Inverno

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Estações do ano
Temperadas
Primavera
Verão
Outono
Inverno
Tropicais
Estação seca
Estação das chuvas

O inverno (AO 1945: Inverno) é a estação mais fria das quatro estações do ano e é comum que durante esta época, em países mais perto dos polos, as temperaturas fiquem abaixo de 0 ºC e que ocorram fenômenos como a queda de neve e a formação de geada.

A palavra inverno deriva do latim, hibernum, que significa neutro, invernal, invernoso, tempo frio.

O inverno do hemisfério norte é chamado "inverno boreal" e o do hemisfério sul é chamado de "inverno austral". A estação não ocorre nos dois hemisférios ao mesmo tempo: enquanto em um hemisfério o inverno está vigente, o outro está vivenciando o verão.

Nas regiões mais frias, o inverno está associado à neve

Características gerais[editar | editar código-fonte]

  • queda das temperaturas;
  • noites mais longas e dias mais curtos;
  • menos raios solares na região que está vivenciando o inverno, devido à inclinação do planeta;
  • aumentos das chuvas e da umidade do ar em países de clima temperado e subtropical, que tem as quatro estações bem definidas;
  • poucas chuvas e baixa umidade do ar em países de clima tropical;
  • é a estação do ano que sucede o outono e antecede a primavera nas regiões de clima temperado ou subtropical;
  • sucede o verão chuvoso nas regiões de clima tropical.

O inverno no Hemisfério Norte[editar | editar código-fonte]

Neve na cidade de Lidköping, Suécia, um dos países nórdicos, em 2018

O "inverno boreal" tem início com o solstício de inverno no Hemisfério Norte, que ocorre por volta de 21 de dezembro, e termina com o equinócio de primavera, que acontece perto de 20 de março nesse mesmo hemisfério. No presente ano começa a 21 de dezembro de 2024 às 09:21 de Portugal Continental.[1]

Nesse período, massas de ar polares atuam nesta região do planeta, provocando a queda da temperatura e chuvas, que aumentam a umidade do ar.

Em diversos países, como nos Estados Unidos, Canadá, Rússia e países nórdicos, o inverno é bastante rigoroso, com queda acentuada da temperatura e a queda de neve, o que significa temperaturas muitas vezes bem abaixo de 0 ºC.

O inverno em Portugal[editar | editar código-fonte]

O inverno em Portugal, assim como o outono, é tipicamente ventoso, chuvoso e fresco, sendo mais frio nos distritos do norte e centro do país, nos quais ocorrem temperaturas negativas durante os meses mais frios. A neve ocorre regularmente em quatro distritos no norte do país: Guarda, Bragança, Vila Real e Viseu. Temperaturas inferiores a -10 °C e nevões ocorrem também com alguma frequência em pontos restritos, tais como a Serra da Estrela, a Serra do Gerês e a Serra de Montesinho, podendo nevar de outubro a maio nestes locais.

Já nas cidades mais ao sul de Portugal, as temperaturas dificilmente ficam abaixo de 0 °C e a neve também é rara.

O inverno no Hemisfério Sul[editar | editar código-fonte]

O "inverno austral" tem início com o solstício de inverno no Hemisfério Sul, que ocorre por volta de 21 de junho, e termina com o equinócio de primavera, que acontece perto de 21 de setembro nesse mesmo hemisfério. No presente ano começa a 20 de junho de 2024 às 17:51 no horário de Brasília.[1]

Devido à localização geográfica, próxima à Linha do Equador e entre os trópicos, muitos países desta região têm invernos menos rigorosos do que os países localizados nas altas latitudes.

No entanto, nos países mais ao sul, como Argentina e Chile, que estão um pouco mais distantes da Linha do Equador, não é incomum a queda de neve, principalmente nos locais mais perto do polo e nos locais mais altos.

O inverno no Brasil[editar | editar código-fonte]

Com exceção da região Sul do país, que tem as quatro estações bem definidas, nas demais regiões o inverno é seco e sucede o verão chuvoso. Em geral, as temperaturas são amenas, não sendo raro que no Norte e Nordeste se mantenham entre os 18 ºC e 36 ºC.

O inverno no Sul do Brasil[editar | editar código-fonte]

Neve na cidade de São Joaquim, SC, em 2010
Neve na cidade de Canela, RS, em 2013

De clima subtropical e com as quatro estações bem definidas, a região Sul do Brasil, que compreende os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, é a que sente com mais rigor o inverno no Brasil, devido, principalmente, à atuação de frentes frias e massas polares, que provocam chuvas e a queda acentuada na temperatura, que muitas vezes fica abaixo de 0 ºC, não sendo impossível que ocorra a queda de neve.

A formação de geada é frequente e o frio também pode aumentar com o vento sul típico da estação, popularmente chamado de Minuano.[2]

Impactos nos animais[editar | editar código-fonte]

  • Migração: algumas espécies animais, principalmente de aves, adotam a migração como estratégia para fugir do frio.

Humanos e o inverno[editar | editar código-fonte]

Os humanos são sensíveis ao frio, veja hipotermia. Cegueira da neve, norovírus, depressão sazonal. Escorregar no gelo e pingentes de gelo caindo são outros problemas de saúde associados ao clima frio e com neve. No hemisfério norte, não é incomum que moradores de rua morram de hipotermia no inverno.

Uma das doenças mais comuns associadas ao inverno é a gripe.[3]

Invernos excepcionalmente frios[editar | editar código-fonte]

  • 1683-1684, "The Great Frost", quando o rio Tamisa, foi congelado até a Ponte de Londres e permaneceu congelado por cerca de dois meses. O gelo tinha cerca de 27 cm (11 pol.) De espessura em Londres e cerca de 120 cm (47 pol.) De espessura em Somerset. O mar congelou até 2 milhas (3,2 km) ao redor da costa do sul do Mar do Norte, causando graves problemas para o transporte marítimo e impedindo o uso de muitos portos.
  • 1739–1740, um dos invernos mais rigorosos já registrados no Reino Unido. O Tâmisa permaneceu congelado por cerca de 8 semanas. A fome irlandesa de 1740-1741 custou a vida de pelo menos 300 000 pessoas.[4]
  • 1816 foi o ano sem verão no hemisfério norte. O frio incomum do inverno de 1815-1816 e do verão seguinte deveu-se principalmente à erupção do Monte Tambora na Indonésia, em abril de 1815. Houve efeitos secundários de uma erupção ou erupções desconhecidas por volta de 1810, e várias erupções menores ao redor do mundo entre 1812 e 1814. Os efeitos cumulativos foram mundiais, mas foram especialmente fortes no Leste dos Estados Unidos, Canadá Atlântico, e Norte da Europa. A geada se formou em maio na Nova Inglaterra, matando muitas safras recém-plantadas, e o verão nunca mais se recuperou. A neve caiu em Nova York e Maine em junho, e o gelo se formou em lagos e rios em julho e agosto. No Reino Unido, os montes de neve permaneceram nas colinas até o final de julho, e o Tâmisa congelou em setembro. As safras agrícolas falharam e o gado morreu em grande parte do hemisfério norte, resultando em escassez de alimentos e na pior fome do século XIX.
  • Na Europa, os invernos do início de 1947,[5] fevereiro de 1956, 1962-1963, 1981-1982 e 2009-2010 foram anormalmente frios. O inverno do Reino Unido de 1946–1947 começou relativamente normal, mas se tornou um dos invernos mais nevados do Reino Unido até o momento, com queda de neve quase contínua do final de janeiro até março.
  • Na América do Sul, o inverno de 1975 foi um dos mais fortes, com recorde de neve ocorrendo a 25 °S em cidades de baixa altitude, com registro de −17 °C (1,4 °F) em algumas partes do sul do Brasil.
  • No leste dos Estados Unidos e Canadá, o inverno de 2013-2014 e a segunda metade de fevereiro de 2015 foram anormalmente frios. No entanto, o inverno de 2014-2015 teve um dezembro ameno e um janeiro normal.

Outros invernos historicamente significativos[editar | editar código-fonte]

  • 1310–1330, muitos invernos rigorosos e verões frios e úmidos na Europa - a primeira manifestação clara do clima imprevisível da Pequena Idade do Gelo que durou vários séculos (de cerca de 1300 a 1900). O clima persistentemente frio e úmido causou grandes dificuldades, foi o principal responsável pela Grande Fome de 1315–1317 e contribuiu fortemente para o enfraquecimento da imunidade e da desnutrição que levaram à Peste Negra (1348–1350).
  • 1600–1602, invernos extremamente frios na Suíça e na região do Báltico após a erupção do Huaynaputina no Peru em 1600.
  • 1607–1608, na América do Norte, o gelo persistiu no Lago Superior até junho. Os londrinos realizaram sua primeira feira de gelo no rio Tamisa congelado.
  • 1622, na Turquia, o Chifre de Ouro e a seção sul do Bósforo congelaram.
  • Década de 1690, invernos extremamente frios, com neve e rigorosos. O gelo cercou a Islândia por quilômetros em todas as direções.
  • 1779–1780, o inverno mais frio já registrado na Escócia, e o gelo cercava a Islândia em todas as direções (como na década de 1690). Nos Estados Unidos, um período recorde de frio de cinco semanas atingiu o fundo de −20 °F (−29 °C) em Hartford, Connecticut, e −16 °F (−27 °C) na cidade de Nova York. O rio Hudson e o porto de Nova York congelaram.
  • 1783–1786, o Tâmisa congelou parcialmente e a neve permaneceu no solo por meses. Em fevereiro de 1784, a Carolina do Norte foi congelada na Baía de Chesapeake.
  • 1794–1795, inverno rigoroso, com o janeiro mais frio no Reino Unido e a temperatura mais baixa já registrada em Londres: −21 °C (−6 °F) em 25 de janeiro. O frio começou na véspera de Natal e durou até o final de março, com alguns aquecimentos temporários. O Severn e o Tâmisa congelaram e as feiras de gelo recomeçaram. O exército francês tentou invadir a Holanda por seus rios congelados, enquanto a frota holandesa estava presa em seu porto. O inverno teve o leste (da Sibéria) como característica dominante.
  • 1813–1814, frio severo, último congelamento do Tâmisa e última feira de geada. (A remoção da antiga ponte de Londres e as mudanças nas margens do rio tornaram o congelamento menos provável.)
  • 1883-1888, temperaturas mais frias em todo o mundo, incluindo uma série ininterrupta de invernos anormalmente frios e brutais no Alto Meio-Oeste, relacionados à explosão de Krakatoa em agosto de 1883. Houve registro de neve no Reino Unido já em outubro e no final de julho durante neste período de tempo.
  • 1976–1977, um dos invernos mais frios dos EUA em décadas.
  • 1985, erupção no Ártico nos EUA resultante da mudança no vórtice polar, com muitos recordes de temperatura fria quebrados.
  • 2002-2003 foi um inverno excepcionalmente frio no norte e no leste dos Estados Unidos.
  • 2010–2011, frio intenso e persistente em toda a metade oriental dos Estados Unidos de dezembro em diante, com pouco ou nenhum aquecimento no meio do inverno e com o frio continuando na primavera. La Niña e oscilação negativa do Ártico foram fatores fortes. A precipitação forte e persistente contribuiu para uma cobertura de neve quase constante no Nordeste dos Estados Unidos, que finalmente diminuiu no início de maio.
  • 2011 foi um dos mais frios já registrados na Nova Zelândia, com neve ao nível do mar caindo em Wellington em julho pela primeira vez em 35 anos e uma tempestade de neve muito mais forte por 3 dias consecutivos em agosto.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b Petr Soural. «Ingresses-Direct Entries into the Zodiac signs». Consultado em 9 de outubro de 2020 
  2. "Quando venta o minuano lá no Rio Grande do Sul, Carrega as nuvens cinzenta, deixando o céu mais azul, Dois, três dias o vento para, Cai a noite o frio se abrande, Trampo de enxada amanhece os campos do meu Rio Grande, Quem é magro treme o queijo, põe gali vento tirano, Só quem tem chinoca gorda resiste firme o minuano.", (Teixeirinha. O Vento Minuano, EMI, 2017. Disponível em: https://www.kboing.com.br/teixeirinha/o-vento-minuano/. Acesso em 28 abr. 2020.)
  3. «Flu Season | CDC». www.cdc.gov (em inglês). 29 de setembro de 2021. Consultado em 2 de outubro de 2021 
  4. Cormac O Grada (2009). Famine: A Short History. Princeton University Press. p. 23. ISBN 978-0-691-12237-3
  5. «Swanston Weather Site». www.winter1947.co.uk. Consultado em 2 de outubro de 2021 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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