Vasco Pereira
Nome completo Vasco Francisco de Melo Parente de Alves Pereira
Vida militar
País Portugal
Força Exército Português
Hierarquia Coronel
Unidade Paraquedistas
Comandos Regimento de Paraquedistas
Honrarias MPSD
MSAH
MPMM

Vasco Francisco de Melo Parente de Alves Pereira MPSDMSAHMPMM, também conhecido como Coronel Vasco Pereira, é um coronel paraquedista português, notório por ter sido porta-voz do Exército Português, chefe do Estado-Maior da Brigada de Reação Rápida e comandante do Regimento de Paraquedistas.

Após ter comandado o Regimento de Paraquedistas, foi interrogado várias vezes em Comissão Parlamentar de Inquérito, no contexto do Caso dos Paióis de Tancos.

Na fase final da sua carreira, foi condenado pelo crime de abuso de poder, por utilizar meios do Exército para fins próprios e outros atos praticados enquanto comandante do mesmo Regimento.

Carreira Militar[editar | editar código-fonte]

Vasco Pereira nasceu em Lisboa, iniciando a sua formação militar na Academia Militar, finda a qual foi promovido ao posto de Alferes. Posteriormente, obteve a qualificação em paraquedismo militar na Base-Escola de Tropas Paraquedistas.[1]

Em 2004, no posto de Tenente-coronel, assumiu as funções de porta-voz do Exército Português, como Chefe da Secção de Informação, Protocolo e Relações Públicas (SIPRP) do gabinete CEME.[2][3][4]

Em 2009, chefiou o Estado-Maior da Brigada de Reação Rápida, funções que desempenhou até 2011.[5]

Em 2013, foi promovido ao posto de Coronel[6] e foi nomeado Comandante da Escola de Tropas Paraquedistas (atual Regimento de Paraquedistas), tendo sido substituído pelo Coronel Hilário Peixeiro, em 2016.[7][8]

Após abandonar o comando do Regimento de Paraquedistas, foi nomeado Chefe do Departamento de Avaliação e Qualidade da Academia Militar, em 2017.[9]

Em 2020, na sequência da sua condenação pelos crimes de abuso de poder, foi afastado do Curso de Promoção a Oficial General, permanecendo assim no posto de coronel.[1]

Comandos exercidos[editar | editar código-fonte]

Caso dos Paióis de Tancos[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Caso dos Paióis de Tancos

Em 2017, na sequência do Caso dos Paióis de Tancos, Vasco Pereira foi interrogado várias vezes em Comissão Parlamentar de Inquérito, por ter comandado uma das Unidades Militares que garantiam a segurança dos Paióis Nacionais de Tancos (Regimento de Paraquedistas), meses antes do assalto ter ocorrido.[10][8][11][12][13]

Durante um dos interrogatórios, Vasco Pereira considerou que o efetivo habitual de oito sentinelas era "justo" e "suficiente":

"As missões militares, normalmente, traduzem-se por uma justeza de recursos. Os recursos são escassos, todos eles, e, portanto, normalmente as missões militares dispõem dos recursos estritamente necessários ao seu cumprimento. É uma característica. Dito isto, não podemos dizer que oito homens permitam uma grande folga, mas também verifiquei os relatórios e efetivamente é-me referido que é um efetivo justo, suficiente." Coronel Vasco Pereira, Comissão Parlamentar de Inquérito[8]

Ainda no contexto da Comissão Parlamentar de Inquérito, Vasco Pereira afirmou que a exoneração dos cinco comandantes das Unidades Militares que forneciam sentinelas para os Paióis Nacionais de Tancos "causou mal-estar no Exército". e considerou que o assalto tinha sido perpetrado por "um bando de amadores".[14]

Abuso de Poder[editar | editar código-fonte]

Acusação[editar | editar código-fonte]

Em 2019, Vasco Pereira foi acusado pelo Ministério Público pelos crimes de abuso de poder e peculato de uso, por usar meios do Exército para fins pessoais e familiares, enquanto Comandante do Regimento de Paraquedistas (2013-2016), em tarefas como buscar o filho à escola, levantar encomendas com viaturas de serviço ou tratar do jardim da residência pessoal.[15][16][17]

Segundo a acusação do Ministério Público, Vasco Pereira ordenava aos motoristas que fizessem um desvio para ir buscar o seu filho à escola secundária que frequentava, bem como para levar e trazer o menor à explicação, na Póvoa de Santa Iria. O oficial usou ainda a viatura e os seus subalternos em várias ocasiões para levantar encomendas e correspondência pessoal, para ir às compras e à farmácia, entre outras tarefas diárias entre a Unidade e a sua casa em Lisboa.[16]

Quando esteve de férias, no verão de 2015, Vasco Pereira ordenou ainda a um militar que ficasse uma semana na sua residência pessoal a tratar dos seus cães. Quando o iam buscar ou levar a casa tinham ainda de diariamente prestar cuidados aos seus cães de caça, incluindo a limpeza do canil. E uma vez por mês dois militares faziam a manutenção do jardim nas traseiras da habitação do oficial.[16]

Vasco Pereira foi ainda acusado de não devolver uma flashdrive USB de acesso a internet móvel, que lhe tinha sido atribuída no contexto das suas funções como Comandante do RPára, depois de ter sido substituído nessas funções. Segundo a acusação, Vasco Pereira continuou a utilizar este dispositivo para fins pessoais durante vários meses, numa situação que só cessou porque o seu substituto no Comando mandou desativar o serviço, quando percebeu que estava a pagar algo que não se encontrava na Unidade, numa despesa acumulada de 1207 euros.[16]

Estas acusações foram confirmadas pelos motoristas do RPára, na primeira sessão do julgamento, no tribunal de Santarém.[18]

O coronel alegou que não podia ser julgado por estes crimes, porque considerava que o conceito de funcionário no Código Penal não abrangia os militares, argumento que foi rejeitado.[1]

Julgamento[editar | editar código-fonte]

Em fevereiro de 2020, o coletivo de juízes do Tribunal de Santarém considerou provado que Vasco Pereira agiu com o propósito de "alcançar vantagens injustificadas, em seu próprio proveito e dos seus familiares", tendo ainda infringido "os poderes de comando e os deveres militares, tendo-se valido da sua patente de oficial e do cargo de comandante".[1]

Vasco Pereira foi condenado a uma multa de 3000 euros por três crimes de abuso de poder. A pena de prisão não foi aplicada pela atenuante do arguido não ter antecedentes criminais.[1][19][20]

Condecorações[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d e «Ex-comandante dos Paraquedistas de Tancos condenado por abuso de poder». O MIRANTE - Semanário. Consultado em 22 de setembro de 2021. Cópia arquivada em 10 de setembro de 2021 
  2. a b «ORDEM DO EXÉRCITO N.º 10» (PDF). exercito.pt. 31 de outubro de 2005. p. 647. Consultado em 22 de setembro de 2021. Cópia arquivada (PDF) em 6 de abril de 2022 
  3. a b H.P. «Voluntariado no fio da navalha». PÚBLICO. Consultado em 22 de setembro de 2021. Cópia arquivada em 6 de abril de 2022 
  4. a b Portugal, Rádio e Televisão de. «Obras no parque campismo militar não precisam licença camarária -Exército». Obras no parque campismo militar não precisam licença camarária -Exército. Consultado em 22 de setembro de 2021. Cópia arquivada em 6 de abril de 2022 
  5. a b «ORDEM DO EXÉRCITO N.º 7/2011» (PDF). exercito.pt. 31 de julho de 2011. p. 484-485. Consultado em 22 de setembro de 2021. Cópia arquivada (PDF) em 6 de abril de 2022 
  6. «Portaria 864/2013, 2013-12-06». Diário da República Eletrónico. Consultado em 23 de setembro de 2021. Cópia arquivada em 6 de abril de 2022 
  7. a b «CORONEL VASCO PEREIRA TOMA POSSE COMO COMANDANTE DA ESCOLA DE TROPAS PARAQUEDISTAS :: Boinas Verdes e Pára-quedistas». boinas-verdes-e-para-quedistas.webnode.pt. Consultado em 22 de setembro de 2021. Cópia arquivada em 6 de abril de 2022 
  8. a b c d BEXIGA, Ricardo. «Comissão Parlamentar de Inquérito sobre as consequências e responsabilidades políticas do furto do material militar ocorrido em Tancos» (PDF). parlamento.pt. pp. 12, 17, 21–22, 27–28,. Consultado em 22 de setembro de 2021. Cópia arquivada (PDF) em 6 de abril de 2022 
  9. a b «SEMINÁRIO DOS COMANDANTES DAS ACADEMIAS MILITARES EUROPEIAS 2017». Academia Militar. Consultado em 22 de setembro de 2021. Cópia arquivada em 6 de abril de 2022 
  10. ARTVshare. «Audição do Coronel de Infantaria Vasco Francisco de Melo Parente de Alves Pereira». artv.livemeans.com. Consultado em 23 de setembro de 2021 
  11. «CDS quer ouvir oficial que reduziu rondas aos paióis de Tancos a oito militares». www.dn.pt. Consultado em 22 de setembro de 2021. Cópia arquivada em 6 de abril de 2022 
  12. «″Tudo avariado e fora de serviço.″ Coronel denuncia problemas em Tancos». TSF Rádio Notícias. 17 de janeiro de 2019. Consultado em 22 de setembro de 2021. Cópia arquivada em 6 de abril de 2022 
  13. Gomes, Mariana (17 de janeiro de 2019). «Rui Silva questiona um dos militares responsáveis no caso de Tancos». Semanário V. Consultado em 22 de setembro de 2021. Cópia arquivada em 19 de janeiro de 2021 
  14. ZAP (17 de janeiro de 2019). «Ex-comandante paraquedista diz que Tancos foi obra de "amadores"». ZAP. Consultado em 23 de setembro de 2021. Cópia arquivada em 3 de dezembro de 2019 
  15. «Antigo comandante da base de Tancos julgado por abuso de poder e peculato». SIC Notícias. Consultado em 22 de setembro de 2021. Cópia arquivada em 10 de setembro de 2021 
  16. a b c d Redação. «Carros da tropa iam buscar filho do coronel ao liceu». www.rederegional.com. Consultado em 22 de setembro de 2021. Cópia arquivada em 6 de abril de 2022 
  17. «Tancos: coronel julgado por usar tropa para fins particulares | Tomar na Rede». 22 de outubro de 2019. Consultado em 22 de setembro de 2021. Cópia arquivada em 17 de maio de 2021 
  18. Redação. «Depoimentos de motoristas "tramam" coronel paraquedista». www.rederegional.com. Consultado em 22 de setembro de 2021 
  19. «Coronel de Tancos punido por três crimes de abuso de poder». www.cmjornal.pt. Consultado em 22 de setembro de 2021. Cópia arquivada em 28 de fevereiro de 2020 
  20. Redação. «Coronel paraquedista condenado em pena de multa». www.rederegional.com. Consultado em 22 de setembro de 2021. Cópia arquivada em 10 de setembro de 2021 
  21. «ORDEM DO EXÉRCITO N.º 10» (PDF). exercito.pt. 31 de outubro de 2005. p. 578. Consultado em 22 de setembro de 2021 
  22. «ORDEM DO EXÉRCITO N.º 03/2014» (PDF). exercito.pt. 31 de março de 2014. p. 122. Consultado em 22 de setembro de 2021. Cópia arquivada (PDF) em 21 de setembro de 2020 
  23. «ORDEM DO EXÉRCITO N.º 02/2017» (PDF). exercito.pt. 28 de fevereiro de 2017. p. 94. Consultado em 23 de setembro de 2021