Dunquerque
Dunquerque
Dunkerque | |
|---|---|
| Comuna francesa | |
| Gentílico | Dunkerquois(es) |
| Localização | |
| Localização de Dunquerque na França | |
| Coordenadas | 51° 02′ 18″ N, 2° 22′ 39″ L |
| País | |
| Região | |
| Departamento | |
| Administração | |
| Prefeito | Michel Delebarre |
| Características geográficas | |
| Área total | 43,89 km² |
| População total (2018) [1] | 88 141 hab. |
| Densidade | 2 008,2 hab./km² |
| Altitude máxima | 17 m |
| Altitude mínima | 0 m |
| Código Postal | 59140 - 59240 - 59640 |
| Código INSEE | 59183 |
| Sítio | http://www.ville-dunkerque.fr |
Dunquerque[2][3][4] (em francês Dunkerque; em neerlandês, Duinkerke; em picardo: Dunkèke; em flamengo ocidental Duynkercke; em inglês Dunkirk) é uma cidade portuária no norte de França, no departamento do Nord, região de Altos da França, situada a 10 km da fronteira com a Bélgica. Tem cerca de 70 mil habitantes.[5] Está ligada por ferry-boat a Ramsgate e Dover, em Inglaterra.
Dunquerque é o terceiro maior porto francês, depois de Le Havre e Marselha. É também uma cidade industrial, dependente do aço, indústria alimentar, refinação de petróleo, estaleiros navais e indústria química.
Historicamente, a cidade e seus arredores pertenceram ao Condado de Flandres e fazem parte da zona linguística flamenga.
Em Dunquerque fala-se um dialeto muito particular — dunkerquois — com palavras tomadas de empréstimo à linguagem dos marinheiros e ao flamengo ocidental.
Etimologia
[editar | editar código]O nome de Dunquerque provém do flamenco ocidental, sendo a junção de "dun”, “duna” e “kerke”, “igreja”; logo, significa “igreja das dunas”.[6] Uma cidade menor, 25 km mais acima na costa flamenga, compartilhava o mesmo nome, porém foi renomeada para Oostduinkerke(n) para evitar confusão. Até a metade do século XX, o flamenco francês era o mais falado.
História
[editar | editar código]Segundo a tradição, a cidade foi fortificada pelo filho de Pepino de Landen, o terrível Allowyn, um franco convertido por Santo Elói. Assim, Dunquerque foi a única cidade da costa, até Saint-Omer, a ser preservada contra os ataques e pilhagens dos normandos. Hoje em dia, Allowyn “reaparece” todos os anos como Reuze (reuze em flamengo significa “gigante”), para presidir a saída do tradicional bando dos pescadores, durante o carnaval de Dunkerque.
Em 960, Balduíno III, dito Balduíno o Jovem, quarto conde de Flandres, faz construir as primeiras muralhas da cidade. Em 1383 a Dunkerque flamenga é pilhada pelos ingleses e depois, pelos franceses.
A partir do século XVI, Dunquerque passou a ser possessão — juntamente com o território dos Países Baixos espanhóis — dos Habsburgos espanhóis. Em 1520, Carlos V, 31° conde de Flandres, é recebido triunfalmente na cidade.
Dunquerque foi disputada em diferentes ocasiões pelas coroas de Inglaterra, Países Baixos e França. Durante a Guerra de Flandres (1568-1648) e no reinado de Luís XIV, serviu como base de operações de corsários, sendo Jan Bart o mais famoso deles — conhecido por atacar os barcos holandeses.
A cidade foi tomada pelos ingleses sob Filipe II da Espanha, conde de Flandres, e retomada pelos franceses em 1558. Pelo Tratado de Cateau-Cambraisis os franceses a cedem à Espanha em 1559. Sitiada por Turenne, em 25 de maio de 1658, após a batalha das Dunas, a cidade se rende aos franceses, em 25 de junho. Na mesma noite, Luís XIV a entrega a Oliver Cromwell, segundo o acordado por Inglaterra e França pelo Tratado de Paris do ano anterior.
Dunquerque será definitivamente incorporada ao reino da França em 1662, depois que Carlos II da Inglaterra vende a cidade à França, por 5 milhões libras — embora o pagamento nunca tenha sido completado.

A construção dos sistemas defensivos da cidade ficou a cargo do engenheiro militar Vauban, que também desenvolve o seu porto. Mais tarde, em 1713, pelo Tratado de Utrecht, a França será obrigada a inundar o porto e a arrasar as fortificações, o que, entretanto, não foi executado senão em parte, e Luís XV voltou a fortificá-la.
Em 1793, o duque de York tenta inutilmente tomar a cidade. Após a batalha de Hondschoote, a cidade é renomeada Duna Livre.
Primeira Guerra Mundial
[editar | editar código]O porto de Dunkirk foi intensivamente usado pelas forças britânicas que trouxeram trabalhadores portuários do Egito e da China.
De 1915, a cidade viveu um intenso bombardeio, incluindo a maior arma no mundo em 1917, a alemã Lange Max. Regulamente, projéteis pesados pesando aproximadamente 750 kg eram disparados de Keokelare, cerca de 45 a 50 km de distância. O bombardeio matou cerca de 600 pessoas e feriu outras 1.100, tanto militares, quanto civis; enquanto 400 prédios foram destruidos e outros 2.400 danificados. A população da cidade que estava em torno de 39.900 pessoas em 1914 caiu para 15.000 em julho de 1916 e 7.000 no outono de 1917.
Em janeiro de 1916, um susto de espionagem ocorreu em Dunquerque. O escritor Robert W. Service, um correspondente de guerra do Toronto Star, foi preso por engano e quase foi executado. No dia 1 de janeiro de 1918, a U.S. Navy estabeleceu uma base aeronaval para operar hidroaviões. A base foi fechada posteriormente após o Armistício de 11 de novembro de 1918.
Em outubro de 1917, para marcar a coragem dos habitantes em tempos de guerra, a cidade de Dunkirk recebeu a Croix de Guerre e, em 1919, a Legião de Honra e a Distinguished Service Cross dos britânicos. Essas condecorações podem ser vistas no brasão de armas da cidade.
Segunda Guerra Mundial
[editar | editar código]Evacuação
[editar | editar código]Artigos principais: Batalha de Dunkirk e Operação Dínamo
Durante a Segunda Guerra Mundial, em 1940, na Batalha da França, a Força Expedicionária Britânica (BEF), enquanto auxiliava os exércitos francês e belga, foi obrigada a retirar-se diante dos ataques dos panzers. Após lutar na Bélgica e na França, a BEF e parte do exército francês foram flanqueados pelos alemães e recuaram a área do Porto de Dunkirk. Mais de 400.000 soldados ficaram presos no bolsão enquanto o Heer se aproximava para o abate. Todavia, o ataque panzer alemão foi interrompido por vários dias em um momento crítico. Por muitos anos, acreditava-se que Adolf Hitler ordenou que o Heer suspendesse o ataque para a Luftwaffe bombardear. Entretanto, conforme o Diário Oficial de Guerra do Grupo de Exércitos A, seu comandante, o Generaloberst Gerd von Rundstedt, ordenou a parada para permitir a manutenção de seus tanques, metade dos quais estavam fora de serviço, e para proteger os flancos que estavam expostos e vulneráveis. Hitler somente validou a ordem horas depois.[7] Essa folga permitiu aos britânicos e franceses alguns dias para se defenderem. A posição aliada acompanhou a rendição de Leopoldo III da Bélgica em 27 maio, a qual foi adiada para 28 de maio; com a lacuna deixada pelo Exército Belga estendendo-se de Ypres a Dixmude. No entanto, um colapso foi evitado, permitindo-se a evacuação marítima pelo Canal da Mancha, a qual recebei o codinome de Operação Dínamo. O Primeiro-Ministro britânico Winston Churchill ordenou que qualquer navio disponível, grande ou pequeno, salvasse os soldados. 338.226 homens — incluindo 123 mil soldados franceses — foram evacuados, o que Churchill chamou de Milagre de Dunkirk. Mais de 900 navios foram necessários para a evacuação da BEF, com dois terços dos resgatados embarcando pelo porto e mais de 100.000 retirados das praias. 40.000 veículos, bem como enormes quantidades de outros equipamentos e suprimentos militares, foram deixados para trás. Quarenta mil soldados aliados foram capturados ou forçados a voltar para casa por conta própria, por diversas rotas, incluindo a Espanha. Muitos feridos também foram abandonados.
Libertação
[editar | editar código]A cidade de Dunkirk foi novamente disputada em 1944, com a 2ª Divisão de Infantaria do Canadá tentando libertar a cidade em setembro, enquanto as forças aliadas avançavam para o nordeste após a vitória na Batalha da Normandia. Entretanto, as forças alemãs recusaram-se a abdicar do controle da cidade, que havia sido convertida em fortaleza. Tomar a cidade, agora estrategicamente insignificante, consumiria muitos recursos aliados, necessários em outros lugares. A cidade foi contornada, ocultando a guarnição alemã com tropas aliadas, como a 1ª Brigada Blindada da Tchecoslováquia. Durante a ocupação alemã, Dunkirk foi amplamente destruída por bombardeio aliado. O cerco de artilharia de Dunquerque foi dirigido no último dia da guerra por pilotos do Esquadrão n.º 652 da RAF e do Esquadrão nº 665 da RCAF. A fortaleza, sob o comando do almirante alemão Friedrich Frisius, acabou se rendendo incondicionalmente ao comandante das forças checoslovacas, o general de brigada Alois Liška, em 9 de maio de 1945.[8]
Pós-guerra
[editar | editar código]Em 14 de dezembro de 2002, o navio norueguês de transporte de automóveis MV Tricolor colidiu com o Kariba, de bandeira bahamense, e afundou no porto de Dunkirk, causando riscos à navegação no Canal da Mancha.[9]
População
[editar | editar código]Os dados populacionais na tabela e no gráfico abaixo referem-se à comuna de Dunquerque propriamente dita, em sua geografia nos anos indicados. A comuna de Dunquerque absorveu a antiga comuna de Malo-les-Bains em 1969, Rosendaël e Petite-Synthe em 1971, Mardyck em 1979 e Fort-Mardyck e Saint-Pol-sur-Mer em 2010.[10][11]
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Fonte: EHESS[10] e INSEE[12][13]
Política
[editar | editar código]Dunkirk faz parte do 13º distrito eleitoral de Nord. A atual deputada é Christine Decodts, do Divers centre, DVC.
Resultado do segundo turno das eleições presidenciais
[editar | editar código]| Eleição | Candidato | Partido | % |
|---|---|---|---|
| 2022[14] | Emmanuel Macron | En Marche! | 51,35 |
| 2017[14] | Emmanuel Macron | En Marche! | 54,42 |
| 2012 | François Hollande | PS | 55,37 |
| 2007 | Nicolas Sarkozy | UMP | 52,30 |
| 2002 | Jacques Chirac | RPR | 79,16 |
Referências
- ↑ «Populations légales 2018. Recensement de la population Régions, départements, arrondissements, cantons et communes». www.insee.fr (em francês). INSEE. 28 de dezembro de 2020. Consultado em 13 de abril de 2021
- ↑ Gonçalves, F. Rebelo (1966). Vocabulário da Língua Portuguesa. Coimbra: Coimbra Editora. p. 361
- ↑ Gonçalves, Rebelo (1947). Tratado de Ortografia da Língua Portuguesa. Coimbra: Atlântida - Livraria Editora. p. 352
- ↑ Fernandes, Ivo Xavier (1941). Topónimos e Gentílicos. I. Porto: Editora Educação Nacional, Lda.
- ↑ [1]Arquivado em 8 de dezembro de 2008, no Wayback Machine. INSEE
- ↑ Pul, Paul Van (2007). In Flanders Flooded Fields: Before Ypres There Was Yser. Pen and Sword. p. 89. ISBN 978-1-4738-1431-8. "The French name of Dunkerque in fact is derived from the Flemish Duinkerke, which means 'church in the dunes'!"
- ↑ Lord, Walter (1982). "2: No. 17 Turns Up". The Miracle of Dunkirk. New York City: Open Road Integrated Media, Inc. pp. 28–35. ISBN 978-1-5040-4754-8.
- ↑ "Vzpomínky na obléhání pevnosti" (PDF). Reportáž. Archived from the original (PDF) on 2 December 2007.
- ↑ “The Tricolor/Kariba/Clary Incident”. 21 March 2008.
- ↑ a b “Arrêté préfectoral du 8 décembre 2010” (PDF).
- ↑ Des villages de Cassini aux communes d'aujourd'hui: Commune data sheet Dunkerque, EHESS (in French).
- ↑ Populations légales en vigueur à compter du 1er janvier 2010: 59 - Nord, INSEE
- ↑ Population en historique depuis 1968, INSEE
- ↑ a b "Résultats élections Dunkerque (59140)". Le Monde.
