Eduardo Srur

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Eduardo Srur
Eduardo Srur
Nome completo Eduardo Sanches Loria Guimarães Srur
Nascimento 15 de maio de 1974 (49 anos)
São Paulo, São Paulo
Brasil
Parentesco Jovirone
Ocupação artista plástico, artista visual
Principais trabalhos Pets
Labirinto
Acampamento dos Anjos
Escola/tradição Fundação Armando Álvares Penteado, São Paulo
Página oficial
https://www.eduardosrur.com.br

Eduardo Srur[1] nasceu em 1974 na cidade de São Paulo, onde vive e trabalha atualmente.

O artista começou com a linguagem de pintura e se destacou nas intervenções urbanas[2]. Suas obras se utilizam do espaço público para chamar a atenção para questões ambientais e o cotidiano nas metrópoles, sempre com o objetivo de ampliar a presença da arte na sociedade e aproximá-la da vida das pessoas.

A cidade é o seu laboratório de pesquisa para a prática de experiências artísticas.

O conjunto de trabalhos de Srur é uma crítica conceitual que desperta a consciência e o olhar para uma nova estética e o entendimento das artes visuais.

Realizou diversas intervenções urbanas na cidade de São Paulo e participou de exposições em muitos países, entre eles Cuba, França, Suiça, Espanha, Holanda, Inglaterra e Alemanha.[3]

É idealizador e proprietário da ATTACK Intervenções Urbanas, uma empresa especializada na produção de projetos especiais no espaço urbano.

Sobre a intervenção urbana[editar | editar código-fonte]

A intervenção urbana cria uma galeria a céu aberto, permitindo à população vivenciar manifestações artísticas no dia a dia. De livre acesso e conceito simples, estimula infinitas leituras e experimentações estéticas diferentes em camadas sociais e faixas etárias.Também oferece às novas gerações um contato mais próximo com o universo da arte contemporânea. A intervenção urbana promove um engajamento maior da arte com o mundo e propõe transformar o cotidiano de milhares de indivíduos a cada exposição. Ao criar intervenções, Srur rompe os limites do sistema artístico e amplia a presença da arte na sociedade.

Obras[editar | editar código-fonte]

Carruagem[editar | editar código-fonte]

Exposição que provocava um questionamento sobre os problemas de mobilidade urbana na cidade de São Paulo. Formada por uma réplica de carruagem e quatro cavalos esculpidos em escala real, a intervenção foi instalada no mastro da ponte estaiada da marginal Pinheiros, a 30 metros de altura. A obra compara a velocidade média de deslocamento de um carro no trânsito paulistano no horário de pico e a velocidade de uma carruagem nos tempos do Império. Ambos movimentam-se a lentos 20 quilômetros por hora. Srur se apropriou do mais novo cartão-postal da metrópole para denunciar a transformação da paisagem urbana e criar um novo olhar sobre a cidade. O espectador é surpreendido pela presença surreal de um elemento de mobilidade do passado em um local improvável e que parece se deslocar rumo ao infinito. Para o artista, “a carruagem é o símbolo mais adequado para representar a mobilidade nas ruas de São Paulo”.[4]

Labirinto[editar | editar código-fonte]

A exposição “Labirinto” exibida no parque Ibirapuera em São Paulo foi composta a partir de 60 toneladas de materiais recicláveis (garrafas PET, plásticos, embalagens, alumínios, tetrapacks, entre outros) na forma de um labirinto geométrico e ocupou 400 metros quadrados na praça da Paz, com espelhos de acrílico no interior e dois acessos para circulação das pessoas. Segundo Srur, o Labirinto foi "Uma obra provocativa que reativa os sentidos e a percepção do público. O espectador é convidado a entrar no labirinto em busca da saída entre os resíduos sólidos, colocando-o frente a frente com o lixo que produz."[5]

Supermercado[editar | editar código-fonte]

“Supermercado” é um vídeo da performance do artista dentro de uma grande loja de conveniências em plena atividade. Srur caminha pelas gôndolas e utiliza os produtos sobre o próprio corpo, recriando de forma chocante o atual impulso de consumo que domina a sociedade.[6]

A Arte Salva[editar | editar código-fonte]

Intervenção artística colaborativa no Congresso Nacional, em Brasília. A obra não autorizada aconteceu no dia 8 de dezembro com a participação de dezenas de pessoas que jogaram 360 bóias salva-vidas no espelho d’água com a frase “A ARTE SALVA”. O artista fez uma palestra em novembro, convocando os estudantes e planejou uma oficina nos ateliers da UNB - Universidade de Brasília - dias antes da ação para organizar o coletivo.[7]

Pets[editar | editar código-fonte]

Intervenção urbana com esculturas gigantes na forma de garrafas plásticas de refrigerante. A exposição ocupou as margens de concreto do poluído rio Tietê, em São Paulo por dois meses e foi vista por mais de 60 milhões de pessoas. A obra reativou visualmente o principal rio da cidade e levou 3 mil crianças e professores da rede pública de ensino para visitar a intervenção. No final da exposição, o material plástico das garrafas infláveis foi transformado em centenas de mochilas desenhadas pelo artista Jum Nakao e doadas às escolas participantes.

Touro Bandido[editar | editar código-fonte]

O Touro Bandido é um personagem do imaginário brasileiro, um animal que nunca foi dominado e virou lenda nacional. O touro faz uma inseminação artística na vaca. A intervenção subversiva nas vacas da Cow parade durou sete horas e terminou com a apreensão das peças e inquérito policial.[8]

Atentado[editar | editar código-fonte]

Vídeo em que o artista explode bombas de tinta sobre outdoors na cidade de São Paulo. Os atentados, além de uma crítica à especulação publicitária, são interferências estéticas, já que as cores e as imagens são previamente combinadas. As ações, sempre subversivas, são uma resposta ao bombardeio visual da mídia na paisagem urbana. O vídeo participou de exposições na França, Suíça, Espanha, Cuba e Eslováquia.

Caiaques[editar | editar código-fonte]

Dezenas de caiaques tripulados por manequins sobre as poluídas águas do rio Pinheiros, em São Paulo, promoveram um curto-circuito visual na cidade. Nas últimas semanas da exposição, o lixo da cidade se juntou às esculturas, criando uma imensa ilha de resíduos e alterando radicalmente a composição da obra.

Sobrevivência[editar | editar código-fonte]

Intervenção urbana com coletes salva-vidas marítimos em 16 monumentos da cidade de São Paulo. O trabalho foi realizado em esculturas do século XX que glorificam heróis da história nacional. A ocupação do patrimônio histórico na capital paulista se integra à obra de Eduardo Srur com a proposta de reativar visualmente elementos da história, da arquitetura e do convívio social da cidade – territórios abandonados pela imaginação urbana. Ao criar uma situação em que a cidade volta a olhar para si mesma, o artista propõe uma reflexão sobre o vínculo entre o cidadão e o espaço, e também sobre as possibilidades de recriar a paisagem coletiva.

Acampamento dos Anjos[editar | editar código-fonte]

Intervenção composta por barracas de camping instaladas verticalmente na arquitetura de edifícios e construções. Desde 2002, Srur realiza esta obra de motivação espiritual que nasceu com a leitura do salmo “O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem e os livra”. A percepção de anjos acampados em locais suspensos e a ideia de proteção permeiam o conceito do trabalho. Durante a noite, a iluminação no interior das barracas transforma a instalação. No Brasil, a obra esteve presente em Florianópolis, Curitiba e São Paulo. No exterior, participou de exposições na França (Paris e Metz), Suíça (Friburgo e Nyon) e Cuba (Havana).[9]

Palmitos[editar | editar código-fonte]

Instalação com milhares de frascos de palmito em conserva de origem ilegal, apreendidos pela polícia florestal do estado de São Paulo. A convite da Secretaria do Meio Ambiente, o artista criou uma obra visual no Parque Villa-Lobos com o material, que depois foi incinerado.

Âncora[editar | editar código-fonte]

Intervenção não autorizada no Monumento às Bandeiras, em São Paulo. Também conhecido como “Empurra-Empurra”, foi esculpido em granito por Victor Brecheret e inaugurado em 1954. Srur construiu uma âncora velha de navio e instalou o objeto, em pleno dia, no monumento modernista que representa o desenvolvimento de São Paulo. Mesmo sem a aprovação da prefeitura, “Âncora” permaneceu 3 semanas no local e durante uma tentativa de retirá-la, o artista foi – ironicamente – impedido pela polícia, que alegou estar defendendo o patrimônio histórico da cidade.

Bicicletas[editar | editar código-fonte]

Intervenção urbana realizada na avenida Paulista, em São Paulo. Bicicletas coloridas cruzaram o espaço aéreo, suspensas por cabos de aço durante 20 dias. Um sistema a motor movimentava as peças entre uma fachada e outra, chamando a atenção dos motoristas e transeuntes da avenida. A instalação integrou a Mostra SESC de Artes, na exposição Molina Remix.

Escoras[editar | editar código-fonte]

Projeto de intervenção no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (MASP). A ideia de apropriar-se da arquitetura do espaço questionava a capacidade de sustentação institucional do museu e ampliava a presença da arte contemporânea no espaço público da principal avenida da cidade.

Masters[editar | editar código-fonte]

A intervenção com diversos modelos de antenas ocupou o teto central do [Museu Brasileiro da Escultura] (MuBE). A obra revelava uma nova perspectiva de uso do ornitorrinco institucional. Segundo Srur, “o artista é uma antena da sociedade. Seu trabalho deve transmitir as informações de forma menos elitista, ser um produto que se expande para além das paredes museológicas.”

Nau[editar | editar código-fonte]

A Rosa-dos-Ventos é um instrumento de orientação naútico baseado nas quatro direções fundamentais (norte, sul, leste e oeste) e suas intermediárias. Sua utilização é comum nos sistemas de navegação antigos e atuais. As origens remotam ao século I a.C. e, desde então, o vento tornou-se o principal elemento de orientação para as navegações. A obra Nau faz alusão clara a forma clássica de um barco de papel que fazemos quando criança. A peça tem um sistema de eixo central que permite a rotação do objeto sobre a Rosa-dos-ventos. A relação entre os dois elementos se completa com a participação do público que pode tocar e movimentar a escultura no parque interagindo com a peça e o grafismo do piso.

Surf-Ar[editar | editar código-fonte]

Instalação com pranchas de surfe no SESC Pinheiros, em São Paulo. O conjunto ficou em suspensão por meio de fios de nylon e ocupou a área da piscina, através dos vidros da galeria. O público do SESC observava a exposição de diversas perspectivas e espaços da instituição: dentro da sala expositiva, nadando nas piscinas e do restaurante do piso superior.

Sala de Aula[editar | editar código-fonte]

Trabalho realizado no pátio de uma escola pública da cidade de São Paulo, com objetos encontrados no próprio local - mesas e cadeiras de madeira. As peças estavam abandonadas e em estado de deterioração, à vista dos alunos e dos gestores escolares. As composições de “Sala de Aula” ampliam o campo de experimentação de Srur e revelam a iniciativa política que será ingrediente em futuras intervenções urbanas. Após as montagens, a coordenação da escola exigiu que se retirassem as peças do local.

Pachamama[editar | editar código-fonte]

Obra composta por 400 carrinhos de cerâmica pintados com tinta acrílica. A peça original foi desenvolvida a partir da pintura “Família” (1997), da série “Veículos”. O trabalho revela mudanças importantes na trajetória do artista: a pesquisa de novos materiais e, principalmente, a produção em série e a ocupação do espaço público.

Pinturas[editar | editar código-fonte]

Veículos[editar | editar código-fonte]

Em 1996 se iniciou a primeira série de pinturas a óleo de Eduardo Srur. Após uma viagem pela costa do Pacífico e pela cordilheira dos Andes, o artista voltou para a cidade de São Paulo e, com base em seus registros fotográficos, fez as composições realistas com veículos velhos e abandonados nas paisagens naturais. As pinturas remetiam à atmosfera introspectiva e solitária das viagens. Os veículos eram símbolos de passagem, elementos transitórios das vivências iniciáticas.

Contêineres[editar | editar código-fonte]

Em 2001, uma viagem a um porto alfandegário da Argentina transformou os elementos centrais das pinturas de Srur. Os contêineres assumiram o primeiro plano e o cenário realista sofreu alterações graduais devido ao uso da câmera digital e de recursos gráficos no processo de trabalho. O horizonte permanecia na paisagem, mas o realismo foi lentamente substituído pela abstração. Segundo o artista: "O contêiner é um mistério. Você não sabe o que ele guarda, não sabe se está cheio ou vazio."

Celestial[editar | editar código-fonte]

Celestial foi a terceira série de pinturas de Srur e nela o artista assumiu o interesse pela cor e pela abstração. Ele fotografava fragmentos de céus depois de tempestades e utilizava as imagens para compor o fundo dos quadros. As formas biomórficas dominam a composição dos trabalhos, e espessas camadas de tinta a óleo constroem na tela uma nova perspectiva captada pela lente digital. O horizonte desaparece e surgem fragmentos de céu. Contêineres dourados flutuam no espaço colorido e enigmático, que remete a planos cartográficos e imagens de satélite.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Eduardo Srur». Eduardo Srur. Consultado em 9 de junho de 2016 
  2. «Eduardo Srur». Eduardo Srur. Consultado em 9 de junho de 2016 
  3. «Eduardo Srur registra intervenções urbanas marcantes em livro». Brasileiros. 11 de dezembro de 2012. Consultado em 9 de junho de 2016. Arquivado do original em 27 de agosto de 2016 
  4. «Artista promove corrida entre carro e carruagem na marginal Pinheiros - Fotos - UOL Notícias». UOL Notícias. Consultado em 9 de junho de 2016 
  5. «Labirinto de lixo, intervenção artística criada pelo artista Eduardo Srur - Instituto Ecoação». Consultado em 9 de junho de 2016 
  6. «Artista paulistano Eduardo Srur participa da seção Canvas - 28/07/2013 - Serafina - Folha de S.Paulo». m.folha.uol.com.br. Consultado em 9 de junho de 2016 
  7. «Estudantes jogam boias salva-vidas nos espelhos d'água do Congresso». Política. 8 de dezembro de 2011. Consultado em 9 de junho de 2016 
  8. Livro Manual de Intervenção Urbana. São Paulo: BEI. 2012. 146 páginas  |nome1= sem |sobrenome1= em Authors list (ajuda)
  9. «Folha de S.Paulo - Artes visuais: Artista monta barracas em prédio em SP - 06/04/2004». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 9 de junho de 2016