Ecstasy (álbum)
Ecstasy | |||||||
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EP de My Bloody Valentine | |||||||
Lançamento | 23 de novembro de 1987 | ||||||
Gravação | 1987 | ||||||
Duração | 19:29 | ||||||
Gravadora(s) | Lazy | ||||||
Produção | My Bloody Valentine | ||||||
Cronologia de My Bloody Valentine | |||||||
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Ecstasy é o segundo mini álbum da banda inglesa-irlandesa My Bloody Valentine, lançado em 23 de novembro de 1987 através da Lazy Records, numa edição limitada de três mil cópias.[1] O álbum mostra um afastamento do antigo som da banda de pós-punk e rock gótico, com influência das bandas Love and The Byrds
O álbum passou por vários problemas técnicos e financeiros durante as sessões de gravação, incluindo erros no processo de masterização. Apesar disso, Ecstasy recebeu aclamação moderada da crítica e alcançou a posição 12 na UK Independent Albums Chart. O álbum foi posteriormente combinado com o single anterior de My Bloody Valentine, "Strawberry Wine", e relançado no álbum de compilação Ecstasy and Wine (1989), que foi lançado pela Lazy Records sem o consentimento da banda.
Antecedentes e produção
[editar | editar código-fonte]A Lazy Records, gravadora de My Bloody Valentine na época, pediu que a banda fizesse um álbum de estúdio durante o verão[a] de 1987. O pedido foi rejeitado, com a banda dizendo que a nova formação "estava junta há apenas alguns meses e não teve tempo de se estabelecer".[2] No entanto, a banda concordou em gravar um mini álbum, caso pudessem lançar um single com antecedência. O single, "Strawberry Wine", foi lançado em 9 de novembro de 1987 e alcançou a posição 13 na UK Independent Singles Chart.[3]
Ecstasy foi gravado num período de dez dias, uma semana após a gravação de "Strawberry Wine". Segundo Kevin Shields, as sessões de gravação "não tinham direção e [a banda] nem sabia o que [eles] estavam fazendo"[2] e pareciam demos.[4] Diversas músicas foram gravadas mas não entraram no álbum, pois a banda as considerou "horríveis". No entanto, as sessões foram "a primeira vez [que a banda] realmente tocou corretamente no estúdio", o que resultou em sons de guitarra "extremos" e "bastante desagradáveis",[2] que se tornariam característicos de lançamentos posteriores de My Bloody Valentine.[5]
A gravação de Ecstasy sofreu de erros técnicos e financeiros, que impactaram o eventual lançamento do álbum. O processo de masterização foi afetado pelo engenheiro de áudio Steve Nunn, que perdeu o material de origem da mixagem final antes de sua transferência para a gravação master. Shields posteriormente "trouxe um engenheiro independente aos estúdios para apontar o que estava errado", mas a Lazy Records se recusou a investir mais dinheiro no processo de gravação do álbum. Como resultado, "muito do som original de Ecstacy [sic] foi perdido, e muito do tom ficou entorpecido" e o álbum "mostrou um grupo que parecia ter ficado sem dinheiro no meio da gravação".[2]
Composição
[editar | editar código-fonte]Trecho de "Clair", a quinta canção do álbum e uma das primeiras gravações com Bilinda Butcher.
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Todas as sete faixas de Ecstasy foram escritas e compostas por Kevin Shields, com Colm Ó Cíosóig creditado como o co-autor de três faixas — "The Things I Miss", "Clair" e "(Please) Lose Yourself in Me".[6] Em relação ao conteúdo lírico do álbum, em contraste com a música, Shields disse que "as músicas podem soar doces, mas o assunto não é necessariamente muito bom. Muito disso é baseado em relacionamento, mas é sempre vago e nunca apenas garoto-conhece-garota. Pode facilmente ser garoto-conhece-garoto ou garota-conhece-garota. Então há ódio e pensamentos caprichosos que você consegue do nada".[7] Ó Cíosóig comentou que "são mais estranhas as perversões de sentir que se entra em um relacionamento" e referiu-se à letra como sendo marcada por "extremos, porque nos divertimos com coisas extremas".[7] Shields observou que as letras eram uma progressão dos lançamentos anteriores da banda, já que "a ideia de compor uma doce canção pop que camuflou algum terror lírico e enviá-la às pressas nas paradas apelou ao nosso senso de humor" e considerou o processo de composição de Ecstasy como "fresco depois de ter feito puro barulho antes".[8]
Shields usou uma guitarra elétrica de doze cordas durante as sessões de gravação de Ecstasy e foi influenciado por The Byrds durante o processo de composição, o que resultou em tons da guitarra "muito estridentes".[4] O escritor Colin Larkin descreveu o som de Ecstasy como "pop chiclete com guitarras que lembram serras circulares",[b] que era semelhante a seus lançamentos anteriores e divergia ainda mais de seu som de pós-punk e rock gótico.[9] Jim DeRogatis observou que o som de Ecstasy, em geral, "deu início a uma vibração mais ensolarada e otimista" para a banda, que lembrava o som estadunisense da música psicodélica dos anos 60, em particular a banda de Los Angeles Love.[10] No entanto, a música em Ecstasy foi criticada por ser "sem direção" e "atrapalhada", parecendo "apenas ideias parcialmente formadas". Shields comentou que "mesmo quando terminamos, não gostamos da metade das músicas que havíamos feito. O disco nunca saiu direito e nos fez perceber que ainda éramos muito twee".[2]
"Clair", uma das primeiras gravações com Bilinda Butcher, apresenta uma fita sampleada com gritos do público do álbum ao vivo do The Beatles, The Beatles at the Hollywood Bowl (1977). O sample foi processado por meio de filtros de áudio para emular um feedback de guitarra.[7]
Lista de faixas
[editar | editar código-fonte]Todas as faixas escritas e compostas por Kevin Shields, exceto onde notado.
Lado um | ||||||||||
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N.º | Título | Compositor(es) | Duração | |||||||
1. | "She Loves You No Less" | 2:34 | ||||||||
2. | "The Things I Miss" | Shields, Ó Cíosóig | 2:56 | |||||||
3. | "I Don't Need You" | 3:08 | ||||||||
4. | "(You're) Safe in Your Sleep (From This Girl)" | 2:31 |
Lado dois | ||||||||||
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N.º | Título | Compositor(es) | Duração | |||||||
5. | "Clair" | Shields, Ó Cíosóig | 2:33 | |||||||
6. | "You've Got Nothing" | 3:41 | ||||||||
7. | "(Please) Lose Yourself in Me" | Shields, Ó Cíosóig | 3:26 | |||||||
Duração total: |
19:29 |
Créditos
[editar | editar código-fonte]Adaptados das notas do encarte de Ecstasy.[6]
- My Bloody Valentine
- Kevin Shields – vocais, guitarra
- Bilinda Butcher – vocais, guitarra
- Debbie Googe – baixo
- Colm Ó Cíosóig – bateria
- Músicos adicionais
- Nick Brown – violino (5)
- Técnicos
- My Bloody Valentine – produção
- Steve Nunn – engenheiro
- Lucy Smith – fotografia
Desempenho nas paradas musicais
[editar | editar código-fonte]Parada (1987) | Posição de pico |
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UK Independent Albums Chart[3] | 12 |
Notas
- ↑ Isso corresponde ao período de junho a setembro, ou ao período do inverno no hemisfério sul.
- ↑ No original: "buzzsaw guitars". "Buzzsaw" significa "serra circular", utilizado na frase como adjetivo para se referir ao som distorcido da guitarra.
Referências
- ↑ Moore 2006, p. 238.
- ↑ a b c d e Brown, Nick (1991). «My Bloody Valentine». Spiral Scratch (February 1991)
- ↑ a b Lazell 1997, p. 155.
- ↑ a b North, Aaron (19 de janeiro de 2005). «Kevin Shields: The Buddyhead Interview» (PDF). Buddyhead (entrevista). Nova Iorque. Consultado em 2 de julho de 2013
- ↑ DiPerna 1992, p. 152.
- ↑ a b Ecstasy (LP). My Bloody Valentine. Lazy Records. 1987. LAZY 08
- ↑ a b c Nicholls, Phil (1988). «The Excellence of Ecstasy». IPC Media. Melody Maker (20 January 1988)
- ↑ Speller, Stephen (1988). «Dream Demons». IPC Media. NME (10 December 1988)
- ↑ Larkin 1992, p. 193.
- ↑ DeRogatis 2003, p. 164.
- Bibliografia
- DeRogatis, Jim (2003). Milk It!: Collected Musings on the Alternative Music Explosion of the 90s. [S.l.]: Da Capo Press. ISBN 978-0-306-81271-2. (pede registo (ajuda))
- DiPerna, Alan (1992). «Bloody Guy». Harris Publications. Guitar World (March 1992)
- Larkin, Colin (1992). The Guinness Who's Who of Indie and New Wave Music. [S.l.]: Guinness Publishing. ISBN 0-85112-579-4
- Lazell, Barry (1997). Indie Hits: 1980–1989: The Complete Guide to UK Independent Charts (Singles & Albums). Londres: Cherry Red. ISBN 0-9517206-9-4
- Moore, Christie (2006). The Unultimate Rockopedia. [S.l.]: AuthorHouse. ISBN 978-1-4670-1246-1
- McGonial, Mike (2007). Loveless. Col: 33⅓. Nova Iorque: Continuum. ISBN 978-0-8264-1548-6