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Cultura Racional: diferenças entre revisões

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'''Cultura Racional''' é conjunto de livros brasileiros que foram escritos à partir de 1935 pelo médium carioca [[Manoel Jacintho Coelho]], então presidente do centro de Umbanda denominado Tenda Espírita Francisco de Assis.
'''Cultura Racional''' é uma seita brasileira derivada da [[Umbanda]] fundada em meados da década de 1930 pelo médium carioca [[Manoel Jacintho Coelho]], então presidente do centro de umbanda denominado Tenda Espírita Francisco de Assis.


Esse movimento religioso<ref>Neumann, Ricardo. A CULTURA RACIONAL E A CIRCULARIDADE CULTURAL. Tese de Mestrado. Florianópolis 2008. Disponível na Internet em http://www.dhi.uem.br/gtreligiao/pdf/st8/Neumann,%20Ricardo.pdf
Esse movimento religioso<ref>Neumann, Ricardo. A CULTURA RACIONAL E A CIRCULARIDADE CULTURAL. Tese de Mestrado. Florianópolis 2008. Disponível na Internet em http://www.dhi.uem.br/gtreligiao/pdf/st8/Neumann,%20Ricardo.pdf
Acesso em 26 de Março de 2013</ref> se denomina como evolução do espiritismo<ref>COELHO, Manoel Jacintho. Universo em Desencanto: Imunização Racional, 10º Vol. da Obra 1º ed. Ed. Gráfica Racional, Belford Roxo, RJ, s.d. Pp. 79~107.</ref> e tem como fonte de sua doutrina os livros de autoria do Racional Superior, "psicografados" pelo Sr. Manoel Jacintho Coelho, cujo o título é [[Universo em Desencanto]].
Acesso em 26 de Março de 2013</ref> se denomina como continuidade e ao mesmo tempo como evolução da Umbanda<ref>COELHO, Manoel Jacintho. Universo em Desencanto: Imunização Racional, 10º Vol. da Obra 1º ed. Ed. Gráfica Racional, Belford Roxo, RJ, s.d. Pp. 79~107.</ref> e tem como fonte de sua doutrina os livros de autoria de seu fundador, cujo o título é [[Universo em Desencanto]].


== Origens ==
A Cultura Racional tem por base uma escrituração e prega a leitura como o caminho para o “retorno ao nosso mundo de origem”<ref>Neumann, Ricardo. A CULTURA RACIONAL E LETRAMENTO. XXIV Simpósio Nacional de História. Associação Nacional de História – ANPUH. São Leopoldo, 2007. Disponível na Internet em http://anpuh.org/anais/wp-content/uploads/mp/pdf/ANPUH.S24.0711.pdf
No início do século XX o Brasil viu as [[Intolerância_religiosa_no_Brasil#Aos_cultos_afro-brasileiros|perseguições às religiões afros aumentarem ]], sendo seus praticantes perseguidos e vigiados pela polícia, principalmente entre os anos de 1930 e 1945 <ref>CORREA, Norton Figueiredo. Sob o signo da ameaça: conflito, poder e feitiço nas religiões afro-brasileiras. São Paulo, Tese de doutorado, PUCSP, 1998.</ref>. Para fugir a essa perseguição e serem aceitos pela sociedade, notadamente a classe média urbana, algumas religiões afros passaram por um processo de desafricanização e branqueamento<ref>PRANDI, Reginaldo. Referências sociais das religiões afro-brasileiras: sincretismo, branqueamento, africanização - VII Jornadas sobre Alternativas Religiosas en Latinoamérica. 27 al 29 de Noviembre de 1997. http://www.naya.org.ar/congresos/contenido/religion/12.htm Acessado em 01 de março de 2013.</ref>, processo este em que buscavam se diferenciar do chamado baixo espiritismo, tido pela sociedade como atrasado e rude, e ao mesmo tempo construir uma “'''legitimação racional'''” <ref>ORTIZ, Renato. A morte branca do feiticeiro negro. Petrópolis: Vozes, 1978</ref>. Para tanto, um grupo dos chamados “Intelectuais da Umbanda”<ref>ISAIA, Artur C.. Ordenar progredindo: a obra dos intelectuais de Umbanda no Brasil da primeira metade do século XX. Anos Noventa. Porto Alegre: UFRGS, (11): 97-120, 1999.</ref> trabalhou intensamente para dotar a Umbanda de uma base doutrinária e de conhecimentos escritos, diferenciando-a assim das práticas do 'baixo espiritismo'.
Acesso em 26 de Março de 2013</ref>, descrita em seus livros como a Imunização Racional, como se constata já no primeiro livro:

Neste contexto, surge em 1935, em um centro de Umbanda, denominado Tenda Espírita Francisco de Assis, na rua Lopes Freire, 89, a '''Cultura Racional'''.

A este panorama, no qual originou-se a seita, deve-se o fato da Cultura Racional ter por base uma escrituração e pregar a leitura como o caminho para a “salvação”<ref>Neumann, Ricardo. A CULTURA RACIONAL E LETRAMENTO. XXIV Simpósio Nacional de História. Associação Nacional de História – ANPUH. São Leopoldo, 2007. Disponível na Internet em http://anpuh.org/anais/wp-content/uploads/mp/pdf/ANPUH.S24.0711.pdf
Acesso em 26 de Março de 2013</ref>, descrita em seus livros como a Imunização Racional, como se constata já no primeiro livro da seita:


{{quote2|Portanto, nunca é demais repetir que está na leitura o caminho para a Imunização Racional, e pela Imunização Racional os infantes são desenvolvidos, encontrando a felicidade no meio do mal, sem esperar, sem saber que passaram a contar com os poderes do Racional Superior. <ref>COELHO, Manoel Jacintho. Universo em Desencanto: Imunização Racional, 1º Vol. da Obra 1º ed. Ed. Gráfica Racional, Belford Roxo, RJ, s.d. página 156</ref>}}
{{quote2|Portanto, nunca é demais repetir que está na leitura o caminho para a Imunização Racional, e pela Imunização Racional os infantes são desenvolvidos, encontrando a felicidade no meio do mal, sem esperar, sem saber que passaram a contar com os poderes do Racional Superior. <ref>COELHO, Manoel Jacintho. Universo em Desencanto: Imunização Racional, 1º Vol. da Obra 1º ed. Ed. Gráfica Racional, Belford Roxo, RJ, s.d. página 156</ref>}}


E também explica o seu discurso de negação ao espiritismo (o entendimento antigo da espiritualidade):
E também explica o seu discurso de negação às religiões espíritas, principalmente as de origem africanas:


{{quote2|Não existe espírito de preto velho no corpo de ninguém, como muitos vêm pensando há muito. Se existisse espírito de preto velho, está visto que não iam deixar de proteger sua raça para proteger raças diferentes da sua; daqueles que os vendiam como animais no tempo da escravidão. Se existisse espírito de preto velho, não vinham proteger aqueles que fizeram deles escravos, escravizados em tudo. Tratariam de proteger somente o povo de sua raça. No entanto, eles se incorporam aí nos brancos, identificando-se como espírito de preto velho, fazendo o que pode, resolvendo o que pode, por isso, têm muitos adeptos, mas não são espíritos de pretos velhos, e sim, habitantes aí desse vácuo, que se incorporam nos médiuns e identificam-se como bem entendem, de acordo com a educação do mundo.<ref>COELHO, Manoel Jacintho. Universo em Desencanto: Imunização Racional, 1º Vol. da Obra 1º ed. Ed. Gráfica Racional, Belford Roxo, RJ, s.d. página 342</ref>}}
{{quote2|Não existe espírito de preto velho no corpo de ninguém, como muitos vêm pensando há muito. Se existisse espírito de preto velho, está visto que não iam deixar de proteger sua raça para proteger raças diferentes da sua; daqueles que os vendiam como animais no tempo da escravidão. Se existisse espírito de preto velho, não vinham proteger aqueles que fizeram deles escravos, escravizados em tudo. Tratariam de proteger somente o povo de sua raça. No entanto, eles se incorporam aí nos brancos, identificando-se como espírito de preto velho, fazendo o que pode, resolvendo o que pode, por isso, têm muitos adeptos, mas não são espíritos de pretos velhos, e sim, habitantes aí desse vácuo, que se incorporam nos médiuns e identificam-se como bem entendem, de acordo com a educação do mundo.<ref>COELHO, Manoel Jacintho. Universo em Desencanto: Imunização Racional, 1º Vol. da Obra 1º ed. Ed. Gráfica Racional, Belford Roxo, RJ, s.d. página 342</ref>}}
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* [http://anacharbil.wix.com/universoemdesencantohtm Universo em desencanto]
* [http://anacharbil.wix.com/universoemdesencantohtm Universo em desencanto]


[[Categoria:Religião]]
[[Categoria:Religiões]]

Revisão das 16h00min de 14 de agosto de 2013

Cultura Racional é uma seita brasileira derivada da Umbanda fundada em meados da década de 1930 pelo médium carioca Manoel Jacintho Coelho, então presidente do centro de umbanda denominado Tenda Espírita Francisco de Assis.

Esse movimento religioso[1] se denomina como continuidade e ao mesmo tempo como evolução da Umbanda[2] e tem como fonte de sua doutrina os livros de autoria de seu fundador, cujo o título é Universo em Desencanto.

Origens

No início do século XX o Brasil viu as perseguições às religiões afros aumentarem , sendo seus praticantes perseguidos e vigiados pela polícia, principalmente entre os anos de 1930 e 1945 [3]. Para fugir a essa perseguição e serem aceitos pela sociedade, notadamente a classe média urbana, algumas religiões afros passaram por um processo de desafricanização e branqueamento[4], processo este em que buscavam se diferenciar do chamado baixo espiritismo, tido pela sociedade como atrasado e rude, e ao mesmo tempo construir uma “legitimação racional[5]. Para tanto, um grupo dos chamados “Intelectuais da Umbanda”[6] trabalhou intensamente para dotar a Umbanda de uma base doutrinária e de conhecimentos escritos, diferenciando-a assim das práticas do 'baixo espiritismo'.

Neste contexto, surge em 1935, em um centro de Umbanda, denominado Tenda Espírita Francisco de Assis, na rua Lopes Freire, 89, a Cultura Racional.

A este panorama, no qual originou-se a seita, deve-se o fato da Cultura Racional ter por base uma escrituração e pregar a leitura como o caminho para a “salvação”[7], descrita em seus livros como a Imunização Racional, como se constata já no primeiro livro da seita:

E também explica o seu discurso de negação às religiões espíritas, principalmente as de origem africanas:

Referências

  1. Neumann, Ricardo. A CULTURA RACIONAL E A CIRCULARIDADE CULTURAL. Tese de Mestrado. Florianópolis 2008. Disponível na Internet em http://www.dhi.uem.br/gtreligiao/pdf/st8/Neumann,%20Ricardo.pdf Acesso em 26 de Março de 2013
  2. COELHO, Manoel Jacintho. Universo em Desencanto: Imunização Racional, 10º Vol. da Obra 1º ed. Ed. Gráfica Racional, Belford Roxo, RJ, s.d. Pp. 79~107.
  3. CORREA, Norton Figueiredo. Sob o signo da ameaça: conflito, poder e feitiço nas religiões afro-brasileiras. São Paulo, Tese de doutorado, PUCSP, 1998.
  4. PRANDI, Reginaldo. Referências sociais das religiões afro-brasileiras: sincretismo, branqueamento, africanização - VII Jornadas sobre Alternativas Religiosas en Latinoamérica. 27 al 29 de Noviembre de 1997. http://www.naya.org.ar/congresos/contenido/religion/12.htm Acessado em 01 de março de 2013.
  5. ORTIZ, Renato. A morte branca do feiticeiro negro. Petrópolis: Vozes, 1978
  6. ISAIA, Artur C.. Ordenar progredindo: a obra dos intelectuais de Umbanda no Brasil da primeira metade do século XX. Anos Noventa. Porto Alegre: UFRGS, (11): 97-120, 1999.
  7. Neumann, Ricardo. A CULTURA RACIONAL E LETRAMENTO. XXIV Simpósio Nacional de História. Associação Nacional de História – ANPUH. São Leopoldo, 2007. Disponível na Internet em http://anpuh.org/anais/wp-content/uploads/mp/pdf/ANPUH.S24.0711.pdf Acesso em 26 de Março de 2013
  8. COELHO, Manoel Jacintho. Universo em Desencanto: Imunização Racional, 1º Vol. da Obra 1º ed. Ed. Gráfica Racional, Belford Roxo, RJ, s.d. página 156
  9. COELHO, Manoel Jacintho. Universo em Desencanto: Imunização Racional, 1º Vol. da Obra 1º ed. Ed. Gráfica Racional, Belford Roxo, RJ, s.d. página 342

Ligações externas