Dissertação: diferenças entre revisões
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Revisão das 02h03min de 12 de agosto de 2008
Dissertação é um estudo teórico de natureza reflexiva, que consiste na ordenação de idéias sobre um determinado tema. A característica básica da dissertação é o cunho reflexivo-teórico. Dissertar é debater, discutir, questionar, expressar ponto de vista, qualquer que seja. É desenvolver um raciocínio, desenvolver argumentos que fundamentem posições. É polemizar, inclusive, com opiniões e com argumentos contrários aos nossos. É estabelecer relações de causa e conseqüência, é dar exemplos, é tirar conclusões, é apresentar um texto com organização lógica das idéias.
A dissertação, geralmente, é feita em final de curso de pós-graduação, stricto sensu em nível de mestrado, com a finalidade de treinar os estudantes no domínio do assunto abordado e como forma de iniciação a pesquisa mais ampla.
Na monografia (dissertação) para a obtenção do grau de mestre, além da revisão da literatura, é preciso dominar o conhecimento do método de pesquisa e informar a metodologia utilizada na pesquisa.
Dissertação científica, ou simplesmente exercitação, é o trabalho feito nos moldes da tese, com a peculiaridade de ser ainda uma tese inicial ou em miniatura.
A dissertação tem ainda finalidade didática, uma vez que constitui o grande treinamento para a tese propriamente dita.
Chama-se memória a dissertação sobre assunto científico, literário ou artístico, destinada a ser apresentada ao governo, a uma corporação ou academia.
Tipos de dissertação
A dissertação consiste na explanação ou discussão de conceitos ou idéias. Ela pode ser expositiva ou argumentativa.
Na dissertação expositiva, o autor apresenta uma idéia, uma doutrina e expõe o que ele ou outros pensam sobre o tema ou assunto. Geralmente faz a amplificação da idéia central, demonstrando sua natureza, antecedentes, causas próximas ou remotas, conseqüências ou exemplos.
Na dissertação argumentativa, o autor quer provar a veracidade ou falsidade de idéias; pretende convencer o leitor ou ouvinte, dirige-se à sua inteligência através de argumentos, de provas evidentes, de testemunhas.
Se a dissertação é objetiva, o tratamento dado ao texto é impessoal, com argumentação lógica partindo de elementos gerais e indo para os particulares. Na dissertação subjetiva, o autor dirige-se não só à inteligência, mas também, de modo pessoal, aos sentimentos de quem ele pretende convencer. Além da emoção, às vezes há ironia, sarcasmo, ridículo.
São partes importantes da dissertação a introdução, o desenvolvimento e a conclusão.
Exemplos de dissertação
Através de dois textos distintos, a dissertação pode ser exemplificada:
"A fim de aprender a finalidade e o sentido da vida, é preciso amar a vida por ela mesma, inteiramente; mergulhar, por assim dizer, no redemoinho da vida, somente então apreender-se-á o sentido da vida, compreender-se-á para que se vive. A vida é algo que, ao contrário de tudo criado pelo homem, não necessita de teoria, quem aprende a prática da vida também assimila sua teoria".
- Wilhelm Reich. A Revolução Sexual. Rio de Janeiro, Zahar, 1974.
O texto expõe um ponto-de-vista (finalidade da vida é viver) sobre um assunto-tema (no caso, o sentido e a finalidade da vida). Além de apresentar um ponto-de-vista do autor, o texto faz também a defesa desse ponto-de-vista: onde ele defende os motivos que fundamentam a opinião de que a prática intensa de viver é que revela o sentido da vida.
"Eu disse uma vez que escrever é uma maldição. (...) Hoje repito: é uma maldição, mas uma maldição que salva. Não estou me referindo a escrever para jornal. Mas escrever aquilo que eventualmente pode se transformar num conto ou num romance. É uma maldição porque obriga e arrasta como um vício penoso do qual é quase possível se livrar, pois nada o substitui. E é uma salvação. Salva a alma presa, salva a pessoa que se sente inútil, salva o dia que se vive e que nunca se entende a menos que se escreva. Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador. Escrever é também abençoar uma vida que não foi abençoada... Lembrando-me agora com saudade da dor de escrever livros."
- Clarice Lispector. A Descoberta do Mundo.
Escrevendo uma dissertação
Partes que compõem a dissertação:
- Introdução - deve ser breve e anunciar ao leitor o que será desenvolvido no texto;
- Desenvolvimento - representa o corpo do texto; aqui serão utilizadas as idéias propostas na introdução; é o momento em que se defende o ponto-de-vista acerca do tema proposto;
- Conclusão - serve para finalizar o que foi exposto; deve ser breve e não pode conter nenhuma idéia nova e nenhum exemplo; trata-se de um resumo da dissertação como um todo.
Dicas para escrever uma boa dissertação
- Só abordar na introdução e na conclusão o que realmente estiver no desenvolvimento;
- Evitar períodos muitos longos ou seqüências de frases muito curtas;
- Evitar, nas dissertações tradicionais, dirigir-se ao leitor;
- Evitar as repetições exageradas e umas próximas das outras, tanto de palavras, quanto de informações;
- Manter-se rigorosamente dentro do tema;
- Evitar expressões desgastadas, "batidas";
- Utilizar exemplos e citações relevantes;
- Não usar religião como argumento;
- Fugir das palavras muito "fortes";
- Evitar gírias e termos coloquiais;
- Evitar linguagem rebuscada;
- Evitar a argumentação generalizadora e baseada no senso comum;
- Não ser radical;
- Ter cuidado com palavras duvidosas como coisa e algo, por terem sentido vago; prefirir elemento, fator, tópico, índice, ítem, etc.
- Após o titulo de uma redação não colocar ponto;
- Não usar chavões, provérbios, ditos populares ou frases feitas;
- Não usar questionamentos no texto, sobretudo na conclusão;
- Jamais usar a primeira pessoa do singular ou plural, a menos que haja uma solicitação do tema;
- Repetir muitas vezes as mesmas palavras empobrece o texto; lançar mão de sinônimos e expressões que representem a idéia em questão;
- Somente citar exemplos de domínio público, sem narrar seu desenrolar, fazendo somente uma breve menção.
Ver também
- Ciência
- Pseudociência
- Paradigma
- Teoria
- Lei (ciências)
- Hipótese
- Tese
- Monografia
- Metodologia científica
- Filosofia da ciência
- Divulgação científica
- Livro
Ligações externas