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Dona Cabeluda

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Dona Cabeluda
Nascimento Itabuna
Morte 6 de maio de 2024
Cachoeira
Cidadania Brasil
Ocupação proxeneta, prostituta, vendedora

Renildes Alcântara dos Santos (Itabuna, 1944? - Cachoeira, 6 de maio de 2024), mais conhecida como Dona Cabeluda, foi a cafetina mais famosa do Recôncavo Baiano. Ela possuía o último prostíbulo da cidade de Cachoeira, no interior da Bahia, Brasil; onde alugava quartos para as prostitutas, mas não agenciava o valor dos programas.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Na infância, Renildes Alcântara dos Santos sofria agressões dos pais. Se casou aos 12 anos com um homem de 30 anos, indo morar numa fazenda e tendo duas filhas com ele. Seu casamento também foi abusivo, então ela deixou suas filhas com sua mãe e fugiu do marido. De carona, passou por Feira de Santana e Candeias, e chegou à cdiade de Cachoeira. Seu primeiro trabalho na cidade foi vender bebidas. Uma amiga a levou à prostituição, ficando na Travessa Tavares, perto do estádio da cidade. Relatos dizem que ela "preferia ser prostituta a trabalhar em casas de família".[1][2][3][4][5][6][7]

Sua casa de prostituição foi a única que resistiu à decadência dos comportamentos tidos como “desviantes” e “imorais”.[6]

No dia 5 de maio de 2024, Renildes Alcântara dos Santos teve um infarto, foi levada ao Hospital da Santa Casa de Misericórdia de Cachoeira e reanimada. Contudo, faleceu no dia seguinte, aos 80 anos.[2][4][7][8][9][10][11][12][13][14][15][16][17][18][19] Renildes já havia sido internada às pressas anos antes pelo mesmo motivo. Momento em que sua filha mais velha esforçou-se para reaver os documentos de identificação de Renildes. Seu problema no miocárdio se agravava por causa do cigarro. Ela parou de fumar.[5]

Foi velada na Câmara de Vereadores de Cachoeira e Danton do Acordeon, seu cantor preferido, cantou algumas das músicas que ela mais gostava. Seu cortejo até o Cemitério Municipal de Cachoeira foi acompanhado por moradores e amigos, e uma motocicleta acompanhou o caixão tocando "Pagu", de Rita Lee.[2][4][8][20][21]

Dona Cabeluda, é sem dúvida uma das figuras mais conhecidas em Cachoeira. Uma mulher respeitada e que representa o 'empoderamento feminino' em uma sociedade que exclui as mulheres. Cabeluda deixa filhas, filhos e um legado de luta e doação. (Nota de pesar da UFRB)[10][22]

Dona Cabeluda[editar | editar código-fonte]

Recebeu o apelido "Cabeluda" porque sempre usou cabelos longos e tinha muitos pelos no corpo. Seu prostíbulo à Rua Sete de Setembro, 12 recebeu o mesmo nome: "Brega da Cabeluda". Ela inclusive escondia seu nome real.[1][2][3] E a Rua Sete de Setembro era conhecida como "Rua do Brega" por causa de seu estabelecimento.[23]

Vida pessoal[editar | editar código-fonte]

Renildes Alcântara dos Santos casou-se aos 12 anos e teve duas filhas. Teve ainda mais uma filha biológica e oito filhos adotivos: Aguinaldo de Souza era o mais velho, que foi acolhido aos 13 anos.[1][3][5] Teve netos e bisnetos.[2] A filha biológica mais velha, Natalice Santana Mota, herdou o brega após a morte de Renildes.[4][5] Renildes ainda tinha três irmãs, que não viu por 40 anos; e duas de suas filhas moravam em São Paulo quando ela faleceu.[19]

Reconhecimentos[editar | editar código-fonte]

  • Dissertação de mestrado "Uma História de Cabeluda: Mulher, Mãe e Cafetina", de Gleysa Teixeira Siqueira,[3][5] que foi convertida em livro[24][25][26]
  • Houve um minuto de silêncio em sua homenagem na abertura da sessão ordinária da Câmara Municipal da Cachoeira após seu falecimento[3][12]
  • Velada na Câmara de Vereadores de Cachoeira[2]

Referências

  1. a b c «Quem foi Dona Cabeluda, cafetina mais famosa do Recôncavo Baiano». www.correio24horas.com.br. Consultado em 1 de julho de 2024 
  2. a b c d e f «Morre Dona Cabeluda: famosa cafetina do Recôncavo Baiano é enterrada ao som de Rita Lee». O Globo. 8 de maio de 2024. Consultado em 1 de julho de 2024 
  3. a b c d e «Morre Dona Cabeluda. Enterro da maior cafetina da Bahia comove baianos». Revista Fórum. 13 de maio de 2024. Consultado em 1 de julho de 2024 
  4. a b c d «Cachoeira se despede de Cabeluda, dona do brega mais famoso da cidade». www.correio24horas.com.br. Consultado em 1 de julho de 2024 
  5. a b c d e «Dona de bordel vira tema de estudo em universidade federal: "Caridosa e odiada"». noticias.uol.com.br. Consultado em 1 de julho de 2024 
  6. a b Gleysa Teixeira Siqueira. Uma História de “Cabeluda”: Mulher, Mãe e Cafetina. VIII Encontro Estadual de História. Feira de Santana, 2016.
  7. a b «Cafetina famosa, Dona Cabeluda é velada por milhares de pessoas ao som de Rita Lee». Rádio Itatiaia. 8 de maio de 2024. Consultado em 1 de julho de 2024 
  8. a b «Dona Cabeluda, famosa cafetina do Recôncavo Baiano, é enterrada ao som de Rita Lee». F5. 8 de maio de 2024. Consultado em 1 de julho de 2024 
  9. TARDE, A. (7 de maio de 2024). «Maior cafetina do Recôncavo Baiano, Dona Cabeluda morre aos 80 anos». A TARDE. Consultado em 1 de julho de 2024 
  10. a b Redação BNews. 'Dona Cabeluda', a mais famosa das cafetinas baianas, morre aos 80 anos. 07/05/2024.
  11. «Famosa dona de brega e tema de livro, Cabeluda morre em Cachoeira - Bahia Notícias». www.bahianoticias.com.br. 6 de maio de 2024. Consultado em 1 de julho de 2024 
  12. a b Redacao2 (6 de maio de 2024). «Morre em Cachoeira a mais famosa cafetina do Recôncavo Baiano, Dona Cabeluda». Revista Recôncavo. Consultado em 1 de julho de 2024 
  13. Bahia, Redação Voz da (7 de maio de 2024). «Famosa dona de bordel e tema de livro, 'Cabeluda' morre no município de Cachoeira». Voz da Bahia. Consultado em 1 de julho de 2024 
  14. «Morre em Cachoeira a mais famosa cafetina do Recôncavo Baiano, Dona Cabeluda. – Jornal Zero 75». Consultado em 1 de julho de 2024 
  15. «Morre em Cachoeira a mais famosa cafetina do Recôncavo Baiano, Dona Cabeluda». Diário da Notícia | Recôncavo Baiano - Rubem Júnior. 6 de maio de 2024. Consultado em 1 de julho de 2024 
  16. «Cachoeira: Morre Dona Cabeluda, a icônica cafetina do Recôncavo Baiano, deixando um legado de carisma e generosidade». Consultado em 1 de julho de 2024 
  17. «Luto no Recôncavo: aos 80 anos, morre a cafetina Dona Cabeluda». www.cn1.com.br. 7 de maio de 2024. Consultado em 1 de julho de 2024 
  18. Talentes, Fran (7 de maio de 2024). «Cabeluda, famosa dona de brega, morre em Cachoeira». Mídia Bahia. Consultado em 1 de julho de 2024 
  19. a b «Morre, aos 80 anos, 'Cabeluda', cafetina mais famosa do Recôncavo baiano | Jovem Pan Feira de Santana – 100.9 FM». Jovem Pan Feira de Santana - 100.9 FM. Consultado em 1 de julho de 2024 
  20. «Famosa cafetina do Recôncavo Baiano, Dona Cabeluda é enterrada ao som 'Pagu', de Rita Lee | Aratu On - Notícias da Bahia e dos baianos». Aratu On. 9 de maio de 2024. Consultado em 1 de julho de 2024 
  21. «Cachoeira se despede de dona Cabeluda, ícone local, ao som de Rita Lee». Informe Cruz. Consultado em 1 de julho de 2024 
  22. «Nota de pesar_ Sra. Cabeluda». www.ufrb.edu.br. Consultado em 1 de julho de 2024 
  23. «Dona de prostíbulo em Cachoeira, "Cabeluda" fala de seu trabalho e defende permanência». Consultado em 1 de julho de 2024 
  24. «Cachoeira se despede de Cabeluda, dona do brega mais famoso da cidade». www.correio24horas.com.br. Consultado em 1 de julho de 2024 
  25. UOL. UMA HISTÓRIA DE "CABELUDA".
  26. «Uma História de Cabeluda: Mulher, Mãe e Cafetina - umlivro». loja.umlivro.com.br. Consultado em 1 de julho de 2024